INTELIGÊNCIA EMOCIONAL ENTRE PROFESSORES DO ENSINO SUPERIOR



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Transcrição:

33 Pesquisa INTELIGÊNCIA EMOCIONAL ENTRE PROFESSORES DO ENSINO SUPERIOR Paula Maria de Macêdo (1) Maria Leomar Macedo (2) Bárbara Maria de Macêdo (3) Resumo O objetivo do presente estudo é determinar as características da Inteligência Emocional dos professores do ensino superior na Região do cariri cearense, através de um instrumento de auto-avaliação. Na análise dos resultados se determinou a capacidade que possuem os professores para canalizar as emoções, assim como a identificação daquelas características que distinguem a inteligência emocional ou suas habilidades mais importantes. É típico dos professores estarem conscientes de suas emoções e sentimentos quando estão prestes a tomarem decisões importantes. Determinamos que as dificuldades mais importantes estejam focalizadas em um adequado manejo e controle das emoções e, na habilidade de reconhecer emoções nas pessoas, que permite relações empáticas. A combinação mais comum de características deficitárias na inteligência emocional dos professores foi a dificuldade para expressar sentimentos de acordo com a situação evitando que se provoquem conflitos desnecessários. Os professores universitários da Região do Cariri cearense não demonstraram dificuldades importantes na canalização de suas emoções. Palavras claves: Inteligência Emocional; emoções, ensino superior

34 A principal função do professor é contribuir para a formação da personalidade do estudante, bem como formar nele as habilidades comunicativas, empáticas e expressivas, adequadas para o desempenho de sua futura profissão. Para que o professor consiga algum êxito nos seus propósitos deve possuir uma personalidade equilibrada, facilidade para comunicação e capacidade de estabelecer vínculos afetivos com o educando. São características consideradas importantes do professor: a) Tato pedagógico: ser observador de seus próprios desejos, gostos e preocupações, exigente e respeitoso, bem como possuir senso de justiça. b) Capacidade expressiva: expressão clara e precisa dos sentimentos com ajuda da linguagem verbal e não verbal. c) Capacidade perceptiva: habilidade para empalizar com o mundo interno do aluno e explorar os problemas que possui e suas causas. d) Capacidade comunicativa: facilidade para encontrar um canal de comunicação com o aluno e estabelecer com ele um intercâmbio. (RAMÍREZ et al., 2007) O professor necessita ainda de conhecimentos próprios do assunto que leciona, destreza para identificar e encontrar maneiras de manejar as emoções, tanto suas como do educando. O propósito deste estudo é conhecer nos sujeitos da amostra, quais características da inteligência emocional facilitam ou entorpecem o cumprimento das funções do professor. Não existem antecedentes de este tipo de estudo na Região do cariri cearense, dessa forma, nos propomos a identificar como lidam os professores com as suas emoções. Este estudo permitirá conformar uma idéia inicial do estado atual de desenvolvimento destas qualidades nos professores, facilitando a caracterização dos mesmos, relativamente a aspectos emocionais que não estejam conscientes até o momento. Particularmente pela complexidade do novo processo educativo, pela diversidade das características próprias dos mesmos na assimilação dos conteúdos e suas características de personalidade, se faz necessário que os professores possam se conscientizar e, desenvolver uma estratégia para lidar com as emoções.

35 O objetivo do presente estudo foi determinar as características da Inteligência Emocional dos professores. Para isso foi necessário também: a) descrever as características que distinguem a Inteligência Emocional dos professores e, b) precisar a habilidade dos professores para canalizar suas emoções. Como características da Inteligência Emocional, levamos em conta um conjunto de qualidades psicológicas que permitem ao sujeito o manejo das emoções. É possível medir a Inteligência Emocional através de indicadores, tais como: Capacidade de reconhecer as próprias emoções; Controle das emoções; Capacidade de automotivar-se na consecução de uma meta, regulando as emoções que venham a se apresentar; Capacidade de reconhecer as emoções nas outras pessoas, que permita um relacionamento interpessoal empático e, Capacidade para relacionar-se com as pessoas e influir sobre ela, desenvolvendo habilidades para a competência social. (Coletivo de autores, 2002). Com relação à habilidade para canalizar emoções, entendemos a destreza que possui a Pessoa para extravasar suas emoções de maneira apropriada com o momento, de forma a facilitar sua vida pessoal e profissional. Esta habilidade se define através de dificuldades ou não, demonstradas de acordo com a qualificação do questionário de auto-avaliação. Trata-se de uma investigação exploratória, de corte transversal e não experimental. A amostra foi constituída de 20 professores de faculdades da Região do cariri Cearense e a coleta dos dados foi feita no período de maio a junho/2007, através de um questionário auto-aplicado. Os sujeitos responderam aos seguintes questionamentos: 1) Em geral sou consciente de cada um dos sutis sentimentos que nascem em mim; 2) Tenho em conta meus sentimentos na hora de tomar decisões importantes em minha vida; 3) Quando estou triste ou aborrecida, expresso meus sentimentos de acordo com a situação; 4) Sou sensível aos sentimentos dos demais e atuo de acordo com isso; 5) Não desejo que meus sentimentos e emoções provoquem conflitos desnecessários com familiares ou amigos e, 6) Posso conter os sentimentos desagradáveis, se estes não me ajudam a obter êxito no que eu Quero, com possibilidades de respostas sim e não.

36 O questionário utilizado foi validado por Saldívar (2000), e para apuração foi usado o seu sistema de qualificação, o qual quantifica as respostas negativas dos sujeitos, afirmando que, se possuem três ou mais, apresentariam dificuldades na canalização das emoções. Os indicadores que precisamos se encontram expressados através das perguntas do questionário. Melhorar nossas vidas, nossas habilidades e capacidades para uma melhor atuação pessoal, laboral e social, de maneira que possamos minorar sentimentos de tristeza, pesar e aborrecimento significa aprender para nos adaptar apropriadamente ao ambiente onde vivemos (BOLÍVAR, 2005). Manejar nossas emoções de forma a torná-las apropriadas a uma convivência harmoniosa com as outras pessoas deve ser o desejo de todos, pois existe uma tendência a nos comportamos como crianças, cedendo a nossos impulsos, às vezes muito primários. A Personalidade é um complexo sistema regulador do ser humano, do qual faz parte uma unidade cognitivo-afetiva. Entre seus elementos básicos se encontram as chamadas estruturas ou qualidades psicológicas, construídas, entre outras, pelas capacidades. (GONZÁLEZ, 1989) Quando atuamos como seres humanos, nossas ações acontecem num contexto social. Por conta das nossas diferenças individuais, há quem tenha um maior ou menor êxito em seu desempenho social e por ele se auto-avalia ou se avalia em possuir ou não capacidades para a realização de determinada atividade. A inteligência tradicionalmente tem sido considerada como a habilidade de uma Pessoa para aprender e lembrar informações. Reconhecer conceitos e suas relações e aplicar essa informação às suas próprias condutas, de maneira adaptar-se. A inteligência vista dessa maneira enfatiza o rendimento intelectual empregado pelos testes psicológicos. O diagnóstico que se obtém por esses meios não assegura o êxito de quem obtém elevadas qualificações, nem o fracasso de quem não as conseguem. Quando nos referimos da habilidade do sujeito para controlar suas próprias emoções e reconhecê-las nos demais, nos referimos a Inteligência Emocional.

37 Inteligência Emocional Uma das primeiras referências a Inteligência não enfatizando o cognitivo foi referida por Thorndike em 1920. Muitos anos depois, Gardner (1983) desenvolveu a Teoria das inteligência Múltiplas, expondo tipos diferentes de inteligência, dentre as quais a inteligência interpessoal como atributo importante. Esta implicaria no estabelecimento de relacionamentos interpessoais mais autênticos, que permitiriam compreender as diferenças individuais e responder adequadamente a elas. Contempla também as relações da Pessoa consigo mesma, através da consciência de seus próprios sentimentos. O termo Inteligência Emocional foi usado pela primeira vez pelos psicólogos Peter Salovey e John Mayer das Universidades de Havard e Yale, no início da década de 90, quando retomaram os estudos de Thorndike sobre as habilidades dos sujeitos para controlar suas emoções e dos demais. Proporcionou um guia de pensamento e ação, o qual foi reconhecido mundialmente pelo escritor Daniel Goleman em 1995 através do bestseller Inteligência Emocional (BOLÍVAR, 2005). Foi utilizado para conhecer as qualidades emocionais que, de alguma forma, se vinculam com o êxito pessoal, tais como: Empatia; Expressão e compreensão dos sentimentos; Independência; Capacidade de adaptação; Capacidade de relacionar-se interpessoalmente; Persistência; Cordialidade; Amabilidade e, Respeito. Na medida em que o sujeito desenvolve estas características, é provável que a sua inteligência emocional evidencie aspectos tais como: A intuição; A disposição para confiar nas pessoas e inspirar confiança nos outros; A autenticidade; A capacidade para encontrar soluções acertadas em situações difíceis de tomada de decisões; Liderança afetiva e eficiente, As emoções formam parte de vida. A emoção designa sentimentos que cada um pode reconhecer, os quais se caracterizam por sensações de certo prazer ou desprazer. As emoções se combinam nos aspectos fisiológicos, sociais e psicológicos, dentro de uma mesma situação, como resposta orgânica na consecução de um objetivo. As emoções nos permitem conhecer o que está acontecendo no nosso interior, quando nos sentimos ameaçados ou quando há necessidade de resolvermos uma situação crítica.

38 Nestes momentos passam a atuar como um sistema defensivo, agindo impulsivamente, isto é, nas decisões emocionais não participam a vontade nem a razão. As emoções se caracterizam pela sua natureza primitiva. Cada emoção contribui com a resolução de um tipo de problema específico que ameaça a supervivência. Inibe as reações ante estímulos irrelevantes e se ocupa de dirigir a ação aos perigos autênticos. Segundo Bolívar (2005), as emoções básicas são: a ira, o medo, a tristeza, a surpresa, o desagrado, a felicidade e o amor. Peter Saloveyey John Mayer definiram a Inteligência Emocional como a habilidade para perceber, avaliar, compreender e expressar as emoções e a habilidade para regular essas emoções, de forma a promover o crescimento intelectual e emocional. Em outras palavras, a Inteligência emocional serve para reconhecer nossos próprios sentimentos e compreender o sentimento de outras pessoas, melhorando a qualidade de vida pessoal e coletiva. (Bolívar, 2005). Segundo Goleman (1996), a inteligência emocional é a capacidade de sentir, entender, controlar e modificar estados anímicos próprios e alheios. A medida da inteligência emocional se expressa com um quociente emocional (QE). Os investigadores sugerem que, pessoas com um QE alto tendem a obterem melhores resultados em suas vidas profissionais. Fazem relações pessoais mais duradouras e desempenham funções gerenciais mais facilmente, bem como gozam de melhor saúde que as pessoas com baixas pontuações de QE. Estruturas implicadas na expressão da inteligência emocional O cérebro humano está formado por várias zonas diferentes que evoluíram em distintas épocas. Quando no cérebro de nossos antepassados crescia uma nova zona, geralmente a natureza, não desprezadas as antigas. Em vez disso, formava uma sessão mais recente acima dela.

39 Muitos experimentos tem demonstrado que grande parte do comportamento humano se origina em zonas profundas do cérebro, as mesmas que em outros tempos dirigiram os atos vitais de nossos antepassados. Dentre as estruturas implicadas na expressão da Inteligência emocional, podemos citar o sistema límbico. Este sistema, chamado também de cérebro médio, é a porção do cérebro situada imediatamente abaixo do Córtex cerebral e compreende centros importantes como o tálamo, hipotálamo, hipocampo e amídala cerebral. Estes centros funcionam nos mamíferos, sendo responsável pelos movimentos emocionais como o temor e a agressão. (Bolívar, 2005) No ser humano estes são centros de afetividade, aonde se processam as distintas emoções que nos fazem experimentar sentimentos como pesar, angústia e alegria. Assim, os dois tipos de inteligência, Intelectual e Emocional, expressam a atividade de diferentes partes do cérebro. O intelecto se baseia unicamente no funcionamento do neocórtex, a capa da parte superior, evoluída com o tempo de desenvolvimento humano. Os centros emocionais estão mais abaixo, no sistema límbico, que é a parte do cérebro mais antiga. A Inteligência Emocional envolve estes centros emocionais, trabalhando em conjunto com os centros intelectuais. Resultados Do total de professores (20) da amostra, que se auto-avaliaram relativamente à inteligência emocional, 30% informaram dificuldades na canalização adequada de suas emoções, o que indica que esta característica está em déficit nestes docentes. Dos 20 professores 6 obtiveram pontuações que nos permitem perceber que, nestes, os indicadores da Inteligência Emocional estão muito bem expressados. As características que menos se possuem em ordem hierárquica são: adequado manejo e controle das emoções e o reconhecimento das emoções nas pessoas, que permitem relações interpessoais mais empáticas. Em ambos os casos 12 professores reconhecem não tê-las (60% da amostra). Em 35% dos casos, se avaliaram como possuindo dificuldades para relacionar-se

40 com as demais pessoas e influir sobre elas; portanto não possuem a habilidade de manejar inteligentemente as emoções nas relações sociais. O estudo mostrou que 15% dos professores não se sentem conscientes de suas próprias emoções, quando estas são sutis e, 15% não são capazes de expressar seus sentimentos de acordo com a situação. A combinação de características deficitárias mais comuns observada foi a dificuldade para expressar sentimentos de acordo com a situação, evitando que se provoquem conflitos desnecessários. Evidenciada em 9 sujeitos (45 % deles). Conclusões Acreditamos ser típico dos professores estarem conscientes de suas emoções e sentimentos quando estão diante de decisões importantes. Esta hipótese foi corroborada pelo estudo. As dificuldades mais importantes estão focalizadas no adequado manejo e controle das emoções e na habilidade para reconhecer emoções nas pessoas, que permitem relações empáticas. A combinação de características deficitárias na Inteligência Emocional dos professores parece ser a dificuldade para expressar sentimentos de acordo com a situação, evitando que se provoquem conflitos desnecessários. Os professores universitários da Região do cariri cearense não demonstraram dificuldades importantes na canalização de suas emoções. Tendo em vista que o aperfeiçoamento da Inteligência emocional dos professores é um elemento importante para a eficiência do processo docente educativo, sugerimos que outros estudos sobre a temática possam ampliar o tamanho da amostra para obter resultados mais representativos.

41 Referências BOLÍVAR, V. Inteligencia Emocional en la empresa. Refinador Costarricense de petróleo. Costa Rica, 2005. Colectivo de autores. Psicología y Salud. Articulo Inteligencias Emocional, página 19-23 (Por González). Editorial Ciencias Médicas, Cuba, 2002. GOLEMAN, D. La Inteligencia Emocional. México: ED. B. México SA BCU, 1996. GONZÁLEZ, R. F. Relación de lo cognitivo y lo afectivo en la personalidad. Psicología principios y categorías. La Habana. ED. Ciencias Sociales, 1989: 72-94. MOLERO C., ZAIZ E., ESTEBAN, R. Revisión histórica del concepto de Inteligencia Emocional. Rev. Latinoamericana de Psicologia, 1998; 30 (1): 11-30. PÉRSICO, L. Inteligencia Emocional. Editorial LIBSA: Madrid, 2003. RAMÍREZ, I.S., PÉREZ, C.T.B., BLANCO, A. J.A. Inteligência emocional. Disponível em < http://www.monografias.com/trabajos42/inteligencia-emocional/inteligenciaemocional.shtml>. Acesso em 10.06.2007. QUIROGA, C. La Ciencia del éxito: Inteligencia Emocional práctica. Editorial Instituto Alphacenter: Chile, 7 ma. Edição 2000. " (1) Paula Maria de Macedo é Médica do Programa Saúde da Família em Nova Olinda-CE. E-mail: paula_macedo@hotmail.com; (2) Maria Leomar Macedo é Médica, Professora da Faculdade de Medicina de Juazeiro do Norte-CE e Mestranda em Ciências da Educação pela Universidade de Humanidades e Tecnologias Lusófona, de Portugal. E-mail: paula_macedo@hotmail.com; (3) Bárbara Maria de Macedo é Acadêmica de Medicina da Faculdade de Medicina de Juazeiro do Norte-CE (FMJ).