Red Econolatin www.econolatin.com Expertos Económicos de Universidades Latinoamericanas BRASIL Novembro 2013 Profa. Anita Kon PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO - PROGRAMA DE ESTUDOS PÓS- GRADUADOS EM ECONOMIA POLÍTICA. 1. SITUACIÓN ECONÓMICA ACTIVIDAD ECONÓMICA A economia brasileira continua em ritmo lento. No terceiro trimestre de 2013, os indicadores econômicos mostraram desaceleração, apesar da forte valorização do dólar nos últimos meses, que poderia beneficiar algumas empresas. O déficit fiscal e a inflação continuaram a causar e os índices de confiança do consumidor e do empresariado diminuíram. O câmbio voltou a sofrer fortes pressões de alta, com tendências a se agravar, e as agências de avaliação de risco ameaçam rebaixar a nota do país, devido à desvantagem para enfrentar as dificuldades, devido ao esgotamento de sua política fiscal, por conta da elevada dívida pública e pelas limitações da política monetária. O setor de comércio varejista havia observado leve melhora em agosto, aumento de 0,9% nas vendas, porém esta melhora não muda as perspectivas de que terá um 2013 um resultado menor do que no ano anterior, que acontece porque o varejo é afetado pela menor expansão da renda, pela confiança reduzida dos consumidores e pelos juros mais altos. O nível de inadimplência no consumo das pessoas físicas mostra que 56% destes consumidores que limparam seus nomes no Serviços de Proteção ao Crédito, voltaram a ficar inadimplentes. O ritmo do setor de serviços diminuiu,i ditado pela menor demanda das empresas, que contrataram menos profissionais terceirizados e nos serviços de setores como o de transporte, comunicação e consultoria.
SECTOR EXTERIOR Em outubro, a balança comercial brasileira registrou um déficit de US$ 224 milhões, o pior valor para este mês desde o ano 2000. Enquanto as exportações tiveram alta de 0,3% em relação a outubro de 2012, as compras do exterior também mostraram recorde para outubro, com alta de 9,6%. A boa notícia em setembro veio justamente da "conta petróleo e derivados", que apresentava deficit de US$ 16,5 bilhões até setembro mas, houve reversão dessa tendência, com as vendas crescendo 4,5% e as expectativas para 2013 são de superavit. Muitas medidas anunciadas em abril de 2012 para ajudar os exportadores brasileiros ainda não foram implementadas, como a ampliação dos financiamentos e facilitação de garantias, sobretudo para pequenas e médias empresas que ainda estão em discussão. A urgência na implementação destas medidas foi considerada menor depois que o câmbio ficou mais favorável para as empresas e ajudou a frear o ritmo de crescimento das importações. Apesar do resultado ruim da balança comercial em 2013, que até outubro apresenta déficit de US$ 1,83 bilhão, a avaliação na equipe econômica é de que os dados da balança comercial foram distorcidos pelos registros atrasados de operações de importações de petróleo que ocorreram em 2012 e pela redução nas exportações da Petrobrás por causa da manutenção das plataformas de petróleo. SECTOR PÚBLICO Y POLÍTICA FISCAL A arrecadação tributária governamental do mês de setembro, último da do divulgado, foi recorde, com crescimento de 1,7% em relação ao mesmo mes de 2012 em termos reais, porém ficou abaixo das expectativas e o governo considera este resultado uma ameaça para o Tesouro Nacional. No entanto as despesas federais também subiram consideravelmente em 6% A Receita Federal rebaixou as estimativas para aumento da arrecadação em 2013 para 2,5% e 3%, quando no início do ano, trabalhava com um intervalo de 3% a 3,5%. A nova projeção ainda é otimista diante dos resultados dos primeiros nove meses, quando os tributos considerados na meta mostraram elevação de apenas 1,2%, enquanto a arrecadação total subiu 0,9%. O crescimento da arrecadação reflete o ritmo lento da economia, embora as previsão da área econômica para o Orçamento deste ano hhouvessem mostrado expectativas de crescimento do Produto Interno Bruto e da arrecadação tributária muito mais favoráveis que os resultados efetivamente obtidos. Dessa forma, há um descompasso que torna arriscado o desempenho das contas públicas pois nos próximos meses as despesas serão mais elevadas em razão das gratificações natalinas do Instituto Nacional do Seguro Social. As contas do governo também sofreram os efeitos dos pacotes de alívio tributário, lançados pela Fazenda na tentativa de estimular o consumo e os investimentos, com programas de.
isenção fiscal. A Receita Federal conta com uma arrecadação mais forte no último trimestre de 2013 para fechar as contas fiscais do ano, quando os maiores ganhos deverão vir dos programas de parcelamento de dívidas tributárias aprovados pelo Congresso e recém-sancionados pelo Executivo. EMPLEO Observa-se uma tendência de redução de postos de trabalho na indústria que vem se agravando, diante da estagnação na produção das fábricas em um cenário de perda de fôlego do consumo interno e invasão de importados. O rendimento do trabalhador único indicador do mercado de trabalho industrial que estava positivo, recuou em setembro pela primeira vez em três anos e meio. A causa formam os juros mais altos e o crédito caro e escasso que afetaram a produção e o emprego na indústria. Por outro lado os rendimentos recebem o impacto da inflação maior e da dificuldade nas negociações de reajustes salariais, com dissídios menores neste ano. A redução da oferta de vagas na indústria dificulta as negociações entre sindicatos e empresas, resultando em ganhos salariais menores neste ano. Os dados do IBGE indicam que a retração do emprego foi generalizada na indústria, com redução de postos de trabalho em 13 dos 18 setores pesquisados e em 13 das 14 regiões investigadas pela pesquisa. Mas esta desaceleração na criação de vagas se verificou em quase todos os setores. Dados atualizados divulgados em setembro pelo Ministério do Trabalho e Emprego mostram que a geração de empregos formais em todo o país caiu no ano de 2012 quase pela metade e não foram retomados totalmente em 2013, pois neste ano, o emprego formal continua crescendo a um ritmo menor e até agosto, o número de vagas criadas caiu 22% na comparação com 2012 e nas regiões metropolitanas já há redução de postos de trabalho. POLÍTICA MONETARIA E INFLACIÓN A situação da elevação dos preços é que após trégua de três meses, a inflação subiu em setembro e em outubro e deixou em alerta a equipe econômica do governo, que tende a manter sua política de elevar juros para combater a elevação dos preços. Em outubro o Comitê de Política Monetária do Banco Central (COPOM) elevou a taxa de juros oficial do Brasil (SELIC) para 9,5% ao ano.trata-se da quinta elevação consecutiva do juro básico da economia neste ano, como política para a contenção da inflação que continuou subindo sem a retomada da atividade econômica e o país caminha para um cenário de estagflação: inflação resiliente com economia quase estagnada. O COPOM tenta trazer inflação anual para os 4,5% do centro da meta em 2014, ano de campanha eleitoral, mas a projeção para
2013 é de 5,8%. Para o total do ano de 2013, a expectativa do mercado financeiro é de que os juros devem atingir até 10%, o que pode ser atingido em reunião de novembro. No momento o governo tem dúvida no se até lá a trajetória dos preços justificará nova alta de 0,5%ou se a elevação seria menor. O ficialmente o COPOM avaliou que essa decisão contribuirá para colocar a inflação em declínio e assegurar que essa tendência persista no próximo ano. A meta do BC é fazer o índice oficial de inflação (IPCA) se aproximar do centro da meta, de 4,5% neste ano e em 2014. O índice de inflação tem sido impulsionado por reajustes de itens dos grupos alimentação, puxados pela alta do dólar, e transportes, com as passagens aéreas. Apesar de o acumulado em 12 meses marcar a menor taxa do ano, os especialistas preveem pressão nos próximos meses, com altas maiores de alimentos, transportes, vestuário e serviços. Com a piora do cenário inflacionário, analistas que previam um reajuste da gasolina em outubro já esperam uma postergação para novembro ou dezembro, se a inflação estiver dentro da meta. Os preços administrados e controlados pelo governo tem sido a âncora da inflação e a política de aumento de juros não mostrou ainda efeito evidente e os especialistas repasses da alta do dólar para o consumidor, até o fim do ano. esperam ainda mais MERCADOS FINANCIEROS Com a alta da taxa de juros oficial pelo Copom, o mercado acusou o golpe e as taxas futuras subiram. As taxas de juros das operações de crédito voltaram a ser elevadas em outubro, a sexta elevação no ano e entre as taxas praticadas para Pessoa Física, das seis linhas de crédito pesquisadas, uma se manteve estável (cartão de crédito-rotativo) e cinco foram elevadas (juros do comércio, cheque especial, financiamento de automóveis, empréstimo pessoal dos bancos e empréstimo pessoal das financeiras). No que se refere à Pessoa Jurídica, das três linhas de crédito pesquisadas, todas foram elevadas no mês. Os dados do governo mostram que, considerando-se todas as reduções e elevações da taxa básica de juros (Selic) promovida pelo Banco Central desde julho de 2011, deste período até outubro de 2013 houve uma redução da Selic de 3%, ou seja, de 12,50% ao ano em julho/2011 para 9,50% ao ano em outubro de 2013.Os especialistas consideram que tendo em vista os atuais indicadores de inflação mostrando pressões inflacionárias, bem como o fato do índice oficial de inflação estar bem acima do centro da meta do Banco Central, deverá ocorrer nova elevação da taxa básica de juros (Selic) na próxima reunião do Copom, dias 26 e 27 de novembro e se isso ocorrer é provável que as taxas de juros das operações de Crédito voltem a ser elevadas nos próximos meses. Com o adiamento do corte no estímulo monetário nos Estados Unidos que alimenta parte dos investimentos externos que vem para o Brasil, houve beneficio para o mercado de ações em setembro, que liderou
os ganhos dos investimentos no período. O Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, teve ganho de 4,65%, e correspondeu ao terceiro mês consecutivo de ganhos. TIPO DE CAMBIO O governo acredita que o câmbio mais comportado vai deixar de pressionar a inflação e o dólar, que havia chegado a superar R$ 2,30, agora recuou para a faixa abaixo de R$ 2,20. No entanto, assessores presidenciais declaram que a volta da Selic ao patamar de dois dígitos deixou de ser tabu dentro do Planalto e com a alta desta taxa pode haver reflexos consideráveis no câmbio. Em meados de outubro, o dólar recuou 1,3% e foi o mais baixo desde junho, ficando em R$ 2,178. Da mesma forma, o dólar comercial, usado no comércio exterior, caiu 1,13%, para R$ 2,181, menor cotação desde o dia 18 daquele mês. Esta perspectiva de mais alta do juro básico, que remunera aplicações como títulos do governo, deixa o mercado brasileiro mais atraente a investidores estrangeiros, o que, consequentemente, aumenta a entrada de dólares no país e empurra as cotações para baixo. Com o processo de desvalorização do real que a economia brasileira vem convivendo, alguns destes economistas apontam para o risco que este processo pode produzir em termos da estabilidade de preços. Destacam que com a depreciação do real, a trajetória da economia brasileira, pode apontar para uma importante mudança em seu regime de crescimento, sendo que uma das consequências do processo de depreciação de nossa moeda será uma queda do salário real, marcadamente para aqueles que, em sua cesta de consumo, contam com bens comercializáveis. A partir disto, os analistas salientam que é possível projetar uma possível queda no custo unitário do trabalho, se este processo se espraiar pelo mercado de trabalho. Uma queda no custo unitário do trabalho, ao lado da depreciação cambial, pode recolocar na pauta de respostas da oferta da economia brasileira a retomada dos investimentos industriais, dada a recuperação da taxa de retorno destes. 2. PERSPECTIVAS ECONÓMICAS O Boletim Focus do Banco Central, que apresenta as estimativas do mercado para o crescimento da produção industrial, reduziu estas estimativas de 1,8%, para 1,77%, em 2013 e para o PIB estas estimativas estão em 2,5%, quando no início do ano, a previsão era de alta de 3,1%. O desempenho do setor agropecuário foi fundamental para que a estimativa de crescimento da economia brasileira, divulgada ontem pelo Banco Central, não caísse tanto e esta queda poderia ser pior, ainda que representando apenas cerca de 5% do PIB, o setor se destaca no crescimento, passando
de 8,4% para 10,5%. As previsões são de que os efeitos desse cenário favorável se espalham pelos demais segmentos industriais e comerciais que dão suporte à atividade agropecuária, ou seja, as perspectivas são de que o setor agropecuário sustente o PIB global neste ano. O Banco Central também revisou estimativas para outros setores. Na ótica da oferta, reduziu de 1,2% para 1,1% o avanço da indústria, com a queda na previsão para a indústria de transformação e por outro lado, o crescimento do setor de serviços também foi revisado para baixo, de 2,6% para 2,3%. Com relação à demanda, a expectativa de crescimento da Formação Bruta de Capital Fixo, que indica os investimentos, foi revisada de 6,1% para 6,5%. O Banco Central continua implacável na elevação da taxa de juros Selic, e é esperado que na próxima reunião do Copom, esta taxa subirá dos 9,5% atuais para 10%, atingindo a barreira dos dois dígitos, sob os aplausos dos bancos, de todo o setor financeiro e dos especuladores. No Comércio Exterior, o governo espera que, no médio prazo, a exportação de manufaturados seja beneficiada pela depreciação cambial. Outro argumento é que a desoneração da folha de salários das empresas traz ganho de competitividade às exportações. Isso porque ao incidir sobre o faturamento e não mais sobre a folha de salários, a cobrança de tributos não recai sobre as vendas externas. As projeções para a inflação pelo governo estão em torno de 6% em 2013, mas não descartam a possibilidade de o IPCA bater no teto da meta do governo (6,5%) se vier um novo choque de preços ou se o dólar voltar a subir com força. Os analistas acreditam no cumprimento da meta, mas visualizam um patamar de inflação mais elevado no último trimestre em razão do câmbio, de uma nova rodada de reajustes de alimentos e de um provável aumento da gasolina. 3. SITUACIÓN POLÍTICA Com relação à situação política a avaliação do governo é de que uma inflação em alta causará mais estragos para a imagem da presidente Dilma que a elevação da taxa Selic, referência para o mercado, o que se dará em um período de preparação para eleições presidenciais, em que é candidata. Nesse contexto, a equipe presidencial considera que a política monetária do BC deve garantir que a inflação continue recuando nos próximos meses e, principalmente, em 2014, ano da campanha da reeleição de Dilma. Porém o comportamento do Banco Central, altamente politizado, perdeu sua credibilidade e os agentes de mercado incorporaram em suas expectativas índices de inflação maiores à frente, o que piora a situação política.. Dessa forma, o BC deve correr atrás do prejuízo, pois o governo avaliou que a inflação é uma ameaça maior no ano de eleições de 2013, do que a alta da taxa de juros. As avaliações internas do governo, mostram que o BC precisa
consolidar a trajetória de convergência para a meta até meados do ano de 2014, para evitar que o tema vire problema na sucessão da presidente. A equipe considera um "risco excessivo" a inflação acumulada próxima do teto da meta, já que a economia brasileira está suscetível a choques externos.