Perturbação Obsessivo-Compulsiva
- Epidemiologia - - A prevalência da POC na população geral é desconhecida - 0,05% (Rudin, 1953) - aprox. 2% (Karno e Golding, 1991; Weissman, 1993)
- Epidemiologia - - Género: A prevalência da POC parece ser semelhante em ambos os sexos Rasmussen (1992): ligeira predominância no sexo feminino : 53,8% : 47,2% - Estado civil: Hodgson (1980): 37-50% solteiros Karno (1988): Relação entre POC e divórcio (conflitos conjugais)
- Epidemiologia - - Posição na fratria: (Influência deste factor no desenvolvimento de POC) Kayton e Borge (1967): Mais frequente em filhos primogénitos ou únicos McKeon (1983): Os filhos primogénitos de doentes com POC tendem a apresentar mais sintomas obsessivos em relação aos que nascem depois deles Rasmussen (1982): Rigidez e ansiedade dos pais podem ter um papel no desenvolvimento de POC, com maior intensidade no 1º filho - Factores culturais: Rasmussen (1992): Associação de POC a educações em meios rígidos com reforço de comportamentos como a ordem, a limpeza e os valores morais
- Epidemiologia - - Idade de início: Idade adulta (65% dos casos antes dos 25 anos) Pode surgir na infância e adolescência Arts et al (1995): Sub-tipo tardio (predominância de obsessões) Sub-tipo precoce (predominância de compulsões) - Acontecimentos precipitantes: Condições desfavoráveis (divórcio, dependência financeira, desemprego, luto recente) Pollit (1957): 66% dos casos aparecem associados a um destes factores
- Definição - Critérios diagnósticos (DSM-IV) A. Obsessões ou compulsões B. Reconhecimento por parte do indivíduo de que as obsessões ou compulsões são excessivas ou irracionais, em algum momento durante a perturbação. (Nota: este critério não se aplica a crianças) C. As obsessões ou compulsões causam acentuado sofrimento, consomem tempo (>1h/dia) ou interferem significativamente na rotina, funcionamento ocupacional (ou académico), actividades ou relacionamentos sociais habituais do indivíduo. D. Se outra perturbação do Eixo I estiver presente, o conteúdo das obsessões ou compulsões não está restrito a essa perturbação. E. A perturbação não se deve aos efeitos fisiológicos directos de uma substância (por ex., droga de abuso, medicamento) ou de uma condição médica geral. Especificar se: Com Fraco Insight: se, na maior parte do tempo durante o episódio actual, o indivíduo não reconhece que as obsessões e compulsões são excessivas ou irracionais
- Obsessões - 1. Pensamentos, impulsos ou imagens recorrentes e persistentes que, em algum momento durante a perturbação, são experimentados como intrusivos e inadequados e causam acentuada ansiedade ou sofrimento. 2. Os pensamentos, impulsos ou imagens não são meras preocupações excessivas com problemas da vida real. 3. A pessoa tenta ignorar ou suprimir tais pensamentos, impulsos ou imagens, ou neutralizá-los com algum outro pensamento ou acção. 4. A pessoa reconhece que os pensamentos, impulsos ou imagens obsessivas são produto da sua própria mente (não são impostos do exterior). In Diagnostic and Statistic Manual of Mental Disorders
- Obsessões - Ideias Ideias persistentes associadas a um sentimento penoso, dado o seu carácter forçado, parasita, repetido e incoecível.o doente esforça-se em vão por as expulsar.tem consciência do seu cunho intensivo, invasor e perdurável e do seu frequente conteúdo absurdo e sem motivo. Ruminações Pensamentos incessantes e inconclusivos sobre questões que não obtêm qualquer resposta e envolvem considerações quasi-filosóficas (têm que ser incoecíveis ou estranhas à sua situação, de outra forma são ruminações não obsesivas)
- Obsessões - Impulsos Impulsos de poder vir a cometer um acto nocivo, imoral ou agressivo contra a vontade do individuo (controlar, atacar, defenestrar, proferir obscenidades coprolália.) Medos Envolvem tipicamente temas relacionados com a contaminação e a sujidade Imagens Representações imagéticas, fulgurantes e repetitivas, frequentemente descritas como violentas e repulsivas
- Obsessões - Pensamentos de contaminação Pensamentos sexuais inaceitáveis
- Obsessões - Impulsos violentos indesejados Impulsos sacrílegos indesejados
- Obsessões - Medos persistentes e dúvidas de que a pessoa é responsável por males ou azares (ex: roubos, incêndios, atropelamentos...) Medo de certos números, cores e palavras
- Obsessões - Preocupação exagerada pela ordem, organização e simetria Preocupação excessiva com a possibilidade de estar/ficar doente
- Compulsões - 1. Comportamentos repetitivos ou actos mentais que a pessoa se sente compelida a executar em resposta a uma obsessão ou de acordo com regras que devem ser rigidamente aplicadas. 2. Os comportamentos ou actos mentais visam prevenir ou reduzir o sofrimento ou evitar algum evento ou situação temida; No entanto, esses comportamentos ou actos mentais não têm uma conexão realista com o que visam neutralizar ou evitar ou são claramente excessivos. In Diagnostic and Statistic Manual of Mental Disorders
- Compulsões - Comportamentos que o individuo realiza sob força de uma imposição interior obsessiva; essa imposição é consciente, incoercível, repetitiva, alimentada pela dúvida (folie de doute).os rituais ou cerimoniais são levados a cabo de uma forma pré-determinada e, com frequência, repetidas um número concreto de vezes.
- Compulsões - Lavagens excessivas Rituais de limpeza e verificação
- Compulsões - Actos mentais (orar, contar, repetir palavras em silêncio) Actos supersticiosos que ajudam a reduzir o medo das obsessões
- Gravidade - Sintomas impeditivos de uma vida normal Sintomas não interferem muito com a vida do doente Formas mínimas Formas incapacitantes Deficiências no relacionamento conjugal, ocupacional ou social Necessidade de hospitalização
- Diagnóstico diferencial - Perturbações do Espectro Obsessivo (Hollander, 1995)
-Diagnóstico diferencial 1.FOBIA 2.IDEIA DELIRANTE 3.IMPULSO/COMPULSÃO
Etiologia Núcleos da base Cortex frontal Estruturas límbicas ( cingulum,septum,hipocampo) Cortex temporal
RM e TC: Etiologia Neuro-imagiologia alts do volume de substância cinzenta na cabeça do núcleo caudado. (dados contraditórios) PET: actividade metabólica basal no cortex pré-frontal. actividade metabólica nos gg da base.(dados contraditórios) Os circuitos neuronais entre o cortex orbitário pré-frontal e os gânglios basais está hiperactivo.
Etiologia Dados bioquímicos Neurotransmissores: sistema serotoninérgico (agente primário ou modulador?) Resposta significativa aos fármacos que bloqueiam a recaptação da serotonina.
Etiologia Causas vulnerabilidade genética;(concordância53-86% MZ ;22-47%DZ) Lesão cerebral (TC em militares) Epilepsia POC infantil Reacção auto-imune pós infecciosa Estreptococus -hemolítico grupo A Início súbito; Anomalias neurológicas (mov. coreiformes/hiperactividade motora); Evolução episódica em dentes de serra
Aspectos genéticos Estudos efectuados entre gémeos: Homozigóticos (65%-85%) Dizigóticos (15%-45%) Existe uma transmissão genética da susceptibilidade à doença. Relação POC Perturbação de La Tourette Incidência da POC em doentes com Perturbação de La Tourette: 35%-50% Incidência da Perturbação de La Tourette em doentes com POC: 5%-7%
Tratamento Psicoterapia Terapia farmacológica T. Cognitiva T. Comportamental
Tratamento - Psicoterapêutico Terapia Comportamental Estimulação e prevenção da resposta Exposição ao objecto da obsessão Prevenir a compulsão Perante exposição crónica do estímulo a ansiedade diminui mas a compulsão manter-se-à se não for tratada. Durante o tratamento o grau de exposição ao contéudo da obsessão deve ser progressivo.
Tratamento - Psicoterapêutico Terapia Comportamental É mais eficaz quando as compulsões são observáveis: Limpeza; Ordenações; Menos eficaz perante actividades mentais: Contagens; Repetições; Terapia Cognitiva Encorajar o doente a questionar a validade dos seus pensamentos. Aumenta a eficácia da terapia comportamental; Pode ser a única intervenção terapêutica nos casos em que não é possível ou ética a exposição do doente ao objecto da obsessão.
Tratamento - Farmacológico 1ª Linha Monoterapia com: Bloqueadores preferenciais da recaptação da Serotonina (BPRS) Clomipramina (ADT) Paroxetina (SSRI) Sertralina (SSRI) Se: Ausência de resposta após 8 semanas Resposta insatisfatória após 12 semanas Mudar de fármaco
Tratamento - Farmacológico 2ª linha - Terapêutica combinada SSRI + Clomipramina BPRS + neuroléptico
Tratamento - Cirúrgico Último recurso Os doentes devem ser referidos para cirurgia se: Foram tentados todos os esquemas famacológicos; Foi feita concomitantemente psicoterapia; Os sintomas da POC: Ponham a vida do doente em risco; Causem extrema disfunção ou sofrimento psíquico.
Tratamento Os fármacos permitem uma redução dos sintomas 35% a 70%; A grande maioria dos doentes refere uma melhoria significativa da qualidade de vida. O esquema terapêutico ideal é: Terapia cognitivo-comportamental + terapia farmacológica
Evolução e prognóstico Na maioria dos casos o alcance da remissão completa é difícil. Com a descontinuação terapêutica, o retorno dos sintomas ocorre dentro de 2-3 semanas em 90% dos casos. Factores de mau prognóstico: Início em idade juvenil; Presença de comorbilidades.