INMET/CPTEC-INPE INFOCLIMA, Ano 13, Número 07 INFOCLIMA. BOLETIM DE INFORMAÇÕES CLIMÁTICAS Ano de julho de 2006 Número 07
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- Edite Mota Quintanilha
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1 INFOCLIMA BOLETIM DE INFORMAÇÕES CLIMÁTICAS Ano de julho de 2006 Número 07 PERMANECE A TENDÊNCIA DE CHUVAS ABAIXO DA MÉDIA NA REGIÃO SUL SUMÁRIO EXECUTIVO A primeira semana da estação de inverno, que teve início no dia 21 de junho, às 09:26h, foi marcada pela chegada de uma frente fria que conseguiu avançar até o sudeste do Brasil. Esta frente fria foi responsável pela temperatura mais baixa do ano em alguns municípios, dentre eles as capitais paulista e fluminense. Nos municípios de Urupema e Urubici, em Santa Catarina, ocorreram traços de neve. Ao longo do mês de junho, observaram-se vários dias com baixa umidade relativa do ar, nevoeiros e neblinas no início e final do período diurno. De maneira geral, no mês de junho 2006 as temperaturas máximas e mínimas excederam a média histórica nas Regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste e Norte, embora tenham atuado massas de ar frio com intensidade fraca a moderada. Em grande parte do Brasil Central, houve redução dos totais acumulados, condição normal nesta época do ano e que marca o início da estação seca nas Regiões Sudeste e Centro-Oeste. Por outro lado, elevados totais acumulados de precipitação foram observados no leste do Nordeste, em Roraima, e no norte do Pará e Amapá. As condições observadas da Temperatura da Superfície do Mar (TSM) e da circulação atmosférica permaneceram em torno da média histórica sobre o Oceano Pacífico Equatorial, consistente com a situação de neutralidade associada as condições de temperatura das águas superficiais do oceano Pacifico tropical. A previsão de TSM, nos modelos estatísticos e acoplados oceano-atmosfera do NCEP e do CPTEC indica a permanência de neutralidade, ou seja, águas com TSM próximas a normal, não configurando o fenômeno do El Nino ou La Niña. no Oceano Pacífico Tropical, para os próximos três meses. A previsão para os totais pluviométricos durante o trimestre agosto, setembro e outubro de 2006 é: normal a acima da média histórica no norte do Amazonas e Pará, Roraima e Amapá. E chuvas de normal a abaixo da média na Região Sul. Para o restante do País, a tendência é de pluviosidade climatológica. As temperaturas devem ficar próximas à média histórica com grande variabilidade temporal no centro-sul do País, isto é, períodos mais frios intercalados por períodos mais quentes. Nas demais áreas, a previsão é de temperaturas variando em torno das normais climatológicas. 1
2 Figura 1 - Previsão probabilística (em tercis) de consenso do total de chuvas no trimestre agosto, setembro e outubro de 2006 (ASO/06). 1. CONDIÇÕES CLIMÁTICAS NO BRASIL EM JUNHO DE 2006 No mês de junho, observou-se um longo período de dias consecutivos sem chuva em grande parte do Brasil Central, que é uma característica dos meses de inverno e marca o início da estação seca nas Regiões Sudeste e Centro-Oeste do País. Parte do Mato Grosso, Goiás, Tocantins, sul do Piauí, oeste da Bahia e em locais isolados de Minas Gerais não houve registro de precipitação. O extremo norte da Região Norte e a faixa leste do Nordeste, que se encontram no período chuvoso, apresentaram os maiores valores de precipitação, com totais acumulados superiores a 300 mm. Estes elevados totais de precipitação foram causados por áreas de instabilidade tropical, distúrbios de leste, pelo efeito de brisas marítimas e por sistemas frontais que atingiram o litoral leste do Nordeste. Seis sistemas frontais de intensidade fraca a moderada atuaram no Brasil, ficando este número dentro da climatologia para o mês de junho. Somente a última frente fria do mês foi mais intensa e proporcionou a incursão de uma massa de ar frio sobre as Regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, provocando queda acentuada da temperatura sobre estas regiões. Em alguns municípios da Região Sul, as temperaturas mínimas atingiram valores negativos, a exemplo de São Joaquim, que registrou -1,0ºC. Na Região Sudeste, registraram-se as menores temperaturas do ano na capital paulista e fluminense, porém as temperaturas máximas e mínimas ficaram acima da média histórica. 2. ANÁLISES REGIONAIS REGIÃO NORTE: As chuvas mais significativas ocorreram no extremo norte da Região, em particular em áreas no norte dos Estados de Roraima, Pará e Amapá, onde ocorreram desvios positivos superiores a 50 mm. Estas chuvas estiveram associadas à 1
3 formação nuvens convectivas, como resultado da interação entre o calor e a umidade, e também à Zona de Convergência Intertropical (ZCIT). Nos demais setores, as chuvas variaram de normal a abaixo da média. Em praticamente toda a Região, tanto as temperaturas máximas como as mínimas estiveram entre valores normais e acima da média climatológica. REGIÃO NORDESTE: A precipitação ficou acima da média histórica principalmente na faixa leste da Região, entre Pernanbuco e recôncavo baiano, destancando-se o total acumulado em Recife (PE) no dia 21 que foi de 82,8 mm e em Salvador (BA) no dia 24 que foi 51 mm. Em áreas isoladas do Piauí, Ceará e Rio Grande do Norte, os totais acumulados de chuva variaram entre 100 mm e 400 mm e também ficaram com desvios positivos. Nas demais áreas do Nordeste, as chuvas não foram muito significativas e ficaram com anomalias próximas a abaixo da média histórica. De maneira geral, estas chuvas estiveram associadas às Linhas de Instabilidade (LI s), às frentes frias que se deslocaram para latitudes mais ao norte e à atuação de distúrbios de leste. As temperaturas máximas estiveram em torno da média histórica e oscilaram entre 24ºC e 30ºC em toda Região. REGIÃO CENTRO-OESTE: Do ponto de vista climatológico, a situação de estiagem observada neste mês de junho é considerada normal. Em praticamente toda a Região, os totais acumulados de chuva foram inferiores a 25 mm e estiveram próximos à climatologia. A exceção foi notada no sul do Mato Grosso do Sul, onde a formação de áreas de instabilidade proporcionou totais de chuva superiores a 50 mm. As temperaturas, cujos valores variaram entre 24º e 34ºC, a máxima, e entre 12ºC e 20ºC, a mínima, estiveram entre 2ºC e 3ºC acima da média histórica em grande parte da Região. REGIÃO SUDESTE: As chuvas ficaram abaixo da média histórica no Estado de São Paulo e no sul do Espírito Santo, onde se observaram anomalias negativas de até 100 mm. Nas demais áreas, a chuva observada neste mês de junho esteve próxima à normal climatológica. De modo geral, as temperaturas máximas variaram entre 22ºC e 30ºC. Nas áreas serranas de São Paulo e Minas Gerais, as temperaturas mínimas foram inferiores a 10ºC, e, nas demais áreas, variaram entre 12ºC e 18ºC. A atuação das frentes frias pouco favoreceu o declínio das temperaturas, o que resultou em valores que ficaram entre normal a acima da média histórica. REGIAO SUL: Como observado em meses anteriores, choveu abaixo da média histórica em grande parte da Região, com exceção de áreas isoladas no Rio Grande do Sul. Anomalias negativas, entre 50 mm e 100 mm, foram observadas no Paraná, norte e oeste de Santa Catarina e no setor central do Rio Grande do Sul. Essa seqüência de meses com totais de chuva abaixo da média histórica já reflete problemas na agricultura e nos níveis dos reservatórios destinados a abastecimento e hidroelétricos. Mesmo com a passagem de massas de ar frio de fraca intensidade, as temperaturas máximas e mínimas ficaram acima da média, com anomalias superiores a 2ºC. 3- SITUAÇÃO DOS OCEANOS PACÍFICO E ATLÂNTICO TROPICAIS E ASPECTOS GLOBAIS Durante o mês de junho, os padrões de anomalias da Temperatura da Superfície do Mar (TSM) e da circulação atmosférica foram consistentes com condições de neutralidade, ou seja, anomalias de TSM próximas a zero ao longo do Oceano Pacífico Equatorial. Como observado em maio passado, anomalias positivas de TSM entre 0,5ºC 2
4 e 1ºC continuaram sendo observadas nas áreas subtropicais e latitudes médias dos oceanos Pacífico Sul, Atlântico Sul, desde a costa do Brasil até 20ºW e na bacia subtropical do Atlântico Norte. No restante das regiões dos Niños (Niño 3 e Niño 1+2), as anomalias de TSM permaneceram próximas à média histórica. 4- PREVISÃO CLIMÁTICA PARA O TRIMESTRE AGOSTO, SETEMBRO E OUTUBRO DE 2006 (ASO/2006) Apesar dos resultados dos modelos de previsão de anomalia de TSM (estatísticos e acoplados) indicarem uma ligeira intensificação do aquecimento no Oceano Pacífico Equatorial Central, as condições observadas no último mês indicam uma situação de neutralidade em relação a anomalias de TSM no Oceano Pacifico equatorial para os próximos três meses. Ou seja, é prematuro mencionar uma configuração do Fenômeno El Niño. Portanto, deve-se monitorar o comportamento da temperatura da superfície do mar, assim como das águas sub-superficiais, desde a costa oeste da América do Sul até o Pacífico Equatorial Central. REGIÃO NORTE Climatologia: Nos meses de agosto, setembro e outubro, a chuva acumulada varia entre 100 mm e 200 mm no leste da Região (Amapá, Pará e Tocantins) a valores entre 300 mm e 700 mm no oeste da Região (Amazonas, Roraima, Acre e Rondônia). Com relação às temperaturas máximas, a média histórica do trimestre varia entre 30ºC e 32ºC, enquanto a temperatura mínima varia de 18ºC a 22ºC. Em Soure-PA, a temperatura máxima climatológica varia entre 27ºC e 29ºC. Os mais baixos valores de temperatura mínima variam entre 17ºC e 19ºC, em São Félix do Xingu-PA. (Ver mapa) Chuva variando de normal a acima da média no norte do Amazonas e Pará, Roraima e Amapá. Nas demais áreas, a previsão é de chuvas dentro da média histórica. (confiabilidade média-alta). Temperatura próxima à média histórica REGIÃO NORDESTE Climatologia: O trimestre que compreende os meses de agosto a outubro marca o final do período chuvoso no leste da Região e o início das chuvas no extremo sul da Região. No sul do Maranhão, Piauí e no sul e oeste da Bahia, podem ser observados totais de chuvas superiores a 150 mm. As temperaturas máximas atingem valores superiores a 36ºC durante esse trimestre, principalmente no centro do Piauí. Os menores valores de temperatura máxima, entre 22ºC e 24ºC, são observados em áreas isoladas no leste da Região Nordeste. As temperaturas mínimas variam entre 22ºC, no norte da Região, a 16ºC, em áreas no sudoeste da Paraíba e do norte da Bahia. (Ver mapa) PREVISÃO: Chuva dentro da média histórica (confiabilidade média-alta). Temperatura próxima à média histórica. REGIÃO CENTRO-OESTE Climatologia: As chuvas variam entre 50 mm e 250 mm neste trimestre, com os maiores valores no sul do Mato Grosso do Sul e no norte do Mato Grosso. A média climatológica da temperatura máxima varia de 28 C, no sul do Mato Grosso do Sul e leste de Goiás, a 3
5 34ºC, no nordeste do Mato Grosso. Destaca-se, neste trimestre, uma diminuição gradativa da incidência de massas de ar frio. (Ver mapa) Chuva dentro da média histórica (confiabilidade baixa). Temperatura próxima à média histórica, com grande variabilidade temporal. REGIÃO SUDESTE Climatologia: Climatologicamente, o trimestre agosto a outubro é caracterizado pelo final da estação seca e início da transição para o período chuvoso. Neste período, os totais de chuva variam entre 200 mm e 500 mm. A média climatológica para a temperatura máxima varia de 22 C a 32ºC, aumentando gradativamente no mês de outubro durante o período da primavera. A média das temperaturas mínimas, para o mesmo período, varia de 10ºC a 20ºC, sendo os mais baixos valores observados nas regiões serranas. (ver mapa) Chuva dentro da média histórica (confiabilidade baixa). Temperatura dentro da normal climatológica, com grande variabilidade temporal. REGIÃO SUL Climatologia: Na maior parte da Região, a média histórica de chuva para agosto, setembro e outubro varia entre 300 mm e 700 mm, associada principalmente à passagem de frentes frias. Neste trimestre, as temperaturas mínimas ainda permanecem baixas, com valores médios entre 8ºC e 12ºC, principalmente nas regiões serranas. (Ver mapa) Chuva variando de normal a abaixo da média histórica (confiabilidade média-baixa) Temperatura dentro da normal climatológica, com grande variabilidade temporal. 5- QUEIMADAS O trimestre e caracterizado pelo aumento das queimadas na maior parte do Brasil, principalmente no Norte e Centro-Oeste. 4
6 INFOCLIMA, Ano 13, Número 06 SUMÁRIO A previsão de chuva e temperatura para agosto, setembro e outubro de 2006 está resumida na tabela abaixo: REGIÃO PREVISÃO CONFIABILIDADE DA PREVISÃO Chuva variando de normal a acima da média no norte do Amazonas e Pará, Roraima e Amapá. NORTE Nas demais áreas, a previsão é de chuvas dentro da média histórica. Média-Alta Temperatura próxima à média histórica. NORDESTE Chuva próximo a média histórica. Temperatura próxima à média histórica. Média-Alta CENTRO-OESTE Chuva próxima à média histórica. Temperatura Próxima à média histórica, com grande variabilidade temporal. Baixa SUDESTE Chuva próxima à média histórica. Temperatura dentro da normal climatológica, com grande variabilidade temporal. Baixa SUL Chuva variando de normal a abaixo da média histórica. Temperatura dentro da normal climatológica, com grande variabilidade temporal. Média-baixa ALERTA SOBRE O USO DAS PREVISÕES CLIMÁTICAS: A previsão foi baseada nos modelos de Circulação Atmosférica do CPTEC/INPE, nos modelos de circulação geral da atmosfera do National Centers for Environmental Predictions (NCEP), National Center for Atmospheric Research (NCAR), NASA s Seasonal Interannual Prediction Project (NSSIP), COLA e Max Plank Institute fur Meteorology (MPI) disponibilizados pelo International Research Institute for Climate Prediction (IRI); no modelo do European Centre for Medium Range Weather Forecasting (ECMWF), do United Kingdom Meteorological Office (UKMO) e nas análises das características climáticas globais observadas. Essa informação é disponibilizada ao público em geral. Este boletim é resultado da reunião de análise e previsão climática organizada pelo CPTEC/INPE e INMET com participação de meteorologistas dos dois orgaos. INMET e CPTEC/INPE
7 INFOCLIMA, Ano 13, Número 06
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