UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE PATOLOGIA LABORATÓRIO DE PATOLOGIA VETERINÁRIA



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Transcrição:

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE PATOLOGIA LABORATÓRIO DE PATOLOGIA VETERINÁRIA PROJETO DE PESQUISA Programa de Pós-Graduação em Medicina Veterinária - Doutorado Área de concentração: Patologia e Patologia Clínica Veterinária CAUSAS DE MORTE E RAZÕES PARA EUTANÁSIA DE GATOS DA REGIÃO CENTRAL DO RIO GRANDE DO SUL Doutorando: Monique Togni Martins Orientador: Rafael Almeida Fighera Santa Maria RS Novembro 2014 1

1. IDENTIFICAÇÃO 1.1 Identificação do projeto 1.1.1 Título do projeto Causas de morte e razões para eutanásia de gatos da Região Central do Rio Grande do Sul 1.1.2 Executor Monique Togni Martins, Médica Veterinária, aluna de doutorado do Programa de Pós-graduação em Medicina Veterinária da UFSM, área de concentração em Patologia e Patologia Clínica Veterinária (matrícula 201361114). Laboratório de Patologia Veterinária (LPV), Ramal: 8168; E-mail: moniquetognimartins@gmail.com 1.1.3 Equipe de trabalho 1.1.3.1 Orientador Rafael Almeida Fighera, Médico Veterinário, Doutor, Professor Adjunto III do Departamento de Patologia Veterinária da UFSM CCS (SIAPE 2583800). Laboratório de Patologia Veterinária (LPV), Ramal: 8168; E-mail: anemiaveterinaria@yahoo.com.br 1.1.3.2 Colaboradores Mariana Martins Flores, Médica Veterinária, aluna de doutorado do Programa de Pós-graduação em Medicina Veterinária da UFSM, área de concentração em Patologia e Patologia Clínica Veterinária (matrícula 201361233). Laboratório de Patologia Veterinária (LPV), Ramal: 8168; E-mail: marianamflores@yahoo.com.br 2

Érika Martins Benevenute Lopes, aluna do curso de graduação de Medicina Veterinária da UFSM (matrícula 201040182). Bolsista PIBIC junto ao Laboratório de Patologia Veterinária (LPV), Ramal: 8168; E-mail: erika_benevenute@hotmail.com Glaucia Denise Kommers. Médica Veterinária, PhD. Professora Associada II do Departamento de Patologia Veterinária da UFSM CCS (SIAPE 0382851). Laboratório de Patologia Veterinária (LPV), Ramal: 8168; E-mail: glaukommers@yahoo.com Luiz Francisco Irigoyen. Médico Veterinário PhD. Professor Associado IV do Departamento de Patologia Veterinária da UFSM CCS (SIAPE 1146039). Laboratório de Patologia Veterinária (LPV), Ramal: 8168; E-mail: chicoirigoyen@yahoo.com.br 1.1.4 Local de Execução Laboratório de Patologia Veterinária (LPV), prédio 97 B, Ala 5, Hospital Veterinário Universitário (HVU), Centro de Ciências Rurais (CCR), Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Ramal: 8168 2. RESUMO A popularidade dos gatos como animal de estimação se amplifica a cada ano em nosso país, o que reflete em um aumentado gradual no número de atendimentos clínicos e exames laboratoriais realizados nesta espécie. Entretanto, ainda não se tem dados sobre a prevalência das principais doenças de gatos na Região Central do Rio Grande do Sul. Com base nisso, esse projeto tem por objetivo determinar a prevalência das doenças de gatos que cursam com morte ou levam a realização de eutanásia. Para tanto, será realizado um estudo retrospectivo com base nos protocolos de necropsias realizadas no Laboratório de Patologia Veterinária (LPV) da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) nos últimos 50 anos (1964-2013). As doenças que causaram a morte ou resultaram na realização da eutanásia dos gatos 3

serão classificadas como: doenças infecciosas e parasitárias, doenças degenerativas, doenças imunomediadas, doenças metabólicas e endocrinológicas, doenças nutricionais, tumores, intoxicações e toxiinfecções, eutanásia por conveniência, distúrbios causados por agentes físicos, distúrbios iatrogênicos, distúrbios congênitos e outros distúrbios. A prevalência de cada categoria e de cada doença será estabelecida e esses resultados permitirão auxiliar clínicos de pequenos animais e patologistas veterinários da área de abrangência do LPV-UFSM. Palavras chave: doenças de gatos, medicina felina, patologia, epidemiologia. 3. REVISÃO DE LITERATURA 3.1 A origem e a domesticação dos gatos Os primeiros gatos derivam dos Miacis, criaturas carnívoras que viveram cerca de 50 milhões de anos atrás (KINGSLEY, 1998). Seu corpo era longo e suas pernas curtas e foi, provavelmente, ancestral também do cão e do urso. A partir deste descenderam os primeiros carnívoros realmente semelhantes ao gato, os Dinictis, que evoluiram em duas direções, sendo uma delas referente à família Felidae. As espécies de gatos que conhecemos atualmente desenvolveram-se a partir de descendentes menos especializados de Dinictis (LOXTON, 2000). A origem da domesticação de gatos ainda é discutida. Alguns acreditam que ela tenha ocorrido há 4.000 anos no Egito, na mesma época em que a economia deste era baseada em grãos. O armazenamento desses graus atraia ratos e, consequentemente, gatos selvagens. A partir disso, essa convivência tornou-se uma relação vantajosa para gatos e humanos (BRADSHAW, 2000). Dados mais chocantes mostraram que os egípcios já os mantinham em cativeiro há aproximadamente 5.000 anos (LISEELE et al., 2007). Porém, recentemente, foram encontrados fósseis de gatos e humanos sepultados no mesmo local da ilha de Chipre, demonstrando a possibilidade da relação homem-gato ter iniciado há aproximadamente 9.500 anos (VIGNE et al., 2004). 4

Atualmente é enorme o número de gatos mantidos como animais de estimação. Embora a atração que exerçam sobre os humanos resida na sua grande capacidade de proporcionar amor, companheirismo, lealdade e diversão, eles conservam sua independência e autossuficiência, denotando que o lado indomado de sua natureza continua presente (KINGSLEY, 1998). 3.2 Estudo retrospectivo O estudo retrospectivo baseado na coleta de dados de arquivos é importante em Medicina Veterinária e, particularmente, em Patologia Veterinária. A partir desses levantamentos é possível agrupar dados sobre determinadas doenças, definir a prevalência de uma enfermidade, determinar a etiologia de lesões vistas no passado e modificar conceitos errôneos sobre certas entidades clinicopatológicas, sinais clínicos ou exames laboratoriais (FIGHERA, 2008). Nesta última década o número de exames anatomopatológicos em gatos aumentou sensivelmente no Laboratório de Patologia Veterinária (LPV) da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Para se ter uma ideia, o número de biópsias/ano passou de 61 em 2000 para 172 em 2011, um aumento de cerca de 200% em 10 anos. Isso sugere a necessidade de estudos específicos nesta espécie (TOGNI, 2013). Alguns estudos sobre doenças de gatos, realizados no LPV-UFSM, tem auxiliado na elucidação sobre algumas das principais doenças que acometem gatos na Região Central do Rio Grande do Sul. Uma delas é a pneumonia parasitária causada por Aelurostrongylus abstrusus (elurostrongilose), na qual um estudo retrospectivo (HEADLEY, 2005) demonstrou que 18,6% dos gatos submetidos à necropsia tinham lesões consistentes com essa doença, principalmente filhotes e adultos jovens. Outros dois estudos retrospectivos (SOUZA et al., 2002; TOGNI et al., 2013), realizados com base nos protocolos do LPV, foram importantes para os clínicos locais, pois demonstraram a alta prevalência da hiperplasia fibroepitelial mamária felina e alta prevalência dos neoplasmas mamários malignos em relação aos benignos, respectivamente. 5

No início dos anos 2000, um estudo retrospectivo (OLIVEIRA et al., 2003) permitiu estabelecer como era alta a prevalência da peritonite infecciosa felina em nosso meio e tem sido uma importante ferramenta para divulgação dessa doença entre os clínicos de pequenos animais. Os aspectos epidemiológicos, os sinais clínicos e os achados anatomopatológicos da síndrome denominada distúrbio do trato urinário inferior dos felinos (DTUIF), previamente síndrome urológica felina (SUF), também foram estabelecidos em nossa região a partir de um estudo retrospectivo realizado no LPV-UFSM (WOLTERS, 1998). Com base nisso entendemos que um amplo estudo retrospectivo, que aborde as causas de morte e as razões para eutanásia em gatos na Região Central do Rio Grande do Sul possa trazer resultados muito interessantes do ponto de vista epidemiológico e auxiliar muito na elucidação da real importância de cada uma das diferentes doenças que ocorrem em nossa região, a fim de auxiliar clínicos de pequenos animais e patologistas veterinários a estabelecer diagnósticos diferenciais quando frente a uma determinada manifestação clínica ou lesão, respectivamente. 4. JUSTIFICATIVA O número de gatos como animal de estimação (pet) tem crescido consideravelmente nos últimos anos. Consequentemente também houve um aumento significativo no número de atendimentos clínicos e exames laboratoriais. Isso ocorre, pois vivemos na chamada era do gato, na qual a independência e a praticidade, aliadas à beleza e elegância felina, o fazem ser um dos animais de estimação mais procurado nos últimos anos. Apesar disso, poucos estudos sobre medicina felina têm sido conduzidos em nosso meio e ainda carecemos muito de informações epidemiológicas sobre muitas das doenças de gatos que ocorrem em nossa região (Região Central do RS). Muitos diagnósticos clínicos e anatomopatológicos são frequentemente baseados na espécie de pequenos animais mais frequentemente examinada, o cão. Porém o gato apresenta muitas peculiaridades, e tais especificidades influenciam profundamente nos diagnósticos diferenciais estabelecidos por clínicos e patologistas. Essa listagem de diagnósticos diferenciais, aplicados 6

por veterinários, baseia-se na literatura, quase sempre internacional. Alterações clinicopatológicas raras são as menos diagnosticadas, enquanto que as mais comuns são, geralmente, as primeiras a serem cogitadas. Porém estes termos: raras e comuns variam conforme as espécies e as regiões geográficas onde estes animais se localizam. Portanto, uma das maneiras de auxiliar clínicos e patologistas no diagnóstico é o estudo das prevalências na região em estes atuam. 5. METAS Visando o aumento de gatos como animal de estimação nos últimos anos, bem como consequentemente o número de atendimentos e necropsias do mesmo, a meta desse projeto é gerar conhecimento acerca do tema (causas de morte e razões para eutanásia de gatos) a ponto de auxiliar clínicos de pequenos animais e patologistas veterinários no diagnóstico das doenças que afetam essa espécie. 6. HIPÓTESE CIENTÍFICA Com base em nossa rotina diagnóstica atual, acreditamos que na Região Central do RS as principais categorias de doenças responsáveis pela morte ou eutanásia em gatos incluam distúrbios causados por agentes físicos, doenças infecciosas e parasitárias e tumores. Dentre os tumores, aqueles de origem hematopoiética, os mamários e os cutâneos devam ser os mais prevalentes. 7. OBJETIVOS 7.1 Objetivos gerais Estudar a prevalência de diferentes categorias de doenças e doenças específicas como causa de morte e razão para eutanásia de gatos na Região Central do RS entre os anos de 1964-2013 7

7.2 Objetivos específicos Determinar as principais doenças infecciosas como causa de morte ou razão para eutanásia que ocorrem na Região Central do RS e classificá-las em quatro categorias com base na prevalência: muito comuns, comuns, incomuns e emergentes. Determinar os principais tumores como causa de morte ou razão para eutanásia que ocorrem na Região Central do RS e classificá-las em quatro categorias com base na prevalência: muito comuns, comuns, incomuns e raros. 8. METODOLOGIA Serão revisados os protocolos de necropsias de gatos realizadas no LPV- UFSM, no período de janeiro de 1964 a dezembro de 2013 (50 anos). Desses serão retiradas informações referentes à idade, ao sexo e à raça, bem como os resultados de necropsia como: diagnóstico morfológico (macroscópico e histopatológico), diagnóstico etiológico e a etiologia das doenças. Caso algum destes dois últimos itens não tenha sido mencionado o protocolo será analisado a fim de estabelecer uma possível etiologia. As doenças que causaram a morte ou resultaram na eutanásia dos gatos, serão classificadas da seguinte maneira: doenças infecciosas e parasitárias, doenças degenerativas, doenças imunomediadas, doenças metabólicas e endocrinológicas, doenças nutricionais, tumores, intoxicações e toxiinfecções, distúrbios causados por agentes físicos, distúrbios iatrogênicos e distúrbios congênitos. As doenças que não puderem ser incluídas em um dos itens já descritos serão incluídas em outros distúrbios. Animais eutanasiados por motivo fútil ou por distúrbios de comportamento serão agrupados na categoria eutanásia por conveniência. Os protocolos de necropsia em que não se estabeleceu um diagnóstico definitivo que explique a morte ou a eutanásia serão incluídos como inconclusivos. As doenças serão relacionadas de acordo com o sexo, a idade e a raça, a fim de estabelecer a prevalência em relação a epidemiologia. Com relação à idade, os gatos serão agrupados em filhotes (até um ano de idade), adultos (de 8

um a nove anos de idade) e idosos (dez anos ou mais), conforme estudo semelhante realizado em cães (Fighera 2008). Nos casos em que se fizer necessário um estudo mais detalhado da morfologia, principalmente para aquelas doenças em que se objetive publicação em separado, serão realizados novos cortes histológicos e, caso necessário, aplicação de técnicas histoquímicas. Nesses casos, uma reavaliação da histologia será feita pelos participantes do projeto. 9. POSSÍVEIS RESTRIÇÕES E SOLUÇÕES Assim como em outros estudos retrospectivos, a ausência de fichas, bem como a ocorrência de fichas incompletas, sem dados como: idade, sexo, raça ou mesmo um histórico prévio; são os maiores empecilhos para se estabelecer uma prevalência fidedigna. Um número baixo de casos é também um grande problema encontrado nestes estudos. Logo, estas falhas poderão afetar consideravelmente os resultados encontrados. A fim de minimizar um possível baixo número baixo de casos, o estudo irá abranger 50 anos. Porém, espera-se encontrar dificuldades em relação aos primeiros anos, pois é sabido que nas primeiras décadas em que funcionou, o LPV-UFSM utilizava protocolos muito diferentes das atuais, e dificilmente alguns dados epidemiológicos e o histórico clínico eram anotados. Se um item relevante ao trabalho não for descrito no protocolo, será computado como não informado (n.i.). Serão excluídos da análise casos de protocolos não encontrados, inacabados ou de animais oriundos de experimentos. 10. RESULTADOS PRELIMINARES Os resultados a seguir foram publicados no periódico Pesquisa Veterinária Brasileira, volume 33, fascículo 3, páginas 363-371 e fazem parte do estudo em questão: 9

11. CRONOGRAMA Atividades para 2013 Atividade Mês Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez 1 x x x x x x x x x x 2 x x x x x x Atividades para 2014 Atividade Mês Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez 2 x x x x x x 3 x x x x 4 x x Atividades para 2015 Atividade Mês Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez 5 x x x x x x 6 x x x x x x Atividades para 2016 Atividade Mês Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez 6 x x x x x x x x x x 7 x x x x x x Atividades para 2017 Atividade Mês Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez 7 x 8 x x 1. Confecção do projeto. 2. Procura e leitura dos laudos nos arquivos do LPV e obtenção dos resultados. 3. Organização dos resultados parciais para exame de qualificação. 4. Período de qualificação 5. Adequações do projeto e consequentemente padronização dos resultados obtidos conforme estabelecido na qualificação 6. Elaboração dos artigos científicos 7. Elaboração da tese 8. Preparação para a defesa de tese 10

12.ORÇAMENTO Quantidade Unidade Discriminação Valor unitário (R$) Total (R$) 1 Frasco 100g Eosina 45,00 45,00 1 Frasco 50 g Hematoxilina 270,00 270,00 10 Frasco 1L Xilol 30,00 300,00 1 Frasco 1L Formol 37,00 37,00 1 Pacote 1 Kg Parafina 40,00 40,00 10 Caixa 50 unid. Lâmina para microscopia 3,90 39,00 5 Caixa 100 unid Lamínula 24x50 6,20 31,00 1 Frasco 100 ml Entellan 85,00 85,00 1 Caixa100 unid. Navalhas descartáveis 300,00 300,00 2 Caixa100 unid. Luvas para procedimentos 22,50 45,00 4 Caixa unid. Kits de histoquímica 350,00 1.400,00 Total 2.592,00 13. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRADSHAW, J.W.S. et al. The behaviour of the domestic cat. Oxon: CABI Publishing, 2000, 219p. FIGHERA, A.R. Causas de morte e razões para eutanásia de cães. 2008, 172f. Tese de doutorado (Patologia Veterinária) Programa de Pós-graduação em Medicina Veterinária, Universidade Federal de Santa Maria. HEADLEY, A.S. Aelurostrongylus abstrusus induced pneumonia in cats: pathological and epidemiological findings of 38 cases (1987-1996). Semina: Ciências Agrárias, v. 26, n. 3, p. 373-380, 2005. KINGSLEY, R. O amigo felino do homem. In. Gatos Guia prático. 6.ed. São Paulo:Nobel, 1998. p.7-10. LISEELE, V. Evidence for early cat taming in Egypt. Archaeological Science. v.34, p.2081-2090, 2007. Journal of LOXTON, H. A família do gato. In. Tudo sobre gatos. 2.ed. São Paulo:Martins Flores, 2000. cap.1, p.6-20. 11

OLIVEIRA, N.F. et al. Peritonite infecciosa felina: 13 casos. Ciência Rural. v.33, n.5, p.905-911, 2003. SOUZA, M.T. et al. Hiperplasia fibroepitelial mamária em felinos: cinco casos. Ciência Rural. v.32, n.5, p.891-894, 2002. TOGNI, M. et al. Estudo retrospectivo de 207 casos de tumores mamários em gatas. Pesquisa Veterinária Brasileira. v.33, n.3, p.353-358, 2013. VIGNE et al., Early taming of the cat in cyprus. Science. v.304, p.259, 2004. WOLTERS F. et al. Síndrome urológica felina: 13 casos. Ciência Rural. v.28, n.3, p.497-500, 1998. 14. RESULTADOS E IMPACTOS ESPERADOS Com este projeto espera-se obter um levantamento completo das principais causas de morte e razões para eutanásia de gatos na região de abrangência do LPV-UFSM e, com isso, desmistificar a ocorrência de certas doenças superdiagnosticadas e subdiagnosticadas em nosso meio. A apresentação desses resultados aos clínicos de pequenos animais de nossa região auxiliará muito no estabelecimento de uma suspeita clínica mais correta e minimizará o erro diagnóstico. 12