CLIMATOLOGIA E SAZONALIDADE EM 33 ANOS DE EVENTOS TORNÁDICOS EM SANTA CATARINA Roberto de OLIVEIRA¹, ², Roseli de OLIVEIRA¹, Jaqueline ESTIVALLET, ¹CEPED/UFSC Florianópolis Santa Catarina ² Roberto.oliveira@ufsc.br RESUMO: A frequência de eventos tornádicos em Santa Catarina toma relevância para Defesa Civil, desde que os fatos indicam serem de natureza permanente e não casos esporádicos. Podese afirmar que tornados ocorrem com razoável freqüência no estado catarinense. Uma climatologia para o fenômeno foi realizada por Marcelino (2000), com levantamento de 23 casos de 1976 a 2000, posteriormente nova catalogação foi feita em 2003 levantando 45 casos (Marcelino, 2003). Este trabalho é uma atualização da catalogação de tornados ocorridos no estado catarinense desde 1976 ampliado até 2009, totalizando 77 casos no período de 33 anos. O uso destes dados permitirá melhores ações de prevenção para o Estado desde que estes dados informem que no verão estes eventos tornádicos estão em torno de sessenta por cento, enquanto que na primavera eles diminuem para dezesseis por cento, e no período outono-inverno tem números muito baixos. Palavras-chaves: Tornados, prevenção, climatologia. ABSTRACT: The frequence of tornadic events in Santa Catarina State acquires relevance for Civil Defense, since facts indicate of being of permanent nature and not of sporadic cases. One can say that tornadoes happen with a reasonable frequence in this State. A climatology for the phenomenon was accomplished by Marcelino (2000), accounting of 23 cases from 1976 to 2000, new numbers were obtained in 2003 increasing for 45 cases (Marcelino, 2003). This work is an updating of the cataloguing of tornados happened in this State since 1976 sum up to 77 cases in 2009, for the period of 33 years. The use of these data will alow better preventive actions for the State since they inform that in summer these tornadic events are around sixty percent, while in spring they lower for sixteen percent, and in fall-winter period are very low in numbers. Key-word: Tornadoes, prevention, climatology 1 INTRODUÇÃO O estudo sobre tornados em Santa Catarina é recente, pesquisas científicas começaram a ser desenvolvidas na década atual. Jornais catarinenses mencionavam o fenômeno, algumas vezes de forma equivocada, nominando-o de vendaval, ciclone, tufão ou furacão. Hoje, já se sabe que tornados e trombas d água ocorrem com certa freqüência no estado. Marcelino (2000) fez
levantamento de 1976 a 2000, em arquivos da DEDC-SC, em jornais de SC e concluiu 23 ocorrências tornádicas, entre trombas d água e tornados, em um período de 25 anos, posteriormente ampliou para 27 anos de estudo até 2003 (MARCELINO, 2004a), catalogando 45 ocorrências. Silva (2009) realizou um mapeamento das trombas d água no estado catarinense. Outros fizeram estudo de caso (MARCELINO, 2003; MARCELINO, 2004; MARCELINO, 2005; NASCIMENTO e MARCELINO, 2005; FOSS e PAMPUCH, 2008; CARDOSO et al., 2008; CRUZ et al., 2008). Brooks e Dotzek (2007) realizaram estudos com dados levantados a partir de radiossondagens atmosféricas e dados de re-análise do NCAR/NCEP no período de 1970-1999. Suas análises apontam a região compreendendo o norte da Argentina, Paraguai, Uruguai, e a região sul do Brasil, como territórios subtropicais de destaque junto com parte da Ásia, com possibilidade de desenvolver tempestades severas e até tornados, Figura 1. Santa Catarina situa-se nesta área. Fonte: Harold E. Brooks, 2007 FIGURA 1: Mapa mundial de ambientes propícios para gerar tornados (1970-1999) As cores em tons mais avermelhados indicam a maior incidência de eventos tornádicos. Estes estudos corroboram o que denomina de corredores de tornados. 2 MATERIAIS E MÉTODOS Esse estudo atualizou uma climatologia para tornados ocorridos em Santa Catarina na qual foram levantados dados de 1976 a 2009, resultando em 77 casos e 33 anos de levantamento (ESTIVALLET, J. et al., 2009). O registro de dados desenvolveu-se a partir de informes em monografia Marcelino (2000), Silva (2009), pesquisas científicas de diversos autores,
Dissertação de Mestrado Marcelino (2004), dados do EPAGRI/CIRAM 2009, Informes de Instituições de Meteorologia do Brasil, dados de jornais, arquivos pessoais, informes da Defesa Civil de Santa Catarina e Boletins do CPTEC. 3 ANÁLISES DE DADOS E DISCUSSÃO Da amostra em estudo, composta por 77 tornados (figura 2) o mês de maior ocorrência do fenômeno foi janeiro, com vinte (20) ocorrências, o mês de Fevereiro vem em segundo com quatorze (14) ocorrências, e o mês de março vem em terceiro com onze (11) ocorrências, com menor expressão observa-se novembro onde aparecem seis (6) ocorrências, setembro, outubro e dezembro cinco (5) ocorrências, agosto quatro (4) ocorrências, julho três (3) ocorrências, abril duas (2) ocorrências, maio e junho registraram uma (1) ocorrência cada. Tornados em Santa Catarina - 1976 a 2009 25 20 15 10 Tornados 5 0 Jan Fev Mar Abril Maio Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Fonte: ESTIVALLET, J., et all, 2009 FIGURA 2: Ocorrência mensal de tornados em Santa Catarina Com os estudos realizados percebe-se que, as ocorrências de tornados em Santa Catarina concentra-se a maior parte na estação verão. Como se trata de um Estado com muita atividade turística no verão, alguns eventos similares aos tornádicos, como as trombas d água, foram também catalogados por apresentarem um potencial de risco às atividades náuticas em geral (pesca recreação e navegação).
Ocorrências Ocorrências tornádicas/estação 40 35 30 25 20 15 10 5 0 Verão Outono Inverno Primavera Estações Tornados Trombas Fonte: ESTIVALLET, J., et all, 2009 FIGURA 3: Ocorrência de tornados em Santa Catarina por estações Na descrição das tabelas e das figuras, sazonalidade e percentual de ocorrências, no período de 33 anos (período desta análise), as maiores ocorrências tornádicas se concentram no verão, representando 61,3% do universo pesquisado, enquanto que a primavera concentrou apenas 16,88% dos casos. Evidencia-se, por outro lado, a relativa irrelevância para a época outonoinverno. 4 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES As revisões bibliográficas, levantamento histórico e a consolidação de dados das mais diversas fontes sobre tornados no Estado catarinense, permitiram descobrir que a freqüência nas ocorrências tornádicas dar-se-iam em maior número na estação verão e nos meses janeiro, fevereiro e março. Concluiu-se, que existe uma limitação desta pesquisa no sentido de que podem existir locais sem a presença humana onde fenômenos tornádicos possam ter acontecido sem que tenham sido percebidos. Outros eventos tornádicos classificados como vendavais que não foram estudados e ficaram fora da amostra, a qual poderia ser ainda muito maior. Recomenda-se que novos estudos e mais dados sejam gerados ajudando na compreensão mais apurada do fenômeno, que tem alto potencial destrutivo, a fim de que futuramente possam ser previstos, deixando a população a salvo. Tais estudos revelariam índices termodinâmicos que podem ajudar na previsibilidade de eventos tornádicos de modo mais prático e para um período maior de aproximação em tempo real.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BROOKS, H. E; DOTZEK, N. The Spatial Distribution of severe convective storms and an analysis of their secular changes severe convective storms. 2007, p.1-24. ESTIVALLET, J., OLIVEIRA, R., SHEUER, P., SILVA, L., ESPÍNDOLA, L.P. LA NIÑA e EL NIÑO: A Influência nas ocorrências tornádicas em Santa Catarina. Monografia (Curso Técnico de Meteorologia) Instituto Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2009, p.150. MARCELINO, I.P.V.O. Análise de episódios de tornados em Santa Catarina: caracterização sinótica e mineração de dados. Dissertação (Mestrado) - INPE, São José dos Campos. 2004 (digital). NASCIMENTO, E. L.; MARCELINO, I.P.V. de O. Análise preliminar dos tornados de três de janeiro de 2005 em Criciúma/SC. Boletim da Sociedade Brasileira de Meteorologia, V. 28-29, n.1, 2005. p. 33-44 OLIVEIRA, I.P.V. Distribuição espaço-temporal e análise de tornados em Santa Catarina no período de 1976 a 2000. Monografia (Bacharelado em Geografia) Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2000. SILVA, F. M. Dinâmica atmosférica e localização das trombas d água no litoral catarinense no período de 1996 a 2008. Monografia (Bacharelado em Geografia) Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2009, p.130.