Autora: Priscila da Silva Briezinski (FCSGN) * Coautor: Juliano Ciebre dos Santos (FSA) *



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Transcrição:

A Importância do PETI (Programa de Erradicação do Trabalho Infantil) No Município de Guarantã do Norte Para a Erradicação do Trabalho Infantil na Comunidade Santa Marta na Visão dos Pais Autora: Priscila da Silva Briezinski (FCSGN) * Coautor: Juliano Ciebre dos Santos (FSA) * Resumo: O presente trabalho tem como objetivo analisar a importância do PETI (Programa de Erradicação do Trabalho Infantil) no município de Guarantã do Norte para a comunidade Santa Marta de acordo com o ponto de vista dos pais. Para isso fez-se uso do método hipotéticodedutivo e realizaram-se entrevistas com os pais de crianças que frequentam o programa. Podese afirmar que, após muitas discussões sobre o assunto percebeu-se o quanto o PETI é importante para a comunidade garantindo a retirada das crianças e adolescentes da rua e do trabalho infantil. Agora as crianças e adolescentes têm seu direitos ao desenvolvimento corporal, espiritual e psicológico garantidos. O programa favorece as famílias com um apoio extra, para o sustento de casa com o Bolsa Família, também estimula as crianças a permanecerem na escola. O programa auxilia na educação das crianças e dos adolescentes, contribui para diminuir a desigualdade social e para o sustento da família. Conclui-se que a principal contribuição do PETI é a erradicação do trabalho infantil na comunidade Santa Marta. Palavras-chave: Adolescente; Criança; PETI; Trabalho Infantil. 1. INTRODUÇÃO A sociedade vive hoje um período de grandes evoluções e mudanças sociais, políticas, econômicas e ambientais que trazem soluções e consequências. Uma das consequências sobre a qual essa pesquisa trata é o Trabalho Infantil que atinge uma parte da sociedade, trabalho este advindo das desigualdades sociais, pobreza e valores sociais invertidos que acabam colaborando com a falta de tratamento digno às crianças e aos adolescentes, mesmo com a existência da Constituição Federal (CF, 1988), do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que os protegem integralmente. * Licenciada em Pedagogia pela Faculdade de Ciências Sociais de Guarantã do Norte (FCSGN, 2012) Especialista em Educação Infantil na Faculdade de Ciências Sociais de Guarantã do Norte. Atualmente coordenadora do PETI, Rua Primavera, s/n, Jardim Maranata. Cep. 78520-000. E-mail: prayciagata@hotmail.com. Outubro de 2013. * Juliano Ciebre dos Santos, Licenciado em Informática pela Fundação Santo André (FSA, Santo André-SP, 2004), Especialista em Informática aplicada à Educação e Mestre em Educação Desenvolvimento e Tecnologias pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS, São Leopoldo-RS, 2008). Atualmente docente do ensino superior na Faculdade de Ciências Sociais de Guarantã do Norte-MT, Rua Jequitibá, nº 40, Jardim Aeroporto. Cep.: 78520-000. E-mail: jciebres@gmail.com. 1

O Art.5º da CF garante que Nenhuma criança e adolescente será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, punindo na forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos. (ECA- Ministério da Educação). Com a existência de normas relacionadas ao trabalho infantil, existe uma grande dificuldade em sanar o problema, ainda mais com uma sociedade que tem o pensamento individualistas sendo as crianças e os adolescentes as vítimas mais atingidas. Mesmo com os vários enfoques referentes aos direitos da criança e do adolescente, ainda se encontram crianças vivenciando situações precárias. Para garantir uma melhora nas condições de vidas de muitas crianças, o governo federal juntamente com a Secretaria de Assistência Social, propôs uma solução para diminuir o trabalho infantil. Uma das soluções orquestradas pelo governo para diminuir o Trabalho Infantil foi a criação do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI), que é destinado às famílias atingidas pela pobreza, exclusão social e com filhos de 07 a 14 anos de idade que praticam o trabalho infantil, a fim de que as crianças e adolescentes não sejam obrigadas a sacrificarem seus valores e direitos, dentre eles, o próprio direito de ser criança, terem tempo para realizações de atividades de lazer, motivação e prioridade nos estudos, para não evadirem da escola. 2. DESENVOLVIMENTO Durante muito tempo o trabalho infantil era visto e considerado como algo normal, principalmente pelas famílias de baixa renda, pois as crianças e os adolescentes necessitavam ajudar na renda da família. Muitos pensavam que a criança e o adolescente no mercado de trabalho solucionariam a questão social e econômica da família. Liberati e Dias declaram: O trabalho, até, então era tido como uma grande virtude, defendido por uma sociedade: já que sempre atuou como protagonista na construção do caráter, passou a se projetar na vida de crianças e adolescentes, não simplesmente como um elemento altruísta, mas como um forte vetor do desgaste excessivo causado por duras horas de trabalho e intensa carga de responsabilidade equiparada ao potencial de produtividade de um trabalhador adulto. (LIBERATI e DIAS, 2006, p.23) O trabalho precoce na infância tira muitas oportunidades na vida das crianças como declara a cartilha saiba tudo sobre o trabalho infantil: O trabalho infantil provoca uma tríplice exclusão 2

na infância, quando perde a oportunidade de brincar, estudar e aprender. (MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO, 2010, p.11). A infância é a etapa da vida em que a criança está se desenvolvendo e se descobrindo, são seres que pensam e sentem do seu jeito. Referente à infância Müller observa: A infância se refere exatamente a um conjunto de seres humanos que têm características próprias e que, usando o termo, já se sabe de quem falamos das crianças e seu mundo. Não de cada sujeito, mas da categoria onde se encontram estes sujeitos. (MÜLLER, 2007, p.18) A criança é um ser competente, têm suas necessidades, seu modo de pensar, de fazer as coisas, são sujeitos sociais e históricos, que não se resumem a ser alguém que não é mais, mas o que vai ser no futuro, um adulto. Vilani reforça sobre a infância: A infância é entendida, por um lado, como categoria social e como categoria da história humana, englobando aspectos que afetam também o que temos chamado de adolescência e juventude. A infância é entendida como período da história de cada um. (VILANI, 2010, p.13) A infância é uma etapa que deve ser orientada com cautela, pois é o começo de tudo, é nesse período que se forma a personalidade da criança, que se formam crianças idealizadoras, com respeito e também pode gerar consequências, mas cabe a família saber trabalhar com seus filhos para serem seres dignos e respeitosos. A família detém o papel indispensável como guia do caminho certo para seus filhos, dando segurança, estabilidade, confiança, respeito e dignidade proporcionando dessa forma desenvolvimento amplo nas suas habilidades. Observando tal ponto Estrada (2003, p.184) ressalta: As crianças e adolescentes precisam de cuidado, orientação e correção. Por sua imaturidade e falta de conhecimentos não sabem distinguir o perigo; não distingue o bom do mau, o apropriado de uma conduta não apropriado. Quando as crianças são recebedoras de carinho no âmbito familiar será pessoa calma, paciente, terão uma visão do mundo sem maldade, não reagindo em algumas atitudes com violência, pois as crianças demonstram ao próximo o que recebem dentro de casa. 3

Durante a Revolução Industrial ocorreu um longo período de exploração de crianças e adolescentes, pois os proprietários das indústrias tiravam crianças pobres dos orfanatos e as colocavam para trabalhar em troca de alimentação e moradia. A princípio, os donos de fábrica compravam o trabalho de crianças pobres, nos orfanatos; mais tarde como o salário do pai operário e da mãe operária não eram suficientes para manter a família, também as crianças que tinham casa foram obrigadas a trabalhar nas fabricas e minas. Os horrores do industrialismo se revelam melhor pelos registros do trabalho infantil naquela época. (MÜLLER, 2006, p.27) Com as condições precárias nas quais viviam as famílias de classe baixa, na sociedade procurava estratégias para sanar questões sociais, onde a sociedade mostrava condutas equivocadas e preconceituosas, pois as crianças e adolescentes eram vistos perambulando pelas ruas sujas, usando roupas velhas rasgadas, causando vergonha e desonra para a sociedade. Assim Vilani (2010, p.83) aponta: É melhor a criança trabalhar do que ficar vagando na rua, exposta ao crime e aos maus-costumes. Trabalhar molda o caráter da criança, é um valor ético e moral. É melhor trabalhar, mesmo que ganhando pouco e aproveitar o tempo como algo útil, pois o trabalho é bom por natureza. Devido a estas concepções, via-se a possibilidade de reprimir as crianças desde cedo em todos os aspectos. Dessa forma eram obrigadas a saber assimilar valores com o intuito de eliminar a preguiça, assim as crianças e adolescentes de famílias pobres eram obrigadas a trabalhar precocemente o que facilitou o aumento do trabalho infantil. Os direitos da criança e do adolescente têm como base a Lei nº 8.069, de 13 de Julho de 1990, pontua no capítulo V- sobre a proteção no Trabalho Infantil: É proibido qualquer trabalho a menores de quatorze anos de idade, salvo na condição de aprendiz. (MEC, 2007, p.21). Com a lei nº 8.069, as crianças e adolescentes sem distinção de cultura classe social, raça e cor passaram a ser vistas como sujeitos de direitos, sem a exploração do trabalho infantil. Mesmo com a existência e a realidade das crianças e adolescentes em situação de trabalho infantil no Brasil, vem se mobilizando diversos setores, instituições governamentais e não governamentais na luta pela defesa dos direitos, que é um instrumento para erradicação do uso da mão de obra infanto-juvenil. 4

Referente a esse pensamento Liberati e Dias relatam: O principal instrumento para erradicação o uso da mão-de-obra infanto-juvenil é, sem dúvida, a execução de um programa educacional que vise a apoiar e a transferir todas as crianças inseridas no mercado de trabalho para instituições educacionais devidamente qualificadas e que possuam o poder de destinar um ensino básico e fundamental realmente produtivo, a todas as crianças e adolescentes. (LIBERATI E DIAS, 2006, p.39) A existência do trabalho infantil se dá pela pobreza das famílias que não conseguem sobreviver com baixo salário, portanto essas famílias necessitam de um rendimento extra, tal rendimento é alcançado através de crianças no mercado de trabalho, para que este rendimento extra não seja adquirido pelas crianças o governo criou dois Programas que visam à retirada das crianças que realizam trabalho infantil, e um rendimento extra para famílias com baixa renda, o Programa de Erradicação do Trabalho Infantil e o Bolsa Família. O PETI atua de forma integrada com o Programa Bolsa Família, o autor Weissheirmer (2010, p.61) diz que No final de 2005, iniciou a integração do PETI com o Bolsa Família, o que possibilitou o atendimento a 3,2 milhões de crianças em ações socioeducativas e de convivência. Para solucionar o problema do trabalho infantil o Governo Federal criou o Programa de Erradicação do Trabalho Infantil, o objetivo principal do programa é a retirada às crianças e adolescentes que realizam algum tipo de trabalho. Como Erica Diniz Oliveira explica: O Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI) é um programa do Governo Federal Brasileiro que tem como objetivo retirar as crianças e adolescentes, de 07 a 14 anos, atividades determinadas como piores formas de trabalho infantil, que são aquelas consideradas perigosas, penosas, insalubres ou degradantes. (OLIVEIRA, 2004) Pode-se se perceber que o Governo Federal tem uma grande preocupação em erradicar trabalho infantil pensando no bem estar das crianças e adolescentes preservando seus direitos. O programa oferece participação em atividades socioculturais que desenvolve varias habilidades, tendo como foco principal a interação dos alunos no programa. Referente às atividades oferecidas pelo PETI a Presidência da República ressalta: 5

Fomenta e incentiva a ampliação do universo de conhecimentos da criança e do adolescente, por intermédio de atividades culturais, desportivas e de lazer, no período complementar ao do ensino regular (jornada ampliada). Estimula a mudança de hábitos e atitudes, buscando a melhoria da qualidade de vida das famílias, numa estreita relação com a escola e a comunidade. (Presidência da República - Controladoria-Geral da União) Em questão da integração do Bolsa Família com o Programa de Erradicação do Trabalho Infantil, o autor Carvalho ressalta: Priorizando o atendimento as famílias com uma renda per capita de até meio salário mínimo, ou seja, que vivem em situações de extrema pobreza, o PETI oferece uma compensação financeira para a retirada das crianças do trabalho uma bolsa no valor de R$ 25,00 por criança nas áreas rurais e de R$ 40,00 nas áreas urbanas [...] (CARVALHO, 2004) Não basta apenas às famílias serem beneficiadas, precisam também contribuir com as exigências do programa escolar e a proibição do trabalho infantil. Vilani constata que os programas têm fortes influências na vida escolar das crianças e adolescentes com grandes impactos educacionais: [...] Tais programas de transferência sejam ainda necessários a fim de evitar a perpetuação da pobreza, eles devem prever e exigir de modo efetivo o cumprimento de algumas condições tais como a frequência escolar e o fim do trabalho precoce. (VILANI, 2010, p. 88-89). O PETI não é somente um programa para erradicar o trabalho infantil, mas também se preocupa com o desenvolvimento das crianças incentivando a participação em atividades que lhes proporcionam alegria, prazer, estimula em mudanças que fazem bem á sim próprio e para comunidade em principalmente a família dando integridade e uma qualidade de vida. Para as famílias receberem todos os recursos oferecidos pelos programas (PETI, Bolsa Família) devem ter vários compromissos com o Governo Federal, Diniz relata os compromissos: Para receber a bolsa do Programa as famílias devem assumir compromissos com o Governo Federal, garantindo: a retirada dos filhos das atividades laborais, uma freqüência mínima das crianças e adolescentes na escola e na jornada ampliada, equivalente a 75% do período total; o não retorno ao trabalho infantil dos filhos menores de 16 anos; e a participação das famílias em ações sócio-educativas e de aplicação e geração de renda que lhes forem oferecidos. (OLIVEIRA, 2004) 6

As famílias devem ter compromisso, para que elas não sejam apenas beneficiadas, e os seus filhos não continuem trabalhando para contribuir na renda da família, pois o programa quer ver resultados, o programa incentiva a frequência na sala de aula, para que esses pequenos cidadãos tenham um futuro digno e melhor de se viver. O trabalho infantil é um fenômeno social presente ao longo de toda a história, o trabalho exige responsabilidade e no tempo que deveria ser dedicado ao estudo a criança recebe uma carga de compromissos não característicos de sua idade. Crianças e adolescentes têm apenas uma oportunidade de desenvolvimento e crescimento, que é no período da infância e adolescência, o trabalho precoce influencia no retardo do desenvolvimento, compreendendo que os mesmos estão expostos a vários riscos como da saúde, psicológicos, físicos e sociais. Dessa forma entende-se que é preciso proteção e uma renda para as famílias dessas crianças e adolescentes para retirada dos mesmos do mercado de trabalho contribuindo também com a diminuição da desigualdade social. O presente artigo busca ressaltar a importância do PETI para o desenvolvimento das crianças e a erradicação do trabalho infantil para comunidade Santa Marta. A pesquisa foi realizada com 12 pais de alunos que frequentam o programa. Tais dados retratam 100% dos pais acreditam que o PETI é importante para a busca de erradicação do trabalho infantil, onde fica evidente que a erradicação do trabalho infantil esta acontecendo no município de Guarantã do Norte. Referente à erradicação do trabalho infantil o autor Baptista argumenta: É objetivo básico do programa assegurar o ingresso, a permanência e o sucesso na escola de crianças envolvidas com atividades laborais irregulares e insalubres, assim a criança deverá passar o dia na escola, tanto no turno de aula normal, como no turno inverso, (jornada ampliada), em atividades complementares como: reforço escolar, esporte, recreação, cultura e lazer. É preocupação básica oferecer uma escola de qualidade e outras atividades culturais e desportivas próprias de criança, na busca de lazer, crescimento e novos conhecimentos, além de complementação alimentar, evitando que essas crianças e adolescentes tenham que se submeter a atividades perigosas e insalubres, para assegurar a sobrevivência da família. (BAPTISTA, 2000) O programa não se preocupa somente com a erradicação do trabalho infantil, mas também com a frequência das crianças em sala de aula onde as mesmas terão o tempo ocupado com atividades que propiciam o seu bem estar ao invés de prejudicar a sua infância. 7

Conforme os dados mostram as principais opiniões referentes ao trabalho do PETI, a maioria 44% relatou que os programas retiram crianças da rua, 22% apoio para os pais, 19% longe das drogas 15% seus filhos não se relacionam com más companhias. Ao serem questionados porque o PETI é construído em comunidades menos favorecidas 58% disseram que é uma forma de contribuir com as famílias na educação dos filhos, 25% diz oferece oportunidade as crianças para desenvolver a cidadania, 17% diminui a desigualdade social. Quando interrogados na questão 14 se seus filhos realizavam algum tipo de trabalho infantil 83% relataram que não, 17% relataram que sim, os que responderam que seus filhos realizavam algum tipo de trabalho infantil constataram que a maioria relatou 60% dos trabalhos realizados pelas crianças foram o de babá, 40% carpir o quintal. O programa não enfatiza seus objetivos somente na erradicação do trabalho infantil, mas também na preocupação com a educação das crianças e adolescentes que frequentam o PETI, através da educação pode-se diminuir a desigualdade social. Foi possível verificar na entrevista que o programa desenvolvido tem importante relevância no contexto familiar, educacional e social, além de oferecer condições para melhorar as dificuldades sociais das crianças e suas famílias. O PETI auxilia os moradores da comunidade Santa Marta, e também está contribuindo para o crescimento de uma sociedade mais digna e democrática. O programa criado pelo Governo Federal é uma forma encontrada para solucionar o trabalho infantil, uma vez que as estratégias utilizadas envolvem atividades que ocupam o tempo ocioso das crianças, tirando-as das ruas ou de atividades trabalhistas. 3. CONSIDERAÇÕES FINAIS Durante o processo da vida, em especial a infância, todos passam por várias transformações sejam elas físicas, psíquicas, morais ou éticas. É nesse processo transformador que o PETI busca fazer interferências sociais, morais, éticas, é válido salientar que não se pretende considerar que o PETI é a solução de todos os problemas sociais, mas com uma base educacional privilegiada as crianças sendo valorizadas como cidadãs certamente muitas problemas sociais serão evitados. O governo tomou consciência da necessidade de erradicação do trabalho infantil, por isso criou um programa para erradicar o trabalho infantil. Os pais devem, além de cobrar o cumprimento do ECA, matricular seus filhos em programas que tirarão seus filhos da rua. 8

O que se pode concluir é que o PETI da comunidade Santa Marta no município de Guarantã do Norte é um programa social muito importante no contexto familiar, educacional e social porque oferece melhores condições para as crianças e suas famílias que passam muitas vezes por dificuldades sociais. Neste trabalho pode-se constatar que o PETI é um bom programa social que auxilia os moradores da comunidade Santa Marta. Os pais se encontram satisfeitos com o bom desempenho e qualidade do programa PETI que está contribuindo para o crescimento de uma sociedade mais digna e democrática. REFERÊNCIAS BAPTISTA, Naidison de Quitela. Conhecendo o Programa Estadual de prevenção e erradicação do trabalho infantil. Disponível em: http://dc169.4shared.com/doc/86m qkduq/preview.html. Acesso em: 02 outubro 2013. BRASIL, Ministério da Educação Básica. Ensino Fundamental de nove anos orientação para a inclusão da criança de seis anos de idade. Brasília: MEC/ Secretaria de Educação Básica, 2007. BRASIL, Ministério do Trabalho e Emprego. Cartilha Saiba Tudo Sobre o Trabalho Infantil. Disponível em: http://portal.mte.gov.br/data/files/8a7c812d307400ca013075fbd 51D3F2A/trabalhoinfantil-mte-web.pdf. Acesso em: 07 novembro 2013. CARVALHO, Maria Inaiá. Algumas lições do Programa de Erradicação do Trabalho infantil. Disponível em: www.scielo.br/pdf/ssp/v18n4/ao7v18n4.pdf. Acesso em: 29 setembro de 2013. DINIZ, Erica. Trabalho infantil: causas, consequências e políticas sociais. Disponível em: http://vsites.unb.br/face/eco/peteco/dload/monos_0220003/erica.pdf. Acesso em: 26 setembro de 2013. ESTRADA, Antonio. Família uma sociedade que pode dar certo. Casa Publicadora Brasileira: São Paulo, 2003. LIBERATI, Wilson Donizeti; DIAS, Fábio Dutra Müller. Trabalho infantil. São Paulo: Malheiros Editores LTDA, 2006. MÜLLER, Verônica Regina. História de crianças e infâncias: registros, narrativas e vida privada. Petrópolis, RJ: Vozes, 2007. SANTOS, Juliano Ciebre dos. Diretrizes para elaboração de Artigos Científicos da Faculdade de Ciências Sociais de Guarantã do Norte-MT. FCSGN: Guarantã do Norte-MT, 2013. VILANI, Jane Araújo dos Santos. O que é trabalho infantil. São Paulo: Brasiliense, 2010. 9

WEISSHEIMER, Marco Aurélio. Bolsa família: avanços, limites e possibilidades do programa que esta transformando a vida de milhões de famílias no Brasil. São Paulo: Editora Fundação Perseu Abramo, 2010. 10