UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU AVM FACULDADE INTEGRADA



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Transcrição:

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU AVM FACULDADE INTEGRADA EDUCAÇÃO FINANCEIRA E O MERCADO DE AÇÕES NO BRASIL Por: Diego Gonçalves Coelho Orientadora Profª. Ana Claudia Morrissy Rio de Janeiro 2012

2 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU AVM FACULDADE INTEGRADA EDUCAÇÃO FINANCEIRA E O MERCADO DE AÇÕES NO BRASIL Apresentação de monografia à AVM Faculdade Integrada como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Finanças e Gestão Corporativa. Por: Diego Gonçalves Coelho

3 AGRADECIMENTOS Aos meus pais, desde sempre meus incentivadores para a educação e formação cultural; ao meu irmão e amigo de toda a vida; e à minha esposa e companheira, pelo amor incondicional.

4 DEDICATÓRIA Ao meu filho Theo e ao meu enteado Matheus, que esta obra possa servir de incentivo à busca do conhecimento.

5 RESUMO Este trabalho pretende mostrar ao leitor a influência que o grau de educação financeira e a cultura geral do brasileiro podem exercer na vida das pessoas. A depender da qualidade desse aprendizado, a vida e a forma de lidar com as finanças podem variar de um extremo positivo e saudável ao outro, destrutivo e causador de insegurança financeira. É também objetivo discorrer sobre o mercado financeiro brasileiro e as modalidades mais usuais de investimento ao alcance da população, com destaque ao mercado de ações. Bem estudado e respeitando-se o perfil de investidor de cada um, e sopesando os riscos inerentes, esse mercado pode ser fonte de grandes possibilidades de ganho. Além disso, destaca-se a importância que o cenário econômico representa sobre as perspectivas das pessoas ao optarem pelo prazer do consumo imediato ou pela prudência de uma poupança para imprevistos.

6 METODOLOGIA Esta obra foi desenvolvida com apoio em pesquisa bibliográfica. Os dados presentes na monografia são oriundos de obras literárias de referência e de autores renomados, bem como de conteúdo disponível na internet obtido em artigos, reportagens e matérias da atualidade afins ao conteúdo desta obra de sites reconhecidos e respeitados. Cabe destacar que tais conteúdos contribuíram para o enriquecimento do tema e no entendimento das situações abordadas referentes ao assunto desta monografia.

7 SUMÁRIO INTRODUÇÃO 08 CAPÍTULO I - O Sistema Financeiro Nacional...10 1.1 Conceito e Histórico...10 1.2 Estrutura e Principais Órgãos...16 1.3 Dinâmica do Sistema Financeiro Nacional...22 CAPÍTULO II - Investimentos Tradicionais e o Mercado de Ações...23 2.1 Introdução e Conceitos...23 2.2 Poupança...23 2.3 Certificado de Depósito Bancário (CDB)...24 2.4 Fundos de Investimento...24 2.5 Mercado de Ações...27 CAPÍTULO III Educação Financeira...30 3.1 Rentabilidade, Liquidez e Segurança...30 3.2 Perfil do Investidor...31 3.3 Estratégia de Investimento...33 3.4 Consumismo e Dificuldade de Poupar...34 CONCLUSÃO...42 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA...49 ANEXOS...44 ÍNDICE...50

8 INTRODUÇÃO Um fato marcante na história da economia brasileira é que durante muito tempo imperou uma inflação galopante, com efeito desestabilizador. Os brasileiros viam seus salários e ganhos serem consideravelmente corroídos pelo efeito nefasto dos aumentos generalizados dos preços. Foram décadas de desestímulo à construção de uma poupança e de dificuldades de planejamento financeiro. O consumo era de cunho muito imediatista, sob pena de o poder de compra ruir frente à depreciação do poder aquisitivo da moeda. Era racional garantir uma compra a preço que se pudesse pagar a adiá-la, ainda que no futuro fosse possível adquirir, teoricamente, um bem mais valioso. Essa urgência pelo consumo desestimulou por longo período a guarda de recursos para o futuro, e influenciou o costume das pessoas de não se fazer uma poupança para investimento ou reserva para imprevistos ou necessidades futuras. Quando possível, os investimentos eram preferencialmente direcionados para aplicação em bens raiz, como terras e imóveis mais resistentes à inflação e de certa forma menos suscetível à impressão de estar sendo corroído pela inflação. Ainda que o poder de compra estivesse em constante diminuição, o bem estava íntegro aos olhos. Nas últimas décadas, o país conviveu com cenários econômicos predominantemente desfavoráveis ao planejamento de longo prazo, levando a incertezas na população, mercado e governo visto o grande número de planos econômicos tentados nos últimos quarenta anos. Mas ao longo desse período podemos ver a gradual estabilização da moeda e do poder de compra. E também a paulatina expansão das modalidades de investimentos disponíveis ao público, com grande destaque ao mercado de renda variável. Algumas hipóteses direcionam à evolução do sistema financeiro e bancário, além do incremento da informática e das telecomunicações, o que, inegavelmente, expandiu as possibilidades, velocidade e confiabilidade das informações. Desde os últimos anos o consumidor tem à disposição diversas instituições e

9 instrumentos para investir no mercado financeiro, além da facilidade de acesso criada pela evolução tecnológica citada. O sistema financeiro atual é bastante complexo e diversificado, e denota considerável nível de confiança à sociedade. Percepções antigas de constantes instabilidades já não são mais verificadas, com exceção de eventuais crises de nível muito mais abrangente em geral, mundial e pelas quais quase nenhuma nação capitalista passa incólume. Pode-se afirmar que na atualidade o consumidor dispõe de relativa certeza de retorno de seus recursos nas formas acordadas com as instituições financeiras. Em parte devido ao alto grau de competição entre essas instituições, em que o não cumprimento de um acordo ou negócio significa uma evasão do cliente para o concorrente mais próximo, tanto pela facilidade de se operar essa mudança, como pela alta semelhança dos serviços ofertados. Outro fator que contribui para essa realidade é o crescente acesso ao poder judiciário pela população em geral. Nesse mercado competitivo e de farta informação, um revés em um processo judicial pode representar não só uma perda financeira, mas também um risco de imagem - na medida em que descumprir dispositivos legais sujeita a instituição à exposição na imprensa e internet, em virtude da facilidade do acesso às informações e do grande número de mídia e redes sociais

10 CAPÍTULO I O SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL Para melhor compreendermos os investimentos financeiros e inseri-los no contexto da educação financeira, faz-se necessário que primeiro analisemos o Sistema Financeiro Nacional (SFN), dado que é a base de toda a circulação de ativos e informações relacionadas que influenciam nossas decisões financeiras e é também o meio onde se inicia e se encerra o fluxo das operações que daí decorrem. Em última análise, o SFN é o responsável por promover a interligação de doadores e tomadores de recursos. 1.1 Conceito e Histórico O Sistema Financeiro Nacional pode ser definido como um conjunto de instituições, financeiras ou não, voltadas para a gestão da política monetária do governo federal. Segundo Fortuna (2008), é um conjunto de instituições que se dedicam, de alguma forma, ao trabalho de propiciar condições satisfatórias para a manutenção de um fluxo de recursos entre poupadores e investidores. Em outras palavras, as instituições financeiras são pessoas jurídicas que captam (tomam) recursos excedentes de agentes, pessoas físicas ou jurídicas, para financiar os demais agentes deficitários, e assim dar seguimento ao fluxo do dinheiro. De acordo com o artigo 192 da Constituição Federal: "O sistema financeiro nacional, estruturado de forma a promover o desenvolvimento equilibrado do País e a servir aos interesses da coletividade, em todas as partes que o compõem, abrangendo as cooperativas de crédito, será regulado

11 por leis complementares que disporão, inclusive, sobre a participação do capital estrangeiro nas instituições que o integram. Consultando-se os sistemas financeiros de boa parte dos países do mundo, independente do tipo de economia, existe um ente governamental com o dever de regular o volume de dinheiro e o crédito. Esse ente, que se reveste da função de Autoridade Monetária do Sistema Financeiro, cuja missão é zelar pela estabilidade da moeda, costuma chamar-se Banco Central. A entidade Autoridade Monetária ou Banco Central, como é conhecida em grande parte dos países, é uma instituição recente que apareceu nos países industrializados no final do século XIX e no início do século XX. Há algumas décadas tem-se acreditado que não se consegue o desenvolvimento de um país sem que haja um Sistema Financeiro forte e bem estruturado, que seja capaz de cumprir com a sua finalidade. Fica evidenciado o motivo pelo qual o sistema financeiro de cada nação é sempre coerente com o seu grau de desenvolvimento e com sua força econômica. Um sistema financeiro pode ser tido como um conjunto de instituições que são responsáveis pela intermediação do fluxo monetário entre os que poupam e os que investem. Nesse sistema, existem as pessoas que poupam parte de sua renda desde que haja alguém disposto a remunerá-las a uma determinada taxa de juros. Por outro lado, existem os agentes econômicos (indivíduos, empresas e governo) que estão dispostos a investir, mas, por não disporem da totalidade dos recursos a serem investidos, necessitam toma emprestado pagando determinada taxa de juros. Desta forma, a função básica do intermediário financeiro é comprar dinheiro a determinado preço (taxa de captação) e emprestá-lo aos investidores a um preço maior que o de compra (taxa de aplicação), obtendo um ganho com esse diferencial de taxas conhecido por spread.

12 Esse papel de intermediário financeiro é desempenhado pelas instituições financeiras, tais como bancos comerciais, bancos de investimento e corretoras de valores e câmbio. Seria muito interessante se o funcionamento do sistema financeiro ocorresse livremente, mas não acontece. Sabe-se que há muitas variáveis envolvidas como o volume de dinheiro em circulação, as taxas de juros praticadas, a velocidade de circulação da moeda, a diferença entre os prazos dos recursos captados e emprestados, dentre outras. Dessa maneira, em todo tipo de sistema financeiro, há necessidade de existir um órgão com missão de monitorar os fluxos financeiros decorrentes das variáveis envolvidas. Até 1964, o Sistema Financeiro Nacional SFN carecia de uma estruturação racional adequada às necessidades e carências da sociedade como um todo. A partir de então, foi editada uma série de leis que possibilitou esse reordenamento, tais como: - Lei da Correção Monetária (4.357/64); - Lei do Plano Nacional da Habitação (4.380/64); - Lei da Reforma do Sistema Financeiro Nacional (4.595/64); - Lei do Mercado de Capitais (4.728/65); - Lei da CVM (6.385/76); - Lei da S.A. (6.404/76); - Nova Lei das S.A. (10.303/01); - Resolução CMN 3.040 de 28/11/02. Podem-se identificar três estágios antes de 1964. No primeiro e segundo, que compreendem o período anterior a 1945, o Banco do Brasil, um banco comercial, também exercia as funções de um Banco Central.

13 Destaca-se neste primeiro estágio (1808 a 1914), do Império aos primeiros anos da República, alguns fatos como: 1808 Instalado o primeiro Banco do Brasil, com funções de Banco Central e de banco comercial; 1829 O Banco do Brasil é dissolvido devido ao excessivo volume de despesas do Estado, muito superiores ao volume de arrecadação fiscal, em face do financiamento de obras públicas, frequentemente suntuosas, e as campanhas pela consolidação política do Império; 1853 Um grupo de comerciantes, liderado pelo Barão de Mauá, cria um novo Banco do Brasil, mediante a fusão com o Banco Comercial do Rio de Janeiro, com elevado montante de capital privado, dentre as sociedades anônimas existentes na América do Sul; 1905 Terminada a fusão do Banco do Brasil com o Banco Comercial do Rio de Janeiro, é liquidado o Banco da República dos Estados Unidos do Brasil e em 1906 surge o atual Banco do Brasil. No segundo estágio (1914 a 1945), pode-se notar que os bancos se desenvolveram com relativa segurança, ampliando o raio de ação e dando sustentação às mudanças que se operavam na estrutura de produção do país. A expansão das atividades de intermediação financeira levou a criação, em 1920, da Inspetoria Geral dos Bancos, subordinada ao Ministério da Fazenda. O Banco do Brasil passou a desenvolver cada vez mais suas funções de banco comercial, sendo visto como mais competidor no mercado do que como uma instituição do Governo. Esse aspecto dúbio do BB talvez seja um dos fatores que explica a longa e difícil maturação do Banco Central no país.

14 Já o terceiro estágio, que teve início em 1945 e estendeu-se até 1964, foi marcado pela criação da Superintendência da Moeda e do Crédito (SUMOC), que era dirigida por um Conselho cujo presidente era o Ministro da Fazenda. Ela foi a base para a criação do Banco Central. O período foi marcado pela transição entre a estrutura simples de intermediação financeira, que se firmou durante a primeira metade do século, e a completa estrutura que foi montada a partir das reformas institucionais de 1964/65. Destaca-se que o sistema financeiro passou a ser controlado por quatro organismos, que exerciam as funções de um banco central: a) Conselho Superior da SUMOC órgão normativo responsável pela supervisão e coordenação das políticas monetária, creditícia, cambial e bancária. b) SUMOC órgão responsável: Pela emissão de papel-moeda; Pela fixação das taxas de juros sobre os depósitos bancários e sobre operações de redesconto e de assistência financeira de liquidez; Pela fixação dos percentuais dos depósitos compulsórios dos bancos; Pela fiscalização das instituições financeiras. c) Banco do Brasil órgão executivo das decisões do Conselho Superior da SUMOC, agia como: Banco dos bancos (recebimento dos depósitos compulsórios e voluntários dos bancos); Agente financeiro do governo (caixa único das autoridades monetárias); Administrador e depositário das reservas internacionais; Emprestador em última instância.

15 d) Tesouro Nacional órgão detentor do poder emissor, que exercia suprindo de papel-moeda a Carteira de Redesconto e a Caixa de Mobilização Bancária. Também houve a criação do BNDE (atual BNDES), com a finalidade de realizar operações de longo prazo de infraestrutura, bem como de Instituições Financeiras com o objetivo de apoiar as regiões carentes (BNB, BASA). Pode-se considerar que se iniciou um quarto estágio com a reforma do sistema financeiro de 1964, por meio da Lei nº 4595/1964, que criou o Banco Central do Brasil, cujo funcionamento se deu em abril de 1965 com a missão de assegurar a estabilidade e o poder de compra da moeda nacional. Missão esta alterada recentemente para assegurar a estabilidade do poder de compra da moeda e um sistema financeiro sólido e eficiente. Esta mesma lei também atribuiu competência ao BACEN para conceder autorização para funcionamento das instituições financeiras, exercer a fiscalização sobre estas instituições e aplicar penalidades.

16 1.2 Estrutura e Principais Órgãos Estrutura do Sistema Financeiro Nacional O Sistema Financeiro Nacional divide-se em subsistema normativo e subsistema de intermediação. A função do subsistema normativo é editar normas que definam os parâmetros para a transferência de recursos dos poupadores para os tomadores e controlar o funcionamento das instituições e entidades que efetuem atividades de intermediação financeira. Composição: a) Órgãos Normativos: Conselho Monetário Nacional CMN Composto pelo Ministro de Estado da Fazenda, na qualidade de presidente, Ministro de Estado de Orçamento e Gestão e o Presidente do Banco Central do Brasil. Os atos normativos do CMN são denominados resoluções ou deliberações, sendo que a sua divulgação cabe ao Banco Central do Brasil. As deliberações do CMN são por maioria de votos, cabendo ao presidente o voto de qualidade e a prerrogativa de decidir nas situações de urgência e de interesse relevante. As atribuições do CMN estão contidas na Lei nº 4595/1964, arts. 3º e 4º. Conselho Nacional de Seguros Privados CNSP Composto pelo Ministro de Estado da Fazenda, na qualidade de presidente, Superintendente da SUSEP, um representante do: Ministério da Justiça, Banco Central do Brasil, Ministério da Previdência e Assistência Social e Comissão de Valores Mobiliários. É responsável pela normatização das atividades securitárias do país, fixando as diretrizes e normas da política

17 governamental para os segmentos de seguro privados, capitalização e previdência privada (no âmbito das entidades abertas). Conselho Nacional de Previdência Complementar CNPC Composto pelo Ministro da Previdência Social, que preside o Conselho e representantes da: PREVIC, Secretaria de Políticas de Previdência Complementar, Casa Civil da Presidência da República, Ministério da Fazenda, Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, entidades fechadas de previdência complementar, patrocinadores e instituidores de planos de benefícios das entidades fechadas de previdência complementar e dos participantes e assistidos de planos de benefícios das referidas entidades. Tem a função de regular o regime de previdência complementar operado pelas entidades fechadas de previdência complementar. b) Entidades Supervisoras: Banco Central do Brasil BACEN É uma autarquia federal criada em 31/12/1964, pela Lei 4595/1964, para ser o agente da sociedade brasileira responsável pela manutenção da estabilidade do poder de compra da moeda brasileira, mas também possui diversas outras atribuições relevantes definidas na citada lei. Abrange também o COPOM Comitê de Política Monetária, cujos objetivos são: implementar a política monetária, definir a meta da taxa SELIC e analisar o Relatório de Inflação. Comissão de Valores Mobiliários CVM A CVM, de modo análogo ao BACEN, tem o poder de emitir normativos complementares às Leis e Resoluções que norteiam o

18 ambiente do mercado de valores mobiliários de forma a regular, controlar e disciplinar a emissão e distribuição de valores mobiliários, bem como as atividades das instituições e empresas participantes do mercado de capitais. Superintendência de Seguros Privados SUSEP É uma autarquia vinculada ao Ministério da Fazenda, responsável pela execução das atividades de controle e fiscalização do mercado de seguros, previdência privada aberta e capitalização. Superintendência Nacional de Previdência Complementar PREVIC A Previc atua como entidade de fiscalização e de supervisão das atividades das entidades fechadas de previdência complementar e de execução das políticas para o regime de previdência complementar operado pelas entidades fechadas de previdência complementar. Já o subsistema de intermediação tem a função de operacionalizar a transferência de recursos do poupador para o tomador, de acordo com as regras estabelecidas pelas entidades integrantes do subsistema normativo. Composição: a) Instituições Financeiras Bancárias ou Monetárias Instituições autorizadas a captar recursos junto ao público sob a forma de depósitos à vista, estando capacitadas, portanto, a criar moeda escritural. Bancos Comerciais; Caixas Econômicas; Cooperativas de Crédito; Bancos Cooperativos;

19 Bancos Múltiplos com carteira comercial. b) Instituições Financeiras Não Bancárias ou Não Monetárias Instituições que não estão autorizadas a captar recursos sob a forma de depósitos à vista. Bancos de Investimento; Bancos Estaduais de Desenvolvimento; Sociedades de Arrendamento Mercantil; Sociedades de Crédito, Financiamento e Investimento; Companhias Hipotecárias; Bancos Múltiplos sem carteira comercial ou de crédito imobiliário. c) Instituições do Sistema Brasileiro de poupança e Empréstimo Instituições autorizadas a captar recursos sob a forma de depósitos em cadernetas de poupança, que serão utilizadas para financiamentos habitacionais. Sociedades de Crédito Imobiliário; Associações de Poupança e Empréstimo; Caixas Econômicas; Bancos Múltiplos com carteira de crédito imobiliário. d) Agentes Especiais Instituições que executam funções atípicas, diferenciadas da espécie a que pertencem. Banco do Brasil S.A. BB; Caixa Econômica Federal CEF; Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social BNDES; Banco do Nordeste do Brasil S.A. BNB; Banco da Amazônia S.A. BASA.

20 e) Instituições do Sistema de Distribuição de Títulos e Valores Mobiliários Instituições ou entidades que prestam serviços a poupadores e tomadores, mediante compra e venda de títulos e valores mobiliários e câmbio. Sociedades Corretoras de Títulos e Valores Mobiliários; Sociedades Corretoras de Câmbio; Sociedades Distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários; Corretoras de Mercadorias e Corretoras de Mercadorias Agrícolas; Operadores Especiais de Mercadorias Agrícolas e Corretores de Algodão; Agentes Autônomos de Investimento. f) Instituições do Sistema de liquidação e Custódia de Títulos e Valores Mobiliários Instituições que prestam serviços aos intermediários financeiros criando condições propícias de mercado para emissão e circulação de títulos e valores mobiliários. Bolsas de Valores; Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia CBLC; Entidades de Mercado de Balcão Organizado (Sociedade Operadora do Mercado de Ativos SOMA, por exemplo); Sociedades de Compensação e Liquidação de Operações; Bolsas de Mercadorias e de Futuros; Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC; Central de Custódia e Liquidação Financeira de Títulos CETIP; Câmara Interbancária de Pagamentos CIP. g) Instituições e Entidades Administradoras de Recursos de Terceiros Instituições que proporcionam a reunião de diversos poupadores que tenham objetivos comuns no que tange à aplicação de seus recursos.

21 Fundos Mútuos de Investimento regulados pela Comissão de Valores Mobiliários. h) Entidades Prestadoras de Serviços Financeiros Regulamentados Entidades juridicamente definidas como não pertencentes à categoria de instituição financeira, mas que prestam serviço financeiro regulamentado. Agências de Fomento ou de Desenvolvimento. i) Instituições do Sistema Nacional de Seguros Privados e de Previdência Complementar Instituições e entidades que oferecem seguros de coisas, pessoas, bens, responsabilidades, obrigações, direitos, garantias, cosseguro, resseguro, retrocessão de seguros, planos de pecúlio ou de rendas e de assistência médica ou odontológica e planos de benefícios complementares ou assemelhados aos da previdência social. Detentoras de volume significativo de poupança. As Entidades Fechadas de Previdência Privada são supervisionadas pela Secretaria de Previdência Complementar. As demais, pela SUSEP. Instituto de Resseguros do Brasil; Companhias Seguradoras; Companhias de Capitalização; Entidades Abertas de Previdência com Fins Lucrativos; Entidades Abertas de Previdência sem Fins Lucrativos; Entidades Fechadas de Previdência Privada; Sociedades Administradoras de Planos de Seguro-Saúde; Corretores de Seguros. j) Instituições Prestadoras de Serviços Financeiros Não Regulamentados Sociedades Administradoras de Cartões de Crédito; Sociedades de Fomento Mercantil.

22 1.3 Dinâmica do Sistema Financeiro Nacional A função do Sistema Financeiro Nacional-SFN é a de ser um conjunto de órgãos que regulamenta, fiscaliza e executa as operações necessárias à circulação da moeda e do crédito na economia. É composto por diversas instituições. Se o dividirmos, teremos dois subsistemas. O primeiro é o normativo, formado por instituições que estabelecem as regras e diretrizes de funcionamento, além de definir os parâmetros para a intermediação financeira e fiscalizar a atuação das instituições operativas. Tem em sua composição: o Conselho Monetário Nacional (CMN), o Banco Central do Brasil (Bacen), a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e as Instituições Especiais (Banco do Brasil, BNDES e Caixa Econômica Federal). O segundo subsistema é o de intermediação (ou operativo). Em sua composição estão as instituições que atuam na intermediação financeira e tem como função operacionalizar a transferência de recursos entre fornecedores de fundos e os tomadores de recursos, a partir das regras, diretrizes e parâmetros definidos pelo subsistema normativo. Estão nessa categoria as instituições financeiras bancárias e não-bancárias, o Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), além das instituições não financeiras e auxiliares. A atuação das instituições que integram o subsistema operativo é caracterizada pela sua relação de subordinação à regulamentação estabelecida pelo CMN e pelo Bacen. As instituições podem sofrer penalidades caso não cumpram as normas editadas pelo CMN. As multas vão desde as pecuniárias até a própria suspensão da autorização de funcionamento dessas instituições e seus dirigentes.

23 CAPÍTULO II INVESTIMENTOS TRADICIONAIS E O MERCADO DE AÇÕES 2.1 Introdução e Conceitos Instrumentos Financeiros são os meios empregados para se alcançar o objetivo de investir. Este conceito é importante para se entender todas as diferenças entre as diversas modalidades de investimento. Todos os ativos e modalidades operacionais existentes são instrumentos. Porém, somente os ativos ou modalidades operacionais disponíveis no âmbito do mercado financeiro são instrumentos financeiros. A expressão no âmbito do mercado financeiro significa que o instrumento é emitido ou intermediado por uma instituição financeira, estando, portanto, sob a fiscalização das instituições do subsistema de normatização. 2.2 Poupança É um depósito remunerado, sem data de vencimento, com rendimento mensal pós-fixado, para pessoas físicas e jurídicas. Essa remuneração é regulada pelo Governo Federal e padronizada em todas as instituições financeiras. A caderneta de poupança é um dos investimentos mais populares do país. Isso se deve à simplicidade e ao baixo risco que esse tipo de aplicação apresenta para o pequeno investidor. Além disso, ela é garantida pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC) em até R$ 60 mil e é isenta de imposto de renda para pessoas físicas.

24 2.3 Certificado de Depósito Bancário (CDB) O Certificado de Depósito Bancário é o mais tradicional título que permite ao investidor saber com antecedência as condições de remuneração no prazo negociado. É conhecido também como depósito a prazo. O CDB é transferível por endosso nominativo. A critério da instituição financeira, ele é resgatável antes do vencimento, desde que respeitados os prazos mínimos. Não pode ser prorrogado e sim renovado de comum acordo, por nova contratação. A contratação do CDB pode ser feita com taxas pré ou pós-fixadas. Quando for contratado com taxas prefixadas, o investidor, no ato da aplicação, fica sabendo o valor que receberá ao final do prazo acordado com a instituição financeira. No CDB negociado à taxa pós-fixada, o investidor somente conhecerá o valor a receber no vencimento da operação ou na data do resgate, visto que o cálculo da remuneração está vinculado ao comportamento futuro de um indexador (CDI, por exemplo). Este instrumento financeiro está mais sujeito aos riscos de crédito e de mercado, e é tributado com imposto de renda. 2.4 Fundos de Investimento Os fundos são condomínios que reúnem em uma carteira diversos investidores com objetivos e necessidades semelhantes. Cada investidor é detentor de um número de cotas, que representam frações do patrimônio do fundo. Esse condomínio, ou seja, o fundo, contrata uma instituição para gerir seus recursos (gestor) que fica responsável pelas aplicações do fundo no mercado conforme o objetivo e a política de investimento definida, buscando obter sempre a melhor rentabilidade para seus cotistas.

25 Os investimentos podem ser em ativos como: ações, CDB, títulos de renda fixa, derivativos, commodities, títulos cambiais, entre outros, dependendo da classe ao que o fundo pertença. O fundo de investimento consegue condições mais vantajosas no mercado financeiro que o investidor individualmente, por operar, normalmente, com recursos elevados. Dessa forma, os fundos de investimento possibilitam a seus cotistas a oportunidade de, em conjunto, investir em aplicações financeiras que, individualmente, seriam de difícil acesso. Eles conferem ao investidor melhores condições de remuneração no mercado, devido a uma administração profissional e por operarem com volumes de recursos expressivos. Os papéis que compõem a carteira ficam em nome do fundo. Cada fundo tem seu próprio regulamento, no qual constam as regras a serem seguidas na sua administração. O órgão que normatiza e fiscaliza a indústria de fundos de investimento é a Comissão de Valores Mobiliários CVM. A ANBIMA Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais acompanha e regulamenta as informações relativas à indústria de fundos de investimento. Esta associação, representante das instituições financeiras que operam no mercado de capitais brasileiro, tem por objetivos: incentivar a adoção das melhores práticas e o respeito aos direitos dos investidores; prover os membros do mercado de informações e estatísticas relativas às suas áreas de atuação; e consolidar e ampliar o espaço da autoregulação. Renda Fixa e Renda Variável: Os instrumentos financeiros, assim como os fundos de investimento mais comuns (há outros), podem ser de renda fixa e de renda variável.

26 Renda Fixa: são aplicações em títulos que pagam remuneração previamente pactuada (exemplo: taxa de juros). Para ser considerado de renda fixa, um título deve apresentar três aspectos: - Valor de face; - Remuneração pactuada; - Data de vencimento. Pode-se dizer que os títulos de renda fixa proporcionam maior segurança aos seus detentores, pois possibilitam ao investidor a visualização de ganhos futuros. Os investimentos de renda fixa podem ser prefixados quando o investidor já sabe, no ato da contratação, o valor que vai resgatar o título no vencimento; ou pós-fixados, quando o valor final somente é conhecido no vencimento. Renda Variável: não possuem valor de face, remuneração previamente pactuada e nem vencimento. Os seus valores são determinados pelo mercado, levando-se em conta vários fatores como oferta e demanda, perspectivas futuras das empresas, investimentos no setor e outros. Dessa forma, não possuem garantia quanto ao retorno dos recursos aplicados, podendo se traduzir em grandes oportunidades de lucros ou grandes perdas, a exemplo das ações e dos fundos de ações.

27 2.5 MERCADO DE AÇÕES Ações são títulos de renda variável, nominativos, que representam a menor parcela do capital social de uma empresa. O acionista passa a ser dono de uma parte daquela empresa, tornando-se sócio do negócio e assumindo os riscos. As ações são negociadas em Bolsa de Valores ou em mercado de balcão organizado. As ações podem ser classificadas em: a) Ordinárias: com direito a voto nas assembleias gerais; b) Preferenciais: recebem esta denominação por terem preferência na distribuição de resultados (dividendos, juros sobre capital próprio etc) e no reembolso de capital (no caso de dissolução da sociedade). Há, no entanto, outros tipos de classificação para as ações. Quando uma ação é mais líquida, ou seja, mais negociada, ela é considerada uma ação de primeira linha. Essas ações são conhecidas no mercado como blue chips e geralmente são de empresas tradicionais, de grande porte e com boas perspectivas, a exemplo das ações da Petrobras. As ações de segunda linha (small caps) são menos líquidas. O mercado de ações é o segmento do Mercado de Capitais onde ocorre a compra e venda de participações no capital das Sociedades Anônimas. A transformação que os mercados financeiros mundiais têm apresentado é assustadora se formos raciocinar em termos de algumas décadas atrás. Com a evolução da informática e dos meios de comunicação ocorreram muitas mudanças, tornando os mercados muito ágeis, mais competitivos e globais. Acompanhando esta enorme evolução, o mercado brasileiro também está se adequando a estes novos tempos. Um bom exemplo disto são as

28 facilidades oferecidas aos investidores de um modo geral, como os sistemas eletrônicos de negociação, presentes em boa parte das instituições financeiras. A função básica desse mercado é proporcionar liquidez aos títulos emitidos pelas companhias abertas, e é formado pelo conjunto de mercados distintos: a) Mercado Primário: corresponde aos leilões onde são oferecidas as ações que foram emitidas mas ainda não foram negociadas, ou seja, é a primeira negociação do papel após a data de sua emissão. Os primeiros compradores obtêm as ações diretamente do emissor. b) Mercado Secundário: a partir do momento que as ações são emitidas e vendidas no mercado primário, a sua negociação passará a ocorrer no mercado secundário, ou seja, os primeiros compradores das ações junto ao emissor passam a negociá-las com terceiros, que em sequência também negociam com outros agentes do mercado. Por serem objeto de negociação diária, os preços das ações podem aumentar ou diminuir, de acordo com o maior ou menor interesse dos investidores e o cenário econômico, por isso são chamadas de títulos de renda variável, ou seja, não há garantia de um valor de face para o ativo numa data futura, o que as caracteriza como investimento de risco, podendo o seu valor de resgate assumir valores superiores, iguais ou inferiores ao valor investido. Ao comprar ações, o investidor busca uma rentabilidade maior que a oferecida, por exemplo, numa aplicação de renda fixa. A essa maior expectativa de retorno corresponde um grau também maior de exposição ao risco. Existem duas maneiras de investir em ações: compra direta na bolsa de valores ou aplicação em fundo de ações.

29 Como saber em que ações investir Para fazer a melhor escolha, o investidor pode se apoiar nos conceitos trabalhados por duas escolas: a Fundamentalista e a Técnica. A Escola Fundamentalista enfatiza os indicadores de desempenho da empresa, sua estratégia negocial, o mercado onde atua, a política de dividendos, a eficiência administrativa e a solidez financeira. Enfim, centra sua análise mais na empresa e menos no preço de suas ações. Por isso, investimentos com perspectiva de longo prazo, que apostam no crescimento e prosperidade da empresa, costumam privilegiar os princípios da análise fundamentalista. A Escola Técnica estuda o movimento dos preços das ações, a partir de três premissas básicas: - tudo se reflete nos preços de mercado; - os preços se movem conforme tendências que se mantêm até que um fato novo as reverta; - os movimentos do mercado obedecem a padrões repetitivos e identificáveis. Os especialistas em análise técnica, mais conhecidos como grafistas, têm interesse pelas altas e baixas do mercado e as tendências de preços das ações, buscando ganhar nas flutuações. Por isso, investimentos de curto prazo valorizam os princípios da análise gráfica. Embora nenhum método de escolha de ações seja infalível, historicamente o retorno de aplicações em renda variável, a médio e longo prazo, supera o retorno dos investimentos em renda fixa. O risco de maior relevância nesse tipo de instrumento financeiro é o risco de mercado, pois as ações são muito voláteis em relação a cenários econômicos, políticos e sociais. Tão importante quanto o momento de compra ou venda é o

30 acompanhamento constante da carteira de ações, o que exige disciplina do investidor. CAPÍTULO III EDUCAÇÃO FINANCEIRA 3.1 Rentabilidade, Liquidez e Segurança No mercado financeiro, há três palavras que acompanham qualquer investimento: rentabilidade, liquidez e segurança. Rentabilidade diz respeito à remuneração do capital investido. Por exemplo: a remuneração do capital investido em um imóvel é o aluguel, em um negócio próprio é o lucro e, em Fundo de Investimento de Renda Fixa, é o juro. Liquidez diz respeito à capacidade de transformação do ativo em moeda. Os investimentos em imóveis, por exemplo, são de baixa liquidez, em função da demora em vendê-los. Os fundos de investimento, ao contrário, são instrumentos financeiros que, de uma forma geral, oferecem alta liquidez, já que podem ser transformados em dinheiro a qualquer momento. Segurança diz respeito ao nível de confiança no retorno do dinheiro investido. Existe uma correlação inversa entre segurança e rentabilidade: quanto mais segura for a aplicação, menor a taxa de juros paga. É o caso da poupança. Quanto menor a segurança, isto é, quanto mais arriscada a aplicação, maior é a rentabilidade esperada. É o caso das aplicações em Fundo de Ações. A relação entre esses fatores pode ser traduzida da seguinte forma:

31 - quanto maior for a segurança do investimento, menor tende ser a rentabilidade e a liquidez; - quanto maior for a liquidez menor tende a ser a rentabilidade e a segurança; - quanto maior for a rentabilidade, provavelmente menor será a segurança e a liquidez. 3.2 Perfil do Investidor Rentabilidade, liquidez e segurança estão presentes em todos os investimentos financeiros. Mas as pessoas se comportam de maneira diferente em relação a esses fatores. Algumas priorizam a segurança, outras a rentabilidade e até mesmo podem ter necessidades diferentes, de acordo com o momento que atravessam na vida. Há momentos em que o mais recomendado é investir com segurança, pois qualquer perda pode inviabilizar o objetivo para o qual o investimento está sendo feito. Em outros, a liquidez pode ser o fator que irá decidir em qual instrumento financeiro aplicar. Conhecer o perfil do investidor é justamente reunir informações que permitam avaliar como ele se comporta diante desses três fatores inseparáveis de qualquer investimento e outros dados de seu atual ciclo de vida. A literatura especializada em investimentos recomenda que o próprio investidor se avalie quanto a esses aspectos. Afinal, quem decide em que aplicar é sempre o próprio investidor. Assim, o investidor deve conhecer: - O seu grau de tolerância a risco. Ele deve ter claro qual seria sua reação diante da perda de patrimônio, ainda que parcial, em ocasiões de maior instabilidade no mercado. Muitas vezes, o cliente deseja alta rentabilidade, porém não considera o grau de risco necessário para isto.

32 - O prazo disponível para os recursos permanecerem aplicados. Em outras palavras, o nível de liquidez de que o investidor necessita. - A rentabilidade que espera obter pela aplicação dos recursos. - O objetivo do investimento. É imprescindível saber por que se está poupando, para não perder a referência com o passar do tempo. - O valor disponível também define as opções de investimento, uma vez que a maioria dos produtos exige valor mínimo para ingresso. O ideal para o investidor é poder aplicar certa quantia todo mês. No princípio, a exigência de valor mínimo nas aplicações pode restringir as alternativas, mas com o tempo é possível a diversificação, que minimiza riscos. - A situação financeira e patrimonial. Analisar a composição de seu patrimônio, o quanto possui em ativos líquidos (dinheiro, conta corrente, aplicações de renda fixa de curto prazo etc) e quanto em ativos imobilizados (casa, carro etc). O grau de liquidez de seu patrimônio é importante na definição dos investimentos financeiros. Se uma parte muito grande estiver em aplicações de longo prazo, como ações. - O momento do seu ciclo de vida. Quanto maior for a idade, menor deve ser o volume investido em mercados mais voláteis mais sujeitos a oscilações de preços, como o mercado de ações, por exemplo pois o tempo disponível para esperar a recuperação de possíveis perdas seria menor. O mercado costuma trabalhar com três perfis básicos de investidores: conservadores, moderados e arrojados. Conservadores não gostam de correr risco. Não possuem tendência a aplicar em investimentos que oscilam muito, ou o seu momento de vida não o permite. Pessoas tidas por conservadoras tendem a manter as coisas ao seu

33 alcance e sob sua supervisão plena. Entre algumas características desses investidores, está a aposta em ativos reais (como imóveis e carros), a opção pela compra à vista ao invés do financiamento, a priorização de um bom seguro para os seus bens e o planejamento de sua vida a longo prazo. Moderados aceitam correr pouco risco em troca de uma rentabilidade maior. Tendem a estudar muito bem as possibilidades antes de fecharem o negócio. Geralmente, são bastante preocupados com o futuro, mantêm um colchão financeiro suficiente para sobreviver por um tempo, procuram cursos de aperfeiçoamento e não veem barreiras em montar um pequeno negócio. Mudar de emprego, comprar imóveis na planta, fazer financiamento de automóveis e usar o cheque especial são comportamentos que podem fazer parte de sua dinâmica. Arrojados o risco é facilmente assimilado. Na maioria das vezes, conhecem muito bem onde estão pisando, ou contam com a assessoria de pessoas bem informadas ou de profissionais do mercado financeiro. São pessoas que traçam uma estratégia, considerando todos os pontos positivos e negativos, o que lhes dá confiança para conviver com as oscilações do mercado sem se sentirem ameaçados ou desesperados. Em geral, uma pessoa tida como arrojada tem uma personalidade bastante dinâmica, aceita mudar para um emprego com maior potencial ou busca ser o seu próprio patrão. Setores novos atraem esse investidor, por estarem repletos de possibilidades. 3.3 Estratégia de Investimento É importante que o investidor seja realista consigo mesmo na avaliação de seu perfil e cuide para que nenhum dos aspectos, sozinho, defina o destino do dinheiro.

34 Estudar com cuidado as possibilidades de aplicação dos recursos, traçar uma estratégia de investimento confortável é essencial para evitar frustações e decepções com o mundo dos investimentos. De tempos em tempos, é bom rever os fatores que auxiliaram na definição do perfil e da estratégia escolhida. Mudanças, como um aumento de salário ou o nascimento de um filho, podem demandar ajustes quanto aos investimentos. A diversificação nos investimentos é sempre recomendável para uma boa estratégia. Embora um investidor se identifique com o perfil arrojado, recomenda-se aplicar, também, uma parte em renda fixa para não correr altos riscos com o seu dinheiro. Da mesma forma, um investidor mais conservador pode aplicar parte de seus recursos em instrumentos de risco moderado, com possibilidade de retorno um pouco mais vantajoso. 3.4 Consumismo e Dificuldade de Poupar A necessidade de consumir Segundo Don Slater (2001) Ser moderno é ser consumidor; modernizar é, em última instância, manter tanto um modo de vida consumista quanto a capacidade de participar da cultura do consumo global. A cultura do consumo é o resultado de imposição de mercadorias de característica efêmera pelo mercado. O consumidor que antes consumia a fim de atender suas necessidades básicas, nos dias atuais consome a fim de atender seus caprichos e vontades, não conseguindo na maioria das vezes distingui-las.

35 Os conceitos de necessidade e desejo precisam ser bem definidos. Segundo o dicionário Aurélio, necessidade é: 1 O que é absolutamente necessário. 2 Aquilo que é inevitável, fatal. Já desejo é: 1 Vontade de possuir ou de gozar. 2 Anseio, aspiração. 3 Cobiça ambição. Desta forma, nota-se um conceito equivocado do que realmente é necessidade na atual sociedade. Se por um lado ela pode ser considerada como básica, como, por exemplo, comida, roupas e moradia, por outro, ela é vista como arbitrária e subjetiva, evidenciando desejos, caprichos, carência, dependendo inteiramente da peculiaridade de cada indivíduo. Será mesmo que quando alguém diz estar precisando de alguma coisa realmente estará? Na sociedade moderna, a sociedade de consumo, a maioria dos objetos de consumo é em grande parte mercadoria. Desta forma, o consumo diz respeito à comercialização da vida cotidiana à medida que esta é estruturada por uma ordem econômica. Assim, surgem ideias de competição, de consumo notável e de concorrência por status, comportamento esse notado não só no que diz respeito a questões ligadas à cidade-espetáculo como também a questões mais individuais como a habitação. À medida que se consome, identidades e relações sociais são construídas e questões ligadas à ética e à identidade começam a surgir, como quem somos como sujeitos modernos e agentes sociais; como compreender a relação entre cotidiano e valores sociais e morais. Na década de 80 pôde-se notar um novo conceito do consumismo de forma mais marcante. O consumidor era visto como o herói do momento, não só como aquele que possuía poder aquisitivo, como também o modelo do sujeito e cidadão moderno. A opção do consumidor tornou-se o modelo obrigatório para todo tipo de relação social e exemplo de dinamismo. Ele se achava livre e capaz de ter suas próprias decisões, sem se dar conta de que era induzido a tais escolhas. Desta forma o homem passou a demonstrar um maior individualismo, vivendo por seus interesses pessoais.

36 Para Slater (2001), a década de 80 foi uma década onde o marketing reinava sobre o ato de consumir, criando então, uma cultura onde a identidade pessoal era forjada, manipulável e implicava continuarmos diferentes dos vizinhos, num interesse de aparências. A dificuldade de poupar De acordo com Lima (2007), diante da maior facilidade de acesso ao crédito, seja através do uso de cartão de credito e do limite do cheque especial, ou das diversas linhas de antecipação de restituição e décimo terceiro, muitos consumidores não resistem e acabam optando pelo financiamento de suas compras. Neste contexto, a autora não surpreende que um número crescente de pessoas acabe se atolando em dívidas e menciona dez razões pelas quais as pessoas se atolam em dívidas: 1. Perda de renda sem ajuste nas despesas. Curiosamente, pode-se observar que, quando o poder aquisitivo das pessoas aumenta, elas rapidamente tendem a aumentar seu padrão de gastos, ajustando-se à nova realidade de salário. Infelizmente, a contrapartida nem sempre é verdadeira, de forma que em geral o consumidor não ajusta seus gastos com a mesma rapidez diante de uma retração na renda. Acreditando que a situação seja temporária, muitas pessoas optam por equilibrar o orçamento através do levantamento de dívidas. Porém, muitas vezes o temporário se transforma em permanente, e abre-se a porta para uma situação de desequilíbrio financeiro. 2. Desemprego. A perda do emprego pode ser vista como uma das causas para a redução de renda, discutida acima. O maior problema aqui é subestimar o tempo e os custos associados à recolocação profissional, que podem inclusive acabar elevando padrões de gastos temporariamente. Nesta hora é importante não se abalar emocionalmente e agir rápido. Por mais que cortar gastos seja a última

37 coisa que passe pela sua mente, ela deve ser, na verdade, a primeira providência a tomar. 3. Despesas médicas podem acabar com sua saúde. Não são poucos os casos de pessoas que acabam sofrendo problemas de saúde, e por isso são forçadas a gastar com o tratamento, ou a se ausentar do trabalho. Por este motivo, sobretudo no caso de profissionais liberais e autônomos, veem-se diante de dificuldades financeiras. 4. Divórcio: separação de bens, mas não de gastos. Mesmo que você não esteja casado, basta que se encontre em uma relação estável, para que possa ser atormentado pela realidade da divisão de bens, e até mesmo pagamento de pensão ao ex-cônjuge/companheiro. 5. Jogos e outros vícios. Ainda que o jogo seja ilegal no País, não há como negar sua existência. Infelizmente, muitas pessoas acabam viciadas, perdendo completamente o controle dos seus gastos. 6. Gastando aquilo que não recebeu. Não são poucos os casos em que isso acontece. Englobam filhos que antecipam o recebimento de bens ainda em inventário, ou profissionais que adiantam o recebimento de férias, décimo terceiro, ou bonificação anual extra. 7. Incapacidade de administrar dinheiro. Poucas pessoas investem tempo na gestão do seu orçamento e sabem para onde vai o seu dinheiro. Assim, a maioria acaba gastando mais do que pode. Um erro bastante frequente é incluir o limite do cartão de crédito e/ou cheque especial como parte integrante da renda. 8. Dificuldade de poupar. A forma mais simples de evitar o endividamento é efetivamente poupar e formar uma reserva para situações de emergência. Apesar disso, a maior parte das pessoas, independente de faixa de renda, encontra dificuldades em estabelecer uma estratégia de poupança. É exatamente esta reserva que permite que você não se endivide caso fique doente, perca o emprego ou venha a se separar.

38 9. Quando falar sobre dinheiro é tabu. Este é um problema que aflige muitas famílias. É importante que tanto o casal, e eventualmente os filhos, participem, na medida do possível, no estabelecimento de metas e objetivos de poupança e investimento. Se todos se mantiverem informados, é mais fácil comunicar quando um dos membros adota um padrão de gastos que não está de acordo com o orçamento. 10. Analfabetismo financeiro. Esta forma de analfabetismo atinge até mesmo os países mais desenvolvidos, onde uma parcela significativa da população é incapaz de gerir suas contas. Independente do grau de instrução, muitas pessoas simplesmente não apreciam a importância do planejamento financeiro. A importância da educação financeira nas escolas De acordo com Filclore (2007) são muitas e excelentes as razões para se educar as crianças sob o prisma da educação financeira. Em primeiro lugar, do ponto de vista da saúde econômica do país, convém assinalar a relação que existe entre a taxa de poupança interna e a possibilidade de um desenvolvimento concreto, sustentável. Ou o Brasil encara de vez a urgente necessidade de educar parte considerável da população para que seja capaz de constituir uma poupança, ou não se livrará do vício indolente de uma economia eternamente sobressaltada pelo temor das fugas de capital. Nesta perspectiva, Filclore (2007) cabe à escola encarar o que realmente há naqueles que são indiferentes e não somos, todos nós, coresponsáveis pela educação que receberam? e que existe a obrigação de criar gerações dispostas a compreender as razões do fosso que se instalou entre os que têm mais, até demais, e os que têm pouco, quando têm, e a buscar soluções não demagógicas para o problema. Existem ainda razões políticas que sustentam a necessidade da educação financeira para nossos filhos e alunos. Sabe-se, não é segredo, que a democracia é filha dileta do capitalismo. E de tal modo são íntimas que pode o criador até mesmo prescindir de sua criatura, como demonstram as ditaduras capitalistas. Mas não