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Transcrição:

ÍNDICE INTRODUÇÃO 02 I CONCEITO 03 II FASES DE PROGRESSÃO DA DEPENDÊNCIA 04 QUÍMICA III TRATAMENTO 05 IV PROCESSO DE RECUPERAÇÃO 06 V RECAÍDA 08 VI CO-DEPENDÊNCIA 11 1

A Dependência Química (DQ) é uma das doenças mais graves e já apresenta características epidêmicas alarmantes. Estatísticas da O.M.S. (Organização Mundial de Saúde) e da ABEAD (Associação Brasileira de Estudos sobre Álcool e Drogas) acusam que o alcoolismo está presente em 60% dos maus tratos e abusos sexuais à crianças e esposas e em 25% a 54% dos acidentes de trabalho com alto índice de absenteísmo nas empresas. Quando somados alcoolismo e uso de drogas (cocaína, maconha, calmantes, etc.) encontramos cerca de 64% dos homicídios, 35% à 64% de acidentes de trânsito com vítimas e 80% de pessoas que praticaram tentativa de suicídio. Preconceitos sociais e a falta de informação por parte da população e mesmo de profissionais e autoridades facilitam a sua propagação. Os recursos para detê-la são as ações chamadas de prevenção primária, a educação preventiva para evitar o surgimento de novos casos. As ações de prevenção secundária (tratamento dos casos já existentes) e de prevenção terciária (reintegração social) também importam, porém são mais caras e de difícil alcance para as grandes massas. O dependente químico é portador de uma doença que se apresenta com uma história natural própria: uma predisposição mórbida herdada (doença primária) que é ativada pelo uso sistemático de álcool e/ou drogas que o indivíduo encontrou no ambiente familiar, escolar, profissional e social ( erros pedagógicos ). A doença tem evolução crônica, com lesões progressivas a níveis físico, mental, social e espiritual cujo sucesso é a morte, geralmente de modo precoce, trágico e atingindo o adulto jovem em sua idade mais produtiva. Apesar dessas características, pode ser tratada: a recuperação bio-psico-sócioespiritual do indivíduo é possível se ele tiver a oportunidade de realizar uma mudança significativa na sua maneira de viver. Os tratamentos com resultados mais eficazes e duradouros são aqueles que focalizam uma abordagem psico-pedagógica de conscientização associada ao recurso de grupos de ajuda mútua ( Alcoólicos Anônimos e Narcóticos Anônimos) e paralelamente com apoio aos familiares (Al- Anon e Nar-Anon). A CooperCasa nasceu da iniciativa de profissionais da área da saúde que observaram o quanto essas relações humanas potencializam os efeitos da tecnologia médica. Criamos condições para a conscientização do indivíduo sobre seu transtorno mental/emocional, auxiliando-o a tornar-se agente ativo e responsável pelo seu tratamento. Nossa inovação está em tornar prático esse processo de conscientização bastando, para isso, que o indivíduo apresente um sincero desejo de mudar sua vida. 2

DEPENDÊNCIA QUÍMICA (DQ) é uma doença que se instala por uma predisposição mórbida ativada por fatores sociais e familiares (uso do químico + erro pedagógico). DOENÇA PRIMÁRIA sobre a qual podem instalar-se outras, por seqüela ou não, mas, normalmente associadas a uma obsessão mental (idéia fixa). Evolução crônica, ou seja, incurável. QUADRO CLÍNICO INSIDIOSO instala-se gradualmente com consumo de substâncias psicoativas em quantidades progressivamente maiores. Quando instalada, seu principal sinal/sintoma é a perda do controle do consumo de substâncias psicoativas. Evolui com uma progressiva deterioração em nível físico, mental e espiritual, causando seqüelas irreversíveis, as quais, se não forem detidas, serão fatais. DEPENDÊNCIA QUÍMICA, portanto, é a predisposição mórbida a desenvolver dependência à substâncias alteradoras do estado de humor. O principal indicador da DEPENDÊNCIA QUÍMICA é a perda do controle de uso. DOENÇA PRIMÁRIA, CRÔNICA, PROGRESSIVA E FATAL, PORÉM, TRATÁVEL. 3

A base de todo diagnóstico médico e psicológico está em saber ouvir e auscultar a pessoa que está se consultando. Toda e qualquer doença tem sua história própria, que chamamos História Natural da Doença e que na grande maioria dos casos já é o suficiente para se fechar diagnósticos. A Dependência Química também tem sua história típica que poderá variar quanto a forma, porém terá sempre o mesmo fundo, que se segue: 1 ª FASE USO SOCIAL Experiência universal; Aprende a alteração de humor: normal eufórico; Busca a alteração de humor; Ressacas ocasionais; Experiência emocionalmente positiva e gratificante; Há sempre vantagens no uso. 2 ª FASE MANIFESTAÇÃO DA DEPENDÊNCIA Desenvolvimento da tolerância ao químico; Doses cada vez maiores para o mesmo efeito desejado; Busca normalizar o estado de humor: depressivo normal; Aumento da quantidade do uso; Primeiros lapsos de memória; Familiares e amigos começam a questionar; Queda da produtividade, rendimento no trabalho e escola; Dificuldades no relacionamento interpessoal; ressacas, cada vez mais freqüentes; Rigidez nos mecanismos de defesa (inconscientes); Instalação do sistema de auto-ilusão; Drástica alteração de comportamento; Isolamento; Grande sofrimento emocional. 4

3 ª FASE ADICÇÃO TOTAL Dependência física; Necessidade de manter permanentemente certa quantidade do químico no organismo para evitar a síndrome de abstinência ; Delírios de ciúmes; Black-outs mais freqüentes e amplos; Alucinações; Profundas alterações de humor: depressivo depressivo; Isolamento; Baixa auto-estima; Idéias fixas de auto-eliminação; Embotamento físico e emocional. 1º PASSO: DESINTOXICAÇÃO Remover a substância tóxica do corpo; Sintomas de Síndrome de Abstinência Aguda(SAA) aparecem quando o químico é removido; Síndrome de Abstinência é um problema médico, devendo ser tratado por um médico especializado; A desintoxicação sozinha não é tratamento adequado para a doença da adicção. 2º PASSO: TRATAMENTO INTEGRAL A recuperação requer mudanças duradouras físicas, psicológicas, comportamentais, sociais e espirituais; A educação (conscientização) é um aspecto importante no tratamento; Pesquisas indicam que os tratamentos de mais sucesso combinam os princípios dos Grupos de Auto-Ajuda com aconselhamento profissional; Administração dos Sintomas da Síndrome de Abstinência Aguda (SAA), são essenciais para alcançar a recuperação; 5

Administrar inclui entender e aceitar esses sintomas que interferem com a habilidade de lembrar, pensar claramente e administrar sentimentos e emoções; Também inclui vencer a vergonha, culpa e o medo de ficar louco, que está muitas vezes ligado a estes sintomas; Inclui reduzir e administrar stress, recondicionamento da memória e uma vida equilibrada; SOBRIEDADE é essencial para uma boa saúde e uma boa saúde é essencial para a sobriedade; RECUPERAÇÃO exclui drogas prescritas e auto-medicação, a não ser que seja absolutamente necessária para lidar com algum outro problema sério de saúde; Boa nutrição é vital para a recuperação; Exercícios e relaxamento reequilibram o corpo e reduzem a produção de hormônios e stress; Recuperação implica na ampliação dos padrões de ação e reação para lidar com as intercorrências da vida. A família necessita realizar tratamento concomitante com o dependente para entender a natureza da doença familiar e reestruturar papéis, regras e rituais. É difícil a recuperação completa sem o que se chama de um Programa Espiritual... A doença adictiva pode ser recuperável, porém NÃO CURÁVEL. Sempre existe a possibilidade de recaída. A menos que sejam tomadas medidas duradouras para controlar a doença, a recaída é provável. 1 ª TAREFA DE RECUPERAÇÃO Reconhecimento por parte dos dependentes químicos que são portadores de doença debilitante, com risco de vida associado aos uso de outras drogas alteradoras do estado de humor. 6

2ª TAREFA DE RECUPERAÇÃO Abstinência total de toda e qualquer substância alteradora do estado de humor. 3ª TAREFA DE RECUPERAÇÃO Reconhecimento da necessidade de um programa de recuperação. PERÍODOS PREVISTOS PARA A RECUPERAÇÃO DA DEPENDÊNCIA QUÍMICA 8 à 10 anos para que o dependente químico retorne à sua condição normal ; 2 à 3 anos para lidar com a SAD e superá-la. O modelo de recuperação evolucionário (M.R.E) sugere o cumprimento de tarefas de recuperação dentro de uma ordem progressiva, do básico para o complexo: FASES DA RECUPERAÇÃO ABSTINÊNCIA Aprender como parar de usar o químico; SOBRIEDADE Aprender como lidar com a vida sem químicos; VIDA CONFORTÁVEL Aprender a viver confortavelmente enquanto abstinente; VIDA PRODUTIVA Aprender como construir uma maneira de viver sóbria e significativamente. 7

PERÍODOS DE EVOLUÇÃO DA RECUPERAÇÃO PRÉ-TRATAMENTO: Reconhecimento da Adicção (Passo Zero): aprender pelas conseqüências que não se pode usar aditivos químicos com segurança; ESTABILIZAÇÃO: Lidar com a crise de abstinência: envolve administrar os sintomas da Síndrome de Abstinência Aguda e Síndrome de Abstinência Demorada, recuperando o controle do processo de pensamento, emocional, memória, julgamento e comportamento; RECUPERAÇÃO INICIAL: Aceitação e aprendizado sobre como lidar com a vida sem químicos: aceitar a doença e aprender a funcionar sem drogas e sem álcool; RECUPERAÇÃO MÉDIA: Vida equilibrada: desenvolver um estilo de vida normal e equilibrada; RECUPERAÇÃO FINAL: Mudanças de personalidade: desenvolvimento de auto-estima saudável, crescimento espiritual, relações íntimas e uma vida expressiva; MANUTENÇÃO: Crescimento e evolução: continuar sóbrio e viver produtivamente. Retornar a um estado anterior da doença ou mal viver,após aparente recuperação. Na adicção, doença crônica, o perigo de recair está sempre presente (20% dos leitos dos hospitais americanos são ocupados por dependentes químicos recaídos). O custo da recaída é alto. Muitos recaídos podem eventualmente morrer. 8

MITOS SOBRE RECUPERAÇÃO E RECAÍDA Mitos sobre recaídas criam profecias que se cumprem por si. Quando se torna realidade para você, você age como se eles fossem verdadeiros. MITOS SOBRE O PAPEL DO ÁLCOOL E DROGAS NA RECUPERAÇÃO E RECAÍDA Recuperação é abstinência de álcool e drogas ; Recaída é voltar a usar álcool e/ou drogas ; Estou em recuperação se me abstenho de usar álcool e drogas ; Estou recaído quando volto a usar álcool e drogas ; Tenho o controle de mim mesmo e de meu comportamento se não usar drogas. CONCLUSÃO: Recaída é sempre o resultado de uma escolha consciente e deliberada para usar álcool ou drogas. CONCLUSÃO: Minha primeira tarefa na recuperação é não usar álcool ou drogas. RECUPERAÇÃO significa lidar com os sintomas da abstinência aguda e demorada, e correção dos danos físicos, psicológicos e sociais causados pela adicção. MITOS SOBRE A PRESENÇA E NATUREZA DOS SINAIS DE AVISO Sinais de aviso estão relacionados a usar drogas ou beber ou faltar às reuniões de A.A./N.A ; Sempre vou saber quando vou experimentar estes sinais ; Sabendo quais são os sinais de aviso, serei capaz de lidar com eles se eu quiser. CONCLUSÃO: Se não estou pensando em usar ou indo às reuniões de A.A./N.A., estou bem. Estes sinais ocorrem muito tarde no processo e recaída, geralmente a pessoa já perdeu o controle de seu julgamento e comportamento, não conseguindo mais agir de forma a interrompê-los. 9

MITOS SOBRE A MOTIVAÇÃO Recaio porque não tenho motivação para me recuperar ; Vou me recuperar quando me machucar bastante em função do uso de álcool e drogas ; Se recaio é porque não sofri bastante para permanecer sóbrio. CONCLUSÃO: Pessoas com tendência à recaída precisam sofrer mais para parar suas estruturas de recaída. Isto é terrível para pessoas que recaem. Destroi a valorização e a auto-estima e produz vergonha e culpa. A dor não previne as recaídas; pode, eventualmente, aumentar o risco. MITOS SOBRE O TRATAMENTO Nenhuma forma de tratamento ou grupo de auto-ajuda pode me ajudar a permanecer sóbrio ; Tratamento é 100% efetivo para prevenir recaída. CONCLUSÃO: Recaio porque sou constitucionalmente incapaz de recuperação. CONCLUSÃO: Não adianta fazer um tratamento adicional. Não consigo ficar bem. Existem bons e maus tratamentos. As chances são boas de que em um Programa de Prevenção de Recaídas (PPR) você consiga alcançar uma sobriedade duradoura. O entendimento do processo de recaída mudou de: uso de álcool para... uso de qualquer outra droga calmante para... uso de qualquer droga alteradora do estado de humor. O PROCESSO DE RECAÍDA SIGNIFICA A SUBSTITUIÇÃO DE UMA DROGA POR OUTRA DROGA OU POR UM COMPORTAMENTO COMPULSIVO. QUANDO A OUTRA DROGA OU COMPORTAMENTO COMPULSIVO NÃO SATISFAZEM MAIS O ADICTO, ELE VOLTA À SUA PRIMEIRA DROGA. 10

DEPENDENTE QUÍMICO É aquela pessoa que perde o controle do uso de químicos; Que perde o controle de várias áreas de sua vida. FAMÍLIA Quer o melhor para o seu familiar dependente químico. Assim, tenta controlar a sua forma de usar químicos, o seu comportamento, as suas atitudes e a sua vida; Para estarem bem, para se sentirem felizes, necessitam ter o controle; Comportamento irracional do dependente químico contamina o sistema familiar. DEPENDENTE QUÍMICO > perde o controle do uso. FAMÍLIA > tenta controlar o dependente químico (frustra-se). Na verdade ela desenvolve os mesmos comportamentos irracionais do dependente químico. Assim, possui os mesmos sistemas de defesa e comportamento irracional. O dependente químico DEPENDE do químico. A família DEPENDE do dependente químico. O QUE SE PRECISA TRABALHAR? O CONCEITO DOS 3 Cs A família não causa; A família não controla; A família não cura. 11

RECUPERAÇÃO PARA A FAMÍLIA 1. O conceito dos 3 Cs : A família não causa; A família não controla; A família não cura. 2. Facilitação Familiar. 3. Foco na autonomia individual. 4. Desligamento emocional. ESTÁGIOS DE PROGRESSÃO DA CO-DEPENDÊNCIA São divididos didaticamente em três estágios: 1. Estágio Inicial Resolução normal de problemas e tentativas de se ajustar. As reações normais por parte da família à dor, crise e disfunção de um membro é a proteção, através da redução da dor, a crise e ajudar o membro afetado com o objetivo de protegê-lo e proteger a família. Esta reação é universal e comum para boa parte dos problemas e principalmente no caso das doenças agudas. Em se tratando de Dependência Química, estas respostas não resolvem os problemas, porque estas medidas impedem que o dependente químico aprenda com as experiências dolorosas que levam à consciência de que a dependência está lhe criando problemas. Neste primeiro estágio a co-dependência é simplesmente uma reação aos sintomas da doença adictiva. É uma resposta normal a uma situação anormal. 12

2. Estágio Médio Respostas habituais, porém auto-destrutivas. Quando as respostas prescritas culturalmente para o estresse e a crise não trazem o alívio à dor causada pela dependência química na família, os familiares tentam com mais força. Fazem as mesmas coisas porém mais vezes com mais intensidade, com mais desespero. Tentam dar mais apoio, serem mais úteis, mais protetores. Assumem as responsabilidade dos dependentes e não percebem que isto os leva a se tornarem mais irresponsáveis. Com esta reação da família, as coisas pioram ao invés de melhorar, e o sentido de fracasso intensifica os esforços. Os familiares experimentam frustração, ansiedade e culpa. E, existe uma crescente auto censura, uma diminuição do auto conceito e comportamentos que levam ao fracasso. Os familiares tornam-se isolados. Focalizam o comportamento dependente e suas tentativas de controlá-lo. Tem pouco tempo para se dedicar às próprias atividades. Como resultado perdem o contato com o mundo fora de suas famílias. 3. Estágio Crônico Colapso familiar e stress crônico. A resposta habitual e continuada à dependência química no meio familiar resulta em padrões repetitivos de comportamentos autodestrutivos. Estes padrões de comportamento tornam-se independentes e auto-reforçadores e permanecerão mesmo na ausência dos sintomas da dependência. As tentativas familiares para o esforço de ajudar fracassaram. O desespero e a culpa resultantes trazem confusão e caos e a incapacidade de interromper o comportamento disfuncional, mesmo quando estão conscientes de que o que estão fazendo não está ajudando. Os sentimentos, os pensamentos e o comportamento dos codependentes estão fora de controle e continuarão, independentes da adicção. A degeneração do co-dependente é física, emocional e social. 13

As tentativas ineficientes para controlar o uso do químico e do comportamento do dependente elevam o stress ao ponto de produzir doenças físicas relacionadas ao estresse como enxaquecas, úlceras e pressão alta. Este estresse crônico pode levar a outras doenças emocionais ou à um colapso nervoso. O comportamento fora de controle é uma maneira de viver centrada na dependência e permeia todas as atividades da vida, mesmo aquelas não relacionadas à adicção. A degeneração social acontece quando o foco da adicção interfere com os relacionamentos e as atividades sociais. A degeneração espiritual resulta quando o foco do problema se torna tão permanente que não há mais interesse em nada além dele, principalmente preocupações e necessidades relacionadas à um maior significado na vida. A recuperação da co-dependência significa aprender a aceitar e a separar-se dos sintomas da adicção. Significa aprender a lidar e controlar os sintomas da co-dependência. Significa aprender a olhar as necessidades pessoais e o crescimento pessoal, a se respeitar e gostar de si mesmo, escolher o comportamento apropriado e aprender a ter controle sobre a sua própria vida. 14