UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA PACTO NACIONAL PELA ALFABETIZAÇÃO NA IDADE CERTA/UFSC/SC RELATÓRIO DO MÊS SETEMBRO.1

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Transcrição:

1 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA PACTO NACIONAL PELA ALFABETIZAÇÃO NA IDADE CERTA/UFSC/SC 1. Dados do Município ou GERED a) Município: FLORIANÓPOLIS b)município/gered: SECRETARIA MUNICIPAL RELATÓRIO DO MÊS SETEMBRO.1 c) Nome do orientador de estudo: DANIELA GUSE WEBER d) Nome do Coordenador: ENEIDA CÉLIA RUDOLF ESPÍNDOLA c) Datas, horário e local dos encontros de formação: Centro de Educação Continuada CEC Dia 10 DE SETEMBRO de 2014 das 8:00 às 12:00h, das 13:00 às 17:00h e das 18:00 às 22:00h. d) Número de cursistas envolvidos e respectivos anos escolares: 27 professoras do 3º ano 22 estavam presentes. 2. Síntese das atividades realizadas com os cursistas. 2.1. Pauta do encontro: MATUTINO Acolhimento e leitura deleite; Reflexão sobre os perfis de língua portuguesa sobre os índices de alfabetização dos alunos das professoras do nosso grupo; Estudo sobre PRODUÇÃO TEXTUAL, com o texto de João Wanderley Geraldi: A produção de textos, do livro: PORTOS DE PASSAGEM, pag. 135-165 e A leitura de textos, pag. 165-189. VESPERTINO Finalização do caderno 5 sobre articulação entre a Geometria e outros componentes curriculares. Socialização e reflexão sobre as sequências didáticas planejadas como atividade não presencial do último encontro. NOTURNO Organização de grupos para leitura e síntese dos textos do caderno 6, sobre grandezas e medidas.

2 ATIVIDADE NÃO PRESENCIAL Sistematizar o relato da SD desenvolvida com a turma, para socialização no próximo encontro. 2.2. Registro em linhas gerais, das atividades realizadas com os cursistas no mês em questão: a) conceitos trabalhados relacionados com a unidade V Dificuldades no ensino da alfabetização a partir da estatística de níveis de alfabetização dos alunos; Produção textual; Sequência didática (SD). b) Metodologia da formação (atividades, cadernos trabalhados, textos estudados etc.) Começamos o dia com a socialização de alguns livros sobre geometria e grandezas e medidas: A professora Jaqueline leu um livro sobre as formas. (Não lembramos de registrar a bibliografia). A professora Nayara leu o livro: Irmãos gêmeos, do acervo do PNAIC. Eu, orientadora Daniela, li o livro: Minha mão é uma régua, também do acervo do PNAIC. Figura 1- Professora Jaqueline. Figura 2-Professora Nayara. Figura 3-Orientadora Daniela. Apresentamos os gráficos referentes ao perfil de alfabetização dos nossos alunos (das professoras deste grupo) para análise e reflexão. A partir da data de hoje passou a integrar nosso grupo, mais uma professora com mestrado.

3 A partir disso começamos a listar hipóteses sobre as causas de tais resultados e foi uma enxurrada de justificativas!

4 Propusemos a realização de uma dinâmica de JÚRI SIMULADO, onde seriam réus: os professores, sob a acusação de não cumprirem a meta de alfabetizar 100% de seus alunos até o terceiro ano do ensino fundamental. Organização da dinâmica: divisão da turma em três grupos (advogados de acusação, advogados de defesa e juízes). Tarefas: 20 minutos para cada grupo discutir e elencar seus argumentos de acusação ou de defesa e para as juízas elencarem possíveis sentenças para o caso. Debate: sete min. Para cada grupo apresentar seus argumentos, sendo primeiro a acusação e depois a defesa. Mais cinco min. Para cada grupo contra argumentar. Sentença: As juízas fizeram suas considerações sobre os argumentos apresentados e decidiu a sentença para os culpados (no caso, tanto os professores quanto o estado, representado pelas políticas públicas para a educação). Grupo de acusação. Grupo de defesa. Grupo de julgamento. Para finalizar a discussão foi muito difícil, porque o grupo insistia em discutir o assunto e para cada novo comentário, argumento e relato apresentado, novas polêmicas eram levantadas. Pedimos que cada participante escrevesse sua reflexão sobre o assunto a partir do seguinte enunciado:

5 Após a dinâmica do júri simulado, onde os réus são os professores que foram julgados pelo crime de não alfabetizarem 100% de seus alunos, o que é um direito de aprendizagem de todo cidadão e, sendo todas nós professoras alfabetizadoras, seremos submetidas à sentença definida pelo júri. Escreva sua posição frente à sentença recebida, refletindo sobre sua condição profissional: qual é o nosso ofício? Qual é a nossa responsabilidade? Sabemos alfabetizar? Conseguimos perceber a aprendizagem ou a necessidade de aprendizagem de cada aluno para planejar intervenções adequadas? Que ações dependem da nossa atuação profissional? Que influências externas interferem no resultado do nosso trabalho? Que atuações nos são impostas por políticas públicas, que estão além do nosso ofício da docência? O que mais você pode argumentar em relação ao caso? Embora a discussão tenha sido bastante calorosa e o grupo ter participado com muito empenho e certa emoção, percebi na escrita das professoras o resultado da falta de aprofundamento com que o tema foi abordado. A discussão ficou pautada em argumento do senso comum, mas com certa clareza política por parte de muitas professoras. Penso que em outro momento devamos retomar essa discussão a partir de um estudo que nos permita um conhecimento mais científico sobre o assunto e o papel do professor na escola pública. Mesmo assim, os textos das professoras apontaram a atividade como positiva e necessária para fazê-las reavaliar o desempenho pessoal nesta profissão. Para finalizar o período, li dois trecho de um texto das professoras da UFSC: Olinda Evangelista e Eneida Oto Shiroma, Professor: protagonista e obstáculo da reforma, páginas 538-539, 2007. A gestão assume, pois, centralidade na política e administrar eficientemente a escola e os docentes coloca-se como estratégia para a gestão do trabalho, da pobreza (Oliveira, 2000; Shiroma; Evangelista, 2005) e essencial para fomentar uma nova forma de regulação social adequada à ordem econômica globalizada (Dale; Robertson, 2001). Desse modo, construir consensos em torno da centralidade da Educação é fundamental e o empenho justifica-se pela nobreza de sua finalidade, a educação para todos. Empresários e Estado defendem escola pública para todos, para o povo, em especial para os pobres, para os futuros trabalhadores, para os consumidores e para os sobrantes.

6 Importa realçar que educação para todos não significa educação pela qual todos aprenderiam. Contrariamente, significa que todos deveriam passar alguns anos da sua vida na escola, passíveis de controle social, inculcação ideológica e alguma formação geral para aquisição de competências para o trabalho. São vários os documentos que insistem na redução do custo-professor, inclusive hierarquizando iniciativas e medidas que poderiam melhorar a qualidade do ensino na perspectiva das agências internacionais. O salário do professor é apontado como não tendo repercussão significativa na melhora da aprendizagem, portanto não precisaria ser priorizado nas reformas, pelo contrário, sua redução foi cogitada, embora tenha sido reconhecido que haveria forte resistência a medidas dessa natureza. A UNICEF, por exemplo, recomenda contratar professores baratos (Buckland, 2000), supondo, talvez, que seja mais viável do que rebaixar os salários dos que já estão na ativa. Já o BM (2000) sugere oferecer gratificações por desempenho, introduzindo um sistema de salários diferentes segundo a produtividade de cada professor, produtividade essa baseada nos escores alcançados em termos de rendimento do alunado. O discurso gerencial incorporado pelos educadores não é apenas repetição de slogans, mas a evidência de ideologias em disputa. Sua assimilação colabora na produção e reprodução de uma dada concepção de mundo, define prioridades e modos de agir. De fato, a primeira atitude de um governo que quer iniciar uma reforma é impelir à substituição de discursos. No início da tarde apresentamos as possibilidades trazidas no caderno de estudo número 5, sobre a articulação entre a geometria e outros componentes curriculares. Durante a apresentação algumas professoras foram citando atividades semelhantes que já haviam desenvolvido em suas turmas deste e de outros anos passados. Uma contribuição que trouxemos a mais, além das que estavam no caderno, foi a articulação do tema ao estudo da história da Ilha de SC, já que o município é o tema central dos estudos do 3º ano, em relação às ciências humanas e da natureza. Estabelecendo uma relação com os planejamentos das SD que as professoras fizeram articulando a geometria com outros componentes curriculares, cujos relatos serão apresentados no próximo encontro, propus algumas sugestões que elas poderiam incorporar às atividades previstas. Isso individualmente, por escrito. Depois pedi que elas analisassem suas SD para verificarem se determinados itens estavam previstos, conforme exemplo abaixo.

7 ANÁLISE DO PLANEJAMENTO DE UMA SEQUÊNCIA DIDÁTICA Observe seu planejamento da SD e verifique se existem atividades para: Em cada item responda SIM ou NÃO. 1. Verificar os conhecimentos prévios das crianças, sobre o assunto que você vai trabalhar e motiválas para a aprendizagem? Cite em qual momento isto está previsto: 2. Estabelecer conexões entre o conteúdo a ser ensinado e a relação ou função do mesmo na vida real das crianças? Cite em qual momento isto está previsto: 3. Desestabilizar o conhecimento real do aluno, causando conflito cognitivo e promovendo uma atividade mental para que ele estabeleça relações entre seus conhecimentos prévios e os novos, de modo que aconteça a aprendizagem? Cite em qual momento isto está previsto: 4. Mediar a atividade da criança, oferecendo ajuda necessária para que ela possa avançar em relação ao seu conhecimento atual? Cite em qual momento isto está previsto: 5. A atividade proposta desafia o aluno num nível que seja alcançável para ele, promovendo aprendizagem e desenvolvimento cognitivo? 6. A atividade proposta é adequada para alcançar o objetivo definido? 7. O instrumento de avaliação a ser utilizado permite que você possa analisar se houve a aprendizagem de cada criança? Refletimos sobre nossa função de alfabetizadores: se estamos alfabetizando, necessariamente, nossos planejamentos devem prever atividades para produção textual e também para a sistematização do SEA (Sistema de Escrita Alfabética). Sugeri a leitura do texto: As práticas cotidianas de alfabetização: O que fazem as professoras, de Andrea Tereza de B. Ferreira, Artur Gomes de Morais e Eliana Borges C. de Albuquerque. Novamente, num exercício de olhar para o seu próprio planejamento, solicitamos que cada professora analisasse um planejamento seu pelo período de uma semana e verificasse com qual frequência determinadas atividades são desenvolvidas, conforme exemplo abaixo. Para essa atividade nós já havíamos solicitado que cada professora trouxesse cópia de um planejamento de uma semana.

8 ANÁLISE DO PLANEJAMENTO DE ATIVIDADES DE ALFABETIZAÇÃO Como já temos discutido em momentos anteriores, a alfabetização acontece numa relação entre práticas de letramento e apropriação do SEA (Sistema de Escrita Alfabética) enquanto domínio de uma tecnologia que precisa ser aprendida porque não nos é natural. Mesmo fazendo parte do processo de letramento, apropriar-se do SEA exige uma sistematização específica de atividades bem planejadas, de acordo com a intencionalidade do professor e de objetivos bem pontuais. Observando seu planejamento de uma semana de trabalho, anote quantas vezes você realizou cada uma das atividades abaixo relacionadas:atividade 1. Leitura deleite do professor para as crianças. 2. Cópia do quadro, da rotina do dia. 3. Cópia de texto (de qualquer componente curricular). 4. Escrita espontânea da criança (palavras ou textos). 5. Ditado com objetivo de avaliação. 6. Ditado com objetivo de aprendizagem. 7. Escrita de palavras no quadro, solicitadas pelo professor e ditadas pelos alunos, com identificação das sílabas e reflexão sobre sua composição. 8. Partição oral de palavras em sílabas. 9. Escrita coletiva com discussão e reflexão sobre a composição das sílabas e das palavras, sendo escriba, o professor. 10. Atividade escrita para sistematização da composição de sílabas ou de regularidades ortográficas. 11. Escrita de texto, individualmente, a partir de um roteiro prédefinido ou sequência de imagens. 12. Composição de texto através de colagem de partes já escritas. 13. Escrita de texto individual, pautada em planejamento coletivo. 14. Revisão de texto com foco na ortografia. 15. Revisão de texto com foco na textualidade. 16. Leitura do aluno, individualmente, em voz alta. 17. Leitura dos alunos, coletivamente, com ajuda do professor. 18. Formação de palavras com o alfabeto móvel. N o de ocorrências em uma semana Estimativa para um mês REFLEXÕES 1. Quais das atividades citadas ajudam a ensinar leitura? 2. Quais atividades ajudam a ensinar a escrever ortograficamente? 3. Quais atividades ajudam a ensinar a escrever um texto? CONCLUSÃO

9 Durante a socialização das reflexões a partir desta atividade, surgiram várias dúvidas sobre o trabalho com textos, algumas das quais exemplificarei a seguir: Eu vou trabalhar o gênero carta, mas estou com receio porque as meninas da minha turma só querem fazer cartinhas para namoradinhos. Como posso fazer? Sugerimos que a professora aproxime a elaboração da carta de uma situação real de uso. Por exemplo: trocar cartas com alunos do 3º ano de outra escola. Nessas cartas eles poderão perguntar sobre as características do bairro e da escola, já que o estudo dos bairros do município fazem parte do currículo para o 3º ano. A colega, professora Cristine, sugeriu o livro: O carteiro chegou. Eu já fiz com as crianças várias leituras e várias cópias, mas elas ainda não sabem usar o parágrafo. A colega, professora Jaqueline, considerou que fazer cópias de textos não é a melhor estratégia para ensinar parágrafo... Ajudamos a professora a pensar numa estratégia a partir do texto produzido pelo próprio aluno. Primeiro é preciso esclarecer que o parágrafo não é aquele espacinho deixado no início da frase. E sim, um conjunto de informações sobre um determinado assunto. Vejamos: Solicitado pela professora a escrever um relato pessoal, o aluno Vitor registra... MEU NOME É VITOR MORO EM FLORIANÓPOLIS TENHO 9 ANOS SOU UM GAROTO NORMAL AOS 5 ANOS DESCOBRI QUE TENHA QUE USAR ÓCULOS MORO EM UMA CASA DE 1 ANDAR COM 2 QUARTOS COZINHO BANHEIRO NO QUINTAL DA MINHA AVÓ AJUDO MEU PAI NO TRABALHO DELE ESTUDO E QUERO APRENDER PARA QUANDO EU CRECER VOU SER YUTUBER E VOU TRABALHAR DE JOGADOR DE FUTEBOL

10 Como perceber os parágrafos dentro do texto? Ler com as crianças o texto inteiro e pedir que identifiquem quantos assuntos Vitor relata. Depois de identificá-los ler novamente ajudando as crianças a perceberem onde começa e termina cada um, circulando ou pintando cada parte de uma cor. Só depois fazer a reescrita copiando cada parágrafo separadamente. MEU NOME É VITOR MORO EM FLORIANÓPOLIS TENHO 9 ANOS SOU UM GAROTO NORMAL AOS 5 ANOS DESCOBRI QUE TENHA QUE USAR ÓCULOS MORO EM UMA CASA DE 1 ANDAR COM 2 QUARTOS COZINHO BANHEIRO NO QUINTAL DA MINHA AVÓ AJUDO MEU PAI NO TRABALHO DELE ESTUDO E QUERO APRENDER PARA QUANDO EU CRECER VOU SER YUTUBER E VOU TRABALHAR DE JOGADOR DE FUTEBOL Diante das dúvidas e necessidades das professoras da turma, penso ser necessário promover atividades práticas de revisão de texto para a discussão de elementos da intertextualidade. A colega, professora Cristine, novamente contribuiu com um exemplo de como ela trabalha um determinado gênero e contou que durante uma semana levou para ler com os alunos, um conto. Depois explorou com os alunos o que havia em comum naqueles textos, ajudando-os a identificarem o tipo de informação que geralmente é colocado no 1º parágrafo, no 2º e assim sucessivamente, de modo que conseguissem perceber que tipo de informação poderiam escrever em cada parágrafo quando fossem elaborar o seu próprio conto. A colega, professora Nayara, também relatou uma experiência parecida, onde separou sua turma em cinco grupos e para cada grupo entregou uma fábula. Depois que cada grupo socializou o texto lido ela ajudou o grupo a perceber as semelhanças entre eles como ter uma lição de moral e os personagens serem animais com personalidade humana.

11 Com esses exemplos o grupo pode entender como ensinar as crianças a diferenciarem os gêneros textuais, lembrando sempre que isso é apenas uma das etapas do trabalho para a produção textual. Durante esta discussão, também houve solicitação de como trabalhar a letra maiúscula e como introduzir a letra cursiva, o que levantou a necessidade de novas discussões. Passamos finalmente para a atividade de estudo que estava prevista para o período matutino e que não havia dado tempo de realizar. Começamos uma leitura individual do texto de Wanderley Geraldi sobre A produção de textos. Porém não foi possível concluir... Sendo assim, a conclusão da leitura do texto ficou para o período noturno. c) Planejamento realizado com os alfabetizadores (neste dia não fizemos planejamento coletivo). d) Aspectos positivos desse encontro de formação A turma ficou muito envolvida na dinâmica do júri simulado e as reflexões sobre o papel e as responsabilidades do professor foram muito boas. Os exemplos práticos sobre parágrafos, gêneros textuais, letra maiúscula e letra cursiva foram bastante importantes para amenizar a angústia de algumas professoras. e) Dificuldades encontradas A sala onde fomos alocadas neste dia ficou muito aquecida no período da tarde, não havia ar condicionado e ficamos sem água por um determinado período o que gerou ansiedade e falta de concentração das professoras. Penso que o período vespertino teve um aproveitamento abaixo do esperado. No início do dia as professoras fizeram muitas queixas sobre as atividades não presenciais, argumentando que estavam muito sobrecarregadas nas escolas com finalização de trimestre, organização dos alunos para participação em eventos escolares com as famílias e exigências da equipe pedagógica da escola. Considerando que a falta de apoio das equipes pedagógicas foi um dos fatores de dificuldade de trabalho fortemente enfatizado no debate da manhã, fico me questionando se não seria interessante convidar alguns supervisores escolares para participarem das formações para tornarem-se parceiros nos encaminhamentos das professoras. Não foi possível cumprir a pauta como fora planejado. Mas as interlocuções foram muito envolventes. Faremos reajustes no planejamento do próximo encontro para resgatarmos o que não foi trabalhado. f) Perspectivas para o próximo encontro 1. Discutir o texto do Geraldi; 2. Socializar as SD desenvolvidas; 3. Iniciar os estudos do caderno 6 sobre grandezas e medidas.

12 g) Referências bibliográficas de apoio GERALDI, João Wanderley. Portos de Passagem. 4ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2003. EVANGELISTA, Olinda e Shiroma, Eneida Oto. Professor: protagonista e obstáculo da reforma. Educação e Pesquisa, São Paulo, v.33, n.3, p. 531-541, set./dez. 2007 FERREIRA, Andrea Tereza de B.; ALBUQUERQUE, Eliana Borges C. de; MORAIS, Artur Gomes de. As práticas cotidianas de alfabetização: O que fazem as professoras? Revista Brasileira de Educacao v. 13 n. 38 maio/ago. 2008 KIM, Seong-Eun, Minha mão é uma régua. Tradução de Thais Rimkus. 2ª ed. São Paulo, Callis, 2009. YOUNG, So Yoo, Irmãos Gêmeos. Ed. Callis. Florianópolis, 11 de setembro de 2014 Daniela Guse Weber Orientadora de Estudo