APROPRIAÇÃO DE RECURSOS HIPERMIDIÁTICOS EM REDE SOCIAL INCLUSIVA: ELEMENTOS FAVORÁVEIS À APRENDIZAGEM E À INCLUSÃO DIGITAL



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Transcrição:

APROPRIAÇÃO DE RECURSOS HIPERMIDIÁTICOS EM REDE SOCIAL INCLUSIVA: ELEMENTOS FAVORÁVEIS À APRENDIZAGEM E À INCLUSÃO DIGITAL Carla Lopes Rodriguez carlalrodriguez@gmail.com José Armando Valente jvalente@unicamp.br Carla Lopes Rodriguez Doutora em Artes Visuais, linha de pesquisa: "Cultura audiovisual e mídias" (IA Unicamp, 2011); Mestre em Multimeios (IA Unicamp, 2006) e graduada em Análise de Sistemas (Unimep, 1991). Possui experiência na área de tecnologia aplicada com ênfase na utilização das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) em contextos de aprendizagem. Tem interesse na utilização de recursos hipermidiáticos para a formação de comunidades virtuais de aprendizagem e estuda o potencial de equipamentos, ambientes e ferramentas que possam dar suporte à construção colaborativa de conhecimentos em rede. Investiga, principalmente, os seguintes temas: apropriação das TIC, Inclusão Digital, interação humano computador, uso de recursos hipermidiáticos em comunidades virtuais de aprendizagem, e learning José Armando Valente Livre Docente pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), mestrado e doutorado pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT). Professor do Departamento de Multimeios, Mídia e Comunicação do Instituto de Artes e pesquisador do Núcleo de Informática Aplicada à Educação (Nied) ambos da Unicamp, e pesquisador colaborador do Programa de Pós Graduação em Educação: Currículo, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (Puc SP). Coordenador do Grupo Gestor de Tecnologias Educacionais, Unicamp. Interessado em entender como a informática pode auxiliar o desenvolvimento da aprendizagem, principalmente o modo como o aprendiz pode continuar aprendendo ao longo da vida (lifelong learning mindset). Tópicos de pesquisa incluem criação de ambientes de aprendizagem baseados no uso de tecnologias digitais, desenvolvimento de metodologia usando estas tecnologias, de forma presencial ou a distância, para formar educadores para atuarem em escolas e em empresas, e estudo do potencial destas tecnologias como ferramenta educacional. 1

Resumo O objetivo do artigo é mostrar como a apropriação crítica e criativa das ferramentas hipermidiáticas pode contribuir para o desenvolvimento cognitivo, social e cultural de grupos de pessoas considerados digitalmente excluídas, que se relacionam em uma rede virtual. Descrevemos as experiências de dois grupos de usuários: um grupo do Telecentro da Casa Brasil, na Vila União, em Campinas SP, formado por 30 pessoas moradoras do bairro; e um grupo do Telecentro GESAC da Vila Monte Alegre, em Pedreira SP, formado por 8 pessoas, que participaram efetivamente das atividades de apropriação dos recursos da rede. Os participantes puderam utilizar recursos hipermidiáticos para criação de projetos e/ou produtos, individualmente ou em grupos, partindo do interesse de cada um. Os resultados mostram que é possível promover a aprendizagem e o domínio criativo dos recursos hipermidiáticos por pessoas que não estavam familiarizados com essas tecnologias. Elas foram capazes de selecionar e organizar informações, gerar conhecimentos e estabelecer relações de interesse e laços de amizade construídos entre os participantes. Segundo, mostrar que a utilização de tecnologias por pessoas digitalmente excluídas deve estar atrelada à disponibilização e acesso aos recursos tecnológicos e, também, a uma proposta metodológica que considere as particularidades e especificidades tanto dos usuários quanto da realidade na qual se encontram inseridos. 1. Introdução O desenvolvimento tecnológico das ferramentas digitais, disponíveis hoje na Internet, possibilita que qualquer pessoa que possua acesso às Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC), e tenha um nível de apropriação crítico dos recursos informatizados, possa tornar se produtor e distribuidor de conteúdos. Assim, podemos pensar que os meios digitais permitem o surgimento de um público ativo, com capacidade de interpretar e interagir de diversas formas com a informação apresentada e transformá la para seu próprio uso e do grupo ao qual está inserido. Surge, portanto, um novo tipo de consumidor de mídias que revoluciona o conceito de emissão e recepção de informação (transmissão), cunhado pelos estudos das mídias de massa. Os tipos de papéis que podem ser assumidos por usuários ativos, quando se inter relacionam em uma rede com esse tipo de recurso e estratégia, são diversos. Esses usuários, além de criar seus próprios conteúdos, podem participar da ampliação, seleção, distribuição, edição e/ou modificação de conteúdos produzidos por outros usuários. Assim, além de produzirem e consumirem os conteúdos (Toffler, 1980) também desenvolvem múltiplas atividades interativas com estes e com os demais usuários. 2

No âmbito do projeto e Cidadania 1, partimos da ideia de que a promoção da utilização de tecnologias por pessoas digitalmente excluídas deve estar atrelada a disponibilização e acesso aos recursos e, também, a uma proposta metodológica para aprendizagem de tecnologias que considere as particularidades e especificidades tanto dos usuários quanto da realidade na qual se encontram inseridos (Rodriguez, 2006). Assim, buscamos promover situações nas quais a aprendizagem ocorreu em aplicações concretas onde os recursos hipermidiáticos estavam disponíveis para criação de projetos e/ou produtos, individualmente ou em grupos, partindo do interesse dos aprendizes (Valente, 2001). No presente artigo são apresentadas as atividades que favoreceram a construção de competências e habilidades necessárias para a apropriação crítica e criativa dos recursos hipermidiáticos disponíveis na rede social inclusiva Vila na Rede (Vila na Rede, 2011). Participaram dessas atividades usuários de espaços públicos de acesso às TIC em dois municípios distintos do interior do estado de São Paulo (Brasil). Os participantes foram orientados a interagir, à distância, utilizando os recursos disponíveis na rede virtual. Nos dois contextos de Inclusão Digital definidos, foram criadas situações colaborativas de aprendizagem onde os usuários/aprendizes se apropriavam dos procedimentos, estratégias e dos recursos hipermidiáticos disponíveis para elaborar e divulgar produtos utilizando suportes audiovisuais. As atividades propostas permitiram investigar, além das formas de comunicação estabelecidas, as relações de interesse e vínculos de amizade construídos entre os participantes. Foram momentos de aprendizagem e uso efetivo das mídias que contribuíram realmente para o processo de Inclusão Digital dos grupos envolvidos. O resultado desta interação gerou o estabelecimento de laços comunicacionais, informacionais e de aprendizagem. 2. Metodologia e organização do estudo Participaram dessa experiência dois grupos de usuários/aprendizes: um grupo do Telecentro da Casa Brasil, na Vila União, em Campinas SP e um grupo do Telecentro GESAC da Vila Monte Alegre, em Pedreira SP. 1 e Cidadania Sistemas e métodos na constituição de uma cultura mediada por Tecnologias de Informação e Comunicação. O Projeto e Cidadania foi financiado pelo Instituto Microsoft Research FAPESP de Pesquisas em TI e teve por objetivo estudar e propor soluções aos desafios do design da interação e interface de usuário em sistemas relacionados ao contexto do exercício de cidadania, a partir do desenvolvimento de ações conjuntas com a comunidade alvo (e Cidadania, 2011). 3

2.1 Contexto e perfil do grupo do Telecentro da Vila União Vila União é um bairro, considerado de classes D e E 2, situado em Campinas, interior do estado de São Paulo. Possui características peculiares ao seu nome: seus habitantes são socialmente ativos e participam de diversas cooperativas, entre elas a Associação dos Moradores do Bairro; a Cooperativa das Mulheres Artesãs a Cidarte e o cursinho pré vestibular alternativo o Educafro. Essas características motivaram a escolha do CRJ (Centro de Referência da Juventude), situado nesse bairro, para sediar o cenário experimental do projeto e Cidadania. O CRJ é um espaço público, mantido pela Prefeitura Municipal de Campinas, que abriga projetos de cunho inclusivo como, por exemplo, o Projeto Casa Brasil 3 e o Programa Jovem.com 4. A partir de reuniões com alguns líderes comunitários, um grupo de 15 pessoas, entre elas, representantes de associações, do Jovem.com e outras com diferentes papéis na sociedade do bairro (boleira, cabelereira, faxineira e dona de casa), foi convidado a participar do Projeto. Oficinas participativas regulares reunindo além destes os pesquisadores do Projeto e desenvolvedores de sistemas computacionais possibilitaram uma relação estreita entre todos os envolvidos e um entendimento compartilhado de ambos os lados: acadêmico da pesquisa e social do cotidiano dessas pessoas e seu envolvimento progressivo na constituição de uma cultura digital a partir e através do sistema Vila na Rede. A Figura 1 mostra pesquisadores trabalhando com os participantes do Projeto. Figura 1: participantes do Projeto e Cidadania em oficina semio participativa Onze oficinas participativas foram realizadas ao longo de dois anos do Projeto, com esse grupo de cerca de 30 pessoas, entre moradores do bairro, pesquisadores e desenvolvedores de software. O perfil dos participantes, portanto, era bem diverso. Mesmo entre os participantes que moram no bairro, diversas idades e níveis de escolaridade e alfabetização digital estiveram presentes. 2 De acordo com critério do CCEB Critério de Classificação Econômica Brasil. 3 O projeto Casa Brasil leva às comunidades computadores e conectividade, e privilegia, sobretudo, ações em tecnologias livres aliadas a cultura, arte, entretenimento, articulação comunitária e participação popular (Casa Brasil, 2011). 4 O Programa Jovem.com é desenvolvido pela Prefeitura Municipal de Campinas SP e prevê a inclusão digital de jovens com idades entre 15 e 29 anos, por meio de bolsas de estudos, que podem variar de R$ 60 a R$ 500 (Jovem.com, 2011). 4

Essa diversidade era um dos requisitos do projeto em termos de audiência, uma vez que pensa o desenho de sistemas que são para todos, em sua maior extensão possível. 2.2 Contexto e perfil do grupo do Telecentro da Vila Monte Alegre O Telecentro da Vila Monte Alegre é um espaço público de acesso às TIC mantido pela prefeitura municipal de Pedreira SP com recursos do GESAC 5. O acesso à Internet via banda larga é garantido por sinal de rádio distribuído por meio de uma infovia municipal. Geograficamente está situado no bairro mais antigo do município de Pedreira, atendendo não só a comunidade da região como também outros moradores da cidade. Para disseminar a rede social inclusiva Vila na Rede foram convidados 15 usuários/aprendizes que participavam das aulas de Inclusão Digital no telecentro. Destes, um total de oito pessoas (7 mulheres e 1 homem), participaram efetivamente das atividades de apropriação dos recursos da rede. A Figura 2 mostra alguns dos participantes desenvolvendo atividades na Vila na Rede. Figura 2 usuários do Telecentro da Vila Monte Alegre Pedreira SP Alguns participantes das atividades realizadas na Vila na Rede A faixa etária do grupo variava de 40 a 72 anos, sendo que três pessoas estavam na faixa entre 51 e 60 anos. Os demais estavam assim distribuídos: duas pessoas com idade variando entre 61 e 70 anos; duas pessoas entre 41 e 50 anos e uma, a única do sexo masculino, com 72 anos de idade. 5 O GESAC é um programa de inclusão digital do Governo Federal, coordenado pelo Ministério das Comunicações, através do Departamento de Serviços de Inclusão Digital, que tem como objetivo promover a inclusão digital em todo o território brasileiro (GESAC, 2011). 5

Como ocupação a maioria atuava como dona de casa, uma delas era também auxiliar de serviços gerais, e o participante do sexo masculino era comerciante do ramo de alimentação. Com exceção deste, o que unia as participantes do sexo feminino era o interesse pela confecção de peças de artesanato. Em relação ao nível de apropriação dos recursos tecnológicos, todos estavam iniciando o contato com o computador, aprendendo a navegar na Internet e a manusear a conta de correio eletrônico. 3. Análise histórica O projeto e Cidadania teve início em outubro de 2007. Participaram de sua concepção e desenvolvimento pesquisadores e alunos de pós graduação da UNICAMP junto a um grupo de pessoas do bairro Vila União, de Campinas SP, que representavam diversos setores da comunidade. O ambiente Vila na Rede previa o estabelecimento de uma rede social inclusiva com suporte às diversas formas de expressão por meio de ferramentas que permitissem a comunicação por texto, imagem, áudio e vídeo. A Figura 3 mostra a página inicial do ambiente. Figura 3 Página inicial do ambiente Vila na Rede 6

Foram várias as fases do projeto, desde a concepção, análise, desenvolvimento e divulgação do sistema para que a rede pudesse ser disseminada e apropriada por outras pessoas de outras comunidades. Desde o final de 2008, primeiro ano do projeto, versões funcionais do sistema foram sendo incrementalmente disponibilizadas para uso. Seguindo o método ágil de desenvolvimento de sistemas computacionais (Bonacin, Rodrigues e Baranauskas, 2008), as funcionalidades incluíram já em sua versão inicial: Navegação, criação, edição e comentário em três diferentes tipos de anúncios (produtos, serviços, idéias e eventos), usando entrada de texto, upload de imagem e gravação de áudio ou vídeo, onde vídeo distingue vídeos com e sem linguagem de sinais; Registro, Log on e recuperação de Password usando passwords textuais ou sequência de imagens; Formulário de contato simples. Na sua versão final o sistema inclui também: menu circular como representação alternativa ao menu linear, ferramenta para conversação online em tempo real, indicador de presença, ferramenta de áudio anúncio, histórico de contribuições na rede, gravação e upload multimedia como funcionalidade ortogonal a todo o sistema (no perfil do usuário, no formulário de contato etc.), ferramenta de colaboração (o autor de um anúncio pode permitir a colaboração de outros com permissão de edição), ferramenta de visualização da rede social, apresentador virtual, mecanismos de meta comunicação, de ajustes entre outras para apoio aos usuários. Vila na Rede, o sistema de rede social inclusiva desenvolvido, representou o objeto para pensar sobre do projeto e Cidadania. O desenvolvimento ágil de software foi integrado a um modelo de design com a participação das partes interessadas, que adotou uma visão sócio técnica inspirada em conceitos de Semiótica Organizacional e em práticas de Design Participativo (Baranauskas, Hornung e Martins, 2008). Visando incorporar novos usuários a esse contexto, em março de 2009, a rede foi apresentada aos grupos de Inclusão Digital da Vila Monte Alegre do município de Pedreira SP. 4. Objetivos Particularmente, pretendemos com esse artigo divulgar, contribuir e ampliar as investigações sobre a apropriação crítica e criativa das ferramentas hipermidiáticas e o impacto desse uso para o desenvolvimento cognitivo, social e cultural dos grupos que se relacionam em uma rede virtual. É importante refletir sobre as consequências da expansão dessas redes e seus recursos em 7

relação aos hábitos de utilização, atuais e futuros, as expectativas geradas, as formas de representação escolhidas e a maneira de se sociabilizar e construir conhecimentos. O intuito de incluir o grupo que participava das atividades de Inclusão Digital no Telecentro da Vila Monte Alegre na Vila na Rede foi o de disseminar a rede social inclusiva, e encontrar interlocutores capazes de atuar colaborativamente com os demais grupos envolvidos. Especificamente buscou se explorar os recursos hipermidiáticos disponíveis de forma que, ao possibilitar o estabelecimento de uma rede de contatos, a troca de ideias e a construção do conhecimento via diversas formas de expressão (texto, áudio, vídeo), fossem capazes de consolidar a rede social inclusiva como um canal de Inclusão Digital. 5. Atividades desenvolvidas, procedimentos adotados e resultados alcançados Nesta seção apresentamos as atividades desenvolvidas junto ao grupo de participantes do Telecentro da Vila Monte Alegre, nos 5 encontros presenciais realizados, e os procedimentos adotados para conduzir a experiência. Também são apresentadas as atividades desenvolvidas, paralelamente, com o grupo de participantes da Vila União e as interações significativas estabelecidas entre os dois grupos. Para melhor exemplificar os resultados alcançados com esta vivência, e a riqueza do trabalho, ilustraremos a diversidade de situações vividas pelos participantes definindo alguns cenários de uso dos recursos hipermidiáticos. 5.1 Pedreira na Vila na Rede Ao apresentarmos a proposta de uso dos recursos da rede social inclusiva aos grupos que participavam das atividades de Inclusão Digital no telecentro da Vila Monte Alegre a adesão foi imediata! Todos aceitaram o convite para participar do projeto, entusiasmados com a possibilidade de aprender a utilizar os recursos audiovisuais disponíveis para conhecer outras pessoas, trocar idéias e construir uma rede de contatos. Ficou então definido um encontro semanal com cada grupo no próprio horário das aulas de Inclusão Digital. Foram realizados cinco encontros presenciais com duas turmas distintas e duração de aproximadamente 1h e 30 min. Em cada encontro era proposta ao grupo uma atividade que permitisse investigar a relação individual dos participantes enquanto aprendiam e utilizavam os recursos disponíveis. Foram momentos de aprendizagem e uso efetivo das mídias e, para tanto, as atividades previstas envolviam aspectos técnico pedagógicos necessários para que os participantes se apropriassem dos recursos. Em relação a estes aspectos entendemos que estávamos diante de um grupo de 8

pessoas adultas bastante heterogêneo, com interesses e motivações distintas. Assim, era importante respeitar a individualidade de cada participante, sua vontade e tempo necessário para aprender determinado recurso e estabelecer uma dinâmica que favorecesse a aprendizagem e priorizasse o envolvimento de cada um em todo o processo de apropriação. As perspectivas teóricas que nortearam esta vivência envolveram, em especial, as de orientação sócio cultural de Vigotsky (2001) por apontarem e reconhecerem a importância da interação para o processo de construção de conhecimentos. Outro conceito adotado foi o de aprendizagem continuada ao longo da vida, que se dá em um processo de formação constante, onde todos os envolvidos têm a possibilidade de aprender em conjunto, colaborativamente, refletindo sobre a própria experiência e ampliando a com novas informações (Valente, 2004). 5.2 Interações hipermidiáticas: momentos de aprendizagem Buscando respeitar o movimento de apropriação vivenciado pelos participantes nas aulas de Inclusão Digital planejamos, para cada encontro, momentos que pudessem complementá las e incrementá las gradativamente. Assim, as atividades eram previamente apresentadas e discutidas junto ao monitor responsável pela turma que, no dia em que eram aplicadas, assumia o papel de auxiliar na condução e avaliação destas. Foram planejadas e aplicadas as seguintes atividades: a. Cadastro e exploração livre no sistema Tendo como principal objetivo proporcionar ao grupo um primeiro contato com os recursos da Vila na Rede, apresentamos o sistema, discutimos seu potencial e investigamos qual motivação cada participante tinha para se envolver na rede. A Figura 4 mostra os participantes da rede desenvolvendo atividades em grupo e individualmente. Figura 4 Atividade Apresentação, Cadastro e Exploração livre Telecentro da Vila Monte Alegre Estrategicamente havíamos publicado um anúncio, sobre o Telecentro, ilustrado com fotos do grupo nas aulas para Inclusão Digital. Quando o anúncio foi exibido, inclusive com um comentário postado por uma pessoa da Vila União, de Campinas, todos se entusiasmaram e 9

mostraram se mais interessados em participar da rede. Estava claro que identificar se no ambiente por meio da foto e constatar a possibilidade de diálogo estabelecida pelos comentários favoreciam a motivação para o grupo apropriar se do mesmo. Durante o cadastro no sistema, realizado individualmente por cada participante com o auxílio do monitor, foi possível identificar alguns aspectos técnico pedagógicos anteriormente previstos como: baixo nível de alfabetização/letramento digital; pouca destreza para utilizar o mouse e dificuldades para definir uma identificação e senha que pudessem ser facilmente recordadas quando um novo acesso fosse necessário. Apesar das dificuldades com o preenchimento do formulário de cadastro, ao acessarem a Vila na Rede, as participantes do sexo feminino logo se identificaram com o conteúdo dos anúncios disponíveis. Estes conteúdos, em sua maioria, relacionados a receitas culinárias e artesanato não interessaram o participante do sexo masculino, que manifestou verbalmente sua decepção dizendo que a Vila na Rede era para mulheres! Entretanto, assim como as mulheres, ele se entusiasmou ao identificar a presença de outros usuários cadastrados e logados na rede no canal Quem está online e atribuiu grande valor ao espaço de relações possível de ser estabelecido nos anúncios. Ao final identificou se com um anúncio de críticas ao sistema de saúde publica e, satisfeito e envolvido pelo tema, decidiu registrar sua opinião, iniciando assim sua participação na rede. b. Eu, você, nós na Vila na Rede Buscando atender as expectativas do grupo, e testar o potencial de aprendizagem suportado pelo ambiente hipermidiático, planejamos uma atividade cujo objetivo era possibilitar aos participantes expressarem o que gostariam de aprender e o que poderiam ensinar na Vila na Rede. Para isso um anúncio intitulado Eu, você, nós na Vila foi criado no espaço Ideias utilizando apenas texto, como mostra a Figura 5. Ao acessarem o sistema com seus dados de identificação e senha os participantes acessaram o anúncio e iniciaram seus comentários registrando, também em texto, seus desejos sobre o tema proposto. 10

Figura 5 Anúncio da Atividade: Eu, você, nós na Vila e primeiros comentários Página do sistema Vila na Rede Esta atividade possibilitou nos compreender que as dificuldades com a expressão escrita iam além da falta de destreza com o a estrutura física do teclado. Interpretar o que o texto do anúncio estava propondo só foi possível para alguns com o apoio da nossa explicação oral. Ainda assim, mantiveram se atentos e concentrados na leitura, (postura assumida pela maioria dos aprendizes adultos) uns mentalmente e outros verbalizando o que liam na tela. Somente após concluírem a leitura iniciaram a escrita do comentário. No momento da redação a fizeram diretamente na janela de edição do texto, dispensando por completo o suporte em papel para rascunho ou anotações em paralelo. Apesar da dificuldade com algumas funções do teclado como backspace, enter e barra de espaço, pareciam confortáveis com a ação de escrever na caixa de edição. Isto se deve ao fato que estes usuários participam das atividades de Inclusão Digital que inclui oficinas para utilização de editor de texto. A maior dificuldade para escrever apareceu tanto gramaticalmente quanto na estruturação das frases. Em relação ao desejo de ensinar e aprender na rede, todos acreditavam terem muito que aprender, mas bastante resistentes em expressar o que poderiam ensinar (não se sentiam capazes). Esta atitude é muito comum em grupos que participam de processos de Inclusão Digital. Alguns possuem a crença de que a tecnologia não é para eles (Sorj, 2003) como se não tivessem o direito de conhecê la e poder optar por utilizá la, ou não, em seu benefício e do grupo ao qual está inserido. Mostraram se fortemente presentes nesta atividade aspectos relacionados à cultura oral ao em vez da cultura letrada e questões relacionadas a gênero. Observamos ainda que alguns usuários 11

apresentavam em seu discurso traços da cultura digital em formação. Como, por exemplo, uma participante que dialoga com a caixa de edição como se estivesse dialogando com os usuários que provavelmente lerão sua resposta. Ela inicia seu comentário da seguinte forma: Minhas amigas, eu gostaria de passar para vocês um pouquinho do meu trabalho.... As palavras quem e alguém sugerem que outras duas usuárias supõem a existência de interlocutores na rede. Uma delas escreve em seu comentário:... quem estiver interessado a ter alguma orientação eu posso dar e a outra, por sua vez, anuncia:... se tiver alguém na rede que sabe ficaria muito grata se me passasse as dicas. Estava lançada a semente da interação, mas quem seriam os interlocutores capazes de cultivá la? Deste momento em diante o grupo ansiava por encontrar respostas aos seus anseios na rede. c. Respondendo os comentários O objetivo deste encontro era proporcionar aos participantes uma real interação (assíncrona) com outros usuários da rede por meio de possíveis respostas aos comentários postados por eles. Durante a semana verificamos que alguns usuários da rede, tanto do grupo da Vila União como outros, haviam acessado o anúncio Eu, você, nós na Vila e se manifestado interagindo com os comentários postados ali. Assim, foi proposto como atividade prática a identificação destes interlocutores, a interpretação das respostas encaminhadas por estes e a elaboração de um novo comentário aceitando ou não a colaboração proposta. O exercício foi realizado utilizando expressão textual, indicadas na Figura 6. Pudemos observar um pequeno avanço em relação ao uso dos recursos do teclado e uma grande satisfação ao receber uma resposta de alguém que, apesar de não conhecerem presencialmente, estava disposto a ajudá los a aprender algo. 12

Figura 6 Exemplos de respostas dos usuários aos comentários realizados pelos participantes. Página de comentários Anúncio Eu, você, nós na Vila Entre outros, foram estabelecidos os seguintes diálogos: Sr. Alexandre desejava aprender a desenvolver um site e Ricardo, um blogueiro, tornou se seu interlocutor, sugerindo auxiliá lo na elaboração de um Blog. Vânia manifestou seu desejo de aprender a bordar com lantejoulas e Lina, usuária da Vila União, possuía conhecimentos de várias técnicas para aplicação de lantejoula e estava disposta a ajudá la. Celene comentou que poderia ensinar crochê e Lia, uma usuária da Vila na Rede interessada em trabalhos manuais, manifestou seu interesse em aprender com ela. Posteriormente Lia ensinou à Celene como trabalhar com um determinado ponto de crochê o qual aquela desconhecia. Marta comentou que gostaria de aprender a escrever e a ler melhor e Larissa, universitária em Letras, estava disposta a ajudá la nisso. Todos os participantes ficaram surpresos com os contatos estabelecidos e ainda mais motivados com a possibilidade concreta de aprenderem e ensinarem na rede. 13

Iniciávamos então uma nova etapa: a exploração de outras mídias para proporcionar aos participantes vivenciarem outras situações hipermidiáticas. d. Complementando um comentário Disponibilizamos para este encontro uma câmera digital e propusemos a cada participante que complementasse seus comentários ilustrando com áudio, foto e vídeo o desejo de ensinar/aprender, como indicado na Figura 7. Esta atividade explicitou a disposição do grupo para encarar o desafio de aprender a manipular os recursos básicos da câmera (foco, zoom, flash, etc.) e consolidou a colaboração entre os pares. Revezando o equipamento, os participantes assumiam por um momento o papel de fotógrafos e no momento seguinte de fotografados. Figura 7 Complementação dos comentários usando imagens e interação com usuários da Vila União Página de comentários anúncio Eu, você, nós na Vila A câmera foi encarada também como um interlocutor. Se ver e poder ser visto na imagem (foto e vídeo) gerou um misto de euforia e constrangimento. Não houve preocupação com o espaço público de veiculação das imagens e sim a consciência de que a divulgação do seu desejo por meio da imagem ampliava o potencial de estabelecer vínculos com os outros usuários da rede. 14

Para o grupo em questão poder se expressar de outras formas, que não a textual, permitia um grande avanço em relação ao conteúdo das mensagens representarem realmente o que queriam divulgar. A oralidade, fortemente presente no grupo, era favorecida pela exploração dos recursos audiovisuais disponíveis. e. Criando um anúncio Uma vez conhecidos os recursos disponíveis, e buscando ampliar o uso de outros canais da rede, planejamos para este encontro uma atividade de criação de um anúncio próprio. Os participantes puderam escolher o canal que melhor divulgasse seu interesse (Produto/Serviço, Ideia ou Evento) e criaram um anúncio utilizando qualquer tipo de mídia disponível. De acordo com o desejo de expressão (oral, imagética, textual) individual a maioria dos participantes se expressou por meio de texto e foto. Alguns utilizaram vídeo por julgar mais adequado ao tipo de anúncio que queriam divulgar. A Figura 8 ilustra alguns dos anúncios criados durante a atividade. Figura 8 Anúncios criados pelas participantes canal Idéias do Vila na Rede A partir da criação dos anúncios a interação entre os usuários da rede, os participantes da Vila Monte Alegre e os participantes da Vila União se fortaleceu. Os participantes sentiram se capazes de se manifestarem usando os recursos tecnológicos e esta possibilidade refletiu também nas aulas de Inclusão Digital. Começaram a se corresponder por correio eletrônico com outros usuários e a convidar mais pessoas para participar da rede. O resultado desta interação gerou o estabelecimento de laços comunicacionais, informacionais e de aprendizagem. Para ilustrar este resultado detalharemos dois cenários de uso dos recursos hipermidiáticos: 15

f. Cenário 1: aplicação de lantejoulas O desejo de uma participante do Telecentro da Vila Monte Alegre (Vânia) em aprender a bordar usando lantejoulas despertou em uma usuária do Telecentro da Vila União (Lina) a vontade e a disponibilidade para ensinar o que sabia sobre o assunto. Munida de tecido, agulha, linha, câmera digital e muita disposição, Lina disponibilizou na rede o primeiro vídeo explicando as técnicas do bordado. Na outra ponta da rede, muito entusiasmada, Vânia, seguindo as instruções gravadas no vídeo, iniciou seu bordado em um pedaço de pano, para testar. Com dúvidas em relação à aparência do avesso do tecido bordado, gravou um vídeo para que sua professora pudesse auxiliá la no esclarecimento desta dúvida, como mostra a Figura 9. Mais do que esclarecer, Lina gravou um novo vídeo com outras técnicas e, dessa vez, exibiu também as formas como o bordado ficava no tecido depois de aplicada determinada técnica. Figura 9 Vídeo explicativo sobre aplicação de lantejoulas, vídeo resposta da aprendiz e foto resultado. Página do anúncio Aplicação de lantejoulas Como resultado desta atividade Vânia exibiu na rede, toda orgulhosa, sua peça pronta bordada com as técnicas que aprendeu com a Lina. Esta, além de acompanhar todo o movimento de 16

aprendizagem da Vânia, pode constatar a inovação na utilização de outras peças, que não só lantejoulas, utilizadas pela aprendiz. g. Cenário 2: pontos de crochê A disponibilidade de uma participante do Telecentro da Vila Monte Alegre (Celene) em ensinar pontos de crochê despertou o interesse de uma usuária da rede (Lia) que decidiu aprender a fazer uma toalha colorida que Celene havia disponibilizado em foto na rede. Começou entre elas uma troca de receitas de pontos, cores e formatos. Celene iniciou criando um anúncio sobre a confecção da Toalha coloridinha e gravou um vídeo da amostra do ponto utilizado, ilustrando também, com fotos, cada momento do processo, como ilustrado na Figura 10. Figura 10 Vídeo explicativo sobre amostra de crochê e vídeo resposta da aprendiz Página do anúncio Toalha Coloridinha na Vila na Rede Lia seguiu as orientações elaboradas por Celene e mostrou para esta, em vídeo, o resultado alcançado. No mesmo vídeo ela reporta uma dúvida sobre a última carreira do trabalho. Celene então prepara um novo vídeo com a explicação sobre como desenvolver a última carreira, como é mostrado também na Figura 10. 17

6. Marco conceitual e teórico O desenvolvimento tecnológico das ferramentas digitais, disponíveis hoje na Internet, favorece a possibilidade para que qualquer pessoa, que possua acesso às TIC, e tenha um nível de apropriação crítico dos recursos informatizados, possa tornar se produtor e distribuidor de conteúdos. Desde que as TIC foram disseminadas, e estão disponíveis para a apropriação pelos cidadãos, quer seja no âmbito do acesso particular ou em espaços públicos, muitos paradigmas estão sendo quebrados. Da constatada possibilidade de transcender as barreiras geográficas e os limites da relação espaço tempo é no aspecto informacional, comunicacional e na possibilidade de estabelecer relações de aprendizagem entre as pessoas, que o avanço permitido é mais significativo. Tecnologicamente a hipermídia costuma ser definida como um conjunto de ligações interativas multimidiáticas. Em termos de acesso à informação define Silva (2006, p. 23 e 24): O termo hipermídia corresponde à mesma definição do termo hipertexto a diferença é que às informações textuais agregam se outros suportes midiáticos de diferentes formatos e mídias correspondentes, como imagens, gráficos, sequências de vídeo, de áudio, animações etc. A hipermídia é, pois, uma base de dados no qual o usuário navega de informação em informação através de links de forma não seqüencial, com total liberdade de construir seu próprio percurso de acesso e utilização da informação. Pedagogicamente possibilita várias formas de interação entre as pessoas podendo, além de informar, auxiliar na concretização da aprendizagem. Nesta linha de pensamento agrega Falkembach (2001) ao conceito de hipermídia a possibilidade de exercitar uma nova forma de gerenciar informações. Além de consultar conteúdos disponíveis em várias mídias a estrutura hipermidiática possibilita criar, alterar, excluir e compartilhar. Possuindo características próprias tais como não linearidade, possibilidade de exibição e manipulação de figuras, vídeos, áudio, textos, gráficos, animações e interatividade, que pemitem várias combinações, a hipermídia pode ser considerada uma nova linguagem (Santaella, 2004). Esta nova linguagem, híbrida, é aberta no que se refere às características técnicas de sua estrutura e possibilita, pedagogicamente falando, outras formas de gerenciar, mediar e representar os conhecimentos construídos. Pensados dessa forma dispositivos que abrigam recursos hipermídiáticos, unindo em um único espaço vários tipos de mídias e conteúdos, disponibilizam uma variedade de linguagens que se complementam gerando o que Santaella (2004, p.48) confirma é chamada convergência das mídias : 18

A hipermídia mescla textos, imagens fixas e animadas, vídeos, sons, ruídos, em todo um complexo. Essa mescla de várias tecnologias e várias midias, anteriormente separadas e agora convergentes em um único aparelho o computador, que é comumente chamada de convergencia das mídias. De acordo com a autora a arquitetura hipertextual permite ainda uma organização reticular dos fluxos informacionais. Assim a não linearidade favorecida pelos ambientes hipermidiáticos permite uma participação mais interativa e ativa do usuário e, consequentemente, favorece a aprendizagem (Santaella, 2004). Nesta linha de pensamento, Lévy (1999, p. 27) considera que a digitalização concede ao hipertexto características distintas das que possuía antes: O suporte digital traz uma diferença considerável em relação aos hipertextos que antecedem a informática: pesquisa nos sumários, o uso dos instrumentos de orientação a passagem de um nó a outro são feitos, no computador, com grande rapidez, da ordem de alguns segundos. Por outro lado, a digitalização permite a associação na mesma mídia e mixagem precisa de sons, imagens e textos. De acordo com esta primeira abordagem, o hipertexto digital seria definido como a informação multimodal disposta em uma rede de navegação rápida e intuitiva. Portanto, podemos pensar que a possibilidade de interação (usuários/conteúdos e usuários/usuários) por meio da utilização de diversos tipos de elementos textos, figuras, vídeos, sons, animações, gráficos, entre outros interligados por meio de nós de conexão, e gerenciados de maneira não linear (ou seja, hipertextual), compõe as principais características de um ambiente hipermidiático. Reforçando esta afirmação encontramos, de forma geral, em Bonfim e Malteze (2006), uma definição de ambiente hipermídia como um sistema digital que integra diversas mídias de forma a proporcionar aos usuários uma máxima interação. Esta possibilidade favorece aos usuários destes ambientes a utilização de diversificadas formas de expressão dando lhes a possibilidade de assumirem um novo papel: o de produtores de conteúdos. Alvin Toffler (1980) convencionou chamar de prosumers (prosumidores em português) a mistura entre consumidor e produtor de bens e serviços. Segundo este autor, o modelo de produção em massa atingiria um ponto de saturação levando a indústria a procurar níveis cada vez maiores de personalização de seus produtos. A economia tenderia para um modelo onde cada produto seria feito à medida de cada consumidor, segundo as suas preferências. Assim, a atitude de um usuário prosumidor é pró ativa, ou seja, ele responde ativamente ao que lhe é fornecido, reflete sobre o que realmente lhe interessa como resultado e comunica se sobre isto. Em Morace (2009) o consumidor contemporâneo é visto como ator (que protagoniza e recusa a banalidade do consumo em favor de uma experiência ativa) e autor (que tem voz ativa) nas suas escolhas de consumo. A ideia central é que o consumidor autor é uma espécie de empresa 19

criativa que não aceita passivamente o que lhe é oferecido e lança tendências à sua maneira. Ele quer interferir, criticar, manipular o que é apresentado e fica cada vez mais difícil distinguir entre aquilo que consomem e aquilo que produzem. Atualmente, esse perfil é adequado para usufruir os serviços disponíveis na então chamada segunda geração da Internet, a Web 2.0 6, que permite aos usuários saírem da condição de leitores/receptores de informação para assumirem o papel de produtores/disseminadores de conteúdo. Segundo Ugarte (2007) esta estrutura tecnológica, que favorece a colaboração em rede, permite colocar um fim à separação do produtor/consumidor de informações. Derruba se assim o poder das grandes corporações que definiam o que seria produzido e selecionavam o que seria distribuído na rede. São os usuários os que produzem e distribuem os conteúdos. Respeitando esses aspectos e baseando nos em Coll (2001), elencamos alguns aspectos técnicopedagógicos que merecem ser observados quando necessitamos selecionar recursos e configurar um ambiente virtual hipermidiático com potencial para abrigar uma comunidade de aprendizagem. Em relação aos aspectos técnicos é necessário observar a estrutura física do ambiente no que diz respeito à: Persistência: pessoas e recursos permanecem visíveis (e disponíveis) em todos os espaços onde os aprendizes navegam; Transparência: o ambiente, enquanto a organização de sua estrutura e a relação entre seus componentes, é fácil de ser compreendido e utilizado; Segurança: o ambiente é confiável e seguro garantindo a privacidade dos conteúdos e das interações entre seus membros; Escalabilidade: suporta o acesso concomitante de um grande número de usuários e a inserção e manipulação de diversos tipos e quantidade de conteúdos; Acessibilidade: permite o acesso aos recursos às pessoas de acordo com suas necessidades específicas. 6 Web 2.0 é um termo criado em 2004 pela empresa americana O Reilly Media para designar uma segunda geração de comunidades e serviços, tendo a Web como plataforma. Envolve especialmente aplicativos que possibilitam a interação colaborativa baseados em folksonomia, redes sociais e TIC (Web 2.0, 2011). 20

Em relação aos aspectos pedagógicos é necessário garantir no ambiente a presença de ferramentas que possam apoiar a contrução do conhecimento como: Ferramentas de comunicação (uni, bi e multidirecional) síncronas e assíncronas com capacidade de veicular áudio e vídeo, além do texto; Ferramentas de colaboração que possibilitem o trabalho individual (privado) e o estabelecimento de grupos de trabalho (público); Ferramentas de informação/gerenciamento que possibilitem divulgar avisos, registrar as atividades desenvolvidas e seguir a atuação pública de todos os participantes. Segundo Coll (2001) é importante observar ainda que a seleção destes recursos deve estar atrelada à necessidade de elaboração de estratégias que visem apoiar e promover: A implicação ativa dos participantes em um processo colaborativo de aprendizagem, O desenvolvimento do sentimento de pertencimento e O compromisso de participação. Acrescentamos aos aportes de Coll (2001) outro importante aspecto que deve ser observado quando estruturamos um ambiente hipermidiático para aprendizagem: a flexibilidade (Hayashi et al, 2009). Esse aspecto permite aos usuários apropriarem se de forma crítica e criativa dos recursos disponíveis configurando ao espaço virtual um conjunto próprio de normas, regras e formas de expressão. 7. Conclusões O momento de disseminação da rede social inclusiva Vila na Rede mostrou se ideal para explorar o potencial dos recursos hipermidiáticos disponíveis no ambiente em outros contextos. A experiência vivenciada mostrou nos que, mais do que estarem simplesmente conectadas, as pessoas podem se valer dos recursos disponíveis na rede para aprender e colaborar entre si. As atividades propostas permitiram investigar, além das formas de comunicação estabelecidas, as relações de interesse e laços de amizade construídos entre os participantes. Confirmamos nossa ideia de que a promoção da utilização de tecnologias por pessoas digitalmente excluídas deve estar atrelada a disponibilização e acesso aos recursos e, também, a uma proposta metodológica para aprendizagem de tecnologias que considere as particularidades e especificidades tanto dos usuários quanto da realidade na qual se encontram inseridos. 21

Outro aspecto inovador foi a possibilidade de promover a aprendizagem e o domínio criativo dos recursos para adquirir, selecionar, organizar informações e gerir conhecimentos. O foco estava na análise das situações que envolveram o uso de recursos audiovisuais em um contexto de Inclusão Digital. Além de promover a apropriação dos recursos disponíveis, essas estratégias utilizadas favoreceram a interação, as diversas formas de expressão, a produção, a divulgação e o compartilhamento dos conteúdos produzidos na (e em) rede. Pudemos verificar que as estratégias estabelecidas, e os recursos disponíveis, promoveram a Inclusão Digital, pois permitiram que os participantes superassem a dificuldade de se expressar por meio do texto escrito, viabilizando que suas experiências fossem relatadas, discutidas, divulgadas e disponibilizadas na rede. Permitiram ainda identificar e registrar ações e interesses que emergiram das interações e das trocas entre os participantes e criar meios e soluções para viabilizar o desenvolvimento dessas ações. Os métodos e o tipo de abordagem utilizadas foram também úteis tanto para qualificar quanto para elevar a autoestima das pessoas envolvidas. Essas e outras estratégias que valorizem e favoreçam as várias formas de expressão e potencializam a capacidade de aprender utilizando diversas mídias, agregam um alto valor ao processo ensino/aprendizagem. 8. Impacto De forma geral, as experiências aqui relatadas buscaram exemplificar intervenções onde o conhecimento construído colaborativamente pode ser sistematizado e compartilhado. Esse conhecimento compartilhado subsidia diferenciados estudos de caso para possíveis intervenções junto às comunidades em processo de Inclusão Digital. Em síntese, as estratégias metodológicas utilizadas para que os participantes se apropriassem dos recursos hipermidiáticos disponíveis na rede social inclusiva Vila na Rede favoreceram a superação das limitações técnicas e permitiram que o grupo interagisse e produzisse colaborativamente conteúdos na forma de fotos, áudio, vídeos e texto. Os conteúdos gerados puderam ser utilizados em diferentes contextos e foram úteis do ponto de vista educacional, comunicacional e social. Dessa forma, entende se que a experiência foi válida e pode ser replicada para outros contextos, dadas as devidas adequações, principalmente de infraestrutura e a formação de orientadores que possam trabalhar com os participantes da rede, enfatizando os aspectos de apropriação tecnológica e construção de conhecimento. Convidamos, então, o leitor para primeiro, visitar o site do Vila na Rede (Vila na Rede, 2011) e verificar os potenciais e fazer parte dessa comunidade. Segundo, refletir sobre as possibilidades de apropriação dessa experiência para outros contextos, na expectativa de proporcionarmos uma interlocução crítica e produtiva na área. 22

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