A MUSICALIZAÇAO, O LUDICO E A AFETIVIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL



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1411 A MUSICALIZAÇAO, O LUDICO E A AFETIVIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL Maria Eliza de Oliveira 1, Sueli Felicio Fernandes 1, Luciana Carolina Fernandes de Faria 2 1 Discente do curso de Música-Licenciatura da Universidade do Oeste Paulista UNOESTE. 2 Mestranda em Educação pela UNOESTE, docente do curso de Música-Licenciatura da Universidade do Oeste Paulista UNOESTE. RESUMO Este artigo tem por objetivo refletir a importância da Educação Musical e identificar quais suas contribuições para o ensino, quando integrada à afetividade e ao lúdico na Educação Infantil. Além de ser conteúdo específico e essencial para a formação integral do ser humano, a música promove melhora significativa no processo de aprendizagem da criança, quando aplicada de forma integrada a métodos lúdicos. A música articulada com o lúdico torna as atividades mais prazerosas, aproximando educador e educando e potencializando a afetividade no contexto de sala de aula, promovendo, assim, o desenvolvimento social, afetivo e cognitivo do aluno. Tal afetividade é essencial para a Educação Infantil, e faz com que a tarefa de aprender seja mais agradável e envolvente para o aluno. Palavras-chave: Educação Infantil, Educação Musical, Afetividade, Lúdico. INTRODUÇÃO E OBJETIVOS A educação infantil é a primeira etapa da educação básica, tendo a responsabilidade de educar e preparar a criança para o ensino fundamental,visando seu desenvolvimento integral.segundo a LDB 9.394/96, a educação infantil no Brasil compreende o atendimento às crianças com idade entre 0 e 6 anos de idade. As crianças de 0 a 3 anos de idade são atendidas pelas creches, e as crianças entre 4 e 6 anos pelas pré-escolas. (BRASIL, 1996, p. 26). O papel da educação infantil é cuidar da criança fornecendo alimentação, cuidando da sua higiene, tendo, assim, um caráter assistencialista, proporcionando também lazer e educação. Esta educação tem caráter lúdico, visando o desenvolvimento integral da criança, mas sem objetivo específico de alfabetização. Os professores e agentes da Educação Infantil buscam desenvolver atividades que estimulem a sociabilidade com outras crianças e adultos, ensinar as crianças a se expressarem através da linguagem, estimular a curiosidade a fim de ampliar seus conhecimentos e ações, dentro de um ambiente que faça a criança se sentir segura e feliz. Para tanto o educador assume um papel mediador entre a criança e o objeto do conhecimento:... o professor entra como mediador entre a criança e o objeto do conhecimento, propiciando espaços e situações de aprendizagens que envolvam todas as capacidades como, afetivas, cognitivas, emocionais, sociais, etc., explorando os diferentes campos de conhecimentos humanos. O professor tem a função de propiciar à criança, uma ambiente saudável,

1412 sem descriminação, rico, prazeroso, onde é possível explorar as variadas práticas educativas e sociais (UBALDO, 2009). Um dos aspectos que fazem com que a criança se sinta bem no espaço escolar é o vínculo afetivo, não só do professor, mas de todos com quem mantém contato dentro da instituição de ensino.wallon (1975), defineo termo afetividade como sendo a capacidade do ser humano de ser afetado positiva ou negativamente tanto por sensações internas como externas. A afetividade é um dos conjuntos funcionais da pessoa e atua juntamente com a cognição e o ato motor, no processo de desenvolvimento e construção do conhecimento. Na concepção de Piaget (1996), afetividade é o agente motivador da atividade cognitiva. A afetividade e a razão são termos complementares e seria aenergia, o que move a ação, enquanto a razão seria o que possibilita ao sujeito identificar desejos, sentimentos variados, e obter êxito em suas ações. O processo afetivo é continuo e inovador, e está sempre em construção. A formação de sentimentos está ligada a valores e evolução da sociedade, e os sentimentos são constituídos a partir da cooperação de outros, a partir do convívio. Segundo Rossini (2003), por meio da afetividade a aprendizagem se torna mais viável, os relacionamentos se tornam mais felizes e saudáveis, e a interação e a integração da criança com o mundo torna-se mais espontânea e emotiva. As crianças devem ter oportunidade de desenvolver sua afetividade. É preciso dar-lhes condições para que seu emocional floresça, se expanda, ganhe espaço. A falta de afetividade leva a rejeição aos livros, à carência de motivação para aprendizagem, à ausência de vontade de crescer. (Rossini, 2001, p. 15 e 16). Assim, a aprendizagem deve estar ligada ao ato afetivo, deve ser prazerosa. A afetividade é a base da vida e elemento importante no processo de aprendizagem. Piaget afirma que a afetividade não modifica a estrutura no funcionamento da inteligência, porém, é a energia que impulsiona a ação de aprender. Poderá acelerar ou retardar o desenvolvimento dos indivíduos, podendo até interferir no funcionamento das estruturas da inteligência. (Andrade, 2007) Wallon (1975), afirma que tanto os laços de afetividade quanto a aprendizagem tem início no âmbito familiar e se estende posteriormente à escola, e a criança irá conviver nestes dois meios durante a principal fase de sua vida, fase esta, em que sua personalidade está em formação. Nesta fase muitos conflitos podem ser gerados, e o professor pode fazer a diferença.

1413 Para Almeida (2005), se o professor tiver conhecimento do conflito eu-outro na construção da personalidade do aluno, com certeza, ele saberá conduzir as relações e receberá esses estímulos com mais calma, não tomando os mesmos como uma questão pessoal.o professor precisa não só compreender o aluno e seu universo sociocultural, mas estar consciente de que educar é um ato que exige uma pré-disposição de amar. Hoje muito se sabe que a cognição e a emoção são fatores inseparáveis do ser humano, e para que ocorra desenvolvimento não apenas intelectual, mas integral do educando, que é o objetivo da educação infantil, é muito importante que a educação estimule o desenvolvimento da sensibilidade e da expressão da emoção, que pode ser desenvolvido por meio da linguagem artística e da música, e utilize-se de recursos lúdicos que envolvem e aproximam os alunos. Lúdico é todo e qualquer movimento que tem como objetivo produzir prazer na sua execução, ou seja, divertir o praticante. As características dos jogos lúdicos são: brinquedos ou brincadeiras menos consistentes e mais livres de regras e normas; são atividades que não visam a competição como objetivo principal, mas a realização de uma tarefa de forma prazerosa; existe sempre a presença de motivação para atingir os objetivos. (REZENDE, 1993) Sob o ponto de vista de Vygotsky (1991, p. 97), asatividades lúdicas são fontes de desenvolvimento proximal, pois a criança quando brinca demonstra e assume um comportamento mais desenvolvido do que aquele que tem na vida real, envolvendo-se por inteiro na brincadeira. Estas oportunizam situações de atuação coletiva, possibilitam imitações de comportamentos mais avançados de outro semelhante, a prática de exercício de funções e papéis para os quais ela ainda não está apta; o conhecimento e o contato com objetos reais e com aqueles criados para atender aos seus desejos de experimentação. O professor pode desenvolver, por meio da brincadeira, conhecimentos, habilidades e comportamentos que estão latentes ou em estado de formação na criança. Para Pinho (2009), as brincadeiras e jogos podem e devem ser utilizados como ferramenta importante de educação. Na educação infantil, as atividades lúdicas são mais empregadas no aprendizado das crianças de 0 a 5 anos de idade, onde elas interagem umas com as outras, desempenhando papeis sociais, desenvolvendo a imaginação, criatividade e capacidade motora e de raciocínio. Alguns educadores julgam necessário que as brincadeiras sejam direcionadas e possuam um objetivo claro, sob o argumento de que são importantes no desenvolvimento integral da criança.

1414 De acordo com Ana Mae Barbosa (2011, p. 18), a Arte como uma linguagem aguçadora dos sentidos transmite significados que não podem ser transmitidos por intermédio de nenhum outro tipo de linguagem, tais como a discursiva e científica. Nesse sentido a música é um meio de expressão e forma de conhecimento, sendo um meio para o desenvolvimento da expressão, do equilíbrio, da autoestima e autoconhecimento, além de um meio de integração social. Este artigo tem como objetivo mostrar a importância da educação musical e quais as contribuições da música quando integrada com a afetividade e o lúdico na educação infantil. METODOLOGIA Considerando o propósito deste artigo, o procedimento metodológico utilizado foi a pesquisa bibliográfica e documental, tendo como base o trabalho de identificar, analisar e interpretar a Lei de Diretrizes e Bases da Educação e os documentos de orientação propostos pelo MEC, como os Referenciais Curriculares Nacionais para a Educação Infantil, bem como autores que discutem a Educação Musical no contexto escolar, a fim de compreender como a música, quando integrada à afetividade e ao lúdico, contribui para a formação da criança. RESULTADOS A lei 11.769/08 altera a lei 9.394/96, Lei de Diretrizes e Bases da Educação, para dispor sobre a obrigatoriedade do ensino da música na Educação Básica. Assim, a própria Lei e o Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil justificam a finalidade da música nas escolas, e firma sua importância na educação. O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil cita a importância da música na Educação: Pesquisadores e estudiosos vêm traçando paralelos entre o desenvolvimento infantil e o exercício da expressão musical, resultando em propostas que respeitam o modo de perceber, sentir e pensar, em cada fase, e contribuindo para que a construção do conhecimento dessa linguagem ocorra de modo significativo. O trabalho com Música proposto por este documento fundamenta-se nesses estudos, de modo a garantir à criança a possibilidade de vivenciar e refletir sobre questões musicais, num exercício sensível e expressivo que também oferece condições para o desenvolvimento de habilidades, de formulação de hipóteses e deelaboração de conceitos(brasil, 1998, pg. 48). Cada sociedade tem uma maneira de compreender as formas de expressões artísticas e valorizá-las. Valorização esta, que a música e a educação musical ainda não conseguiram alcançar plenamente nas escolas brasileiras.

1415 A música, além de possibilitar comunicar sentimentos que não são possíveis de expressar apenas com a fala, pode auxiliar no desenvolvimento humano, aprimorando a sensibilidades, a concentração e a memória. A música, além de conteúdo específico, pode contribuir no processo de alfabetização e raciocínio lógico. Merriam(apud Swanwick, 2003, p. 47) classificou e categorizou a música em dez funções para a sociedade, e cada uma usa a música de sua maneira particular. Merriam lembra-nos a variedade de propósitos para as quais a música é boa para. Em sua própria ordem, eles são os seguintes: expressão emocional; prazer estético; diversão; comunicação; representação simbólica; resposta física; reforço da conformidade a normas sociais; validação de instituições sociais e rituais religiosos; contribuição para continuidade e estabilidade da cultura e a preservação da integração social. (SWANWICK, p. 47) Não devemos, nem podemos aprisionar a música em bancos escolares duros e imóveis. Música é movimento, aventura, criação, sensação, devir, e desse modo, considero, deve estar presente nos planos da educação. Respeitando tempos e lugares, alunos e comunidades, buscando singularizar as experiências que emergem em distintos contextos, sem as amarras dos modelos e dos sistemas estritos que, não raro, tendem a aprisionar o fato musical em algumas de suas regras. É necessário instaurar campos de criação, de experimento, de potencialização de escutas criativas, críticas e transformadoras, abertas às muitas músicas da música, às paisagens sonoras, aos planos da improvisação, do cantar e dançar, da pesquisa, da produção de materiais sonoros e muito mais. (BRITO, 2010, 92) DISCUSSÃO Como citado anteriormente, a música ajuda no desenvolvimento da expressão emocional, na capacidade de concentração e memorização, auxiliando no processo de alfabetização, e ainda estimulando áreas do cérebro não desenvolvidas por outras linguagens, sendo que quando bem aplicada, contribui para enriquecer o conhecimento, sempre respeitando o modo de perceber, sentir e pensar em cada fase de desenvolvimento da criança. Bréscia (2003) cita a musicalização como sendo um processo de construção do conhecimento, que tem como objetivo despertar e desenvolver o gosto musical, favorecendo o desenvolvimento da sensibilidade, criatividade, senso rítmico, do prazer de ouvir música, da imaginação, memória, concentração, atenção, autodisciplina, do respeito ao próximo, da socialização e afetividade, também contribuindo para uma efetiva consciência corporal e de movimentação.

1416 Segundo Fonterrada (2008), a educação infantil, a musicalização, a afetividade, e as atividades lúdicas se integram, pois têm como objetivo o desenvolvimento sócio-afetivo e cognitivo da criança. A autora usa os termos: educar, aprender, cuidar e brincar. Para poder efetivar as práticas desses pressupostos, é necessário não somente as Leis, que regulamentam a educação infantil e o ensino de música, como também de professores capacitados; estabelecer metas; objetivos; planos e conteúdos. Sabe-se que, as escolas e creches, em sua maioria não têm estrutura física e materiais para concretização do ensino de música, mas com capacitação, criatividade e empenho os educadores podem oferecer aulas de música de qualidade aos alunos. Para Brito (2010), o conteúdo a ser aplicado deve ser vinculado às características socioculturais da comunidade a qual pertence a escola ou creche, de modo atender às necessidades e expectativas. Quanto mais próxima estiver a realidade da comunidade e a escolha desse conteúdo, maior a possibilidade de criar um ambiente positivo e de forte conotação afetiva. Marisa Fonterrada (2008), em seu livro Tramas e Fios, sugere que as atividades lúdicas podem ajudar nas aulas de música, uma vez que nem sempre é necessário ou possível ter instrumentos musicais para todas as crianças. Há outras formas de efetivar a musicalização que dispensam instrumentos musicais, e podem ser muito proveitosas, explorando métodos de educadores como Carl Orff, Dalcroze e Schafer, que nos possibilita fazer uso do lúdico na prática da educação musical, dando ênfase não apenas ao desenvolvimento cognitivo, mas também ao psicomotor, sensível e social, explorando ao máximo o estímulo da afetividade entre os alunos, e entre alunos e professor. Desta forma, a música pode contribuir para um ambiente de sala de aula mais acolhedor e descontraído, e com isto, possibilitar ações de alunos mais dispostos à receptividade de outras disciplinas. As crianças gostam de acompanhar as músicas com movimentos do corpo, tais como palmas, sapateados, danças volteios de cabeça, mas, inicialmente, é esse movimento bilateral que ela irá realizar. E é a partir dessa relação entre o gesto e o som que a criança ouvindo, cantando, imitando, dançando constrói seu conhecimento sobre a música, percorrendo o mesmo caminho do homem primitivo na exploração e na descoberta dos sons. (JEANDOT, 1990, p. 19). CONCLUSÃO Contando com todos os benefícios que a educação musical traz podemos explorar métodos que nos permita fazer uso do lúdico na prática, dando ênfase não apenas ao desenvolvimento cognitivo, psicomotor, e outros pontos positivos, e explorar ao máximo o estímulo da afetividade

1417 entre os alunos, e entre alunos e professor, fazendo com que o ambiente de sua sala de aula se torne aconchegante e descontraído, e com isto, teremos alunos mais dispostos à receptividade de outras disciplinas. A integração entre os aspectos sensíveis, afetivos, estéticos e cognitivos, assim como a promoção de interação e comunicação social, conferem caráter significativo à linguagem musical. É uma das formas importantes de expressão humana, o que por si só justifica sua presença no contexto da educação, de um modo geral, e na educação infantil, particularmente. (BRASIL, 1998, p.45). Na educação infantil a escola e o professor devem trabalhar juntos para propiciar espaços e situações de aprendizagens que envolvam todas as capacidades humanas, como, afetivas, cognitivas, emocionais e sociais. Fonterrada (2008), fala da importânciada integração entre a educação infantil, a musicalização, a afetividade e as atividades lúdicas, e de como tal integração favoreceo desenvolvimento das crianças, processo este que a autora chama de educar, aprender, cuidar e brincar. A educação deve ser um processo envolvente e que desperte interesse e satisfação dos alunos. Assim, como sugere o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil, o professor pode e deve usar destes recursos (afetividade e lúdico) para promover uma Educação Musical efetiva, em um ambiente de aprendizagem rico e prazeroso para os alunos. REFERÊNCIAS ALMEIDA, A. R. S. A emoção na sala de aula. 5 ed. Campinas: Papirus, 2005. ANDRADE, A. S. A. A influência da afetividade na aprendizagem, 2007, 43 folhas. Graduação em Psicologia Pedagógica Clínica, Unievangélica Centro Universitário, Brasília. Disponível em: <http://www.arteterapiadf.com.br/textos/monografia_completa.pdf>, acesso em: 13 mai. 2012. BARBOSA, A. M. (org.). Inquietações e Mudanças no Ensino da Arte, 6 ed. São Paulo, Cortez 2011. BRASIL. Lei n.º 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 20 dez. 1996. Disponível em: <http://legis.senado.leg.br/legislacao/listapublicacoes.action?id=102480&tipodocumento=lei&ti potexto=pub>. Acesso em 28 jul. 2013.. Lei n.º 11.769, de 18 de agosto de 2008. Altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, Lei de Diretrizes e Bases da Educação, para dispor sobre a obrigatoriedade do ensino da música na educação básica. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 18 ago. 2008. Disponível em: <http://legis.senado.leg.br/legislacao/listapublicacoes.action?id=257518&tipodocumento=lei&ti potexto=pub>. Acesso em 28 jul. 2013.

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