PUBLICAÇÃO DA DECISÃO DO ACÓRDÃO No D.O. 17 / 04 / 2015 Fls.: 40 SERVIÇO PÚBLICO ESTADUAL Rubrica: ID: 4283264-0 Sessão de 15 de janeiro de 2015 QUARTA CÂMARA RECURSO Nº - 50.369 ACÓRDÃO Nº 13.238 INSCRIÇÃO ESTADUAL Nº - 85.485.709 AUTO DE INFRAÇÃO N - 03.191524-2 RECORRENTE - TETRAK INDÚSTRIA COMÉRCIO IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO LTDA. RECORRIDA RELATOR - JUNTA DE REVISÃO FISCAL - CONSELHEIRO CHARLEY FRANCISCONI VELLOSO DOS SANTOS Participaram do julgamento os Conselheiros Charley Francisconi Velloso dos Santos, João da Silva de Figueiredo, Gustavo Kelly Alencar e Marcos dos Santos Ferreira. ICMS. CRÉDITO INDEVIDO. PRELIMINAR DE DECADÊNCIA. Tendo em vista que a ciência da retificação do lançamento ocorreu em 23/11/2010, é manifesta a decadência do direito de constituir o crédito tributário do período de janeiro/04 a dezembro/05. PRELIMINAR DE DECADÊNCIA PARCIALMENTE ACOLHIDA. ICMS. CRÉDITO INDEVIDO. De acordo com a legislação pertinente, é vedado ao contribuinte apropriar-se de crédito fiscal, relativo a entradas de mercadorias destinadas à exportação (trading company). Note-se que os valores reclamados na inicial são referentes a créditos indevidos relativos a entrada de mercadorias destinadas à exportação. Como se extrai das notas fiscais de saídas anexadas ao presente, não houve destaque do ICMS pela remetente, verdadeira empresa exportadora. RECURSO DESPROVIDO.
QUARTA CÂMARA Acórdão nº 13.238 - fls. 2/5 RELATÓRIO De acordo com o relato de fls.02, a empresa foi autuada por creditar-se indevidamente do ICMS relativamente à operação isenta, no caso entrada de mercadoria para exportação em trading company, conforme a planilha de fls.03, na forma da inicial. Adoto ainda o breve relatório da D. Representação da Fazenda de fls.269/70, que passo a ler. A recorrente sustenta que o auto de infração seria improcedente, por aplicação inadequada da legislação e que houve decadência parcial. A Douta Representação da Fazenda manifesta-se, em parecer, no sentido de ser dado provimento parcial ao recurso voluntário. É o relatório. VOTO DO RELATOR De acordo com o relato de fls.02, a empresa foi autuada por creditar-se indevidamente do ICMS relativamente à operação isenta, no caso entrada de mercadoria para exportação em trading company, conforme a planilha de fls.03, na forma da inicial. A recorrente entende que o auto de infração seria improcedente. Contudo, tal entendimento merece acolhida parcial, como se evidenciará a seguir.
QUARTA CÂMARA Acórdão nº 13.238 - fls. 3/5 Da preliminar de decadência. De meritis, inicialmente, cabe acolhimento do pleito por decadência parcial. Consoante o entendimento da Procuradoria do Estado, manifestado através do Parecer CFS n.º 02/2008, aprovado pela Procuradora Geral do Estado em 27/06/2008, a contagem do prazo para a constituição do crédito tributário em relação aos tributos sujeitos a lançamento por homologação, gênero do qual o ICMS é espécie, deve se dar da seguinte forma: i) quando houver pagamento antecipado do ICMS, o prazo será o previsto no artigo 150, 4., do CTN, ou seja, 5 (cinco) anos a contar da da ta do fato gerador; e ii) quando não houver antecipação do pagamento pelo contribuinte, ou se tratar de hipótese comprovada de dolo, fraude ou simulação, o prazo de 5 (cinco) anos deverá ser contado a partir do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos termos do disposto pelo artigo 173, inciso l, do CTN. In casu, os fatos geradores que ensejaram a lavratura do auto de infração ocorreram de janeiro/2004 a agostol/2009, e houve uma retificação do lançamento às fls.184/6. Aplica-se, portanto, o disposto no artigo 173, inciso I do CTN, iniciando-se a contagem do prazo de 5 (cinco) anos a partir do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. Tendo em vista que a ciência da retificação do lançamento ocorreu em 23/11/2010, é manifesta a decadência do direito de constituir o crédito tributário referente ao período de janeiro/04 a dezembro/05. Desta forma ACOLHO a preliminar por decadência parcial. Do mérito.
QUARTA CÂMARA Acórdão nº 13.238 - fls. 4/5 A autuada, em seu recurso insiste que as operações com as mercadorias referidas na autuação dariam ensejo à apropriação do crédito fiscal, consoante o levado a efeito na escrita fiscal do contribuinte. Entretanto, tal alegação não procede, eis que, de acordo com a legislação pertinente, é vedado ao contribuinte apropriar-se de crédito fiscal, relativo a entradas de mercadorias destinadas à exportação (trading company). Note-se que constitui fato não contestado pela recorrente que os valores reclamados na inicial são referentes a créditos indevidos relativos a entrada de mercadorias destinadas à exportação. Como se extrai das notas fiscais de saídas anexadas ao presente, não houve destaque do ICMS pela remetente, verdadeira empresa exportadora. Somente por isso, já se vê que a autuada não poderia ter se creditado pelas entradas. Além disso, não houve destaque do ICMS porque as saídas se deram com destino a uma trading company. Ou seja, o crédito fiscal porventura existente pertenceria `as empresas remetentes que são as efetivas exportadoras. Portanto, é evidente que a legislação não contempla o procedimento adotado pela recorrente. Deve-se frisar que, salvo disposição de lei em contrário, a responsabilidade por infrações da legislação tributária independe da intenção do agente ou do responsável e da efetividade, natureza e extensão dos efeitos do ato, na forma do art.136 do CTN. Desta forma, ressalvada a decadência acima reconhecida, legítima é a exigência do crédito tributário consubstanciada na peça exordial, com fundamento no disposto pelos artigos 32, 33, 2. e 35, da Lei n.º 2.657/96. Pelo exposto, tendo em vista que a autuação foi efetuada considerando a legislação em vigor, DOU PROVIMENTO PARCIAL ao recurso voluntário, reconhecendo-se a decadência parcial determinada no item anterior, e julgando-se assim Procedente em Parte o A.I. É como voto.
QUARTA CÂMARA Acórdão nº 13.238 - fls. 5/5 A C Ó R D Ã O Vistos, relatados e discutidos estes autos em que é Recorrente TETRAK INDÚSTRIA COMÉRCIO IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO LTDA. e Recorrida JUNTA DE REVISÃO FISCAL. Acorda a QUARTA CÂMARA do do Estado do Rio de Janeiro, pelo voto de qualidade, rejeitar a preliminar de nulidade do A.I., nos termos do voto do Conselheiro Relator que a rejeitava pelo art. 173, inciso I do CTN, vencidos os Conselheiros Gustavo Kelly Alencar e João da Silva de Figueiredo que acolhiam a preliminar pelo art. 150, 4º do CTN. Quanto ao mérito, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso voluntário, nos termos do Conselheiro Relator. QUARTA CÂMARA do do Estado do Rio de Janeiro, em 15 de janeiro de 2015. CHARLEY FRANCISCONI VELLOSO DOS SANTOS RELATOR MARCOS DOS SANTOS FERREIRA PRESIDENTE lbf