VARIABILIDADE CLIMÁTICA PREJUDICA A PRODUÇÃO DA FRUTEIRA DE CAROÇO NO MUNICÍPIO DE VIDEIRA SC.
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- Sebastião Casqueira Fraga
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1 VARIABILIDADE CLIMÁTICA PREJUDICA A PRODUÇÃO DA FRUTEIRA DE CAROÇO NO MUNICÍPIO DE VIDEIRA SC. 1 Maurici A. Monteiro 1 Elaine Canônica Anderson Monteiro 3 RESUMO A variabilidade climática que tem ocorrido no Sul do Brasil tem afetado o Estado de Santa Catarina com relação à distribuição temporal e espacial da precipitação e as oscilações térmicas. Neste inverno de no município de Videira/SC, as temperaturas apresentavam episódios de calor seguidos de frio intenso que acabaram prejudicando o equilíbrio da germinação de fruteiras de caroço. ABSTRACT The climatic variability that has occurred in the South of Brazil has affected the State of Santa Catarina with regard to the secular and space distribution of the precipitation and the thermal oscillations. In this winter of in the city of Videira/SC, the temperatures presented followed episodes of heat of intense cold that had finished harming the balance of the germination of fruteiras of caroço. Palavras-chave: Variabilidade climática, bloqueios atmosféricos e temperatura. INTRODUÇÃO A dinâmica atmosférica no Sul do Brasil, nos últimos anos, tem apresentado variações anômalas com formação persistente de bloqueios atmosféricos em todas as épocas do ano. Os 1 EPAGRI/CIRAM Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina SA Avenida Admar Gonzaga, 137, Itacorubi -Florianópolis, SC. monteiro@epagri.rct-sc.br ecanonica@epagri.rct-sc.br 3 anderson@gmail.rct-sc.br
2 bloqueios forçam as frentes frias a permanecerem por períodos, em geral, superiores a uma semana sobre o Uruguai e sul do Rio Grande do Sul (Fuentes, 1997) e, com isso, as chuvas ocorrem com muita irregularidade, ocasionando estiagens prolongadas em Santa Catarina. Enquanto o bloqueio persiste, as temperaturas ficam elevadas. A quebra dos bloqueios, de modo geral, acontece devido à penetração de massas de ar frio que chegam à Argentina, e ao avançar para norte forçam o deslocamento da frente fria trazendo chuva para Santa Catarina e queda nas temperaturas (Monteiro, 1). No ano de, esses fenômenos têm persistido, ocasionando chuvas muito irregulares, tanto no tempo quanto no espaço, e períodos de temperaturas altas intercalados com de baixas. Este trabalho tem como objetivo a analise das condições de tempo no município de Videira/SC tendo em vista as variações de temperatura que causaram prejuízos às fruteiras de caroço. DADOS E MÉTODOS Foram utilizadas séries temporais diárias e mensais de temperatura mínima e horas de frio da estação meteorológica convencional localizada no município de Videira/SC (lat. 7º S, lon. 51º9W, alt. 77m), pertencente à rede da Epagri. As médias históricas são do período ( anos) e foram comparadas com os valores diários dos meses de junho, julho e agosto de obtidos na referida estação. RESULTADOS Não diferente do que vem ocorrendo em todo estado, as chuvas em Videira/SC tem sido muito irregulares e na maioria dos meses do ano ficaram abaixo da média climatológica. As temperaturas estiveram elevadas no verão por conta do domínio das massas tropicais e apresentando períodos de maior elevação associados aos bloqueios atmosféricos, especialmente na primeira quinzena de janeiro. O outono seguiu com temperaturas acima da média, porém o mês de maio foi mais frio e as temperaturas ficaram abaixo da média climatológica do mês. No mês de junho, apesar da passagem de cinco frentes frias pelo estado de Santa Catarina, as chuvas ficaram abaixo da média no município de Videira/SC e as temperaturas acima da média climatológica em aproximadamente 3ºC para as máximas e de 1,5ºC, para as mínimas. A queda mais significativa de temperatura ocorreu em dois episódios; o primeiro entre os dias e 15 e o mais significativo no fim do mês, entre os dias e 9, com a chegada de uma massa de
3 ar frio e seco, bastante intensa, que favoreceu temperaturas negativas e formação de geada nas áreas mais altas do estado. A mínima registrada em Videira/SC foi de ºC no dia, conforme a figura 1. 3 Temperatura (ºC) 1 Estação Convencional de Videira/SC - Junho/ Mínima diária Média histórica Figura 1 Temperatura mínima diária e média histórica (ºC) no mês de junho/. Essa queda na temperatura resultou em várias horas de frio (temperatura < 7, C) que ultrapassaram a média diária, especialmente entre os dias 7 e 9 (figura ). Horas de Frio (h) 1 Estação Convencional de Videira/SC - Junho/ Total diário Média histórica Figura Total diário e média histórica de horas de frio (h) no mês de junho/. O mês de julho, não foi muito diferente de junho; as chuvas continuaram abaixo da média, não passando de % da média mensal para Videira/SC. As temperaturas ficaram elevadas na maior parte do mês, com 3,5ºC acima da média das máximas e,5ºc, das mínimas. Os dias mais quentes ocorreram entre e e depois entre os dias 17 e 3. Mesmo com os dias quentes, a baixa umidade da massa de ar favoreceu a queda da temperatura no período noturno com formação de geada fraca e isolada, nas áreas mais altas do Meio-Oeste. A queda mais significativa de temperatura ocorreu no fim do mês, entre os dias 9 e 31, com a chegada de uma massa de ar frio e seco, bastante intensa, que favoreceu temperaturas negativas e formação de geada nas áreas mais altas do estado. A temperatura mínima registrada em Videira/SC foi de -1, C, conforme a figura 3.
4 Temperatura (ºC) Estação Convencional de Videira/SC - Julho/ Mínima diário Média histórica Figura 3 Temperatura mínima diária e média histórica (ºC) no mês de julho/. O total de horas de frio, de acordo com a figura, foi bem superior ao mês de junho, registrado entre os dias e 7; e 3 e depois entre os dias 9 e 31. No primeiro evento de frio, o total de horas ficou acima do normal diário; no segundo, nos dois primeiros dias, também acima do normal e o episódio mais significativo ocorreu no final do mês, sendo que o dia 3 foi caracterizado como frio. Horas de Frio (h) 1 Estação Convencional de Videira/SC - Julho/ Total diário Média histórica Figura Total diário e média histórica de horas de frio (h) no mês de julho/. A primeira quinzena de agosto foi marcada por tempo estável com chuva somente do Oeste ao Litoral Sul. As temperaturas ficaram mais elevadas para a época do ano, apesar do mês ter iniciado com temperaturas baixas e geada. Na segunda quinzena houve mais variações nas condições de tempo, onde o frio ficou intercalado com temperaturas mais elevadas e a chuva ficou melhor distribuída, devido a passagem de três frentes frias pelo estado. As variações na temperatura também foram sentidas em Videira/SC com dois episódios de frio intercalados por temperaturas elevadas. No período de 19 a 5 e 9 a 3,
5 o frio foi intenso em Videira/SC, com registro de temperaturas negativas no dias, 3 e 9, sendo que a mais baixa de -, C, conforme a figura 5, ocorreu no dia. 5 Temperatura (ºC) Estação Convencional de Videira/SC - Agosto/ Mínima diária Média histórica Figura 5 Temperatura mínima diária e média histórica (ºC) no mês de junho/. Como a primeira quinzena foi marcada por temperaturas mais elevadas, as horas de frio foram pouco expressivas, mas na segunda, com massas de ar polar mais persistentes no Sul do Brasil, as horas de frio em Videira/SC foram mais significativas e em dias seguidos, resultando em 7 dias consecutivos de frio, conforme a figura. Horas de Frio (h) 1 Estação Convencional de Videira/SC - Agosto/ Total diário Média Histórica Figura Total diário e média histórica de horas de frio (h) no mês de agosto/. CONSIDERAÇÕES FINAIS Os bloqueios atmosféricos tem sido em parte, responsáveis pela variabilidade das chuvas e das temperaturas em Santa Catarina, nos últimos tempos. Neste inverno, os eventos de temperaturas elevadas foram seguidos e bastante significativos, especialmente no mês de junho, caracterizando veranicos (pequenos verões) fora de época. Em Julho, o frio veio mais intenso e com temperaturas negativas nos últimos dias do mês. Na primeira
6 quinzena do mês de agosto voltou a ocorrer temperaturas elevadas seguidas por frio intenso na segunda. Toda essa oscilação térmica acabou prejudicando a agricultura catarinense, em especial a cultura da fruta do caroço, que em função do aumento da temperatura, brotaram mais cedo. Com o retorno do frio e a geada, a brotação foi queimada, provocando danos à produção. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Aguiar, D; Mendonça, M. Climatologia das geadas em Santa Catarina. In: I Simpósio Brasileiro de Desastres Naturais,, Florianópolis I Simpósio Brasileiro de Desastres Naturais, Anais... Florianópolis, GEDN/UFSC,. p (CD-ROM). Boletim Mensal de Monitoramento Climático,. Boletim Técnico, Epagri/Ciram, Florianópolis, SC. Fuentes, M.V. Climatologia de Bloqueios Próximos à América do Sul e Seus Efeitos. Dissertação (Mestrado em Meteorologia) - Instituto de Pesquisas Espacias (INPE), São José dos Campos, p. Monteiro, M. A. Caracterização climática do Estado de Santa Catarina: uma abordagem dos principais sistemas atmosféricos que atuam durante o ano. GEOSUL, Florianópolis, n. 31, 1. p Nimer, E. Clima. In: Geografia do Brasil: Região Sul. Série Recursos Naturais e Meio Ambiente. n º., Rio de Janeiro: IBGE, p
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