Conclusões e Recomendações



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Transcrição:

Conclusões e Recomendações Como corolário do nosso estudo apresentaremos uma reflexão decorrente da Revisão da Literatura realizada sobre DA conceptualização, avaliação e atendimento; o Autoconceito conceptualização, dimensões, determinantes e avaliação; e a correlação entre ambos os constructos. Pretendemos assim relevar um dos factores que pode influenciar o rendimento académico dos alunos com DA, já que estes experimentam problemas de dimensões sociais e emocionais com uma severidade e importância suficiente para estabelecer diferenças substanciais com seus pares. Com o objectivo de obtermos dados que nos permitissem fundamentar a correlação entre DA e Autoconceito desenvolvemos um estudo experimental, com a aplicação da Escala Piers-Harris Children s Self-Concept Scale, Second Edition. Com a aplicação da referida escala pretendia-se recolher a medida de Autoconceito Geral e das dimensões académicas e não académicas, através dos resultados dos seus vários domínios. A fiabilidade da escala Piers-Harris 2 foi expressa através do coeficiente teste-reteste a um total de 1387 alunos, com idades compreendidas entre ao 7 e os 18 anos. Os valores de consistência oscilam entre.86 e.93 (Piers & Herzberg, 2002). Na adaptação portuguesa os coeficientes de consistência oscilaram entre.86 e.89, numa amostra de 915 sujeitos, dos 12 aos 19 anos (Veiga, 1996). A escala aplicada tem a sua utilidade prática na avaliação do Autoconceito, pois é composta por itens referentes aos domínios: Comportamento Ajustado, Estatuto Intelectual e Escolar, Aparência Física. Ansiedade, Popularidade e 184

Felicidade, com o objectivo de implementar um Programa de Intervenção o mais precocemente possível com o propósito de alterar as crenças, pensamentos e sentimentos negativos sobre si mesmo e sobre as actividades escolares, devido às continuas experiências de fracasso em que se vêem envolvidos. A análise das características da amostra permite referir que estamos perante um grupo muito heterogéneo, especificamente no que se refere aos alunos com DA. A heterogeneidade deste grupo é observável nos resultados obtidos na avaliação/selecção dos sujeitos ao nível académico, pela escala de Comportamento Escolar, com índices de erro muito díspares (quadros V e VII) manifestos na variância intra e interindividual significativa. Pode-se também conferir a heterogeneidade deste grupo pelos resultados obtidos no Teste da Figura Humana de Goodnough-Harris (tabelas 1 a 3 e Figuras 7 a 15), nas Martrizes Progressivas de Raven (tabelas 5, 6 e Figuras 20 a 24) e na Escala de Inteligência de Wechsler para Crianças Wisc-R (tabelas 7, 8 e Figuras 24 e 25), nos quais se registam valores com variâncias significativas, numa análise interindividual. Procedendo a uma análise global dos resultados obtidos na aplicação da Escala Piers-Harris Children s Self-Concept Scale, Second Edition podemos constatar que ao nível das Respostas Afirmativas os resultados permitem confirmar que não existe tendência, em qualquer dos grupos avaliados, para este tipo de resposta. No que se refere às Respostas Inconsistentes o grupo CDA apresenta valores que correspondem ao intervalo entre 1 e 2 respostas e o grupo SDA 185

regista valores correspondentes ao intervalo entre 0 e 1. Conclui-se que não existe tendência para respostas ao acaso, e, que todos as respostas são válidas. No que se refere ao Autoconceito Geral (Total) a análise comparativa dos resultados permite-nos verificar que o grupo CDA apresenta resultados inferiores ao grupo SDA. Conclui-se, assim, que os resultados estão consistentes com os estudos que afirmam que o Autoconceito Geral é mais baixo nos alunos CDA. Cooley e Dunn (1990); González-Pienda e Nuñes (1991); Winne, Woolanda e Wong (1982); Cooley e Aires (1988); Thomson e Hartley (1980); Chapman e Boersma (1979); Carrol, Friedrich e Hunda (1989); Boersma e Chapman (1979) e Cabanach (1994). A análise estabelecida permite-nos concluir que existe uma relação entre as DA e o autoconceito, confirmando a H 1 do nosso estudo. Na análise dos dados do nosso estudo verifica-se que o grupo CDA apresenta resultados que o situam entre os níveis Médio Baixo e Médio nas dimensões académicas e sociais do Autoconceito enquanto que o grupo SDA se situa nos níveis Médio e Médio Alto. Estes resultados possibilitam-nos afirmar que existe uma correlação entre Dificuldades de Aprendizagem e níveis de autoconceito nas suas dimensões, permitindo confirmar a H 2. Resultados estes que estão consistentes com estudos desenvolvidos por Song e Hattie (1984); Gresham e Reschly (1986); Gronilck e Ryan (1990); Vaughn e Hogan (1992); Montgomery (1994), Nuñes et al (1995); McPhail e Stone (1995); Haager e Vaughn (1995); Kavale e Forness (1996); Cabanach e Árias (1998). As diferenças entre o sexo feminino e masculino, nos níveis do Autoconceito têm sido alvo de vários estudos. 186

Da análise dos nossos resultados podemos inferir que no domínio Ansiedade se registam níveis mais baixos no sexo masculino; aspecto referido nos estudos desenvolvidos por Veiga (1996) e Piers e Herzberg (2002). Os resultados do nosso estudo também permitem verificar que no domínio Popularidade o sexo masculino obtém resultados superiores (à excepção do subgrupo do 2º CEB SDA) ao sexo feminino, tal como referem Marsch (1985); Skaalvik e Hagtvet, (1990); Veiga (1996) e Piers-Herzberg (2002). Nos restantes domínios não se regista uma variância significativa, nem regra fixa, que nos possibilite afirmar a existência de um padrão de comportamento consistente com os estereótipos sexuais (Nuñes et al, 1995). Face ao exposto a H 3 é parcialmente confirmada, dado que se regista uma variância entre os sexos em alguns domínios do Autoconceito (Ansiedade e Popularidade) mas não na sua totalidade. Os resultados da correlação entre Autoconceito e ano de escolaridade permite-nos afirmar que o autoconceito se mantém estável no grupo de alunos CDA. Não se encontram diferenças significativas com valor estatístico, a nível do Autoconceito Geral bem como na maioria dos seus domínios entre o grupo de alunos do 1º e 2º CEB. Os alunos exibem um Autoconceito Geral de nível Médio Baixo. No entanto podemos verificar um forte incremento no valor do domínio Popularidade do 1º para o 2º CEB. Os resultados verificados no grupo de alunos SDA apresentam um cenário distinto, verificam-se alterações quer ao nível do Autoconceito Geral quer ao nível dos seus domínios. Constata-se uma descida significativa dos valores do Autoconceito Geral; desce do nível Médio Alto para o nível Médio, porém mantém-se significativamente superior (1 nível) aos alunos CDA. Ao nível dos 187

diferentes domínios do Autoconceito esta tendência também se regista, verifica-se uma quebra nos valores de todos eles. A estabilidade verificada no nível do Autoconceito Geral, observada no grupo CDA, pode ser explicada através dos fenómenos de assimilação ou acomodação que possibilitem a integração da nova informação, ou experiências, sem ocorrerem crises ou instabilidades que obriguem a uma reestruturação do Autoconceito (Garcia e Pintrich, 1994 e Krueger, 1998) e por um certo conservadorismo cognitivo, que explica a consistência e coerência do comportamento ao longo do tempo (Serra, 1988). A variação encontrada, no grupo de alunos SDA, ao nível do Autoconceito Geral, como nos seus domínios, pode dever-se ao facto do desenvolvimento cognitivo permitir um abandono dos conceitos individuais e intuitivos, ligados ao pensamento concreto, e realizar operações de generalização, diferenciação e ordenação, características do pensamento abstracto que se reflecte em si mesmo (Harter, 1983; González-Pienda, 1997; Garma e Elexpuru, 1999 e Palacio e Hidalgo, 2000). Poderá ainda dever-se à capacidade de pôr-se no lugar do outro, e mediante esta interacção social o sujeito conceptualiza o si mesmo em termos de relações interpessoais, descobre novas características sobre si mesmo e inclui estes novos conhecimentos no seu auto-conhecimento (Harter, 1983; Rosenberg 1985 e Palácio 2000). De acordo com o exposto confirma-se a H 4, já que se verifica uma variância significativa nas dimensões do Autoconceito Geral, particularmente ao nível do grupo de alunos SDA. Na correlação entre Estatuto Intelectual e Escolar e os domínios Ansiedade, Comportamento Ajustado, Popularidade, Aparência Física e 188

Felicidade, podemos observar no nosso estudo que na relação Estatuto Intelectual e Ansiedade os alunos CDA se percepcionam como menos competentes e eficazes que os seus colegas SDA, independentemente do ano de escolaridade. Correlação esta também patente nos estudos desenvolvidos por Song e Hattie (1984), Rogers e Saklofke (1985), Montgomery (1994), Nuñes et al (1995) e Cabanach e Arias (1998). No âmbito da relação Estatuto Intelectual e Escolar e Comportamento Ajustado verificamos no nosso estudo que os alunos CDA se percepcionam com um Estatuto Intelectual e Escolar mais baixo e um comportamento menos ajustado que os seus pares SDA. Aspecto referido nos estudos de Gresham e Reschly (1986), Gronilck e Ryan (1990), Sachachter, Pless e Bruck (1991), Arlandis e Miranda (1993) e Casas e tal (2000). Estabelecendo a correlação entre Estatuto Intelectual e Escolar e Popularidade constatamos que os alunos CDA se auto-avaliam como menos capazes e menos populares e queridos que os seus companheiros DAS, como é referido nas investigações desenvolvidas por Vaughn e Hogan (1992), Nunes et al (1995), McPhail e Stone (1995), Haager e Vaughn (1995) e Kavale e Forness (1996). Pela observação da correlação entre Estatuto intelectual e Escolar e Felicidade verificamos que os alunos CDA registam um Autoconceito inferior aos seus pares SDA em ambos os domínios. Conforme referem Song e Hattie (1984), o factor de infelicidade e desconforto poderá resultar da vivência diária com o insucesso e o fracasso acumulado na sua vida escolar. Na interdependência entre Estatuto Intelectual e Escolar e Aparência Física observamos que o 1º CEB - CDA regista valores inferiores ao 2º CEB, mas com 189

diferenças pouco significativas. Aspecto corroborado pelo estudo desenvolvido por Cabanach e Árias (1998). A correlação entre o domínio Estatuto Intelectual e Escolar e os outros domínios (Ansiedade, Comportamento Ajustado e Popularidade, Aparência Física e Felicidade) possibilita verificar que as diferenças entre alunos CDA e SDA são mais significativas na dimensão académica que social, facto que confirma a H 5. De acordo com a conclusão referida torna-se bem patente a necessidade de uma intervenção na dimensão académica a fim de promover um incremento do Autoconceito. Intervenção esta vocacionada para a promoção das competências cognitivas, tendo como pressuposto essencial a implementação do Modelo de Atendimento à Diversidade (MAD), referido no âmbito do atendimento às DA (pp. 25-26). De acordo com a ideia exposta anteriormente, uma intervenção eficaz junto dos alunos com DA, para incremento do rendimento académico e, consequentemente, uma melhoria do Autoconceito, só poderá desenvolver-se com base no conhecimento do aluno (e dos ambientes em que interage). Com base nesse conhecimento, os profissionais implicados (docentes de Ensino Regular e de Apoio educativo, Psicólogos, ) em colaboração poderão proceder à planificação e à sua implementação efectiva a intervenção, sem pôr de parte uma constante reavaliação de todo o processo, com o objectivo de adequar métodos e estratégias (Correia, 2003). A intervenção teria como meta a modificação das características motivacionais e afectivas dos alunos com DA, através da promoção das suas competências cognitivas (Pérez e González-Pumariega, 1998). 190

Borkowski (cit. In Pérez e González-Pumariega, 1998) refere que a peça central desta intervenção é a selecção de estratégias e a sua utilização. Estratégias estas essenciais para uma aprendizagem eficaz e para a resolução de problemas, proporcionando um contexto favorável ao desenvolvimento de capacidades de planificação e execução de nível elevado e representam as bases para uma reestruturação das crenças atribucionais. Deste modo é promovida a auto-eficácia, assim como um estado motivacional favorável a uma aprendizagem significativa e um rendimento óptimo. Face aos resultados do nosso estudo e às conclusões deles emanadas, algumas questões se colocam: Será que promovendo níveis mais elevados no rendimento escolar dos alunos com DA o seu Autoconceito atinge níveis mais positivos? Será que promovendo o autoconceito os alunos com DA serão mais competentes nas suas interacções sociais e os níveis de ansiedade diminuem? Julgamos que seria importante que se desenvolvessem outros estudos neste campo com o objectivo de alargar o âmbito das correlações, promovendo um maior conhecimento da relação existente entre as DA e Baixo Autoconceito, assim como a promoção de intervenções adequadas. 191