TÍTULO: CLÍNICA ESCOLA DE PSICOLOGIA E O TRABALHO INTERVENTIVO COM GRUPOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM.



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Transcrição:

TÍTULO: CLÍNICA ESCOLA DE PSICOLOGIA E O TRABALHO INTERVENTIVO COM GRUPOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM. CATEGORIA: CONCLUÍDO ÁREA: CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS SUBÁREA: PSICOLOGIA INSTITUIÇÃO: FACULDADE ANHANGUERA DE BAURU AUTOR(ES): VICTOR ALEXANDRE BARRETO DA CUNHA ORIENTADOR(ES): PATRICIA SOARES BALTAZAR BODONI

CLÍNICA ESCOLA DE PSICOLOGIA E O TRABALHO INTERVENTIVO COM GRUPOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM. RESUMO Em decorrência da demanda nas triagens das Clínicas Escola de Psicologia, de crianças e adolescentes com dificuldades de aprendizagem, aumenta a necessidade de uma triagem específica. Atualmente a legislação, indica como Público Alvo da Educação Especial também crianças com Transtornos de Aprendizagem. Porém o alto índice dessas queixas provocou o compromisso de auxiliar esse Público. Os alunos com dificuldades de aprendizagem, geralmente, apresentam pouco domínio de estratégias de aprendizagem e muitas vezes não são casos reais de transtornos, entretanto existem reais dificuldades que estão relacionadas a aspectos extrínsecos do desenvolvimento humano. Dessa forma uma análise compreensiva deste processo, auxilia o desenvolvimento de um modelo interventivo e até mesmo preventivo. O objetivo deste estudo: avaliar crianças e adolescentes que buscam o serviço com queixa de dificuldades de aprendizagem e propor intervenção. Os dados foram coletados no Serviço da Clínica Escola de Psicologia na cidade de Bauru-SP. Os instrumentos utilizados foram: Anamnese Infantil, Teste de Desempenho Escolar (TDE), a partir do monitoramento de tarefas de leitura, escrita e raciocínio lógico matemático em escolares com dificuldades de aprendizagem, Escala para Avaliação da Motivação Escolar Infanto-Juvenil (EAME-IJ), e atendimentos psicopedagógicos individuais. Nesse âmbito, buscou-se propor avaliação através de um modelo de programa para a identificação precoce direcionada a alunos que apresentam dificuldades de aprendizagem. Os resultados foram analisados estatisticamente e qualitativamente, a fim de propiciar um modelo de Intervenção que proporcionasse uma melhor qualidade para os escolares que não conseguem adquirir conhecimentos e habilidades essenciais. Palavras-chave Dificuldades de Aprendizagem; Serviço Escola de Psicologia; Avaliação e Intervenção. INTRODUÇÃO A aprendizagem pode sofrer interferência de diferentes fatores e entre estes pode-se destacar: fatores sociais, econômicos, culturais, emocionais, educacionais, neurológicos e genéticos. Na investigação sobre as possíveis causas dos problemas de aprendizagem em escolares, o cuidado em diferenciar é essencial para se compreender alterações de origem genético-neurológica, daqueles com dificuldades em decorrência de déficits sociais, culturais e emocionais. (CAPELLINI et al, 2010). No convívio social, a interação indivíduo-meio promove situações ou dificuldades que impelem a comunicação da criança ou adolescente no seu dia-adia. É um erro avaliar as possibilidades de desenvolvimento relacionando-as ao tipo de deficiência, pois cada pessoa elabora suas dificuldades de modo singular e

desenvolve, na linha do tempo, processos compensatórios diferentes a depender das situações que lhe surgem, das dificuldades específicas associadas à deficiência e da educação recebida. Segundo Zacharias (2003), a educação consiste, em um trabalho que visa desenvolver as oportunidades para que cada um venha a ser uma pessoa em toda a sua plenitude, apoiando-se nos recursos da pessoa, mediante a consideração de suas necessidades e fraquezas, suas forças e esperanças. O principio está na capacidade de crescimento do ser humano. A Educação Inclusiva propõe o atendimento da criança em classes comuns, garantindo-se as especificidades necessárias, atendimento de um professor especialista ao professor da classe comum. O documento mais importante que norteia a Educação Inclusiva é a Declaração de Salamanca. É ao mesmo tempo uma Declaração de Direitos e uma proposta de ação. Tem como objetivo garantir o direito a todos os alunos, com qualquer grau de deficiência ou distúrbio de aprendizagem. Conforme constante da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (1996), entende-se por educação especial (...) a modalidade de educação escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educando com necessidades especiais. (Art. 58). Em geral, o problema de aprendizagem no âmbito escolar, pode ser compreendido como publico alvo da Educação Especial e as legislações oferecem suporte para essas crianças. Muitas vezes são percebidos pelos pais e/ou professores. Os pais em sua convivência diária com a criança acumulam uma grande quantidade de experiência sobre seu desenvolvimento e se encontram em uma posição privilegiada para detectar os problemas de aprendizagem, porém sem o conhecimento técnico muitos sinais acabam passando despercebidos. Os fatores envolvidos nas dificuldades de aprendizagem destacam-se: escola, família e criança (ROTTA, 2006). Dificuldades de aprendizagem Não há consenso na literatura em relação à definição para as dificuldades de aprendizagem. Numa perspectiva orgânica, as dificuldades de aprendizagem são consideradas como desordens neurológicas que interferem na recepção, integração ou expressão de informação e são manifestadas por dificuldades significativas na

aquisição e uso da audição, fala, leitura, escrita, raciocínio, habilidades matemáticas ou habilidades sociais (CORREIA E MARTINS, 2005). Aprender é um ato de plasticidade cerebral, por fatores intrínsecos e extrínsecos, podendo conceituar que a dificuldade para a aprendizagem é uma falha desse processo (ROTTA, 2006). Os distúrbios dizem respeito a um quadro no qual as capacidades intelectuais, motoras, sensoriais e emocionais da criança encontram-se dentro dos limites da normalidade, sem que ela consiga, no entanto, aprender de forma global ou específica. Pode apresentar deficiência nos processos de percepção de integração ou de expressão, que comprometem o seu aprendizado. Segundo Parente & Ranna (1987), a grande maioria dos problemas de aprendizagem, apontados pela escola, não constituem um distúrbio, uma "doença", uma patologia do sistema nervoso central. Na realidade, trata-se de dificuldades no aprendizado, decorrentes de vários fatores (internos e/ou externos), de ordem pessoal, familiar, emocional, pedagógica, social que só adquirem sentido, quando referidos a história das relações e interações do sujeito com seu meio, inclusive e, sobretudo, o escolar. De acordo com Vygotsky (1991), aprender possibilita o despertar de processos internos do indivíduo, ligando o desenvolvimento do sujeito ao seu entorno sociocultural. Numa perspectiva educacional, as dificuldades de aprendizagem refletem uma incapacidade ou impedimento para a aprendizagem da leitura, escrita ou cálculo ou para a aquisição de aptidões sociais (CORREIA E MARTINS, 2005). A intervenção busca atender as perturbações que ocorrem na aquisição dos processos cognitivos, incrementando meios, técnicas e instruções adequadas para favorecer a correção da dificuldade que o educando apresenta. O papel da escola e o papel do professor. A escola além de ser um local que transmite conhecimento, portanto trabalha com o aspecto cognitivo, também precisa trabalhar com a emoção e a socialização do sujeito. Porém a escola não tem clareza de que afetividade e inteligência caminham juntas. (ALMEIDA, 1999)..

De acordo com Siqueira (2004) a relação entre o professor e o seu aluno deve ser estreita de vínculo e amizade, onde o educador deve respeitar o aluno pela suas experiências de vida, idade e desenvolvimento mental. O professor deve esforçar-se para levar ao seu aluno à aprendizagem, a ação, a reflexão crítica, a curiosidade. O professor não deve se preocupar somente com a aprendizagem especifica de determinada disciplina a ser ministrada, todavia ele precisa estar atento como auxiliar a família do aluno, que por sua vez cria no ambiente familiar algumas situações com as quais não sabe lidar depois. A psicologia também pode contribuir com a saúde dos profissionais envolvidos no contexto escolar: direção, serviços gerais, administração. Com a visão de que o ambiente de trabalho pode propiciar diversos estímulos estressores, que podem contribuir para a desordem e a incapacidade do rendimento do trabalhador. Esses estímulos podem ser desde desentendimentos com colegas, sobrecarga de trabalho, insatisfação salarial, falta de clareza nas regras, normas e tarefas a serem desempenhadas, ambientes insalubres e falta de material adequado. (BALLONE, 2002). Clínica Escola de Psicologia As Diretrizes Curriculares Nacionais para os Cursos de Graduação em Psicologia, aprovadas em maio de 2004, em seu Art. 3.º instituem como meta central "a formação do Psicólogo voltado para a atuação profissional, para a pesquisa e para o ensino de Psicologia [...]". No Art. 5º, explicitam que a formação em Psicologia deve contemplar os seguintes eixos: fundamentos epistemológicos e históricos, fundamentos teórico-metodológicos, procedimentos para a investigação científica e a prática profissional, fenômenos e processos psicológicos, interfaces com campos afins do conhecimento e práticas profissionais. Esses eixos têm que ser contemplados e desenvolvidos durante os anos de graduação. No caso dos estágios supervisionados, no Art. 21, essa diretriz assevera que estes visam assegurar o contato do formando com situações, contextos e instituições, permitindo que conhecimentos, habilidades e atitudes se concretizem em ações profissionais (BRASIL, 2004). As Clínicas-Escola de Psicologia têm como finalidade básica possibilitar o treinamento de alunos mediante a aplicação dos conhecimentos teóricos adquiridos em sala de aula, o que pode contribuir para a formação de profissionais adequadamente habilitados e capazes de expandir as práticas psicológicas em

consonância com as novas realidades e demandas sociais, políticas e culturais da atualidade. Clínicas-escola são serviços de atendimento que funcionam nos cursos de Psicologia nas instituições de ensino superior e nas instituições de formação em psicoterapia com o objetivo de praticar a clínica e atender a população de baixa e média renda. Objetivo Avaliar crianças e adolescentes que buscam o serviço escola de psicologia com queixa de dificuldades de aprendizagem e propor intervenção para as problemáticas identificadas. Bem como apresentar uma relação entre a queixa recebida e a queixa levantada e compreendida pelo pesquisador em relação aos casos encaminhados ao Serviço de Psicologia. Metodologia O presente estudo caracterizou-se como um estudo prospectivo de abordagem quantitativa e qualitativa. Quanto à coleta de dados, foi realizada por meio de amostragem. Participaram do estudo 10 crianças e adolescentes de ambos os sexos, na faixa etária entre 8 a 15 anos, alunos do ensino fundamental e Ensino Médio que buscaram auxílio dos Serviços da Clínica escola de Psicologia, com queixa de dificuldades de aprendizagem. A presente proposta levou em consideração cada sujeito, suas particularidades, delineando identidades singulares que poderão desvelar o fenômeno estudado, bem como uma investigação do contexto social. A aplicação aconteceu nas dependências da Clínica-Escola de Psicologia em sala de atendimento e no horário pré-agendado. Para a coleta de dados foram utilizados os instrumentos descritos a seguir: Teste de desempenho escolar (TDE); EAME-IJ - Escala para avaliação da motivação escolar infanto-juvenil; Caixa lúdica centrada na aprendizagem e entrevistas de anamnese com os pais com o objetivo de obter informações relevantes das crianças/adolescentes. Foram realizadas visitas in loco nas escolas com o objetivo de verificar a interação dos professores com os alunos, assim como seus colegas de turma, história de vida acadêmica e obter relatos experiência profissional no âmbito escolar.

Apresentação e Discussão dos Resultados Após a aprovação do projeto pelo Comitê de Ética em pesquisa da Faculdade Anhanguera de Bauru, o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e a aceitação da Clinica-Escola, foi solicitada aos pais ou responsáveis uma autorização por escrito para a participação das crianças na pesquisa. A aplicação dos instrumentos ocorreu de forma individual, realizada nas salas da Clínica e somente com aqueles cujos pais ou responsáveis haviam autorizado. Foi inicialmente explicado às crianças de que se tratava a pesquisa e como responder aos instrumentos. É de suma importância para um diagnóstico fidedigno e eficaz ter uma equipe multidimensional e multiprofissional envolvidas no caso, sendo uma equipe escolar, composta por professores, pedagogos, fonoaudiólogos, psicólogos e dos pais junto às crianças/adolescentes com dificuldades de aprendizagem. No caso deste estudo não foram realizados diagnósticos e sim avaliações sobre os casos para serem feitas intervenções específicas, o próximo passo será indicar outros profissionais de acordo com as necessidades identificadas. A tabela 1 apresenta os dados sócios demográficos dos participantes de pesquisa. O trabalho foi desenvolvido nas dependências da Clínica Escola da Faculdade Anhanguera de Bauru-SP. TABELA 1 Características sócio-demográficas dos alunos. Alunos Sexo Idade Série Regular Período de aula Reside com quem 1 M 13 5ª Manhã Pais e irmão 2 M 10 5ª Manhã Avós maternos 3 M 9 3ª Manhã Mãe e irmã 4 M 10 5ª Tarde Pais e irmã 5 F 8 3ª Manhã Pais e irmãs 6 M 10 4ª Tarde Mãe 7 M 10 5ª Tarde Pais e irmã 8 M 13 7ª Manhã Pais e irmã 9 M 15 8ª Tarde Mãe e irmãos 10 M 14 8ª Manhã Avó materna Descrição dos dados sócio-demográficos dos participantes. A amostra compôs-se de dez crianças/adolescentes, com queixa de dificuldades de aprendizagem que buscaram auxílio da Clínica-Escola de Psicologia da Faculdade Anhanguera de Bauru, afim de avaliação e intervenção Psicológica, na faixa etária de 8 a 15 anos de idade, sendo 9 do gênero masculino e 1 do gênero

feminino, sendo que a maioria residiam com os pais e irmãos e estudam no período da tarde. Segundo Levandowski (1998), apud Merg (2008) a população infantil é um dos principais públicos encaminhados para atendimento psicológico em clínicasescola e centros de saúde. Desta clientela, os que mais buscam atendimento são os meninos, a faixa etária mais freqüente está entre os seis e dez anos de idade, a fonte de encaminhamento mais comum é a escola e as queixas mais usuais são os problemas de aprendizagem. EAME-IJ - Escala para avaliação da motivação escolar infanto-juvenil. Para o teste de motivação escolar, obteve-se como resultados: quanto a Motivação Intrínseca 50% com escore de baixa motivação, 40% de média motivação e 10% de alta. No quesito Motivação extrínseca 60%, apresentaram média motivação, 40% alta motivação. De maneira que o escore geral consistiu em 40% com alta motivação, 40% com média motivação e 20% com baixa. De acordo com Werneck (2000) apud Raasch (2014) para motivar alunos é imprescindível analisar as formas de pensar e aprender, para assim, desenvolver estratégias de ensino que partam das suas condições reais, inserindo-os no processo histórico como agentes. Os educandos devem sentir-se estimulados a aplicar seus esquemas cognitivos e a refletir sobre suas próprias percepções nos processos educacionais, de modo que avancem em seus conhecimentos e em suas formas de pensar e perceber a realidade. Os resultados dessas análises revelaram que os sujeitos que apresentaram motivação intrínseca baixa, realizam tarefas escolares ou de estudo sem se esforçar-se muito, sem sentir vontade de aprender coisas novas. Já os sujeitos que apresentaram motivação Geral mediana, esforçam-se de forma para a realização de tarefas escolares ou de estudo, com alguma vontade de aprender coisas novas e com interesse mediano por receber vantagens materiais ou prestigio social decorrente de atividades propostas pela escola. Já os sujeitos que apresentaram motivação geral baixa, realiza tarefas escolares ou de estudo sem esforçar-se muito, sem vontade de aprender coisas novas e com pouco interesse por receber vantagens materiais ou prestígio social decorrentes de atividades propostas pela escola. E os sujeitos que apresentaram motivação Geral alta, esforçam-se muito para a realização de tarefas escolares ou de estudo, com

vontade de aprender coisas novas especialmente quando pode receber vantagens materiais reforçadores ou que essa realização possa reverter em algum prestígio social. TDE - Teste de desempenho escolar Abaixo, segue o desempenho escolar coletados na Clínica-Escola de Psicologia na Faculdade Anhanguera de Bauru. TABELA 2 Teste de Desempenho Escolar Alunos Escrita Aritmética Leitura Total 1 Inferior Inferior Inferior Inferior 2 Médio Inferior Superior Médio 3 Inferior Inferior Inferior Inferior 4 Inferior Inferior Inferior Inferior 5 Inferior Inferior Inferior Inferior 6 Médio Inferior Inferior Inferior 7 Superior Médio Superior Superior 8 Médio Médio Médio Médio 9 Inferior Inferior Inferior Inferior 10 Superior Inferior Superior Médio Fonte: Pesquisa de Campo Foi aplicado o teste de desempenho escolar nos sujeitos da pesquisa e obteve-se os seguintes resultados: 50% dos sujeitos avaliados apresentaram índices inferiores: constatou-se que na avaliação ortográfica do Ditado ortográfico Balanceado apresentou erros ortográficos nas categorias de conversor fonemagrafema, regras contextuais e irregularidades da língua acima do percentil 95, ao analisar os escores esperados para 4ª série/5ª ano. Na avaliação dos Processos de Leitura, os desempenhos foram inferiores à 1ª série/2º ano nas provas de leitura de palavras, pseudopalavras, compreensão de orações e de textos. Os sujeitos compreendem textos narrativos superficialmente, não conseguindo recontar todos os fatos lidos e seus detalhes. As produções escritas dos sujeitos foram compostas por frases isoladas caracterizadas pela ausência de pronomes, conectivos e advérbios, assim como sua fala e 50% distribuídos entre classificação média e superior. Atendimentos Psicológicos Individuais A caixa lúdica durante o processo de avaliação forneceu uma evolução nas funções das habilidades psíquicas, da personalidade e da educação. Diferentemente

dos testes psicométricos no momento dos atendimentos lúdicos através dos jogos e brincadeiras foi possível avaliar e ensinar a criança e o adolescente a controlar os seus impulsos, a esperar, respeitar regras, aumentar sua autoestima e independência, servindo também para aliviar tensões e diminuir frustrações, pois através do brincar a criança reproduz situações vividas no seu dia a dia. Ajuda a desenvolver aspectos cognitivos, tornando claras suas emoções, linguagem, angústias, ansiedades, reconhecendo suas dificuldades e funções executivas: memoria, atenção, planejamento, proporcionando assim soluções e proporciona um enriquecimento na vida da criança e nas interações sociais. Considerações Finais Pôde-se perceber a necessidade e a importância de uma avaliação precoce e eficaz e de servir como base para a investigação principal a ser realizada com outras crianças e adolescentes com dificuldades de aprendizagem no âmbito escolar. Propor uma proposta de avaliação aplicada à criança e adolescente com dificuldade de aprendizagem que buscam o serviço de psicologia, visando à promoção da saúde psíquica e educação de qualidade, contribuindo assim, na superação das dificuldades de aprendizagem apresentadas pelas crianças/adolescentes. Os resultados obtidos no TDE e na Escala de Motivação, somados às informações obtidas junto à mãe/pai durante e entrevista inicial na anamnese, encontros com grupos de pais e no âmbito escolar através de visitas nas escolas e entrevistas com professores, confirmam as dificuldades encontradas na aprendizagem da criança/adolescente. O acolhimento por parte da escola sendo dos professores e diretores foram de grande importância para a coleta de dados. Os resultados no processo de avaliação foram eficazes, pois houve uma sinergia entre todos os profissionais envolvidos nesta pesquisa cientifica, sendo da equipe escolar, fonoaudiológica, neurológica e psicológica bem como as famílias dos sujeitos da pesquisa para a mediação do processo de intervenção. Isso proporcionou uma melhor qualidade de vida das crianças e buscou resgatar suas potencialidades, valores, e que a criança se sinta capaz. Através da avaliação da equipe da Psicologia, foi possível inferir que as dificuldades na maioria não são transtornos e sim dificuldades. A pesquisa visou à melhor proposta de avaliação aplicada à criança e adolescente com dificuldade de aprendizagem que buscam o serviço de psicologia,

visando à promoção da saúde psíquica de cada participante, uma educação de qualidade, contribuindo assim, na superação das dificuldades apresentadas pelos alunos. Referências ALMEIDA, S. F. C. et al. Psicologia Escolar: Ética E Competências Na Formação E Atuação Profissional.São Paulo: Editora Alínea, 2003. BALONNE, G. B. (2002). Dificuldades de Aprendizagem (ou Escolares). Disponível em: http://virtualpsy.locaweb.com.br/index.php?art=49&sec=19 Acesso em 10/05/2014. BRASIL. Ministério da Educação. Diretrizes curriculares nacionais para o curso de graduação em Psicologia. Brasília, MEC, 2004. CAPELLINI, S. A.,GERMANO, G. D., CUNHA, V.L.O., Transtornos de Aprendizagem e Transtornos da Atenção (Da avaliação à Intervenção). São José dos Campos: Pulso Editorial, 2010. CORREIA, L. M. e Martins, A. P. (2005). Dificuldades de Aprendizagem. O que são? Como entendê-las? Biblioteca Digital. Coleção Educação. Portugal, Porto Editora. - Dificuldades de aprendizagem: revisão de literatura sobre os fatores de risco associados. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=s1414-69752009000100002. Acesso em 14/07/2014. MERG, M. G. M. Características da Clientela Infantil em Clínica-Escola. Dissertação de Mestrado. Pontifícia Universidade Católica de Porto Alegre. Porto Alegre/RS, 2008. Disponível em http://tede.pucrs.br/tde_busca/arquivo.php?codarquivo=2031. Acessado em 19 de Junho de 2014. PARENTE, S. M. B. A., & RANNA, W. Dificuldades de aprendizagem: Discussão critica de um modelo de atendimento. In. J. L. Scoz et al. (Org.). Psicopedagogia - o carater interdiscipinar na formação e atuação profissional. Porto Alegre: Artes Médicas. RAASCH, L. A motivação do Aluno para a aprendizagem. Disponível em: http://tupi.fisica.ufmg.br/michel/docs/artigos_e_textos/motivacao/motivacao%20do%20aluno. pdf, 2014 Acesso em 10 de Julho de 2014 ROTTA, N. T. Transtornos da Aprendizagem: Abordagem Neurobiológica e Multidisciplinar. Porto Alegre: Artmed, 2006. SIQUEIRA, D. C. T. Relação Professor-Aluno: Uma Revisão Critica. Disponível em <http://www.conteudoescola.com.br/site/content/view/132/31/, 2004> Acessado em 15 Maio de 2014. VYGOTSKY, Lev Semenovich. A formação social da mente: o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores. São Paulo: Martins Fontes, 1991. ZACHARIAS, V. L. C. A educação Pré-Escolar para Crianças com Necessidades Especiais, 2003. Acesso em 15 de Junho de 2014. Disponível em: https://www.centrorefeducacional.com.br/edunespc.html.