BIBLIOTECA DeA. Fonte: 17/01/12. Caderno: Empresas - Pág. B-2. Melhora na qualidade do serviço ainda é desafio



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Fonte: 17/01/12 Caderno: Empresas - Pág. B-2 Melhora na qualidade do serviço ainda é desafio Por Moacir Drska e Marta Nogueira De São Paulo e do Rio Leila Loria, diretora da Telefônica/Vivo: construção de redes de fibra óptica em grandes centros, com R$ 200 milhões em recursos, e expansão da cobertura móvel As operadoras encaram como desafio a criação de uma fórmula que combine serviços mais acessíveis e de melhor qualidade com a queda de preços para oferta de banda larga e aumento dos investimentos em redes. "Nosso preço vem caindo a uma média anual de 20%. A oferta de 2 Mbps saiu de R$ 135, em 2007, para R$ 54,90, hoje", diz Leila Loria, diretora da Telefônica. A tele, segundo ela, aposta em duas frentes: a construção de redes de fibra óptica para banda larga fixa - com investimento de R$ 200 milhões este ano -, a partir dos grandes centros, e a expansão da cobertura móvel, por meio da infraestrutura da Vivo, com meta de atingir 2.882 cidades até o início de 2012. Com um aporte de R$ 1,5 bilhão em 2011 e presente em cem cidades, a Net planeja levar o serviço a mais regiões, impulsionada pela aprovação do Projeto de Lei Complementar 116 (PLC 116). É o primeiro passo para atender locais com pouca oferta disponível, diz Márcio Carvalho, diretor da Net. "Só nos últimos 12 meses, a velocidade média da nossa base de 4,1 mil clientes cresceu 80%", afirma. Segundo ele, em 2005 a operadora vendia 2 Mbps por R$ 80, valor cobrado hoje por 20 Mbps. A Claro também registrou queda nos preços da banda larga móvel. Há quatro anos, a empresa vendia 1 Mbps por R$ 119,90, com média de uso mensal de tráfego de 1,5 GB. "Hoje, pelo mesmo preço e velocidade o cliente tem acesso a um plano mensal de download de 5 GB", afirma Fiamma Zarife, diretora de serviços de valor agregado da Claro. Com investimento previsto de R$ 3,5 bilhões até 2012, a direção da tele conta com a migração de sua rede para a tecnologia IP (protocolo de internet). "Uma média de 73% da rede tem esse recurso, o que vai trazer redução de custos e pode se refletir nos preços." Na Algar Telecom, o investimento previsto para os próximos cinco anos é de R$ 1 bilhão. Embora não revele quanto os preços do serviço caíram nos últimos anos, Divino Sebastião de Souza, presidente da tele, explica que decidiu fugir da

aquisição de links no atacado no Brasil: "Nosso custo caiu muito a partir do momento em que decidimos comprar banda no exterior." Para fugir da dependência dos preços e da infraestrutura de terceiros, a TIM foi às compras e incluiu em sua estrutura a AES Atimus. Com isso, teve acesso a uma rede de 5,5 mil quilômetros de fibras ópticas, pela qual pretende oferecer ultrabanda larga fixa em São Paulo e no Rio de Janeiro. Na Oi, o diretor de segmentos de varejo, Maxim Medvedovsky, compara os preços da operadora com o estudo da Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad): "Não sei que média eles usaram, mas os nossos preços estão bem mais baratos, mesmo com os impostos brasileiros, que são altos." O preço do acesso fixo de 1 Mbps da tele nas principais capitais é de R$ 39,90. "Retirando os impostos, esse preço cai para R$ 28, o que representa US$ 16", calcula Medvedovsky. Para o diretor, o valor absoluto dos preços chegou ao limite de queda. "O que vai acontecer é que vamos oferecer mais velocidade pelos mesmos preços. Implicitamente, vai ficar mais barato por megabyte", afirmou. Notícias Relacionadas GVT diz que controladora cobra mais caro na França Por Marli Lima De Curitiba Os preços do acesso fixo à internet em banda larga praticados no Brasil estão caindo mais rapidamente que em outros países. Ao menos é o que afirma o vicepresidente de marketing e vendas da GVT, Alcides Troller. Segundo ele, comparativamente, na GVT os preços são menores que na França, onde atua sua controladora Vivendi. Mas, diante dos valores elevados cobrados pelo serviço, nem sempre veloz, em diversas regiões, Troller rebate: "A banda larga é cara no Brasil, não na GVT." Com sede em Curitiba, a operadora atua em 110 cidades de 17 Estados e mais o Distrito Federal apenas com rede fixa. Em abril de 2008, a empresa extinguiu a faixa de quilobits por segundo, que tem a menor velocidade, e passou a vender só a partir de 1 megabit por segundo (Mbps), por R$ 59,90. Desde outubro de 2010, elevou a faixa mínima para 5 Mbps, a R$ 49,90. Troller afirma que a GVT forçou a redução de preços no mercado e que por ser uma empresa mais nova que as concorrentes estabelecidas seu custo de manutenção de rede é mais baixo, o que lhe dá vantagem sobre os concorrentes em relação ao preço. Ele lembra que o barateamento da tecnologia foi um dos fatores que pressionaram a queda de preços. "Há dez anos, um modem ADSL - tecnologia usada em redes de cabos de telefonia - custava US$ 10 mil. Hoje, sai por menos de R$ 100 e é bem melhor", compara. Embora a direção da GVT não revele o número de assinantes por velocidade, de sua carteira de 1,4 milhão de clientes de banda larga, 69% navegam a 10 Mbps ou mais. Com a popularização do serviço, a tendência do mercado é oferecer cada vez mais velocidade pelo mesmo preço. Para exemplificar, Troller lembra que o pacote de 15 Mbps custava R$ 199 há dois anos e, atualmente, sai por R$ 79,90. "É preciso pensar na demanda do futuro", afirma. "Casas conectadas, com mais equipamentos, vão exigir maior velocidade." Segundo o executivo, 91% dos clientes da empresa contratam voz e internet. Os serviços de dados representam 40% do faturamento e crescem mais rapidamente

que voz. "Em 2013, a receita de dados vai superar a de voz na GVT", estima Troller. Informalidade e impostos pressionam pequenos fornecedores Por Júlia Pitthan De Joinville A falta de competitividade das empresas legalizadas é o principal entrave para a redução dos preços dos pequenos provedores de internet no Brasil, afirma Eduardo Neger, presidente da Associação Brasileira de Internet (Abranet). Cerca de 3 mil empresas têm a licença do Serviço de Comunicação Multimídia (SCM), concedida pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), para atuar como provedoras de internet, sendo que a maioria oferece os serviços localmente. O problema, diz Neger, é que há quase 3 mil provedores ilegais. "Mais do que combater as empresas irregulares, é interessante tentar trazê-las para a legalidade, porque muitas atendem regiões que ninguém quer", disse ele. Esse cenário, no entanto, pode mudar. "O crescimento da classe média e o aumento da renda e do emprego no país têm trazido um novo perfil de consumidores, mais exigentes e dispostos a pagar por um serviço de qualidade", diz. Além disso, os usuários familiarizados com a internet demandam mais velocidade para baixar vídeos, assistir filmes e ouvir música on-line. Os pequenos provedores locais são os que melhor entendem as exigências desses usuários. "As operadoras de celular são muito grandes, precisam gerenciar uma planta com muitos usuários, é difícil visualizar os detalhes de cada região", afirma Neger. Grupos irregulares chegam a regiões ainda não atendidas e conseguem reunir até 3 mil assinantes Um exemplo de como a iniciativa dos pequenos provedores pode contribuir com a expansão da banda larga é o projeto desenvolvido pela empresa de tecnologia Gsol, sediada no Rio de Janeiro. Há 13 anos no mercado, a companhia lançará em fevereiro um programa de banda larga grátis. Além do Rio, a Gsol tem cobertura em Niterói, São Gonçalo, na Baixada Fluminense e em Itaboraí. "Vamos oferecer uma velocidade inicial gratuita de 600 Kbps até 1 Mbps", afirma Alex Vander, diretor da Gsol. O projeto será sustentado por patrocínio, publicidade, parcerias e outros produtos e serviços. A meta é atingir 20 mil famílias em um ano. Vander diz que os usuários aprendem a navegar na internet e, com o tempo, passam a demandar mais serviços e velocidade: "Nesse momento há uma oportunidade de negócios." Vander observa que nas comunidades do Rio existem dois tipos de provedores. Um deles é dominado por criminosos e usado como meio de faturamento ilegal. "Mas existe outro que surge a partir do compartilhamento de redes de internet pelos próprios usuários para suprir regiões onde as grandes empresas não chegam", diz. Vander estima que alguns provedores ilegais chegam a reunir 3 mil usuários. Sua proposta é ajudá-los a se regularizar e depois fazer parcerias para que distribuam o serviço nas comunidades. Os impostos são os grandes vilões dos preços altos, e isso precisa ser combatido, segundo Norberto Dias, diretor da Associação Catarinense de Empresas de Tecnologia (Acate). Como em outros Estados que aderiram à banda larga popular, Santa Catarina tem valores entre R$ 29 e R$ 70, mas as bandas oferecidas variam de 512 KB a 5 MB, desde que combinadas com um plano de telefonia.

Fora do litoral catarinense, há pouca capilaridade da rede de banda larga, o que contribui para o preço alto e a baixa velocidade entregue aos usuários, admite Dias. Ele diz que para os provedores não compensa investir em infraestrutura de rede em cidades com menos de 40 mil habitantes, por causa da baixa densidade. As áreas carentes de serviço, sem cobertura das grandes operadoras do setor, costumam compor o nicho das pequenas empresas que disputam o mercado de banda larga em Santa Catarina. Em atuação há cerca de ano e meio e com 800 clientes, a Bit Telecom começou suas atividades em um condomínio popular da Grande Florianópolis. O provedor Linha Livre, fundado em 1997, teve investimentos em infraestrutura bloqueados antes de seu registro contábil ser classificado como Simples. "Fiquei dois anos parado sem investir porque todo o dinheiro era para pagar imposto", diz o diretor Marcelo Pamplona. Há cerca de três anos, com o aumento da competição das grandes operadoras na internet residencial, Pamplona decidiu seguir o caminho inverso e reforçar o foco no segmento empresarial de Florianópolis e da região Metropolitana de Santa Catarina. (Com Marta Nogueira, do Rio) Onde nenhum provedor esteve antes Por Sérgio Ruck Bueno De Porto Alegre Jonathan Borges, da Viavale: companhia implantará 140 km de fibra óptica Com o mercado em crescimento, os provedores independentes de banda larga já atendem a 492 das 496 cidades do Rio Grande do Sul, a maior parte com conexões via rádio, conforme recente pesquisa da InternetSul, que representa o setor no Estado. Em 142 municípios de menor porte essas empresas são as únicas a oferecer acesso rápido à internet, estima o presidente da entidade, Rafael de Sá. A InternetSul reúne 115 associadas e recebe em média três adesões por mês, mas a projeção é que o número total de provedores independentes oscile entre 300 e 400 no Estado. A maioria tem outorga de Serviço de Comunicação Multimídia (SCM), conferida pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), e o número de assinantes por empresa varia de 300 a 20 mil. A limitação para uma expansão mais forte do setor, hoje, é o preço do link dedicado adquirido das grandes operadoras, explica Sá. Nas cidades de maior porte, onde a competição é mais acirrada, as empresas conseguem comprar 1 megabyte (MB) por R$ 200 a R$ 250 por mês, mas regiões isoladas, onde só uma concessionária opera, o preço pode chegar a R$ 2 mil. Com 1 MB o provedor pode conectar até dez clientes.

A maior limitação para expandir a conexão em áreas afastadas é o preço do link dedicado das grandes operadoras Segundo o presidente da InternetSul, a expectativa dos provedores é pela aprovação do Plano Geral de Metas de Competição (PGMC), em consulta pública na Anatel, que tende a reduzir os custos de aquisição do link. Uma das medidas do plano prevê que o órgão regulador intervenha contra a cobrança de preços abusivos por parte de operadoras com poder de mercado significativo (PMS), lembra o empresário. Mesmo assim, afirma Sá, além do aumento do número de provedores independentes, as empresas já instaladas procuram investir na melhoria dos serviços. Ao menos 20% delas já dispõem de redes de fibras ópticas ou estão com estudos em andamento para operar com essa tecnologia. É o caso da Viavale Telecom, de Santa Cruz do Sul, controlada pelo grupo de comunicações Gazeta. Com 7 mil clientes e crescimento de 10% a 15% ao ano, o provedor pretendia encerrar o ano com fibra óptica nas residências via tecnologia FTTH (Fiber To The Home), da Ericsson. A rede suporta até 2,5 gigabytes (GB), mas os pacotes terão de 5 MB a 20 MB, disse o diretor da Viavale, Jonathan Borges. Segundo o executivo, a empresa opera nos 13 municípios do Vale do Rio Pardo, na região central do Rio Grande do Sul, mas o lançamento do serviço ficou restrito a Santa Cruz do Sul, onde foram instalados 120 quilômetros de cabos. Até março, a meta é colocar mais 140 quilômetros, o que vai permitir o cabeamento de toda a cidade de 118,4 mil habitantes. Antes, a rede de fibras da Viavale atendia apenas aos clientes empresariais, que representam 50% da base total. Os consumidores residenciais tinham acesso somente via rádio. A empresa garante ao menos 20% de banda disponível para os clientes. A Connection Telecom, de Novo Hamburgo, cidade com 238,9 mil habitantes na região metropolitana de Porto Alegre, aumentou de 250 para quase 1,4 mil o número de clientes nos últimos 12 meses e pretende chegar a 5 mil nos próximos dois anos, informou Danilo Rosa, presidente da empresa. O executivo pretende expandir os negócios principalmente no segmento empresarial, que representa apenas 5% da base atual de assinantes. A estratégia também inclui a diversificação dos fornecedores de links. A Connection opera somente no segmento de internet via rádio. Segundo Rosa, a Connection, que também opera nos municípios vizinhos de São Leopoldo, Ivoti, Dois Irmãos e Estância Velha, com populações entre 19,9 mil e 214,1 mil pessoas, procura evitar as áreas centrais das cidades, onde a concorrência é mais acirrada. "Vamos para as periferias, onde os armários das grandes operadoras de telefonia são escassos e o sinal não chega com tanta qualidade", explicou. Pequenas comunidades também são o foco da Tchê Telecom, de Erechim (96,1 mil habitantes), e da NetSV, de São Valentim (3,6 mil moradores), ambas no Norte do Estado. As duas provedoras operam com rádio e pertencem ao técnico em informática Everaldo Possa, que entrou no negócio em 2008 porque não suportava mais as dificuldades do acesso discado, o único disponível na região à época. A NetSV tem 400 assinantes, entre residências, pequenos estabelecimentos comerciais e escolas, incluindo os municípios de Benjamin Constant do Sul, com população de apenas 2,3 mil pessoas, e Entre Rios do Sul, separado por 30 quilômetros de estrada de chão de São Valentin e com 3,1 mil habitantes. Segundo

Possas, nessas áreas a possibilidade de crescimento já se esgotou, mas em Erechim, onde a Tchê Telecom tem 350 clientes, é possível dobrar a base de assinantes em dois anos. Com dois funcionários em cada uma das duas provedoras, Possa também oferece suporte aos seus assinantes. "Os clientes me conhecem e têm o número do meu telefone celular", comentou o empresário, que compra os links da Oi e da Unotel Telecom, de São Paulo.