O USO DAS REDES SOCIAIS EM SALA DE AULA: REFERÊNCIAS AO MODELO SÓCIO INTERACIONISTA PARA O ENSINO E APRENDIZAGEM



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Transcrição:

1 O USO DAS REDES SOCIAIS EM SALA DE AULA: REFERÊNCIAS AO MODELO SÓCIO INTERACIONISTA PARA O ENSINO E APRENDIZAGEM Lygia de Assis Silva (lygia1@hotmail.com) - UFPE Rayanne Angela Albuquerque dos Santos (rayannea.santos@hotmail.com) - UFPE Resumo: O uso das redes sociais é algo que tem se tornado cada vez mais frequente entre indivíduos de todas as partes do mundo. No Brasil, a cultura da internet ou cibercultura vem proporcionando aos usuários da Rede situações de interação e comunicação que muitas vezes não ocorrem em encontros presenciais em variados espaços físicos, como na escola. Para muitas pessoas, principalmente os jovens, o espaço virtual possibilita o exercício da autonomia de forma ampliada e interação com os acontecimentos da sociedade. Diante deste cenário, buscaremos refletir à luz da teoria sócio interacionista de Vygotsky (1978), os processos de interação e mediação que ocorrem entre os indivíduos e os novos equipamentos tecnológicos, tendo como foco a investigação do processo de ensino e aprendizagem decorrente desse uso. Para tanto, analisaremos algumas produções acadêmicas que abordaram tal temática, com o objetivo de investigar como está sendo concebido o uso das Redes sociais no âmbito educacional. Palavras-chave: Redes Sociais; Interação; Aprendizagem; Tecnologia. Introdução Atualmente vivemos em uma sociedade extremamente conectada com as informações do mundo que compartilha e produz conhecimentos de forma rápida e constante. Um dos diversos elementos que sustenta essas relações de comunicação são as redes sociais online, que além de serem geradoras de novas relações entre as pessoas, também trazer sua colaboração, no processo de interação entre os indivíduos para outros ambientes, como nas escolas, uma instituição que até pouco tempo resistia a mudanças em suas práticas e metodologias. Porém, se inicia um processo de reconhecimento sobre a relação entre as tecnologias digitais e o ambiente educacional. Sabe-se que as redes sociais não foram criadas para fins educativos, contudo os usos de práticas inovadoras podem estimular os alunos ao processo de interação, colaboração e construção dos conteúdos propostos a partir da utilização desses recursos. Neste artigo, buscaremos refletir sobre as possibilidades das comunidades virtuais na internet, a partir de estudos teóricos no processo de ensino-aprendizagem relacionando a teoria sócio interacionista de Vygotsky (1978) e reflexões sobre a

2 relação de mediação do professor no ambiente escolar. Analisaremos como o uso das redes sociais pode contribuir no processo de construção do conhecimento. O interesse pela investigação desta temática surgiu quando nos deparamos com um cenário onde é crescente a inserção das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) em sala de aula. Porém, muitas vezes não ocorre de forma aparente, um direcionamento pedagógico para utilização esses recursos e nem uma mediação adequada entre o ensinante e aprendente, pois são disponibilizadas as ferramentas tecnológicas sem que haja o direcionamento pedagógico para os envolvidos no processo. Sabemos que apenas promover o contato dos discentes com o amplo aparato tecnológico existente em algumas escolas não garante a inserção dos mesmos na cultura da internet discutida por Lemos (2002). Dessa forma, é preciso que haja o uso crítico e significativo dessas novas possibilidades de ensino proporcionada pelas novas tecnologias. Por tanto, como justificativa para este estudo temos a tentativa de investigar através de uma revisão teórica e de algumas produções acadêmicas o uso das tecnologias digitais no âmbito escolar, tendo como foco a utilização das redes sociais na sala de aula. A análise dos dados obtidos através das considerações realizadas acerca de tais publicações será fundamentada a partir da teoria de Vygotsky (1978), pois acreditamos na importância do processo de aprendizagem decorrente da interação entre sujeitos e objetos e das relações mediadoras entre o professor e aluno. Pressupostos teóricos Com o intuito de realizar uma análise mais aprofundada sobre os pressupostos teóricos, elegemos a partir de uma seleção de textos tanto pela classificação webqualis, como a partir do banco de dados da Capes, estudos sobre o ensino-aprendizagem à luz dos conceitos abordados do campo da teoria sócio interacionista, questões sobre relações de mediação entre o professor visto por Vygotsky (1978), bem como o impacto que as redes sociais estão tomando na sociedade atual e sua comunicação além de sua relação com a Educação.

3 Um olhar sobre a teoria Em seus trabalhos, Vygotsky (1978) se aproxima da psicologia ao relacionar uma posição contraria ao associacionismo e o mecanicismo que estavam sendo bases para as teorias psicológicas. De acordo com Pozo (1998), essa relação de análises se inicia a partir do momento em que Vygotsky observa de forma mais global a crise do significado da Psicologia do início do século. Neste sentido, os enfoques que reduzem a Psicologia da aprendizagem se encontram na acumulação de reflexos ou associações em relação aos estímulos e respostas, os quais para Vygotsky existem outros aspectos na aprendizagem como: mediação, consciência e linguagem. O conceito de mediação é apontado pelo teórico a partir de sua concepção de como os mediadores são instrumentos que transformam a realidade em vez imitá-la. Segundo Pozo (1998) o conceito vygotskyano de mediador está mais próximo do conceito piagetiano de adaptação como um equilíbrio estre assimilação e acomodação do que condutismo mediacional (POZO, 1998, p.194). Proporcionando assim, uma interação entre sujeitos e meio sem ser um movimento mecânico e conducionista. Na teoria sócio interacionista encontramos uma visão de desenvolvimento humano baseada na ideia de um organismo ativo cujo pensamento é constituído em um ambiente histórico e cultural: a criança reconstrói internamente uma atividade externa, como resultado de processos interativos que se dão ao longo do tempo (MARTINS,1997, p.114). Vygotsky (1978) informa que as possibilidades que o ambiente proporciona ao indivíduo são necessárias para que ele seja capaz de alterar as circunstâncias em que vive. Nessa medida, em que o acesso a instrumentos físicos ou simbólicos seja criados e desenvolvidos. Essas interações sociais permitem pensar em um ser humano em constante mudança, transformação e formação mediante as interações sociais construindo novos olhares para a vida em sociedade. Ao relacionar aprendizagem a partir da teoria desenvolvida por Vygotsky, a interação social deveria acontecer dentro da Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP), que segundo Hedegaard (2002) conecta uma perspectiva psicológica geral sobre o desenvolvimento da criança com uma perspectiva pedagógica sobre o ensino (HEDEGAARD, 2002, p. 199). Podendo ser relacionada ao conhecimento real, que

4 seria o conhecimento que o sujeito possui para a construção do seu conhecimento potencial, aquele em que o sujeito pode aprender. Dessa forma, a aprendizagem pode ser realizada quando o conhecimento real, aquele que o sujeito já possui e é capaz de aplicar sozinho, encontra o conhecimento potencial aquele que necessita do auxílio de outros para ser aplicado, sendo o papel do professor nesse momento realizar a mediação entre a aprendizagem utilizando práticas que levem o aluno a tornar-se mais autônomo e independente. Estimulando assim, o conhecimento potencial, proporcionando a criação de uma nova ZDP. Porém, o profissional docente deve estar atento para permitir que este aluno construa seu conhecimento através de sua participação e interação em grupos, de forma ativa, em um movimento de cooperação entre todos os envolvidos. A partir da orientação do professor para essas construções em grupo, essas atividades acabam possibilitando a criação de ambientes de participação e colaboração. Refletindo assim na elaboração de atividades colaborativas de troca de conhecimento, observadas em alguns modelos atuais com propostas educacionais online feitos em ambientes como; fóruns, redes sociais e chats, que também seguem alguns desses princípios, mas adequando-os a partir de suas propostas educativas. Analisando assim, que esta teoria não se encontra tão distante ao fenômeno que discutiremos na sequência. Cibercultura e as redes sociais Com a inserção cada vez maior das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) em diversas esferas de nossa vida, vivenciamos um processo de reconfiguração de nossa sociedade, pois cultura da internet, ou cibercultura, ganha cada vez mais espaço na mediação de ações cotidianas pelas novas tecnologias. O conceito de cibercultura não se apresenta na literatura acadêmica como um conceito de fácil compreensão, pois muitas vezes ele é relacionado como um assunto complexo e pouco explorado nas discussões nas instituições educacionais, de certa forma esse resultado colabora para a formação inúmeras interpretações sobre seu entendimento. Encontramos na definição de cibercultura no olhar do pesquisador (LEMOS, 2002) uma compreensão que mais se aproxima sobre esse fenômeno. Segundo o autor a cibercultura está na forma sociocultural que emerge da relação simbiótica entre sociedade, a cultura e as novas tecnologias com base microeletrônica que surge com a convergência das telecomunicações com a informática na década de

5 70 (LEMOS, 2002, p.01). Sob a perspectiva de Lemos (2002) não existe sociedade sem tecnologia, pois para o autor, a cibercultura representa a cultura contemporânea sendo consequência direta da evolução da cultura técnica moderna. Para compreender melhor as origens da cibercultura juntamente com as contribuições de Lemos (2002) vamos trazer algumas informações sobre como esse fenômeno foi se desenvolvendo ao longo dos anos. Cronologicamente a origem da cibercultura surgiu na década de 1950, quando nasce a informática e a cibernética, tornando-se popular através dos microcomputadores nos anos 1970. Fortalecendo completamente essa relação nos anos 1980 com a informática de massa e nos anos 1990 como o surgimento das tecnologias digitais e a popularização da internet. Na discussão sobre a dinâmica de uma rede social ou comunidade virtual inseridas nessa cibercultura, trazemos Recuero (2005) que discute essa relação das redes sociais como proposta de estudo informando que essa dinâmica das comunidades virtuais e redes sociais modifica-se em relação ao tempo sendo dinâmicas dependentes das interações totais que abarcam uma rede (organização) e podem influenciar diretamente sua estrutura (RECUERO, 2005, p.08). De acordo com a autora sobre a compreensão de estrutura da comunidade virtual na rede social se apresenta como: Um grupo de pessoas que interagem no ciberespaço, esta interação se dá via comunicação mediada por computador e de forma mútua. A interação que acontece dentro de uma determinada rede é a base do estudo de sua organização. Ela pode ser cooperativa, competitiva ou geradora de conflito. A interação que é cooperativa pode gerar a sedimentação das relações sociais, proporcionando o surgimento de uma estrutura. Quanto mais interações cooperativas, mais forte se torna o laço social desta estrutura, podendo gerar um grupo coeso e organizado. Na organização da comunidade virtual, portanto, é necessário que exista uma predominância de interações cooperativas, no sentido de gerar e manter sua estrutura de comunidade (RECUERO, 2005, p 13). Dessa maneira, para Recuero (2005) é fundamental, uma análise da organização de uma rede social, a partir da compreensão de interação mediada pelo computador em todos os seus aspectos (RECUERO, 2005, p.15). A autora defende a ideia de que as redes sociais no ciberespaço podem ser estudadas através de três grandes elementos: sua estrutura, sua organização e sua dinâmica. Esses elementos são fundamentais para o crescimento e manutenção de uma rede.

6 A partir desses debates iniciais sobre alguns estudos e colaborações sobre o fenômeno da cibercultura, juntamente com alguns pontos de pesquisas sobre as redes sociais e sua importância na sociedade atual, iremos analisar mais adiante como essa relação pode favorecer a relação de ensino e aprendizagem em ambientes educacionais. Metodologia O percurso metodológico para esse estudo foi realizado a partir da proposta de produção de um artigo da disciplina cursada no mestrado, intitulada Cognição e Aprendizagem na Educação Matemática e Tecnológica. A proposta tinha o intuito de fazer uma pesquisa bibliográfica através de um pressuposto teórico que relacionasse o ensino e aprendizagem discutidos durante o semestre, apontando possibilidades de estudos vinculados as teorias tratadas. Com a escolha da pesquisa bibliográfica para indicar o caminho de encontro a partir da análise feitas dos artigos, pressupostos e prática no ensino, como fonte de dados utilizamos em nossa investigação dois artigos que traziam discussões sobre redes sociais e estratégias didáticas para a aprendizagem, sendo eles escritos pelos pesquisadores Xavier e Lyra (2002) e Rigitano (2003). Buscaremos então realizar algumas considerações sobre as temáticas abordadas nesses estudos objetivando discutir as ideias trazidas pelos autores embasando-as com os pressupostos teóricos já apresentados anteriormente. A pesquisa bibliográfica se desenvolve como uma das modalidades da pesquisa qualitativa sendo praticamente indispensável em qualquer pesquisa científica. Segundo (GIL, 2002) a pesquisa bibliográfica faz um levantamento de referências teóricas já analisadas, publicadas por meios escritos. Análise bibliográfica dos textos O estudo realizado por Xavier e Lyra (2012), intitulado Das redes sociais à sala de aula: as expressões nominais como estratégias de referenciação criativa e de argumentação na produção textual busca refletir sobre o uso das redes sociais como auxílio para a aprendizagem na Língua Portuguesa. Em sua introdução os autores fazem uma discussão sobre a importância das tecnologias digitais no Brasil fazendo uma

7 investigação em diversas redes online, como Orkut e Facebook, com o intuito de analisar as expressões nominais postadas por seus usuários. Na sequência do estudo eles questionam o papel da escola diante desse fenômeno social, apontando alguns elementos sobre a inserção das tecnologias digitais no âmbito escolar. Abordando como um elemento nessa relação, a resistência de alguns professores sobre o uso desses recursos digitais em sala de aula. O foco do artigo analisa as formas de organização da linguagem no interior das mensagens das redes sociais mais frequentadas pelos alunos. Observando como são feitas as referenciações nas mensagens e a partir do resultado das análises, sugerir ação e práticas que pudesse dinamizar e atualizar o ensino e aprendizagem na produção de textos em sala de aula. Verificando como eles utilizavam as expressões nominais para efetuar os necessários movimentos de referenciação anafóricas e catafóricas dos termos âncoras em seus comentários postados nas caixas de mensagens de sites de suas redes sociais. Nos pressupostos teóricos do artigo, os autores apresentam discussões no campo da linguística textual e da semântica linguística, trazendo também pesquisas sobre o impacto da utilização das TIC na Educação, além de um tópico intitulado Linguagem, educação e tecnologias o que nos parecia anunciar em algum momento da discussão pontos sobre os estudos vygotskyanos sobre a aquisição da linguagem, tipos de linguagem, pois observamos em seu marco teórico que iriam utilizar alguns estudos realizados Vygotsky. Porém não houve uma maior discussão sobre a relação entre a educação e linguagem. Cremos na relevância de ser trabalhado por Xavier e Lira (2012) a questão das tecnologias da informação e comunicação e sua relação com os pressupostos teóricos de aprendizagem refletidos através do pensamento de Vygotsky porém, os autores se restringiram na discussão sobre o professor ser apenas um par experiente na relação do ensino aprendizagem sendo pouco explorada nessa discussão. Não trazendo pontos para uma maior reflexão como a questão do papel de mediador que Vygotsky constitui ao docente. Porém, mesmo com algumas lacunas no que se refere a discussão que tínhamos o interesse de compreender sobre o artigo, ele contribui para observar o impacto que as tecnologias digitais estão se inserindo no ambiente educacional e que o conceito de pressupostos do ensino e aprendizagem podem se relacionar com as discussões atuais sobre esse fenômeno. A investigação realizada por Rigitano (2003) intitulada Redes e ciberativismo: notas para uma análise do centro de mídia independente propõem-se a analisar o uso

8 das redes sociais a partir das possibilidades de interação em os indivíduos usuários desse espaço virtual online. A autora retrata em sua investigação todo o processo de surgimento e popularização das redes sociais. Como possibilidade para o uso desse espaço virtual, Rigitano (2003) apresenta o ciberativismo em Rede, que consiste na prática de reivindicação social, por motivação distintas, que originam-se no espaço virtual. Rigitano (2003), desenvolveu uma densa e articulada discussão buscando confrontar as formas de relacionamento e interação entre os pares na sociedade em Rede (online ou não) com o movimento de ativismo na internet. Porém, a autora não apresenta em seu estudo uma articulação dos seus pensamentos com nenhuma teoria cognitiva o que ocasionou, em nossa opinião, o surgimento de um espaço no embasamento teórico do referido artigo. Diante das considerações realizadas, pudemos verificar que as pesquisas realizadas na área educacional pouco dialogam com as teorias cognitivas da aprendizagem e, tal fato parece não se restringir aos artigos por nós investigados. A interdisciplinaridade, discutida fortemente no ambiente escolar e acadêmico muitas vezes não é reforçada no campo da investigação. Contudo, não podemos negar a relevância das pesquisas realizadas por Xavier e Lyra (2012) e Rigitano (2003), pois em suas produções foram discutidos conceitos muitos importantes para o desenvolvimento de novas pesquisas da área de Educação Tecnológica. Considerações finais Por fim, consideramos a partir dessas reflexões levantadas que a utilização das comunidades ou redes sociais podem ser possibilidades de recursos didáticos para a sala de aula, partindo do professor a inserção ou não dessas práticas. Podemos observar que alguns princípios abordados sobre a interação e colaboração para a construção de conhecimentos no planejamento dessas atividades podem se relacionar com a proposta do teórico Vygotsky que trazia a discussão sobre a importância da interação social para o desenvolvimento do indivíduo social e coletivamente. Segundo Recuero (2005) apud Watzlavick, Beavin e Jackson (2000) a interação é aquela ação que tem um reflexo comunicativo entre o indivíduo e seus pares, como reflexo social (p. 18). A interação,

9 portanto, tem sempre um caráter social perene e diretamente relacionado ao processo comunicativo. Sobre a postura do professor ao trabalhar em conjunto com essas ferramentas, ele assumir o papel de mediador, colaborador e orientador dessa relação, proporcionando uma aprendizagem significativa a esse sujeito. Ao analisarmos algumas produções acadêmicas realizadas na área da Tecnologia Educacional, verificamos que os autores apresentam muitas contribuições sobre os pressupostos teóricos, apresentado ricas discussões. Contudo, constatamos que não há o embasamento das ideias apresentadas nas produções com as teorias psicológicas o que, para nós, facilitaria a compreender o atual cenário educacional. Por esse motivo, acreditamos na importância de realizarmos estudos mais aprofundados nessa área, pois as TIC já estão inseridas em algumas salas de aula, muitas vezes sem que haja um direcionamento pedagógico para a sua utilização. A partir da ideia de utilização das redes sociais como forma de auxilio no tempo pedagógico educacional, apresentada neste artigo, acreditamos na relevância da realização de um estudo que teria como foco analisar a interação sobre o uso de comunidades ou redes virtuais e sua influência a partir de sua mediação com movimentos de reivindicação sociais que acontecem na sociedade e que geram debates tanto online como offline. Movimentos proporcionados pela cibercultura e que transformam relações sociais. Como o fenômeno de ciberativismo. O uso das redes sociais no contexto escolar facilita e estimula a aprendizagem e a participação dos discentes. Podendo ser instituídos em práticas docentes no âmbito escolar, levando em consideração a escola como formadora de futuros cidadãos e produtora de conhecimento. Reconhecemos os limites de nossa pesquisa principalmente pela dificuldade em encontrar artigos que relacionassem as discussões trazidas pelos teóricos, mas esperamos, contudo, que esta venha a contribuir para novas investigações que busquem analisar a influências no uso de tecnologias digitais trazendo o fenômeno das redes sociais com maior aprofundamento no âmbito escolar.

10 Referências CUNHA, M. I. Inovações pedagógicas: o desafio da reconfiguração de saberes na docência universitária. São Paulo. Cadernos Pedagogia Universitária, 2008. FOLHA. COM. Ibope cresce o número de usuários ativos nas redes sociais. Disponível em: http://www.ibope.com.br/pt-br/noticias/paginas/cresce-o-numero-de-usuarios-ativos-nas-redessociais.aspx. Acesso em: 05-07-2014. GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo; Atlas, 2002. HEDEGAARD, Mariane. A zona de desenvolvimento proximal como base para o ensino..in: DANIELS, Harry (org). Uma introdução a Vygotsky. São Paulo: Edições Loyola, 2002, p.199 228. LEMOS. A. Cibercultura. Tecnologia e Vida Social na Cultura Contemporânea. Sulina, Porto Alegre., 2002. MARTINS. J. C.. Vygotsky e o Papel das Interações Sociais na Sala de Aula: Reconhecer e Desvendar o Mundo. Secretaria de Estado da Educação, Governo do Estado de São Paulo, Fundação para o desenvolvimento da Educação, n. 28, p. 111-122, mar. 1997. POZO, J. I. A teoria da aprendizagem de Vygotsky. In Teorias Cognitivas da Aprendizagem. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998. p. 191-208. RECUERO, R. Comunidades virtuais em redes sociais na internet: uma proposta de estudo. Ecompos, Internet, v. 4, n. Dez. 2005. RIGITANO, M. Redes e ciberativismo: notas para uma análise do centro de mídia independente. I Seminário interno de pesquisas em cibercidades. FACOM - UFBA, Outubro, 2003. VYGOTSKY, L. S. Mind in Society - The Development of Higher Psychological Processes. Cambridge MA: Harvard University Press, 1978. XAVIER, Antônio; LYRA, Ilka. Das redes sociais à sala de aula: as expressões nominais como estratégias de referenciação criativa e de argumentação na produção textual. Hipertextus revista digital. n.8, Jun. 2012.