Elas se manifestam de diversas. como se defender do próprio organismo



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Transcrição:

Materia de.qxp 19/3/2009 00:36 Page 22 como se defender do próprio organismo Apesar de o vegetariano não estar imune a elas, uma alimentação mais natural possível pode ser uma solução para o problema Por Samira Menezes Elas se manifestam de diversas formas, mas, muitas vezes, a pessoa nem se dá conta de que aquele espirro, aquela coceira repentina ou até mesmo uma prisão de ventre pode ser sinal de uma alergia. E a causa dos sintomas sempre indesejáveis pode estar na composição de um produto químico, no pó que se acumula dentro de casa, no ar que se respira ou na escolha dos alimentos. Provocadas por reações anormais do próprio organismo, as alergias não só podem como devem ser tratadas. Medidas simples, como excluir do cardápio certos tipos de alimentos ou utilizar produtos de limpeza que sejam sempre os mais naturais possíveis podem fazer toda a diferença no dia-a-dia de um alérgico. no nononono nononononono nononono onono nononononono nonononoonono nononononono nononono 22 RevistaVegetarianos.com.br

Materia de.qxp 19/3/2009 00:36 Page 23 A alergia R esponsável pelo projeto Brasil Sem Alergia, que oferece tratamento gratuito para moradores da periferia de Duque de Caxias, no Rio de Janeiro, o médico alergista Dr. Marcello Bossois explica porque atualmente a população daquela região assim como a maioria das que vivem em cidades grandes precisam de cuidados. "O bairro está localizado em uma área de manguezal com muitos mosquitos e insetos e com diversas refinarias por perto que causam muita poluição - problema comum também nos grandes centros urbanos. Então, além das picadas que podem causar reações alérgicas, o excesso de poluentes no ar causa diversos problemas respiratórios." Mas as causas das alergias não são apenas essas. Além das picadas de insetos e de substâncias tóxicas presentes na poluição atmosférica, o vice-presidente da Associação Brasileira de Alergia e Imunopatologia (ASBAI), Dr. Fábio Castro, aponta outros elementos alergênicos (ver tabela ao lado). No entanto, os alimentos lideram o ranking das alergias. "Potencialmente, todo alimento pode causar alergia, mas existem alguns que são mais alergênicos do que outros, como o leite, o trigo, o ovo, o amendoim, o camarão e algumas frutas, como kiwi, manga e banana." O alergista Bossois esclarece que as alergias podem ser respiratórias, dermatológicas e alimentares e os sintomas dependem do quadro clínico de cada paciente. "No caso das alergias respiratórias as reações podem ser as inflamações das vias respiratórias, como rinite, sinusite, faringite e asma. Já no caso das alergias dermatológicas, é comum aparecerem urticárias (manchas e erupções que coçam) provocadas pelo contato ou inalação de produtos químicos e picadas de insetos. E as alimentares provocam problemas gastrointestinais, como prisão de ventre, diarréia ou doença do refluxo, que pode levar a úlcera ou câncer do esôfago", detalha o médico. No nonnono no no nononono no nonono no nononono no nonnono no no nononono no nonono no nononono nononnono no no ENTENDENDO O MOTIVO O Dr. Marcello Bossois explica que as alergias são reações exageradas do organismo a substâncias que levam ao desregulamento de um hormônio conhecido como histamina - responsável por desencadear as crises alérgicas. "A pessoa alérgica possui uma resposta de defesa exacerbada a certas substâncias. Quando as crises ocorrem, elas desregulam as células do sistema imunológico e, por isso, é comum a pessoa alérgica se queixar com frequencia de infecções respiratórias, dermatológicas ou no intestino." Apesar de sempre haver um motivo para uma alergia se manifestar, a genética é a principal causa por tantos incômodos. "Ela é como uma arma carregada. E o gatilho que faz essa arma disparar são os elementos alergênicos", compara Bossois que afirma que as alergias afetam 35% da população mundial. Membro de um grupo de pesquisa da Universidade do Texas que vem coletando dados a respeito da alergia hormonal nas No nononono nonononononono ONDE ELA SE ESCONDE As alergias podem ser provocadas por diversos motivos, mas a principal causa é a genética de cada um. Porém, algumas substâncias são famosas por provocarem reações alérgicas. De acordo com os especialistas, os elementos alergênicos mais comuns são: Alimentos, como o leite, o ovo, a carne de porco e o camarão Conservantes e corantes presentes em sucos artificiais, gelatinas, balas e caldos de carne Medicamentos, como antiinflamatórios, antibióticos e anestésicos Produtos químicos e de limpeza, como sabão em pó, amaciantes e detergentes Pêlos de animais domésticos ou não Fungos ou bolores Ácaros Látex de borracha Pólen

Materia de.qxp 19/3/2009 00:36 Page 24 No nononono nonono no no nonono nono no nononono nonono no no nno nono no nononono nonono no no nno nono no nononono nonon No nononono nonononononono mulheres, Bossois relata que elas podem ser mais suscetíveis a alergias do que os homens. "No pico hormonal, há uma desproporção da progesterona em relação ao estrogênio que pode provocar doenças alérgicas, como rinite, asma e urticárias. Quando a mulher sai do pico ovulatório e os níveis de progesterona abaixam, a alergia melhora." De acordo com o alergista, o resultado do estudo deve sair em junho desse ano. No nnonono no nononon no nonono no non onon nononono no nononon non onono no non onon nononono no n ononon nononono no non onon no nononononono 24 ANIMAIS DOMÉSTICOS E HIGIENE Em seu artigo História e Alergia, o especialista Dr. Raul Emrich Melo explica que há muito tempo as alergias causam desconfortos aos seres humanos. E, assim como a sociedade e os estilos de vida, elas também evoluíram e se modificaram. "O contato com animais tornaria os RevistaVegetarianos.com.br humanos cada vez mais sensíveis a partículas protéicas que não existiam cotidianamente na época em que passamos a andar sobre dois pés. Cães e gatos passaram a conviver conosco, desencadeando uma avalanche de sintomas alérgicos. Mas não apenas foram os pequenos animais domésticos. Grandes animais, domesticados milhares de anos atrás, também trouxeram a possibilidade de novas reações indesejadas." O alergista explica que uma das características da alergia é a produção exagerada de um anticorpo conhecido como imunoglobina E, que reage às certas verminoses intestinais. Porém, são justamente esses vermes que protegem o organismo das reações alérgicas. "Alguns estudos mostram que populações com elevado índice de verminose apresentam menos quadros de alergia. Por outro lado, países que controlaram os níveis de infestações na população, situam-se no topo do ranking das nações mais alérgicas." Conhecida como 'Hipótese da Higiene', a teoria criada na Alemanha a partir de estudos com crianças afirma que a modificação dos hábitos alimentares e o menor número de infecções por água e alimentos contaminados, a partir do século 20, modificaram as bactérias intestinais e deixaram o sistema imunológico mais preguiçoso. Causando assim, um número maior de alergias. Junto a isso, o aumento dos poluentes na atmosfera foi determinante para o aumento dos casos.

Materia de.qxp 19/3/2009 00:36 Page 25 As alergias alimentares ma das mais comum atualmente, a alergia alimentar, ou seja, a reação contrária do organismo a um alimento específico pode apresentar sintomas não apenas no sistema gastrintestinal, mas também problemas respiratórios e reações na pele ou nos lábios. De acordo com a Associação Brasileira de Alergia e Imunopatologia (ASBAI), a alergia alimentar ocorre sempre após o consumo de alimentos ou aditivos alimentares, e pode ser não-alérgica ou alérgica. 'Exemplo de reação nãoalérgica são aquelas causadas por ingestão de alimentos contaminados por microorganismos. Estas se apresentam com febre, vômitos, diarréia e, geralmente, acometem várias pessoas que ingeriram os alimentos contaminados', informa a Associação. Já as manifestações das alergias alimentares tóxicas podem não só causar inchaço na pele e coceira, mas também problemas respiratórios, como tosse e rouquidão, e reações anafiláticas. Segundo a ASBAI, a reação anafilática também pode ser provocada por picadas de isentos ou medicamentos, ela ocorre de repente e pode ser fatal se o socorro não for prestado a tempo. No caso de ingestão de uma alergia alimentar tóxica, 'o alimento induz a liberação maciça de substâncias químicas que vai determinar um quadro grave de resposta sistêmica associado à coceira generalizada, inchaços, tosse, rouquidão, diarréia, dor na barriga, vômitos, aperto no peito com queda da pressão arterial, arritmias cardíacas e colapso vascular ou o choque anafilático'. A associação composta por alergistas de todo o País estima que as alergias alimentares acometem entre 6 e 8% das crianças com menos de três anos e entre 2 e 3% dos U adultos. OS ALÉRGICOS A GLÚTEN Eles não podem comer pães, massas, bolos, pizzas e também estão proibidos de tomar cerveja ou uísque, pois esses são alimentos e bebidas que costumam conter glúten principal proteína encontrada no trigo, na aveia, no centeio, na cevada e no malte e derivados que danificam o intestino delgado e prejudicam a absorção dos alimentos. A solução para os alérgicos a glúten ou celíacos, como são conhecidos, é uma dieta de exclusão desses cereais e a busca OS ALIMENTOS MAIS ALERGÊNICOS Publicado em novembro de 2008, na revista Current Opinion in Pediatrics, o estudo comandado por um grupo de pesquisadores italianos afirma que apenas oito alimentos são responsáveis por 90% casos das alergias alimentares. São eles: A Leite Ovo Soja Amendoim Nozes Trigo Peixes Mariscos Causada por uma reação imunológica do organismo, principalmente em crianças predispostas geneticamente, a alergia alimentar pode causar problemas gastrointestinais, como diarréia ou prisão de ventre, manchas ou coceira na pele e dificuldades respiratórias. E, segundo a pesquisa, o problema vem aumentando em todo o mundo devido a um estilo de vida mais limpo em que a higienização afasta bactérias que poderiam estimular o sistema imunológico. Alguns especialistas, no entanto, acreditam que a facilidade em realizar o diagnóstico também pode ser uma explicação para o crescente número das alergias alimentares. RevistaVegetarianos.com.br 25

Materia de.qxp 19/3/2009 00:36 Page 26 por alimentos livres de glúten, como massas e bebidas de arroz, e que atualmente já podem ser encontrados em diversas lojas naturais. Do contrário, sintomas como diarréia crônica, desnutrição, anemia e falta de apetite podem ter consequências graves, como osteoporose, diabetes e câncer do intestino. Assim como os veganos, os celíacos sempre devem verificar os rótulos das embalagens para checar a composição dos produtos e podem sim levar uma vida normal. Para isso, devem aumentar o consumo de frutas, sucos naturais, verduras e legumes. Outro ponto importante é a troca de informação. Em seu artigo "Doença Celíaca: a evolução dos conhecimentos desde sua centenária descrição original até os dias atuais", a pesquisadora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Drª Vera Lúcia Sdepanian, recomenda que a pessoa aprofunde o conhecimento a respeito da doença e mantenha contato com outros celíacos para trocar receitas e dicas. "Justamente com o objetivo de minimizar as dificuldades para seguir uma dieta isenta de glúten, é que surgiram as Associações de celíacos. Em São Paulo, em 1985, a Disciplina de Gastroenterologia Pediátrica da Universidade Federal de São Paulo criou o Clube dos Celíacos, organizando reuniões com grupos de mães destes pacientes, para intercâmbio de informações, especialmente para a troca de receitas de alimentos sem glúten e para que uma equipe pudesse esclarecer dúvidas a respeito da doença." Quase dez anos depois, em 1994, a iniciativa da Unifesp resultou na fundação da Associação dos Celíacos no Brasil (Acelbra) que hoje oferece orientação médica aos pacientes, familiares e para a população em geral. LEITE: ALERGIA OU INTOLERÂNCIA? O professor de Administração, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Wilson Nobre, conta que desde os 20 tinha fortes dores de cabeças que melhoravam assim que ele tomava um antibiótico. Aos 45, ele resolveu procurar um otorrinolaringologista devido a dificuldades na respiração que vinha tendo. "O médico diagnosticou pólipos nos canais respiratórios que estavam obstruindo as vias respiratórias. Ele disse que eu teria que operar, mas não sou muito afeito a cirurgias. Então, procurei um médico antroposófico que me disse que eu estava simplesmente inchado, por isso a obstrução dessas vias. Ele pediu que eu retirasse alguns alimentos da minha dieta, como o leite, além de tomar uma vacina durante um período". Bastou uma mudança na dieta para que o problema do professor fosse resolvido. "Nunca imaginei que pudesse ser o leite", conta o professor que hoje está com 55 anos e descobriu sua alergia somente aos 48. Os sintomas apresentados por Wilson são típicos dos alérgicos ao leite, que não podem consumir leite e seus derivados de maneira alguma. Mas, diferentemente do que muitos pensam, essas pessoas não são as mesmas que possuem intolerância à lactose, como explica o vice-presidente da ASBAI, Drº Fabio Castro. "A intolerância à lactose é uma desordem metabólica em que a ausência da enzima lactase no intestino determina uma incapacidade na digestão de lactose (açúcar do leite). Os sintomas podem ser distensão abdominal e diarréia. Já na alergia, existe um mecanismo imunológico envolvido. Não existe alergia à lactose e sim a proteínas do leite, como a caseína." Castro esclarece que o alérgico ao leite deve estar atento não só 'a exclusão do leite e derivados da dieta, mas precisa certificar-se também da quantidade de cálcio na dieta. "A intolerância pode ser definitiva ou temporária devido a uma infecção intestinal, por exemplo. O tratamento nesses casos pode ser feito com o que nosso grupo chama de indução de tolerância oral e é feito com um medicamento chamado lactaid que deve ser ingerido junto com a alimentação." Porém, a ASBAI lembra que antes de qualquer tratamento deve ser feito somente após a consulta com um especialista e depois de diagnosticado o problema. 26 RevistaVegetarianos.com.br

Materia de.qxp 19/3/2009 00:36 Page 27 A ALERGIA NO VEGETARIANISMO Segundo estudo publicado na revista Current Opinion in Pediatrics 50% dos alimentos alergênicos mais comuns serem de origem animal. Já os outros 50% são de origem vegetal e importantes fontes de nutrientes para os vegetarianos. Entre esses alimentos está o amendoim - o mais problemático de todos, de acordo com a nutricionista Natalia Chede, do Departamento de Nutrição da Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB). "Em geral, o amendoim é o mais alergênico, mas todas as oleaginosas podem causar alergias em indivíduos mais sensíveis ou propensos geneticamente." A nutricionista explica que todas as oleaginosas são fontes de proteínas e de gordura monoinsaturada (presente também no azeite de oliva e no abacate), além de serem ricas em minerais importantes, como o ferro encontrado na castanha de caju, o zinco comum nas nozes, o cálcio nas amêndoas e o selênio na castanha-dopará. Caso o vegetariano tenha alergia a esses alimentos, Natalia tem suas recomendações: "se o vegetariano não puder consumir oleaginosas, ele deve comer bastante grãos e sementes, cereais integrais e caprichar nas porções de frutas e hortaliças na dieta. O selênio, infelizmente, dificilmente é encontrado em boas quantidades em outros alimentos". UMA VIDA SEM LACTOSE Ninguém na família da jornalista Sandra Leny Ângelo, de 36 anos, é adepto do veganismo. No entanto, a família precisou se adaptar a uma dieta sem leite e derivados depois do nascimento de Arthur Ângelo dos Santos, de 5 anos. Portador de uma síndrome rara conhecida como Kakubi, assim que nasceu Arthur ficou internado na UTI por 33 dias e foi alimentado com leite de vaca por uma sonda. "Percebi sangue nas fezes dele e comuniquei imediatamente a pediatra que pediu exames e constatou a intolerância à lactose", relembra Sandra que afirma nunca ter imaginado que o leite seria a causa para as cólicas, prisão de ventre e dermatite ao redor da boca do filho. Mesmo com uma bateria de exames feita assim que a criança saiu do hospital, Sandra afirma que ainda hoje não sabe se Arthur é intolerante à lactose ou alérgico ao leite. E diz viver um dilema porque nem mesmo os médicos chegam a um consenso em relação à dieta do filho. "Enquanto o pediatra e alergista dele me diz para continuar com a dieta de exclusão do leite e derivados, outros dois médicos sugerem que o alimento deve ser incluído na dieta do Arthur. Em muitos momentos, percebo que eu falo, e os médicos fingem que escutam e não levam em consideração as coisas que dizemos." Por causa de Arthur, a família parou de comprar produtos como queijos, margarina e salgadinhos. "Quando bebê ele tomava leite em pó de soja receitado pelo médico, depois passamos a comprar bebida a base de soja para fazer sobremesas e bolos. Com isso eu acabei me adaptando aos alimentos de soja. De certa forma nossa alimentação passou a ser mais saudável porque consumimos poucos desses produtos que já vêm prontos. Não compramos iogurtes, bolachas recheadas, essas sobremesas empacotadas e consumimos mais verduras, legumes e frutas, e também bolachas sem lactose", relata a mãe que passou a ler todos os rótulos dos produtos se diz satisfeita com a quantidade de alimentos sem lactose que encontra nos mercados, como leite condensado, creme de leite e ovo de páscoa. Entre todas as adaptações e as divergências entre os médicos, Sandra conta que a maior dificuldade é a falta de informação e preconceito das pessoas. "A maioria não entende que não podemos dar certos alimentos à criança. Se alguém oferece algo para ele e eu digo que não pode, acham que sou uma mãe cheia de 'frescura'. Hoje em dia, às vezes o próprio Arthur recusa certos alimentos dizendo que tem lactose. Mas independentemente de ele ter ou não alergia sou contra esse negócio de dizer que a criança fica doente por vontade de comer alguma coisa, como muitos fazem." RevistaVegetarianos.com.br 27

Materia de.qxp 19/3/2009 00:36 Page 28 Como tratar A pesar de não haver uma cura, as alergias podem ser tratadas e quando o tratamento é bem feito, todos os sintomas podem desaparecer. Mas antes disso é preciso consultar um especialista que irá realizar os testes alergênicos. De acordo com o alergista Dr. Marcello Bossois, coordenador do projeto Brasil Sem Alergia, o tratamento consiste basicamente em equilibrar os hormônios e o sistema imunológico do paciente. "Ele começa com um medicamento para cortar os efeitos da alergia concomitantemente com as vacinas, em seguida vem o controle do ambiente e a eliminação de alimentos e substâncias que causam a alergia." O médico explica que a vacina funciona como um regulador do equilíbrio corporal da pessoa e contém a mesma substância causadora da reação alérgica. "A vacina ou imunoterapia (termo mais correto no caso das alergias) possui a mesma substância causadora da alergia porém numa concentração muito menor e administrada por uma via diferente da causadora da alergia. Ela ensina o organismo a ter uma memória imunológica. Por exemplo, ao invés de a pessoa inalar ou respirar a poeira, essa mesma substância seria administrada subcutaneamente. Dessa forma, conseguimos regular o organismo a doenças alérgicas", explica Bossois que afirma que a imunoterapia se assemelha aos conceitos da homeopatia, como "semelhante cura semelhante" e "uso de diluições para o tratamento de doenças". Além disso, a ASBRAI informa que as pessoas com alergias alimentares graves devem portar cartões que as identifique para facilitar a prestação de socorro. NO DIA-A-DIA Além das vacinas e de uma dieta controlada, os alérgicos devem estar atentos ao meio em que vivem. Para o alergista Bossois, o controle do ambiente é um fator determinante na hora de tratar uma alergia. "Ele consiste em retirar tudo o que acumula pó, como carpetes e bichos de pelúcia, e substituir produtos químicos, como água sanitária, amaciantes, desinfetantes e sabão em pó por produtos de limpeza mais naturais, como água, álcool, detergentes biodegradáveis e sabão de coco. Além disso, evitar alimentos como leite, carne de porco e chocolate pode ajudar bastante." O médico explica também que revestir travesseiros e colchões com matérias sintéticos é importante para evitar o contato com ácaros, que No nnonono nononono nonononono no nnonono nono nono nonononono no nn on ono n ononono nononon se alimentam de uma substância presente na pele e nas penas de gansos utilizadas na confecção de travesseiros. "Não recomendo esses travesseiros porque os ácaros se alimentam de queratina, que é encontrada na nossa pele e nas penas de gansos. É importante revestir travesseiros e colchões com materiais impermeáveis, como PVC, porque esses objetos são grandes reservatórios de ácaros e cada pessoa passa em média oito horas na cama. Isso a longo prazo só piora casos de alergias." Os alergistas apontam também a importância do aleitamento materno no primeiro ano de vida da criança, pois o leite materno funciona como um imunológico natural. "Quando as pessoas me perguntam sobre o leite sempre digo que a vaca é um animal grande que produz leite para um filhote grande. Não para uma criança. O melhor leite é sempre o da mãe", sugere Bossois que também alerta para os banhos. "Banho muito quente ou muito frio não são bons porque causam choques térmicos, que liberam adrenalina que, consequentemente, mexe com a histamina que irá desencadear a alergia na pessoa já alérgica." Apesar de as alergias existirem a tempos, elas estão em constante mudança e variam conforme o estilo de vida. Cidades cada vez mais poluídas, consumo de alimentos industrializados e produtos químicos que terminam seu ciclo no ecossistema afetam não só a vida de todos, mas principalmente a saúde do planeta que responde a tudo isso com o No nononono nonononononono TESTANDO A ALERGIA As pessoas que chegam para realizar o teste alergênico no consultório do Dr. Marcello Bossois recebem dez pequenos furos no antebraço higienizado com álcool. "Os furinhos são praticamente indolor e cada um deles recebe um tipo de reagente diferente. Caso um furo apresente alguma reação, como vermelhidão ou formação de um carocinho como uma picada de isento, é sinal de que a pessoa é alérgica", explica uma das assistentes de Bossois. A Associação Brasileira de Alergia e Imunopatologia garante que esse tipo de teste é totalmente seguro. O resultado sai em cerca de 20 minutos. 28 RevistaVegetarianos.com.br