DESTAQUES DO INVENTÁRIO 1 DO INVENTÁRIO EXTRAJUDICIAL A lei 11.441/2007 alterou os dispositivos do CPC, possibilitando a realização de inventário, partilha, separação consensual e divórcio consensual por via administrativa, ou seja, extrajudicialmente, a serem realizados nos Tabelionatos de Notas. Os requisitos para a utilização da faculdade 2 prevista na lei, são: 1. que não haja testamento; 2. que não haja interessado incapaz; e c) o consenso dos interessados. Relativamente à competência, a regra do último domicílio do falecido não se aplica ao inventário extrajudicial. Assim, fica a critério do cônjuge ou companheiro, se houver, ou dos herdeiros, escolherem qualquer Tabelionato de Notas do país para realizarem o inventário e a conseqüente partilha dos bens. É exigida a presença de advogado para a lavratura do ato notarial, podendo todas as partes ser assistidas por um único advogado. Ainda, caso um dos interessados não puder comparecer ao ato, poderão se fazer representar por procurador com poderes específicos, o qual pode ou não ser o advogado, nos termos do art. 653 do CC. Documentos necessários: 1. Esboço de partilha; 2. comprovante de pagamento do Imposto causa mortis; 3. certidão negativa de testamento; 4. carteira de identidade e CPF das partes interessadas. 5. certidão de óbito, carteira de identidade e CPF do de cujus; 6. certidão de casamento do cônjuge sobrevivente; 7. certidões de casamento/separação dos herdeiros casados/separados; 8. certidão de nascimento dos herdeiros solteiros; 9. certidão de inteiro teor dos imóveis; 10. comprovante de propriedade dos veículos; 11. extratos dos saldos bancários; 1 O presente trabalho não tem caráter científico e, portanto, não apresenta rigores metodológicos. Foi redigido com o único objetivo de servir de apoio às aulas ministradas. 2 O artigo 982 prevê poderá e não deverá, de modo que o inventário e a partilha pela via administrativa é uma faculdade e não um procedimento obrigatório. Sendo todos maiores e capazes, havendo consenso e os valores a serem inventariados não forem superiores a 2.000 OTNS, o artigo 1.032 a 1.035 do CPC disciplina o arrolamento sumário, que é um procedimento simplificado do inventário e partilha.
12. certidões negativas: municipal, estadual e federal; 13. IPTU ou Declaração do valor venal dos imóveis. Com relação à custa, cabe ao Estado, através de suas Corregedorias, disciplinarem os emolumentos. Com relação à isenção das custas, a doutrina vem se manifestando no sentido de que a gratuidade do ato notarial só se aplica aos casos de separação e divórcio, não se estendendo ao inventário e partilha. Legitimação para promover inventário - O requerimento de abertura do inventário judicial ou extrajudicial cabe, em primeiro lugar, ao administrador provisório, conforme o CPC em seu art. 987. São legitimadas, concorrentemente, todas as pessoas indicadas no art. 988. Por se tratar de processo necessário, pois há interesse de ordem pública no acertamento da sucessão causa mortis, determina o art. 989 que o juiz ordenará, de ofício, a abertura de inventário se não for requerido no prazo legal. Nesse caso, a petição inicial é substituída por uma portaria do juiz. Remoção do inventariante CPC, art. 995 (não exaustivo) A remoção tem feitio punitivo. Não pode ser determinada de plano e sem oportunidade de defesa para o inventariante. A remoção pode ser provocada por requerimento de qualquer interessado ou por iniciativa do juiz. Para que incida a sanção legal é necessário que haja comportamento malicioso e que a demora seja imputada ao inventariante. DO INVENTÁRIO JUDICIAL O procedimento sucessório desdobra-se nas seguintes fases: I. Inventário a) Petição inicial b) Nomeação do inventariante c) Primeiras declarações d) Citação dos interessados e) Avaliação do acervo f) Últimas declarações g) Liquidação do imposto de transmissão da herança II. Partilha a) Petição de quinhões b) Deliberação da partilha
c) Julgamento da partilha. A. Petição Inicial Instruída com a certidão de óbito do autor da herança. Por tratar-se de procedimento urgente o prazo para a sua abertura é de 60 dias, sob pena de iniciar-se ex officio, podendo Lei Estadual instituir multa pelo atraso. Súmula 542, STF: Não é inconstitucional a multa instituída pelo Estadomembro como sanção pelo retardamento do início ou da ultimação do inventário. B. Primeiras Declarações CPC, art. 993. C. Citações e Interveniências Após as primeiras declarações segue-se a citação de todos os interessados. São citados, inclusive, a Fazenda Pública e o MP, se houver herdeiro incapaz ou ausente. De acordo com entendimento pacífico da jurisprudência, é necessária a citação do cônjuge do herdeiro para os termos do inventário. D. Impugnação dos Citados: CPC, art. 1.000. As impugnações devem basear-se em questão de direito ou em prova documental e são de tríplice natureza: I erro ou omissão do inventariante, quanto aos bens, direitos ou obrigações do espólio; II reclamação quanto à escolha do inventariante; III contestação à qualidade de quem foi incluído no título de herdeiro. E Herdeiro Omitido O herdeiro omitido poderá demandar sua admissão diretamente ao juiz do inventário, desde que a partilha não tenha sido feita (art. 1001, CPC). Se a questão for de alta indagação, o interessado será remetido às vias ordinárias. Providência cautelar reserva de bens do espólio em poder do inventariante. F Avaliação A avaliação judicial dos bens tem dupla finalidade:
1) definir o valor dos bens para preparar a partilha; 2) propiciar base para cálculo do imposto de transmissão causa mortis. Pode haver dispensa da avaliação quando todos são maiores e capazes e: a) quando a Fazenda Pública concorda expressamente com o valor atribuído aos bens do espólio nas primeiras declarações. CPC, art. 1007. b) quando os sucessores concordam com o valor dos bens declarados pela Fazenda Pública. Se houver divergência, a avaliação só indicará sobre os bens objetos da divergência. CPC, art. 1008. Após a juntada do laudo as partes se manifestam em 10 dias. Será renovada a perícia nas hipóteses de erro ou dolo do avaliador ou redução do valor dos bens, por defeito posterior à avaliação. CPC, ART. 1.010. G Últimas Declarações Representam o termo final do inventário. H Cálculo do Imposto Somente os bens imóveis são considerados e se sujeitam ao tributo. A meação do cônjuge supérstite (não representa herança) não suporta tributação. O imposto será apurado sobre o líquido da herança. Do valor dos bens inventariados deverão ser deduzidas as dívidas passivas, as despesas do funeral, as custas do processo, taxa judiciária etc. I - Colações Colação é o ato judicial de reconstituição do acervo hereditário, por meio da adição dos bens doados em vida aos descendentes para que a partilha se faça segundo a justa equalização das legítimas de todos os herdeiros descendentes. Todo descendente e cônjuge que houver recebido doação deverão computar o adiantamento da legítima por ocasião do inventário e partilha do acervo deixado, salvo se no ato da liberalidade tiver sido contemplado com a dispensa da conferência (CC, arts. 544, 2005 e 2006). Somente os descendentes estão obrigados a colacionar, os ascendentes e os colaterais não ficam obrigados à colação, e por isso, não podem também reclamar a colação.
valor. A colação pode ser feita pela restituição dos próprios bens ou pelo seu J - Sonegados Sonegação é a ocultação dolosa de bens para não se submeterem a inventário ou à colação. Elementos: - Objetivo: omissão de conferir, declarar ou restituir bens do acervo hereditário; - Subjetivo: intenção maliciosa. Presunção juris tantum. Pena Civil de Sonegação: - Herdeiro: Perde o direito sucessório sobre o objeto sonegado. - Herdeiro e inventariante: A pena limitar-se-á à remoção da inventariança, senão for herdeiro nem meeiro. Se o for, perderá também o direito ao bem sonegado, de acordo com os arts. 1992 e 1993 do CC. L - Pagamento das dívidas: Os créditos do espólio devem ser cobrados pelos meios regulares para serem partilhados entre os sucessores. Quanto às dívidas do falecido, por elas respondem os herdeiros, cada qual em proporção da parte que naquela lhe coube (CC, art. 1997). Constituem encargos da herança: a) despesas funerárias; b) vintena do testamenteiro; c) dívidas do falecido; d) cumprimento dos legados. M Cobrança de dívidas - Faz-se, em regra, pela habilitação do credor no inventário, nos termos do art. 1.017 e parágrafos do CPC, devendo ser requerida antes da liquidação. Pode o credor optar pela ação de cobrança ou pela execução contra devedor solvente, requerendo a penhora no rosto dos autos do inventário. N Partilha Terminado o inventário, partilham-se os bens entre os herdeiros e cessionários, separando-se a meação do cônjuge supérstite. Se houver um único herdeiro, faz-se a adjudicação dos bens. Findo o inventário, o juiz facultará às partes que formulem o pedido de quinhão e, em seguida, proferirá, no prazo de dez dias, o despacho de deliberação da partilha, resolvendo os pedidos das partes e designando os bens que devam constituir quinhão de cada herdeiro e legatário (CPC,
art. 1.022). A partilha amigável só é anulável pelos vícios e defeitos que invalidam, em geral, os negócios jurídicos, extinguindo-se em um ano o direito de anulá-la (CC, art. 2.027). A partilha judicial é rescindível: a) tendo havido erro essencial, dolo, coação ou intervenção de incapaz; b) se feita com preterição de formalidades legais; c) se preteriu herdeiro ou incluiu quem não seja (CPC, art. 1.030). A ação rescisória processa-se perante o tribunal, devendo ser ajuizada em dois anos. Terceiros que não participaram do processo em que houve partilha devem ajuizar ação de nulidade da partilha, cumulada com petição de herança, no prazo geral de dez anos (CC, art. 205). De acordo com o STF, a procedência da ação de petição de herança importa nulidade da partilha. O Sobrepartilha Ficam sujeitos à sobrepartilha os bens que, por alguma razão, não tenham sido partilhados no processo de inventário. Vide art. 1040 CPC. P Término do inventário - Ao encerrar sua função no processo o inventariante deverá prestar as contas de sua gestão. Quando as contas são apresentadas espontaneamente ou são ordenadas de ofício, não há ação de prestação de contas, mas simples incidente no processo sucessório. Quando as contas forem reclamadas por algum interessado, o uso do procedimento especial de prestação de contas é obrigatório, conforme o CPC, arts. 915 a 918. BIBLIOGRAFIA VENOSA, Silvio de Salvo. Curso de direito civil - Sucessões. São Paulo: Atlas, 2012. OLIVEIRA, EUCLIDES de; AMORIM, Sebastião. Inventários e partilhas. Direito das Sucessões. Teoria e prática. 16 edição. São Pulo: Leud editora, 2011.