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Transcrição:

Mercados informação de negócios TURQUIA Oportunidades e Dificuldades do Mercado Junho 2010

Índice 1. Oportunidades 3 1.1 Comércio 3 1.2 Investimento de Portugal na Turquia 6 1.3 Investimento da Turquia em Portugal 7 1.4 Turismo 8 2. Dificuldades 9 2.1. Comércio 9 2.2 Investimento de Portugal na Turquia 10 2.3 Investimento da Turquia em Portugal 11 2.4 Turismo 11 3. Cultura de Negócios do Mercado 11 2

1. Oportunidades 1.1 Comércio O significado geopolítico da Turquia faz com que, como País transcontinental e receptor de uma série de culturas e civilizações, seja considerada uma peça chave no mecanismo da diplomacia internacional. Membro fundador das Nações Unidas, aliado da NATO desde 1952, membro do G20 e membro associado da União Europeia, sendo um País predominantemente muçulmano, com uma área territorial de 783.562 km2 e população de mais de 70 milhões, a Turquia apresenta-se naturalmente como o principal elo de ligação entre o ocidente e o oriente. As linhas mestras da política económica turca têm sido marcadas pelo processo de adesão à União Europeia e pelos vários acordos Stand-By assinados com o FMI. Este processo tem-se caracterizado por uma maior disciplina fiscal e maior transparência no que diz respeito à despesa pública e ao crescimento da colecta de impostos, aumentando a base fiscal e perseguindo a fraude. No âmbito deste processo de liberalização do mercado, a Turquia tem vindo a efectuar diversas reformas económicas, com o apoio da União Europeia, tais como a privatização de antigos monopólios estatais, abertura do mercado a empresas estrangeiras e melhoria na legislação sobre investimento estrangeiro. De acordo com o Fundo Monetário Mundial, em 2009, a Turquia foi a 17ª maior economia mundial com um PIB de cerca de 615 mil milhões de USD (2,7 vezes maior que o PIB português) e a 7ª maior da região da Europa e Ásia Central. Em 1996 a Turquia assinou com a União Europeia um Acordo de União Aduaneira do qual resultou um aumento significativo das suas exportações. Se em 2008 o objectivo de exportar mais de 125 mil milhões de USD foi amplamente atingido (a Turquia exportou 131,9 mil milhões de USD), a meta do Governo Turco é alcançar um valor de exportações da ordem dos 500 mil milhões de USD em 2023, ano em que se completa o centésimo aniversário da República Turca. Para esse efeito, o governo turco tem estado a fazer um esforço de modernização da indústria de forma a exportar mais produtos de capital intensivo e maior valor acrescentado, o que permitirá não só aumentar o valor das exportações, como defender a sua indústria exportadora da forte concorrência vinda da Índia e da China. A importância do comércio externo para a Turquia tem vindo a aumentar. O grau de desenvolvimento económico do país obriga a uma contínua importação de bens de equipamento e tecnologia que é compensada, em parte, pelo aumento da exportação de bens mais intensivos em mão de obra de sectores mais tradicionais como a siderurgia, os têxteis, agro indústria e outros bens de consumo. Nos últimos anos, as exportações turcas têm sido impulsionadas pela forte desvalorização da lira turca verificada em 2001. Mais recentemente (até 2008), a conjuntura de forte crescimento económico e maior estabilidade da moeda turca levou a que tanto as importações (201,7 mil milhões de USD em 2008) como as exportações (131,9 mil milhões de USD em 2008) crescessem exponencialmente. 3

Já em 2009, devido à conjuntura económica mundial, as importações turcas registaram um decréscimo da ordem dos 30% face a 2008 para 140,9 mil milhões de USD assim como as exportações turcas que registaram uma queda de 22,6% para os 102,1 mil milhões de USD. No entanto, no primeiro trimestre de 2010 tanto as importações como as exportações turcas cresceram 32,7% e 7% respectivamente relativamente ao mesmo período do ano passado. Os principais capítulos de importação turca são o cap. 27 - petróleo e seus derivados que representa cerca de 21,2% do total, seguido dos capítulos 84 e 85 - a maquinaria, reactores, motores, máquinas eléctricas que representam 12,2% e 8,7% respectivamente e o cap. 87 - veículos automóveis que representa 6,4%. É ainda de destacar o forte crescimento da importação do ferro e do aço (cap. 72) e a importância dos plásticos (cap. 39), químicos orgânicos (cap. 29) e produtos farmacêuticos (cap. 30). Em termos de oportunidades de exportação de produtos e após análise e cruzamento entre a procura turca e a oferta portuguesa, existem 7 capítulos de produtos com grande potencial para as exportações portuguesas: Produtos com Oportunidade de Exportação para a Turquia HS Descrição IMP Turkey World (milhões USD) 2009 EXP Portugal to Turkey (milhões USD) 2009 Market Share EXP Portugal World (milhões USD) 2009 % EXP Port World vs IMP Turkey World 84 Machinery 17140,74 12,90 0,08% 3219,72 18,78% 85 Electrical Machinery 12251,88 15,02 0,12% 3798,13 31,00% 87 Vehicles, Not Railway 8970,80 17,41 0,19% 4900,20 54,62% 39 Plastic 6943,94 27,18 0,39% 1879,06 27,06% 30 Pharmaceutical Products 4082,99 3,89 0,10% 598,36 14,65% 90 Optic, Nt 8544; Med Instr 2834,56 11,13 0,39% 423,21 14,93% 48 Paper, Paperboard 2214,18 7,45 0,34% 1531,69 69,18% TOTAL 54439,10 94,98 0,17% 16350,37 30,03% Fonte: Aicep, WTA 4

IMPORTAÇÕES TURCAS DO MUNDO (milhões USD) HS Description 2007 2008 2009 --World-- 170398,68 201708,78 140929,39 Taxa Crescimento 2007-2008 Taxa Crescimento 2008-2009 84 Machinery 22606,66 22511,67 17140,74-0,42% -23,86% 85 Electrical Machinery 13318,84 13881,51 12251,88 4,22% -11,74% 87 Vehicles, Not Railway 12412,74 12762,45 8970,80 2,82% -29,71% 39 Plastic 8702,49 9375,04 6943,95 7,73% -25,93% 30 Pharmaceutical Products 3530,88 4361,29 4082,99 23,52% -6,38% 90 Optic, Nt 8544;Med Instr 3018,39 3439,78 2834,56 13,96% -17,59% 48 Paper, Paperboard 2473,66 2602,87 2214,18 5,22% -14,93% TOTAL 66063,66 68934,61 54439,10 4,34% -21,03% Fonte: Aicep, WTA Acerca destes 7 capítulos gostaríamos de realçar o seguinte: São capítulos de produtos em que a Turquia é forte importadora (54,4 mil milhões de USD em 2009) e em que Portugal é competitivo a nível mundial (exportou mais de 16,3 mil milhões de USD em 2009, sendo que em qualquer um destes capítulos as nossas exportações foram superiores a 423 milhões de USD). No conjunto destes 7 capítulos, Portugal só exportou para a Turquia 94,9 milhões de USD, o que representa uma quota de mercado de 0,17% do total das importações turcas e 0,58% das exportações portuguesas a nível mundial. Estes dois rácios mostram claramente o ainda baixo grau de penetração dos nossos produtos no mercado turco. As importações turcas cresceram à taxa média anual de 4,34% entre 2007 e 2008, tendo-se, no entanto, verificado uma redução de 21,03% em 2009 relativamente a 2008 devido à conjuntura económica mundial. O total das exportações portuguesas destes produtos para todo o mundo (16,35 mil milhões de USD) representa somente 30% das necessidades totais de importação da Turquia, facto que demonstra a grandeza (dimensão) do mercado. Para além das oportunidades de exportação acima identificadas, outros sectores de oportunidade de negócio que consideramos de grande potencial para empresas Portuguesas na Turquia são: Sector da Construção Como país candidato a aceder à UE, a Turquia tem recebido fundos europeus para melhorar as infra-estruturas e serviços públicos. Existem inúmeros projectos para a melhoria da rede de transportes e de saneamento básico, construção residencial (é necessária a construção de 700.000 novas casas por ano) onde empresas portuguesas poderão vender maquinaria e materiais de construção. 5

Sector Têxtil Este sector chave na economia turca, representa mais de 15% da produção industrial e emprega um terço dos trabalhadores industriais. As exportações turcas de têxteis representam cerca de 18% do total das exportações. Assim, este sector tem grande interesse a nível de investimento e a nível de venda de equipamento industrial necessário à modernização que esta indústria atravessa de forma a fazer face à crescente concorrência do exterior. Sector Automóvel Este sector registou um desenvolvimento muito importante nos últimos anos e hoje tem capacidade para produzir mais de 1,4 milhões de veículos por ano. O forte crescimento desta indústria faz com que existam grandes oportunidades no sector dos componentes automóveis, aliás uma das principais importações turcas. Sector Tecnologias de Informação Devido ao forte crescimento e modernização da banca e das empresas de telecomunicações na Turquia existem amplas oportunidades de venda de soluções informáticas ligadas a estes dois ramos. Bens de Luxo Devido à forte concentração de riqueza e poder de compra nas principais metrópoles, existe um nicho de mercado para os bens de luxo onde alguns bens portugueses poderão ter oportunidade. Por último, é de realçar que a recente desvalorização do Euro face à Lira Turca tem tornado os produtos europeus mais competitivos e aberto novas oportunidades de exportação para este mercado, 1.2 Investimento de Portugal na Turquia Historicamente, a Turquia nunca foi um país receptor de grandes fluxos de investimento estrangeiro. Apesar de se tratar de um mercado com enorme potencial, a instabilidade política e macroeconómica e os vários custos de contexto sempre dissuadiram os investidores estrangeiros. No entanto, a estabilidade económica verificada nos últimos anos, a melhoria nas garantias ao investidor, a simplificação administrativa e a política de aproximação à UE, são as razões que levaram a que, desde 2001, a Turquia se tenha posicionado como um dos principais países receptores de IDE tendo registado um volume superior a 22 mil milhões de USD em 2007. Este facto leva a que a Turquia seja hoje um dos maiores produtores de veículos automóveis e autocarros na Europa, o quarto maior produtor de camiões e o segundo maior produtor de vidro. Dada a crise financeira mundial o volume de IDE registado pela Turquia em 2009 sofreu uma redução considerável para 7,66 mil milhões de USD, tendência que se deverá manter ainda em 2010. O investimento português na Turquia traduz-se na presença de cerca de 10 empresas: Cimpor (cimento), BCP Millenium (banca), Grupo Onyria (hotel/turismo), Tegopi (torres energia eólica), Tim WE (conteúdos digitais para telemóveis), Mota Ceramics (material construção), Emparque (gestão parques estacionamento), OAT (retalho têxteis lar e cerâmica decorativa), Grupo Solida (construção civil) e Sparks (componentes eléctricos). 6

Neste momento existem várias outras empresas interessadas em investir no mercado da Turquia. É de referir que o BCP Millenium vendeu recentemente 95% do seu banco na Turquia ao Banco Credit Europe de forma a poder concentrar a sua actividade nos seus principais mercados, devendo deixar o mercado Turco ainda durante o primeiro semestre de 2010. De acordo com o Banco de Portugal, em 2009 as empresas portuguesas realizaram investimentos na Turquia da ordem dos 7 milhões de Euros, sendo na última década o stock de investimento acumulado português na Turquia de 418,7 milhões de Euros. Embora existam oportunidades de investimento em vários sectores da economia turca, gostaríamos de realçar alguns com elevado potencial para as empresas portuguesas: Sector Energético Este sector oferece boas oportunidades de investimento. A energia gerada na Turquia é claramente insuficiente e o governo está a preparar legislação na área das energias renováveis e a conceder licenças de geração a investidores privados para construir centrais de ciclo combinado, parques eólicos, centrais hidroeléctricas e nucleares. De acordo com o Ministro da Energia e Recursos Naturais da Turquia, Sr. Mehmet Guller, o País necessita nos próximos anos de 20 mil milhões de USD de investimento em centrais hidroeléctricas e 20 mil milhões de USD em parques eólicos. O processo de privatização da distribuição de gás e electricidade também está em andamento. Sector do Turismo Este sector está em franca expansão e a Turquia já recebe hoje mais de 27 milhões de turistas o que a torna num dos principais destinos turísticos a nível mundial. Existem imensas oportunidades de investimento (principalmente ligadas ao sector imobiliário compra de segunda residência) neste sector. Sector Automóvel Este sector, actualmente o mais dinâmico da economia turca, apresenta várias oportunidades de investimento na área dos componentes automóveis dado que existe uma grande pressão por parte das principais OEMs para atrair fornecedores para perto de si e assim aumentar a percentagem de incorporação de componentes nacionais/locais nos veículos fabricados no País. Sector Meio Ambiente Dado que a Turquia se encontra no processo de adesão à UE, existem várias directivas relacionadas com a protecção do meio ambiente e combate à poluição industrial que têm vindo a ser implementadas, criando inúmeras oportunidades nesta área. 1.3 Investimento da Turquia em Portugal Relativamente ao investimento de empresas turcas em Portugal e embora historicamente este seja praticamente inexistente, é de registar o investimento de 16,9 milhões de Euros em 2009. 7

Devido à dimensão do mercado português, as oportunidades de investimento turco em Portugal (multisectoriais) terão que ser sempre analisadas do ponto de vista de parcerias entre empresas de ambos os Países para abordagem de mercados externos que interessem às empresas turcas e onde Portugal está bem implementado (ex. Brasil e Angola). 1.4 Turismo A Turquia é um dos 10 principais destinos turísticos a nível mundial, tendo recebido em 2009 mais de 27 milhões de turistas, sendo 46.900 portugueses. Os produtos turísticos oferecidos pela Turquia (turismo cultural, turismo sol e praia, etc) são em grande parte os mesmos que os oferecidos por Portugal, o que torna este país num dos principais destinos Europeus concorrentes de Portugal. Relativamente ao turismo emissor, desde que o Governo levantou várias restrições às saídas do País nos anos 90s e com a contínua melhoria da economia turca e subsequentemente maior poder de compra da população, a Turquia tem-se tornado uma importante fonte emissora de turistas para a Europa. Se em 1980 somente 1,7 milhões de turcos viajaram para fora da Turquia, este número aumentou consideravelmente para os 8 milhões em 2005, estimando-se que em 2015 mais de 16 milhões de turistas turcos irão viajar para o estrangeiro. Só nos primeiros 4 meses de 2010 mais de 2,9 milhões de turistas turcos viajaram para a Europa, tendo permanecido fora uma média de 4,7 dias e gasto entre 700 e 800 Euros (excluindo os custos com transporte e estadia). Os destinos preferenciais dos turistas turcos na Europa são as principais cidades europeias (Londres, Paris, Milão, Roma, Madrid, Barcelona, Berlim, etc). Embora Portugal seja ainda um destino relativamente desconhecido para os turcos, este sector poderá ser potenciado pelas seguintes razões: Destino ainda relativamente barato quando comparado com as principais cidades europeias; Riqueza histórico-cultural; Ligação aérea directa quatro vezes por semana; Hospitalidade do povo português em relação aos estrangeiros; País moderno mas preservando os seus costumes, tradições, folclore; Oferta hoteleira de luxo e Pousadas; Rica gastronomia e excelentes vinhos. 8

2. Dificuldades 2.1 Comércio Tal como sucedido com a maior parte das economias a nível mundial, os efeitos da crise financeira global penalizaram fortemente o desempenho da economia turca em 2008 e 2009. Apesar do forte crescimento registado durante o primeiro trimestre, o PIB da Turquia fechou 2008 com um modesto crescimento de 0,7% e registou uma forte contracção de -4,7% em 2009. No entanto é de assinalar que no último trimestre de 2009 o PIB da Turquia recuperou e cresceu a uma taxa de 6%, o que leva a prever que o crescimento da economia turca para 2010 seja da ordem dos 4%. Tal como já foi referido anteriormente, em 2009, devido à conjuntura económica mundial, as importações turcas registaram um decréscimo da ordem dos 30% face a 2008 para 140,9 mil milhões de USD, assim como as exportações turcas que registaram uma queda de 22,6% para 102,1 mil milhões de USD. No entanto, no primeiro trimestre de 2010, tanto as importações como as exportações turcas cresceram 32,7% e 7% respectivamente relativamente ao mesmo período do ano passado. Esta crise financeira/recessão global afectou naturalmente a confiança do consumidor turco que só agora começa a dar sinais de alguma recuperação. As principais dificuldades que a Turquia apresenta para os exportadores portugueses são as seguintes: Portugal não tem imagem de país fornecedor de produtos de qualidade no mercado turco, especialmente junto do consumidor, com excepção de situações pontuais. A maioria dos consumidores desconhece Portugal e os seus produtos/marcas; Elevada concorrência das empresas locais e estrangeiras provenientes de países com mão-de-obra barata. Para além destas dificuldades, existem várias barreiras/restrições ao comércio externo impostas pelo Governo Turco tais como: Atestados Conformidade para Bens em Livre Circulação A partir de 1 de Janeiro de 2009, todos os importadores turcos têm de declarar a origem dos produtos oriundos/em livre circulação do Espaço Europeu. Embora em livre circulação dentro da UE, todos os produtos produzidos fora da União Europeia têm de fazer testes de controlo de qualidade/segurança na Turquia mesmo que já tenham sido autorizados pelas alfândegas Europeias, tenham a marca CE e sejam acompanhados por um certificado ATR. Estas inspecções, requisitos documentais e testes físicos aos produtos estão claramente em contradição com o Acordo de União Aduaneira existente entre a UE e a Turquia. 9

Registo Produtos Têxteis Todos os exportadores de produtos têxteis e vestuário têm de se registar junto da Associação de Exportadores Turcos através do preenchimento de vários formulários antes de poder exportar para a Turquia. Estes formulários contêm informação sensível sobre as empresas e o processo de registo é burocrático, dispendioso e demorado. Proibição Importação Carne Bovina A Turquia proíbe a importação de animais bovinos procedentes de diversos países, entre eles Portugal, devido aos casos registados no passado de BSE, muito embora internacionalmente este problema já esteja sob controlo dentro da União Europeia. Fraca Fiscalização Direitos Propriedade Intelectual O sistema ineficiente de fiscalização e aplicação das leis de protecção de propriedade intelectual na Turquia tem prejudicado muitas empresas europeias que têm tido os seus produtos copiados por empresas turcas. Sector Bebidas Alcoólicas Em Janeiro de 2002 os poderes do antigo monopólio de importação de bebidas alcoólicas TEKEL, foram transferidos para um novo organismo independente o Conselho Regulador do Tabaco e do Álcool. Esta organização desenvolveu em Janeiro de 2003 a Lei do Álcool que estabeleceu um sistema de licenciamento, quantidades mínimas e preços que dificultam a importação. Recentemente, em 2009, a Turquia aboliu as licenças de importação de bebidas alcoólicas e estimulantes. No entanto, o sistema ainda exige aos importadores de bebidas alcoólicas, o pedido de certificado de inspecção, um certificado do Ministério da Agricultura, e fazer uma notificação ao Conselho Regulador do Tabaco e do Álcool. Actualmente são necessários, em média, cerca de quatro semanas para obter os certificados de inspecção e de conformidade do Ministério da Agricultura. Uso Inapropriado de Cláusulas de Salvaguarda Embora, de acordo com a OMC, as cláusulas de Salvaguarda devam ser somente utilizadas em circunstâncias excepcionais a Turquia tem utilizado frequentemente este instrumento para proteger a indústria local, muitas vezes prorrogando-as para além dos 3 anos normalmente permitidos. 2.2 Investimento de Portugal na Turquia Embora nos últimos anos tenha havido um fluxo razoável de empresas portuguesas a investir na Turquia, a grande barreira ao investimento português neste mercado é a ausência de interesse/aposta por parte das empresas portuguesas no mesmo devido ao grande desconhecimento das práticas e do potencial do mercado. Por outro lado, uma vez que Portugal e os seus produtos são pouco conhecidos na Turquia, os investimentos na área da distribuição de bens de consumo e, muitas vezes, na área dos bens de equipamento (salvo algumas excepções) têm dificuldades acrescidas dado que a identificação e interesse de parceiros locais é, à partida, limitada. Neste domínio, Portugal necessita de apostar fortemente na promoção da sua imagem e dos seus produtos de qualidade neste mercado. 10

2.3 Investimento da Turquia em Portugal As principais dificuldades que o mercado português apresenta enquanto potencial receptor de investimento e em relação aos nossos principais concorrentes europeus são: Desconhecimento do destino e insuficiente visibilidade do mesmo; Pequena dimensão do mercado; Falta de competitividade do destino a nível fiscal, da educação, da formação profissional, da produtividade, da legislação laboral, etc. 2.4 Turismo Relativamente à captação de turistas turcos para Portugal existem três grandes dificuldades: Desconhecimento do destino; Ausência de imagem; Dificuldade na obtenção de vistos de turismo o processo de obtenção de vistos é muito burocrático, demorado e obriga a que, na maior parte das vezes, os turistas se tenham que deslocar a Ancara (por não existir um Consulado Geral de Portugal em Istanbul ou acordo com outro Consulado Geral Europeu para emissão de vistos Shengen para Portugal) duas vezes para entregar e retirar os passaportes. Este processo penoso leva a que muitos potenciais turistas acabem por desistir de viajar para Portugal. 3. Cultura de Negócios do Mercado O ritmo e a dinâmica com que os negócios se desenvolvem na Turquia podem ser lentos. As primeiras reuniões são habitualmente mantidas com responsáveis menos graduados na organização e à medida que se vão sucedendo as reuniões e consolidando o relacionamento e a viabilidade do negócio, vai aumentando o nível de responsabilidade e de importância do interlocutor turco. A decisão final é normalmente feita pelo presidente/dono da empresa. As relações pessoais são muito importantes para aceder ao mercado turco. As primeiras reuniões devem ser preparadas nessa lógica - Conhecimento Pessoal - Confiança - Relacionamento 11

As reuniões de negócios são normalmente precedidas de uma discussão sobre um tema geral (futebol, turismo) podendo envolver perguntas sobre a família. Durante as reuniões é servido chá e café que deverá ser aceite como sinal de respeito. Dois temas que devem ser evitados durante as conversações: Curdos e Chipre. Os turcos são comunicadores primariamente vocais e visuais. Assim, é aconselhável preparar apresentações apelativas sobre o produto/serviço/negócio em discussão. Os turcos são homens de negócios muito astutos. As propostas de negócio e/ou parceria devem ser muito claras e bem preparadas e devem mostrar quais os benefícios para ambas as partes. Durante uma negociação devem arranjar-se argumentos para além dos benefícios financeiros. Pode ser muito útil apresentar argumentos relacionados com poder, influência, status, honra e outros aspectos não monetários. Sendo a Turquia um País laico trabalha-se às sextas-feiras sendo o Domingo o dia de descanso. Nos meses de Julho e Agosto muitos executivos encontram-se em férias pelo que o melhor é evitar viagens de negócios à Turquia durante esses meses. Na impossibilidade de comparecimento ou atrasos, avise sempre o seu anfitrião com antecedência. Em geral, pequenos atrasos são tolerados (até 30 minutos), dada a situação caótica do trânsito nas grandes capitais. Programe com antecedência as suas deslocações, levando em conta a distância e o itinerário. A Turquia é um País muito quente no verão e é normal tirar as gravatas e os casacos durante as reuniões. Aconselha-se os empresários a vestir de modo formal. Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal, E.P.E. Av. 5 de Outubro, 101, 1050-051 LISBOA Tel. Lisboa: + 351 217 909 500 Contact Centre: 808 214 214 aicep@portugalglobal.pt www.portugalglobal.pt Capital Social 110 milhões de Euros Matrícula CRC Porto Nº 1 NIPC 506 320 120 12