EDIFÍCIO COPAN Figura 1 Foto Copan. Fonte: http://vadevintage.files.wordpress.com O Copan foi projetado no início da década de 1950 na cidade de São Paulo, tendo como autor o arquiteto Oscar Niemeyer. Sendo o segundo de dois projetos propostos para o local de implantação (o primeiro deles realizado pelos arquitetos norte americanos Holabird, Root e Burgee), inicialmente continha uma torre residencial e um edifício hotel (Figura 2), que não foi construído. Figura 2 Estudo inicial Copan. Fonte: (Galvão, 2007) O edifício que hoje se constitui num elemento importante na memória afetiva do paulistando, extrapola sua expressão arquitetônica e tornando-se o símbolo da cidade. Surge num contexto de aquecimento do setor imobiliário na cidade, tornando-se o maior edifício de habitação coletiva da América Latina¹ (116.152m²), surge como reflexo dos
conceitos de cidade vigentes na época, que enfatizavam o pensamento progressista do pós-industrial, tais como a verticalização, a monumentalidade dimensional, o adensamento, etc. Durante a década de 1980, o edifício passa por um período de decadência, refletindo a situação econômica no país na época, além o processo de decadência dos centros das grandes cidades devido a fatores urbanos. Mas atualmente o Copan passa por um processo de recuperação, reflexo também de ações conjuntas da Prefeitura de São Paulo na promoção de um resgate do centro da cidade (Galvão, 2007). O programa estabelecido para o COPAN é elaborado pelos incorporadores, e não pelo arquiteto. E assim sendo, a pretensão inicial é a criação de um projeto multi-tipológico, que atinja várias fatias do mercado imobiliário, a fim de tornar-se um empreendimento altamente lucrativo e não, em essência, socialmente responsável. O projeto resulta na ocupação de uma área de 6.006,35 m², possuindo 1160 apartamentos distribuídos ao longo de 32 andares, além de 73 lojas no pavimento térreo que compõem uma galeria comercial, e 221 vagas de estacionamento privado distribuídas em dois pavimentos subterrâneos. As habitações distribuem-se dos blocos A ao F, e o edifício é dividido em quatro partes definidas pelas juntas de dilatação, ligando-se apenas através do pavimento térreo (Galvão, 2007). As Figuras 3 e 4 contém uma planta esquemática destas divisões. Figura 3 Pav. Tipo Copan. Sem escala. Fonte: (Galvão, 2007)
Figura 4 Pav. Térreo Copan. Sem escala. Fonte: (Galvão, 2007) O Copan conta várias tipologias de apartamentos, que vão desde kitchnettes até apartamentos de 3 dormitórios, e a distribuição destes no edifício, bem como a caracterização destas tipologias estão listados na tabela a seguir. Figura 5 Tabela de Caraterização Tipológica no Copan. Fonte: (Galvão, 2007) O projeto sofreu modificações desde seu início, e os apartamentos dos blocos E e F que antes seriam amplos e com 4 quartos, tornaram-se kitchnettes, como mostrado da Figura 6.
Figura 6 à esquerda, planta construída; à direita, estudo inicial de Niemeyer. Ambos sem escala Fonte: (Galvão, 2007). As Figuras 7 e 8 tratam das demais tipologias propostas em projeto. Figura 7 à esquerda, planta ap. 2 dormitórios; à direita, planta ap. 1 dormitório. Ambos sem escala Fonte: (Galvão, 2007).
Figura 8 Planta apartamento 3 dormitórios Bloco C. Sem escala Fonte: (Galvão, 2007). Análise As várias tipologias que a princípio foram pensadas para atender aos vários nichos de mercado imobiliário, se traduziram, em alguns aspectos, em tipologias de habitação social como reflexo da nova postura defendida pela arquitetura moderna. Por constituir-se num edifício de elevada densidade (cerca de 5 mil moradores), cuja população é distribuída em diferentes tipos de habitação, é capaz de abarcar usuários de diferentes padrões econômicos e sociais, criando uma dinâmica social bastante intensa. É fato que o projeto não tinha como principal objetivo resolver uma questão de política de habitação social, mas sua flexibilidade espacial permite que haja certa abertura com relação ao perfil social do usuário que o habita.
Tal flexibilidade potencializa o processo de revitalização pela qual o edifício tem passado nas ltimas décadas sem, contudo, gerar um processo de gentrificação excessivo, sendo possível a manutenção dessa dinâmica social. Neste sentido, o Copan consegue fazer uma tradução do habitar da cidade, agrupando maneiras de habitar diferentes para pessoas em níveis socioeconômicos diferentes (Figuras 9). Figura 9 Apartamento de alto padrão no Copan. Fonte: www.archdaily.com
Referências: GALVÃO, Walter José Ferreira. ANÁLISE DA FUNCIONALIDADE DOS APARTAMENTOS DO EDIFÍCIO COPAN/SP. USP. SÃO PAULO SP 2007. GALVÃO, Walter José Ferreira. COPAN/SP A Trajetória de um Mega Empreendimento: da concepção ao uso. Dissertação de mestrado USP. SÃO PAULO SP. 2007 www.archdaily.com - acessado em 10/12/2010. www.copansp.com.br - acessado em 10/12/2010. www.vitruvius.com.br - acessado em 10/12/2010.