1 APELAÇÃO CRIMINAL Nº 512212-28.2009.8.09.0107(200995122121) COMARCA DE MORRINHOS APELANTE : VIBRAIR MACHADO DE MORAES APELADO : MINISTÉRIO PÚBLICO RELATOR : Des. LUIZ CLÁUDIO VEIGA BRAGA RELATÓRIO O representante do Ministério Público com atuação no Juízo da Comarca de Morrinhos ofereceu denúncia em desfavor de VIBRAIR MACHADO DE MORAIS, qualificado, dando-o por incurso nas iras do art. 14, da Lei nº 10.826/03, por haver, no dia 15 de dezembro de 2009, no período matutino, na Fazenda Serra, município de Morrinhos, sido preso em flagrante delito portando uma arma de fogo de uso permitido, revólver calibre 38, marca Taurus, municiado, sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar. Recebida a denúncia, o processado foi citado, apresentando defesa previa, realizada a inquirição de duas testemunhas, interrogatório, formuladas as derradeiras alegações, sobrevindo sentença condenatória, impondo-lhe reprimenda aflitiva de 02 (dois) anos de reclusão, a ser cumprida no regime inicial semiaberto, 30 (trinta) diasmulta, à razão de 1/30 ( um trigésimo) do salário mínimo da época do fato.
2 Descontente, o processado interpôs recurso apelatório, sustentando a absolvição da imputação ou a desclassificação do crime de porte ilegal de arma de fogo para o de posse, a extinção da punibilidade, em razão da descriminalização temporária da conduta. Resposta ao recurso. A Procuradoria-Geral de Justiça, representada pelo Dr. Maurício José Nardini, se manifestou pelo parcial provimento do apelo. É o relatório. À revisão. Goiânia, 19 de outubro de 2012. Desembargador Luiz Cláudio Veiga Braga Relator
1 APELAÇÃO CRIMINAL Nº 512212-28.2009.8.09.0107(200995122121) COMARCA DE MORRINHOS APELANTE : VIBRAIR MACHADO DE MORAES APELADO : MINISTÉRIO PÚBLICO RELATOR : Des. LUIZ CLÁUDIO VEIGA BRAGA VOTO admissibilidade, conheço do apelo. Porque presentes os pressupostos de Insurge-se o processado contra a sentença que o condenou por violação do art. 14, caput, da Lei nº 10.826/03, impondo-lhe apenamento corpóreo de 02 (dois) anos de reclusão, a ser cumprido no regime inicial semiaberto, sustentando que estava no interior da sua casa e tinha a posse e não o porte da arma de fogo, postulando a absolvição da imputação ou a desclassificação para o crime de posse, com a consequente extinção da punibilidade, em razão da descriminalização temporária da conduta. A prova dos autos revela que o processado, no dia dos fatos, ao ser abordado por policiais militares que cumpriam mandado de busca e apreensão, portava um revólver municiado, expondo conduta
2 tipificada pelo art. 14, da Lei nº 10.826/03, ainda que estivesse na sede da fazenda, a arma de fogo não foi localizada dentro do imóvel, mas em sua cintura, afastando o pleito de absolvição, bem como desclassificatório para o delito de posse. Veja-se a prova oral produzida, in verbis: (...) que ao ouvir o barulho o interrogando se assustou e pegou a arma e pôs na cintura e saiu para a porta da cozinha; que logo foi abordado pela polícia (...). (fl. 192). ( ) que confirma os fatos narrados na denúncia; ( ) que o acusado disse que portava arma para se defender no trânsito entre seu açougue e sua casa. (fl. 165). Comete o crime tipificado pelo art. 14, da Lei nº 10.826/03, o processado que é flagrado portando arma de fogo de uso permitido, sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar, sendo o instrumento vulnerante localizado e apreendido em sua cintura, ocorrência verificada por policias no cumprimento de mandado de busca e apreensão, comprovada a conduta delituosa por parcial confissão, depoimentos testemunhais e prova técnica, suficientes para a resposta penal desfavorável.
3 Justiça, in verbis: Nessa direção, a posição do Superior Tribunal de (...) 4. In casu, o paciente foi surpreendido com a arma "em sua cintura", e não guardada no interior do caminhão. Assim sendo, à medida que a arma estava presa à cintura do paciente fica evidente que ele portava, efetivamente, a arma de fogo, que estava ao seu alcance, possibilitando a utilização imediata. 5. Ante a impossibilidade de desclassificação do crime de porte de arma para o delito de posse, está superada a irresignação no tocante à incidência de abolitio criminis temporária, situação que ocorre apenas quanto à conduta relacionada ao crime de posse de arma de fogo, acessórios e munição. 6. Ordem denegada. (HC 172525/MG, DJE de 28/06/12). No mesmo rumo, julgado da Corte, in verbis: ( ) Demonstrado que o apelante portava o revólver em sua cintura no momento em que foi preso em flagrante, é irrelevante o fato de a arma estar com as munições intactas para a caracterização do delito de porte ilegal de arma de fogo, uma vez que o crime previsto no art. 14 do Estatuto do
4 Desarmamento é crime plurissubsistente, bastando que o agente flexione um dos núcleos legais para que o crime se configure. (...). (Apelação Criminal nº 182799-85.2006.8.09.0127, DJE 1083 de 18/06/12). Noutra curva, o sentenciante, na individualização da pena, ao analisar as circunstâncias judiciais do art. 59, do Código Penal Brasileiro, considerou, equivocadamente, como demérito ao processado os antecedentes criminais, nada obstante a certidão cartorária de fls. 180/184 não registre sentença condenatória com trânsito em julgado, requisito indispensável para a configuração da elementar, conforme orientação jurisprudencial galvanizada na Súmula 444, do Superior Tribunal de Justiça. Ao registro de que procedeu com desacerto o sentenciante na avaliação das circunstâncias judiciais do art. 59, do Código Penal Brasileiro, acolhendo como desfavoráveis os antecedentes do processado, reduzo a pena-base para 02 (dois) anos e 03 (três) meses de reclusão e 30 (trinta) dias-multa, recuando-a pela confissão espontânea, concretizando a aflitiva de 02 (dois) anos de reclusão, no regime inicial aberto, ao teor do art. 33, 2º, letra c, do Código Penal Brasileiro, 25 (vinte e cinco) dias-multa, no valor unitário de 1/30 (um trigésimo) do salário mínimo da época do fato.
5 Por outro lado, o processado merece a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direito, porquanto aplicada reprimenda aflitiva inferior de 04 (quatro) anos, tecnicamente primário e preenchidos os demais requisitos do art. 44, do Código Penal Brasileiro, importando fixar-lhe duas alternativas, de prestação de serviços à comunidade, pelo prazo da corpórea, prestação pecuniária, consistente no pagamento de 01 (um) salário mínimo a uma entidade com destinação social, ficando a designação a cargo do Juiz da Execução Penal. Estabelecida pena corpórea inferior de 04 (quatro) anos, favoráveis as circunstâncias judiciais do art. 59, do Código Penal Brasileiro, satisfeitos os demais requisitos do art. 44, do Código Penal Brasileiro, impositiva a substituição da reprimenda aflitiva por restritiva de direito. Na seara do tema, julgado da Corte, in verbis: ( ) 1- Preenchendo o Apelante os requisitos legais para substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos, sua aplicação é medida que se impõe. 3- Apelação conhecida e provida. (Apelação Criminal nº 116895-16.2010.8.09.0051, DJE nº 1028 de 21/03/12). ministerial, provejo parcialmente o apelo. Ao cabo do exposto, acolhendo o pronunciamento
6 É, pois, como voto. Goiânia, 29 de novembro de 2012. Desembargador Luiz Cláudio Veiga Braga Relator
1 APELAÇÃO CRIMINAL Nº 512212-28.2009.8.09.0107(200995122121) COMARCA DE MORRINHOS APELANTE : VIBRAIR MACHADO DE MORAES APELADO : MINISTÉRIO PÚBLICO RELATOR : Des. LUIZ CLÁUDIO VEIGA BRAGA EMENTA : APELAÇÃO CRIMINAL. CRIME DE PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO. SENTENÇA CONDENATÓRIA. ABSOLVIÇÃO. DESCLASSIFICAÇÃO. ABOLITIO CRIMINIS TEMPORALIS. PENA. MAUS ANTECEDENTES. EXCLUSÃO. REDUÇÃO. SUBSTITUIÇÃO. I - Comete o crime tipificado pelo art. 14, da Lei nº 10.826/03, o processado que é flagrado portando arma de fogo de uso permitido, sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar, sendo o instrumento vulnerante localizado e apreendido em sua cintura, ocorrência verificada por policias no cumprimento de mandado de busca e apreensão, comprovada a conduta delituosa por parcial confissão, depoimentos testemunhais e prova técnica, suficientes para a resposta penal desfavorável. II - Apenamento corrigido.
2 III - Estabelecida pena corpórea inferior de 04 (quatro) anos, favoráveis as circunstâncias judiciais do art. 59, do Código Penal Brasileiro, satisfeitos os demais requisitos do art. 44, do Código Penal Brasileiro, impositiva a substituição da reprimenda aflitiva por restritiva de direito. APELO PARCIALMENTE PROVIDO. SENTENÇA REFORMADA, EM PARTE. A C Ó R D Ã O Vistos, relatados e discutidos estes autos, ACORDA o Tribunal de Justiça do Estado de Goiás, pela Quinta Turma Julgadora de sua Segunda Câmara Criminal, à unanimidade, acolher o parecer da Procuradoria-Geral de Justiça, conhecer do apelo e o prover parcialmente, nos termos do voto do Relator. Votaram, com o Relator, os Senhores Desembargador Ney Teles de Paula, Juiz Fábio Cristóvão de Campos Faria, em substituição ao Desembargador Leandro Crispim. Luiz Cláudio Veiga Braga. Presidiu a sessão de julgamento o Desembargador
3 Presente à sessão, representando a Procuradoria- Geral de Justiça, o Doutor Christiano Mota e Silva. Goiânia, 29 de novembro de 2012. Desembargador Luiz Cláudio Veiga Braga Relator 04