ENSINO DE GEOGRAFIA E A EDUCAÇÃO INCLUSIVA: UM OLHAR SOBRE O DEFICIENTE VISUAL

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Transcrição:

1 ENSINO DE GEOGRAFIA E A EDUCAÇÃO INCLUSIVA: UM OLHAR SOBRE O DEFICIENTE VISUAL Deusiele Rodrigues da Cunha Universidade Federal do Piauí Bolsista do PIBID Marcília Costa Teixeira Universidade Federal do Piauí Bolsista do PIBID MonnysyMonnyarha Brito dos Santos Universidade Federal do Piauí Bolsista do PIBID Bartira Araújo da Silva Viana Universidade Federal do Piauí Professora Drª do Departamento de Geografia e História RESUMO A discussão sobre a temática da inclusão de pessoas com deficiência tem sido cada vez mais constante na atualidade, ressaltando-se a importância da promulgação da Constituição Federal de 1988, que trouxe contribuições significativas para a inclusão, defendendo o acesso à educação dos deficientes preferencialmente na rede regular de ensino. Segundo a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva um dos objetivos primordiais do Plano Nacional de Educação PNE, Lei nº 10.172/2001, ao tratar da Educação Inclusiva é propor a construção de uma escola inclusiva que garanta o atendimento à diversidade humana (BRASIL, 2007). Como objetivo geral pretende-se analisar as estratégias de ensino de Geografia adotadas pelos professores da rede regular para promover a Educação Inclusiva dos alunos com deficiência visual, considerando as condições enfrentadas em sala de aula diante de toda a problemática educacional e das possibilidades encontradas na atualidade no tocante às metodologias e recursos didáticos. Na fundamentação teórica estão sendo considerados os seguintes autores: Chaves (2010), Reis (2010), Fernandes (2005), dentre outros, além dos principais documentos, declarações e leis que abordam a perspectiva da educação inclusiva. A metodologia empregada para realização do trabalho consiste em levantamento bibliográfico e documental, observação direta da realidade da rede regular de ensino da Educação Básica pública em uma escola de Teresina e entrevista com uma professora de Geografia que leciona para alunos com deficiência visual em classe comum, seguindo um roteiro semiestruturado. A necessidade de discutir a forma como tem sido desenvolvido o ensino de Geografia para deficientes visuais, promovendo a reflexão sobre o pensamento e a prática predominante na ciência geográfica, justifica a escolha do tema, sendo um trabalho importante pela contribuição que o mesmo pode fornecer para melhoria da qualidade do ensino de Geografia. Palavras-chave: Inclusão. Ensino. Deficientes Visuais. Geografia. INTRODUÇÃO

2 A Constituição Federal de 1988 assegura no Art.205 o direito de todos à educação, visando o pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. Assegura ainda no Art.206 a igualdade de condições de acesso e permanência na escola, acrescentando que o dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de inserção nos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada um, art. 208. Segundo a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (BRASIL, 2007), a educação Inclusiva aparece como um dos objetivos primordiais do Plano Nacional de Educação PNE, Lei nº 10.172/2001, ao propor que o grande avanço que a década da educação deveria produzir seria a construção de uma escola inclusiva que garanta o atendimento à diversidade humana (BRASIL, 2007, p.3). O documento referente a essa Política ressalta que a escola sempre se apresentou como privilégio de um grupo, uma exclusão reforçada pelas políticas e práticas educacionais reprodutoras da ordem social (BRASIL, 2001, p.1). Afirma ainda que existem padrões homogeneizadores na escola que inviabilizam a inclusão de indivíduos e grupos que não se enquadram nesses padrões, provocando uma situação de exclusão/inclusão quando os sistemas de ensino universalizam o acesso à escola. Com base nas pesquisas já realizadas sobre a Educação Inclusiva, o presente estudo realizado em Teresina, capital do Piauí, foi motivado pela ampliação da discussão sobre a temática da Educação Inclusiva diante das mudanças que tem ocorrido na sociedade nas últimas três décadas do século XX e início do século XXI, nos mais diversos aspectos, ressaltando-se a importância da promulgação da Constituição Federal de 1988, que trouxe contribuições significativas para a inclusão, defendendo o acesso à educação dos deficientes, preferencialmente na rede regular de ensino. Os procedimentos metodológicos empregados para desenvolvimento do trabalho consistem em levantamento bibliográfico e documental sobre a trajetória da Educação Inclusiva, nas últimas três décadas, do início do século XXI e final do século XX. Foi feita uma visita à Secretaria Municipal de Educação (SEMEC) visando obter informações sobre as escolas que atendiam alunos com deficiência visual, e depois disso foi escolhida a Escola Municipal Mário Faustino para realização da pesquisa,

3 localizada no Parque Habitar Brasil, S/N, Pedra Mole. A escolha dessa escola ocorreu devido ao fato da mesma atender seis alunos com deficiência visual, quatro com baixa visão e dois com cegueira, conforme os dados fornecidos pela SEMEC, além de possuir sala com Atendimento Educacional Especializado (AEE). Foi realizada uma entrevista com uma professora de Geografia que leciona na escola para alunos com deficiência visual em classe comum, seguindo um roteiro semiestruturado, buscando informações e opiniões sobre a inclusão escolar, o ensino de Geografia e as metodologias de ensino para efetivação do processo de ensino-aprendizagem. HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO ESPECIAL E A BUSCA PELA EDUCAÇÃO INCLUSIVA A ampliação do discurso sobre a Educação Inclusiva tem sido acompanhada de avanços no que diz respeito à inserção de pessoas com deficiência na rede regular de ensino. No entanto, é preciso estabelecer a diferença entre inserção e inclusão, pois possuem significados diferentes, percebido de forma clara por quem enfrenta diretamente os desafios da sala de aula no dia-a-dia: professores e alunos.sobre a educação inclusiva, de acordo com o Centro Nacional de Reestruturação e Inclusão Nacional (1994 citado por SOUZA et al., 2006, p.44) pode-se afirmar que: [...] Educação Inclusiva significa provisão de oportunidades equitativas a todos os estudantes, incluindo aqueles com deficiências severas, para que eles recebam serviços educacionais eficazes, com os necessários serviços suplementares de auxílios e apoios, em classes adequadas à idade em escolas das vizinhanças, a fim de prepará-los para uma vida produtiva como membros plenos da sociedade. Segundo Chaves (2010) há três décadas busca-se promover uma educação inclusiva no Brasil, marcada por pressões sociais para abertura de oportunidades tanto na escola regular como no mercado de trabalho para pessoas com deficiência. A busca pela inclusão nas diversas áreas da sociedade garantiu às pessoas com deficiência algumas conquistas no decorrer do tempo, o que apesar de serem direitos fundamentais ao cidadão brasileiro, nem sempre foram assegurados aos deficientes: No contexto brasileiro, há uma série de leis que procuram assegurar direitos às pessoas com deficiência: a Constituição Federal de 1988 garante que todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza [...] (BRASIL, 1988) e a LDBEN - Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996 proclama que toda criança tem direito à educação (BRASIL, 1996). No entanto, a educação sempre apresentou um caráter excludente, e diante da possibilidade de todos os cidadãos brasileiros terem direito à educação, a escola é levada à necessidade de se reestruturar. Aceitar todos na escola - uma escola

4 com histórico seletivo - de fato não era e não tem sido algo simples e fácil (CHAVES, 2010, p.17). É importante destacar que o termo inclusão é bastante amplo, não se refere apenas às pessoas que possuem algum tipo de deficiência, física ou cognitiva, compreende todos que possuem algum tipo de necessidade educacional: O conceito de educação inclusiva abrange crianças deficientes e superdotadas, bem como aquelas pertencentes a grupos marginalizados ou em situações de desvantagem, tais como crianças de rua, as que trabalham, as que pertencem às minorias étnicas ou culturais etc... Em última instância, trata-se da educação de qualidade para todas as crianças e jovens (OMOTE, 2003 citado por REIS, 2010, p.12). A difusão da educação inclusiva abrangendo as pessoas que possuem alguma deficiência alterou o contexto escolar, superando a Educação Especial e contemplando o acesso à rede regular de ensino. Em nossa Constituição anterior, as pessoas com deficiência não eram (independentemente do tipo de deficiência), considerados titulares do direito à Educação Especial, matéria tratada no âmbito da assistência. Pelo texto constitucional anterior ficava garantido aos deficientes o acesso à educação especial. Isso não foi repetido na atual Constituição, fato que, com certeza, constitui um avanço significativo para a educação dessas pessoas (BRASIL, 2004, p.10). A visão anterior sobre a educação especial era bem mais restritiva do ponto de vista educacional, pois as pessoas com deficiência tinham que se adaptar ao sistema de ensino, à escola regular, e não o contrário como é defendido atualmente, com a perspectiva da inclusão. Havia a concepção da integração, onde o deficiente deveria se adaptar ao convívio social, e não necessariamente o dever da sociedade de criar condições para evitar a exclusão. A Convenção da Guatemala deixa clara a impossibilidade de tratamento desigual com base na deficiência, definindo a discriminação como toda diferenciação, exclusão ou restrição baseada em deficiência, antecedente de deficiência, consequência de deficiência anterior ou percepção de deficiência presente ou passada, que tenha o efeito ou propósito de impedir ou anular o reconhecimento, gozo ou exercício por parte das pessoas portadoras de deficiência de seus direitos humanos e suas liberdades fundamentais (art. 1º) (BRASIL, 2004, p.12). O caráter formador que a educação fornece aos alunos, do desenvolvimento das habilidades, de convivência, de comunicação, interação com os demais alunos e professores é imprescindível, devendo ocorrer em um ambiente o mais diverso possível, promovendo experiências construtivas: Ainda que o encaminhamento a escolas e classes especiais não seja visto como uma exclusão ou restrição, mas como mera diferenciação, se em nossa Constituição consta que educação é aquela que visa o pleno desenvolvimento humano e o seu preparo para o exercício da

5 cidadania (art. 205), qualquer dificuldade de acesso a um ambiente marcado pela diversidade, que reflita a sociedade como ela é, como forma efetiva de preparar a pessoa para a cidadania, seria uma diferenciação ou preferência que estaria limitando em si mesma o direito à igualdade dessas pessoas (BRASIL, 2004, p.13). Portanto, é imprescindível superar os obstáculos da interação entre os alunos com necessidades educacionais e os demais alunos e refletir sobre os benefícios da educação inclusiva para todos os sujeitos envolvidos nesse processo. ESCOLA REGULAR E ESCOLA ESPECIAL: DESAFIOS À INCLUSÃO A dicotomia existente entre escola regular e escola especial perdurou por muito tempo e ainda hoje marca o pensamento pedagógico de muitos profissionais da educação, por se considerar a escola especial a forma mais apropriada para o atendimento de alunos que apresentavam deficiência ou que não se adequassem à estrutura rígida dos sistemas de ensino, como afirma a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (BRASIL, 2007). Sobre a educação especial pode-se afirmar que: [...] é uma modalidade de ensino que perpassa todos os níveis, etapas e modalidades, realiza o atendimento educacional especializado, disponibiliza os recursos e serviços e orienta quanto a sua utilização no processo de ensino e aprendizagem nas turmas comuns do ensino regular (BRASIL, 2007, p.10). A recusa das escolas regulares em receber alunos com deficiência é justificada geralmente pela falta da infraestrutura necessária, da qualificação profissional e dos recursos materiais para atender essa clientela. No entanto, observa-se que os incentivos e investimentos para que a escola regular promova a educação inclusiva tem aumentado nas três últimas décadas: Em se tratando de escola pública, o próprio Ministério da Educação tem um programa que possibilita o fornecimento de livros didáticos em Braile. Além disso, em todos os Estados estão instalados centros de apoio educacional especializado, que devem atender às solicitações das escolas públicas. Da mesma forma, as escolas particulares devem providenciar e arcar com os custos do material ou tentar obtê-lo através de convênios com entidades especializadas e/ou rede pública de ensino (BRASIL, 2004, p.26). É necessário haver o comprometimento dos profissionais da educação, desenvolver um olhar que vá além das dificuldades, que ultrapasse o discurso de que a inclusão é algo inviável, buscar as possibilidades para colocar a teoria na prática: Para melhorar as condições pelas quais o ensino é ministrado nas escolas comuns, visando universalizar o acesso, a permanência e o prosseguimento da escolaridade de seus alunos, ou seja, a inclusão incondicional de todos os alunos nas turmas escolares, não há mágicas.

6 Mas a adoção de alternativas educacionais, que felizmente já estão fazendo parte da organização pedagógica de escolas de algumas redes de ensino brasileiras tem revelado a possibilidade de as escolas se abrirem incondicionalmente às diferenças (BRASIL, 2004, p.32). Segundo Souza et al. (2006, p.44), a Escola Inclusiva não se trata simplesmente de transferir os alunos da escola especial para a escola regular, mas sim de remodelar e modificar a escola regular para que esta possa atender os alunos, com necessidades educacionais especiais. Para que ocorra a verdadeira inclusão das pessoas com necessidades educacionais, é necessária a adoção de métodos específicos, que no contexto da educação especial é denominado de Atendimento Educacional Especializado (AEE), que se refere aquilo que é necessariamente diferente no ensino escolar para atender melhor às especificidades dos alunos com deficiência (BRASIL, 2004, p.8), visando eliminar as dificuldades que as pessoas com deficiência possuem para relacionar-se com o ambiente externo: O atendimento educacional especializado é uma forma de garantir que sejam reconhecidas e atendidas as particularidades de cada aluno com deficiência. São consideradas matérias do atendimento educacional especializado: Língua brasileira de sinais (Libras); interpretação de Libras; ensino de Língua Portuguesa para surdos; Sistema Braile; orientação e mobilidade; utilização do soroban; as ajudas técnicas, incluindo informática adaptada; mobilidade e comunicação alternativa/aumentativa; tecnologias assistivas; informática educativa; educação física adaptada; enriquecimento e aprofundamento do repertório de conhecimentos; atividades da vida autônoma e social, entre outras (BRASIL, 2004, p.11). Diante da complexidade da vida social na atualidade, decorrente sobretudo da globalização, que possibilita uma maior interação entre os povos, das diferentes culturas, das formas de vida dos diferentes lugares do mundo, é inviável manter uma realidade de exclusão social, ainda mais no que se refere à escola, à educação. Saber que existem pessoas que não frequentam a escola por se acharem incapazes devido sua deficiência, motivado geralmente pela discriminação enfrentada, também devido à falta de acesso e permanência na escola é uma contradição diante de tantas leis que asseguram o direito à educação e à igualdade. Sendo assim, é necessário promover as adaptações na infraestrutura da escola, a qualificação dos recursos humanos e adequação dos recursos materiais para atender da melhor forma possível os alunos com necessidades educacionais, tendo em vista o aumento da demanda pela educação inclusiva, buscando meios para superar a dicotomia existente entre a escola regular e a escola especial.

7 ENSINO DE GEOGRAFIA PARA DEFICIENTES VISUAIS: ESTUDO DE CASO NA ESCOLA MÁRIO FAUSTINO Para obter maiores informações sobre como se processa o ensino de Geografia para deficientes visuais, buscando promover a educação inclusiva, foi realizada uma entrevista seguindo o roteiro semiestruturado com uma professora de Geografia que leciona na Escola Municipal Mário Faustino, localizada noparque Habitar Brasil, S/N Pedra Mole, que atende alunos do 1º ao 9º ano do Ensino Fundamental. As perguntas realizadas na entrevista buscaram informações sobre: a formação profissional, o tempo de magistério, a experiência em sala de aula com deficientes visuais, opinião acerca da educação inclusiva, adoção de estratégias metodológicas para ensinar alunos com deficiência visual e análise do desempenho educacional dos mesmos pela professora de Geografia, que ao longo do texto será identificada como PG (professora de geografia). A PG é formada em Geografia pela Universidade Federal do Piauí (UFPI) e possui especialização em Geografia do Piauí pela Universidade Estadual do Piauí (UESPI), lecionando já há vinte e seis (26) anos, não possuindo nenhuma formação profissional na área da educação inclusiva. Apesar da larga experiência, afirma que o contato em sala de aula com deficientes visuais pouco ocorreu ao longo da sua trajetória docente, e que as dificuldades encontradas para lecionar para esses alunos reside no fato da Geografia ser uma disciplina que trabalha sobretudo com a parte visual, destacando o problema de se trabalhar com mapas, um dos principais recursos didáticos da Geografia. Como a escola possui uma sala de Atendimento Educacional Especializado (AEE), questionou-se sobre a utilização da sala de AEE, de recursos didáticos apropriados pra deficientes visuais, e a PG respondeu que não utiliza e não tem conhecimento dos materiais que podem ser utilizados na sala de AEE, devido à falta de tempo e ao excesso de trabalho para atender todos os alunos, não podendo fornecer maior atenção aos deficientes. No entanto, ao visitar à sala de AEE, constatou-se que existem alguns materiais disponíveis, como o mapa do Brasil e a rosa dos ventos adaptados em braile e em alto relevo, de ótima qualidade. Sobre as estratégias metodológicas para trabalhar com deficientes visuais, a PG afirma que não adota nenhuma específica, trabalhando sobretudo com a aula expositiva dialogada, sempre tendo a preocupação de perguntar se os alunos entenderam, buscando

8 maior participação e interação da turma nas aulas. A PG relatou que envia as atividades a serem realizadas pelos alunos deficientes para serem transcritas para o braile, para que eles possam responder as mesmas, o que geralmente é feito nas instituições de ensino especializadas para deficientes frequentadas pelos alunos no contra-turno da escola Quando questionada sobre a avaliação, a PG respondeu que encaminha para a sala de AEE e a psicopedagoga da escola aplica a avaliação para os alunos com deficiência visual, realizada de forma oral, onde são feitas as perguntas e os alunos respondem conforme o que aprenderam. Algo importante a ser considerado são os benefícios da educação inclusiva, pois trata-se muito das dificuldades enfrentadas nas escolas, mas os benefícios também são significativos. Foi perguntado à professora sobre a vantagem para os alunos com deficiência estudarem ao lado de alunos sem deficiência, e vice versa. A PG respondeu que no caso dos alunos sem deficiência é importante devido ao sentimento de solidariedade gerado nos discentes de ajudar ao próximo, de conviver com as diferenças; e no caso do aluno com deficiência é importante a convivência com pessoas diferentes, da inserção na sociedade, da aquisição da consciência de que ele é um cidadão normal, com direitos e deveres, ressaltando o fato de não existir ambiente específico para os deficientes. A esse respeito, Reis (2010) afirma que: A aprendizagem deve acontecer baseada na cooperação, combatendo o preconceito e trabalhando a adaptação do currículo em prol das particularidades da turma ou do grupo, vislumbrando a melhoria e o sucesso em cada necessidade educacional. É imprescindível preparar os alunos atuando diretamente nas dificuldades de cada um sem ignorar suas deficiências nem as ampliando de forma que as aulas se focalizem apenas no aluno com necessidades especiais (REIS, 2010, p.16) Uma das grandes preocupações que surgiram ao longo da presente pesquisa, era abordar a formação inicial do professor de Geografia e a preparação para trabalhar com a educação inclusiva. Dessa forma, foi perguntado à PG se ela recebeu algum suporte teórico-metodológico durante a formação acadêmica para trabalhar com alunos deficientes; e a resposta foi negativa. Relata ainda que mesmo possuindo na sua turma de graduação um aluno cego, não houve nenhuma preocupação no sentido de trabalhar com a educação inclusiva, até mesmo porque na sua época essa temática era menos discutida que atualmente. Sobre a formação inicial do professor e a educação inclusiva observa-se que:

9 [...] um dos empecilhos para que a Educação Inclusiva seja contínua e eficaz está em uma reavaliação dos currículos e da formação dos(as) professores(as) que irão atuar principalmente nos Ensinos Fundamental e Médio. Então, torna-se urgente que as Universidades e Faculdades formadoras de futuros professores(as) reformulem seus currículos, deixando de ser formadoras de um(a) professor(a) cada vez menos preparado(a) para enfrentar a difícil tarefa de educar pessoas, principalmente quanto àqueles(as) considerados(as) diferentes dos normais (FERNADES, 2005, p.13). Sobre o desempenho educacional dos alunos com deficiência visual, a PG destaca que não existe muita disparidade da aprendizagem quando comparado aos demais alunos, que varia conforme o interesse e a atenção dos alunos deficientes visuais. Também é importante a participação dos alunos em instituições de ensino especializado, como a Associação de Cegos do Piauí (ACEP), para onde os alunos levam as atividades para serem respondidas com auxílio de profissionais que trabalham com Braile, funcionando como um reforço escolar, recebendo o suporte necessário para compreensão do conteúdo. Com base na resposta da PG e do pensamento exposto por Chaves (2010), é possível perceber que existe uma concepção equivocada da maioria dos professores ao considerar que os alunos com necessidades educacionais especiais não possuem condições de aprender como os demais alunos, o que resulta em dificuldades no processo de ensino-aprendizagem: No que diz respeito à cegueira, os estudantes apresentam a maioria dos requisitos necessários para acompanhar a turma. No entanto, o descrédito de professores em relação a estudantes com cegueira muitas vezes é agravado pelo desconhecimento em psicologia cognitiva e no que diz respeito à própria cegueira e suas implicações. O reflexo deste desconhecimento da escola e dos professores pode vir a afirmar, inclusive, dificuldades metodológicas por parte dos educadores (CHAVES, 2010, p.18). O ensino de Geografia para deficientes visuais demonstra aspectos interessantes no que se refere à adaptação dos sentidos humanos, pois é diferente a forma como interpretam o mundo, através de percepções auditivas, táteis e olfativas a partir de sequências de impressões, enquanto as pessoas que enxergam, utilizam sobretudo a visão para compreender a paisagem ao seu entorno. Conforme Chaves (2010, p.18-19): Portanto, o espaço para o cego é reduzido ao seu corpo, diferentemente de nós que reconhecemos o espaço através do campo visual. Diante desta maneira ocularcêntrica de ver o mundo, o ensino de geografia se torna ainda mais peculiar quanto à apresentação do espaço geográfico, da paisagem, a partir do momento que lança mão de distintas e diferenciadas apresentações do espaço além do sentido da visão. Por outro lado, os recursos didático-pedagógicos utilizados

10 atualmente no ensino de geografia no Brasil, por exemplo, mostram-se defasados e ineficientes quanto à acessibilidade das informações para pessoas cegas. Os mapas, globos e atlas escolares ainda são direcionados a um público que enxerga, o que impossibilita o uso dos mesmos por uma significativa parcela da população, população esta que soma mais de 148 mil brasileiros (IBGE, 2000). É importante ressaltar que o professor precisa adquirir conhecimentos prévios e específicos acerca de alunos com necessidades educacionais especiais, de como trabalhar com a diversidade, onde se observa a necessidade da formação, a aquisição dos saberes e competências do professor para promover a inclusão através da educação: Contudo, parece fundamental que o professor tenha um conhecimento prévio antes de iniciar as atividades com o estudante cego. Entender como o estudante aprende, qual a sua linguagem e quais são os materiais que lhe auxiliam no ensino de Geografia, por exemplo, são conhecimentos essenciais que facilitam o trabalho do professor. No entanto, é preciso apontar que o que está em questão não é a capacidade profissional do professor, mas sim a sua capacitação profissional (CHAVES; NOGUEIRA, 2011, p.10). Por fim, foi perguntado à PG sobre a sua opinião em relação à educação inclusiva. Com base em sua experiência docente, a professora afirmou que existe um caminho em processo de construção, e que pode vir a dar certo se a teoria for colocada em prática, mas atualmente a escola e, principalmente, os professores devido às falhas durante a formação acadêmica, ainda não respondem de forma satisfatória à demanda da educação inclusiva. Portanto, a formação do professor para promover a educação inclusiva deve receber maior atenção, o que deve ocorrer tanto na formação inicial, como na formação continuada, para fornecer ao professor condições reais de mediar o processo de ensino-aprendizagem ruma à uma aprendizagem significativa e inclusiva. CONSIDERAÇÕES FINAIS Com base no que foi exposto ao longo do trabalho e das pesquisas realizadas, observa-se que a educação inclusiva tem sido alvo de muitas discussões e tem gerado algumas conquistas, pelo menos no que concerne à legislação, pois várias leis e decretos já foram criados com o objetivo de assegurar o acesso dos deficientes ao ensino regular. Porém, devem ser revistas as condições de permanência desses alunos, oferecendo as condições adequadas tanto na estrutura física das escolas visando a acessibilidade, como na preparação das pessoas que atenderam os alunos deficientes na escola.

11 Algo a ser destacado é a formação dos professores para trabalhar com a educação inclusiva, tanto da Geografia como das demais licenciaturas, pois não tem recebido a devida atenção, a preparação necessária no que diz respeito ao suporte teórico-metodológico para atender aos alunos com deficiência na Educação Básica, o que acaba sendo um dos maiores entraves para desenvolver o processo de ensino-aprendizagem, que pode ser percebido na fala dos professores nas pesquisas já realizadas sobre essa temática. É importante repensar o currículo do ensino superior, das instituições responsáveis pelos cursos de licenciatura, para formação de professores, pois não se adaptaram ainda ao novo contexto educacional, que tem enfatizado a temática da inclusão. Como foi citado no texto, a discussão sobre a inclusão intensificou-se nas últimas três décadas, ressaltando-se o fato de que a professora entrevistada, que se formou na década de 1990, afirmou que não recebeu nenhum preparo para trabalhar com a inclusão de deficientes, o que ainda acontece atualmente, algo preocupante, uma vez que as Diretrizes Curriculares Nacionais para formação dos professores da Educação Básica definem a necessidade das instituições de ensino superior prever, em sua organização curricular, uma formação docente voltada para a atenção à diversidade e as especificidades dos conhecimentos dos alunos com necessidades educacionais especiais. REFERÊNCIAS BRASIL. Ministério da Educação e Cultura. Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. Secretaria de Educação Especial, 2007.. Ministério Público Federal. O Acesso de Alunos com Deficiência às Escolas e Classes Comuns da Rede Regular. Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão. Brasília, 2004. CHAVES, A. P. Ensino de Geografia e a cegueira: diagnóstico da inclusão escolar na Grande Florianópolis. 2010. Dissertação (Mestrado) - Programa de Pós-graduação em Geografia. Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2010. ; NOGUEIRA, R. E. Os desafios do professor frente o ensino de geografia e a inclusão de estudantes cegos. Boletim geográfico, Maringá, v. 29, n. 1, p. 5-16, 2011. FERNANDES, Antônio. A Utopia da Educação Inclusiva e a formação dos (as) Professores (as) de Geografia vencendo paradigmas. Monografia (Conclusão de Curso em Geografia) - Instituto de Geografia da Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, 2005. REIS, L. D. dos. Educação Inclusiva: Umareflexão. Monografia (Graduação em Pedagogia) - Faculdade de Formação de Professores da UERJ, São Gonçalo, 2010. SOUZA, A. L.; MONZANI, C.A.; DONINHO, C. A. G. F.; VISCONDE, N. A. T. E. Educação inclusiva: o processo de inclusão das pessoas portadoras de necessidades especiais nas Redes de ensino público regular no município de Presidente prudente.

2006. Monografia (Graduação) - Faculdade de Serviço Social de Presidente Prudente Educação. Faculdades Integradas Antônio Eufrásio de Toledo, São Paulo, 2006. 12