APELAÇÃO CÍVEL 355.851-AL (2003.80.00.011786-4). APTE : IDATI BARROS DE SOUZA SANTOS. ADV/PROC : RAIMUNDA MOREIRA AZEVEDO E OUTRO. APDO : INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL. REPTE : PROCURADORIA REPRESENTANTE DA ENTIDADE. REMTE : JUÍZO DA 7a. VARA FEDERAL DE ALAGOAS (MACEIÓ). RELATOR : DESEMBARGADOR FEDERAL NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO. RELATÓRIO 1. Trata-se de Remessa Oficial e Apelação Cível interposta por IDATI BARROS DE SOUZA SANTOS, contra sentença de fls. 44/48, da lavra do eminente Juiz Federal da 7a. Vara da SJ/AL, que, ao julgar o processo no. 2003.80.00.011786-4, entendeu procedente o pleito da demandante, autorizando a revisão da Renda Mensal Inicial RMI da mesma nos padrões definidos pelo art. 75 da Lei 8.213/91, com redação dada pela Lei 9.032/95; condenando o apelado ao pagamento da diferença correspondente aos meses que foram pagos a menor, observada a prescrição qüinqüenal, sujeitos tais valores aos acréscimos de correção monetária e juros de mora de 0,5% ao mês a partir da citação; e condenando também o apelado ao pagamento das custas e dos honorários advocatícios, fixando-os em 10% do valor da causa; parte apelada: Instituto Nacional da Seguridade Social INSS. 2. No que tange às razões recursais, a demandante alega: (a) que a douta decisão do Juízo Originário errou no que diz respeito à aplicação dos juros moratórios, argüindo que o débito previdenciário, devido ao seu caráter alimentício, constitui exceção à regra do art. 1.536, parág. 2o. do Código Civil, sendo devido desde o ato que lesou o direito, e na base de 1% ao mês; e (b) que o ilustre Juízo a quo errou novamente quanto à aplicação dos honorários advocatícios, declarando que estes devem ser cobrados sobre o valor da condenação, segundo reza o art. 20, parág. 3o. do Código de Processo Civil.
3. Dessa forma, pleiteia a demandante o provimento da apelação interposta, objetivando a reforma da sentença monocrática, a fim de condenar o INSS à aplicação de juros moratórios na base de 1% ao mês, a partir da lesão ao seu direito, quando a referida autarquia proceder a revisão do benefício da autora para 100% como determina a sentença apelada. Pede, ainda, a condenação em honorários advocatícios sobre o valor total da condenação, e o arbitramento do percentual para os referidos honorários em 15%, que julga mais justo. 4. O INSS, intimado para apresentar recurso e contra-razões, não os fez em tempo hábil, ficando seu direito de contrarazoar prejudicado, em razão da intempestividade. 5. É o que havia de relevante para relatar.
APELAÇÃO CÍVEL 355.851-AL (2003.80.00.011786-4). APTE : IDATI BARROS DE SOUZA SANTOS. ADV/PROC : RAIMUNDA MOREIRA AZEVEDO E OUTRO. APDO : INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL. REPTE : PROCURADORIA REPRESENTANTE DA ENTIDADE. REMTE : JUÍZO DA 7a. VARA FEDERAL DE ALAGOAS (MACEIÓ). RELATOR : DESEMBARGADOR FEDERAL NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO. VOTO 1. Cabe ressaltar, preliminarmente, a prescrição do direito referente às parcelas devidas pelo INSS no período anterior aos 5 (cinco) anos que precedem ao ajuizamento da demanda. PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. REVISÃO DA RMI DE BENEFÍCIO. PREVIDENCIÁRIO. PRESCRIÇÃO DO FUNDO DE DIREITO. NÃO OCORRÊNCIA. SUMULA 85 - STJ. 1. Buscando com a ação, o recálculo da renda mensal inicial de benefício previdenciário pago a menor e o recebimento das diferenças apuradas, aplica-se a Súmula 85/STJ. 2. Recurso conhecido e provido. (STJ, REsp 292.679/RJ, Rel. Min. EDSON VIDIGAL, DJU. 26.03.01, p. 465). 2. Vale frisar que a nova lei pode ser aplicada aos efeitos futuros de relação jurídica preexistente, desde que respeite o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada, segundo entendimento pacificado no STJ. RECURSO ESPECIAL. PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE BENEFÍCIO. PENSÃO POR MORTE. LEI MAIS BENÉFICA. INCIDÊNCIA. BENEFÍCIOS EM MANUTENÇÃO. POSSIBILIDADE.
1. "1. No sistema de direito positivo brasileiro, o princípio tempus regit actum se subordina ao do efeito imediato da lei nova, salvo quanto ao ato jurídico perfeito, ao direito adquirido e à coisa julgada (Constituição da República, artigo 5º, inciso XXXVI e Lei de Introdução ao Código Civil, artigo 6º). 2. A lei nova, vedada a ofensa ao ato jurídico perfeito, ao direito adquirido e à coisa julgada, tem efeito imediato e geral, alcançando as relações jurídicas que lhes são anteriores, não, nos seus efeitos já realizados, mas, sim, nos efeitos que, por força da natureza continuada da própria relação, seguem se produzindo, a partir da sua vigência. 3. 'L'effet immédiat de la loi doit être considéré comme la règle ordinaire: la loi nouvelle s'applique, dès sa promulgation, à tous les effets qui résulteront dans l'avenir de rapports juridiques nés ou à naître' (Les Conflits de Lois Dans Le Temps, Paul Roubier, Paris, 1929). 4. Indissociável o benefício previdenciário das necessidades vitais básicas da pessoa humana, põe-se na luz da evidência a sua natureza alimentar, a assegurar aos efeitos continuados da relação jurídica a regência da lei nova que lhes recolha a produção vinda no tempo de sua eficácia, em se cuidando de norma nova relativa à modificação de percentual dos graus de suficiência do benefício para o atendimento das necessidades vitais básicas do segurado e de sua família. 5. O direito subjetivo do segurado é o direito ao benefício, no valor irredutível que a lei lhe atribua e, não, ao valor do tempo do benefício, como é da natureza alimentar do benefício previdenciário."(resp 402.556/SC, da minha Relatoria, in DJ 19/12/2002).
2. Recurso improvido. (STJ, REsp 616.865/PB, Rel. Min. HAMILTON CARVALHIDO, DJU. 28.06.04, p.446). 3. Entendimento consentâneo com o princípio constitucional da isonomia, no sentido em que propicia um nivelamento das pensões decorrentes de situações jurídicas idênticas, embora concedidas em épocas distintas. 4. A aludida orientação não visa à aplicação retroativa do mandamento legal em tela, mas busca tão-somente dar cumprimento à legislação superveniente que determinou a revisão dos benefícios de determinada espécie. 5. A majoração da cota parte da pensão por morte, nos moldes da nova redação do art. 75 da Lei 8.213/91, deverá ser aplicada a todos os benefícios em manutenção, independentemente da lei vigente à época em que foram concedidos. PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. RETROATIVIDADE DA LEI NOVA MAIS BENÉFICA. LEIS Nº 8.213/91 E 9.032/95. POSSIBILIDADE. - Em tema de concessão de benefício previdenciário decorrente de pensão por morte, admite-se a retroação da lei instituidora, em face da relevância da questão social que envolve o assunto. - O art. 75, da Lei 8213/91, com a nova redação conferida pela Lei 9.032/95 é aplicável às pensões concedidas antes de sua edição, porque imediata a sua incidência. - Embargos de divergência conhecidos e acolhidos. (STJ, EREsp 311.302/AL, Rel. Min. VICENTE LEAL, DJU. 16.09.02, p.137).
6. No referente à apelação interposta, a demandante pleiteia, basicamente, a revisão dos juros moratórios do percentual de 0,5% para 1%, aplicados desde o momento em que ocorreu lesão ao seu direito; e o reexame dos honorários advocatícios para arbitramento sobre o valor integral da condenação, na base de 15% de seu total, que julga mais justo. 7. É preciso apontar que, segundo entendimento do STJ em súmula de no. 204, os juros de mora incidem a partir da citação válida, quando devidos em ações relativas a benefícios previdenciários, e na base de 1% ao mês. PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AGRAVO DE INSTRUMENTO. JUROS DE MORA E HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. Embargos acolhidos para fixar os juros moratórios no percentual de 1% ao mês, dado o caráter alimentar do débito, contados a partir da citação, e os honorários advocatícios em 10% sobre o valor da condenação, a teor do disposto no art. 20, 4º, do Código de Processo Civil. (STJ, EDAG 538.856/SP, Rel. Min. FELIX FISCHER, DJU. 08.03.04, p. 321). 8. Sobre os honorários advocatícios, é importante ressaltar que são calculados com base no valor da condenação, como decorre da leitura do parág. 3o. do art. 20 do Código de Processo Civil, entre os percentuais de 10% e 20%. O percentual arbitrado deve estar em consonância com a relativa simplicidade da matéria previdenciária e com o lugar de prestação do serviço, que mesmo sendo em outro Estado da Federação, é bastante perto. 9. Com essa breve fundamentação, voto pelo provimento parcial da apelação interposta, devendo a sentença monocrática ser reformada apenas para garantir ao demandante o pagamento das diferenças dos benefícios pagos a menor, fazendo incidir
juros de mora de 1%, a contar da citação do INSS; condenando, ainda, a honorários advocatícios de 10% do valor total da condenação. 10. Remessa Oficial improvida e Apelação do particular parcialmente provida. 11. É como voto, eminentes Pares.
APELAÇÃO CÍVEL 355.851-AL (2003.80.00.011786-4). APTE : IDATI BARROS DE SOUZA SANTOS. ADV/PROC : RAIMUNDA MOREIRA AZEVEDO E OUTRO. APDO : INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL. REPTE : PROCURADORIA REPRESENTANTE DA ENTIDADE. REMTE : JUÍZO DA 7a. VARA FEDERAL DE ALAGOAS (MACEIÓ). RELATOR : DESEMBARGADOR FEDERAL NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO. ACÓRDÃO PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. REAJUSTE DOS BENEFÍCIOS PREVIDENCIÁRIOS. APLICAÇÃO DA SÚMULA 85/STJ. MAJORAÇÃO DA COTA PARTE DA PENSÃO POR MORTE, NOS MOLDES DA NOVA REDAÇÃO DO ART. 75 DA LEI 8.213/91. APLICAÇÃO DA SÚMULA 204/STJ QUANTO AOS JUROS DE MORA E DO ART. 20, PARÁG. 3o. QUANTO AOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. 1. A majoração da cota parte do benefício de pensão por morte deve ser feita segundo a nova redação do art. 75 da Lei no. 8.213/91, ressalvadas as prestações que sofreram prescrição qüinqüenal, segundo a Súmula 85/STJ. 2. Os juros de mora das prestações pagas à menor, ressalvadas aquelas que sofreram prescrição qüinqüenal, segundo a Súmula 85/STJ, devem se pagos na base de 1%, a contar da citação da Autarquia. 3. Os honorários advocatícios devem ser fixados em R$ 1.000,00, dada a simplicidade da matéria. 4. Remessa Oficial improvida e Apelação Cível do particular parcialmente provida, para elevar para 1% o percentual de juros de mora, dada a natureza alimentar do débito.
Vistos, relatados e discutidos estes autos de AC 355.851-AL, em que são partes as acima mencionadas, ACORDAM os Desembargadores Federais da Segunda Turma do TRF da 5a. Região, por unanimidade, em negar provimento à Remessa Oficial e dar parcial provimento à Apelação do particular, nos termos do relatório, voto e notas taquigráficas constantes dos autos, que ficam fazendo parte integrante deste julgado. Custas, na forma da lei. Recife, PE., 28 de junho de 2005. Napoleão Nunes Maia Filho RELATOR