caderno de atividades



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Transcrição:

caderno de atividades

ÊXODOS SEBASTIÃO SALGADO

O desenho fotográfico de Sebastião Salgado foi realizado ao longo de seis anos por quarenta países, conta a história da humanidade em trânsito, como ele próprio diz no final do milênio, e, atualizase neste espaço/tempo, compondo uma belíssima arquitetura estética onde forma e conteúdo se alinham perplexos frente à realidades humanas, compondo um manifesto visual de obstinação pela vida. Estes flagrantes de força antropológica, que em situações diversas ele fotografa, revelam um olhar afiado/afinado no enquadramento e iluminação das imagens em preto e branco. Eis o seu discurso: ali está o homem, ali está o fotógrafo contra a banalização das imagens, aqui está presente a condição humana O que nos separa, o que nos une e... sutilmente uma identidade de valores como a solidariedade, a liberdade a compaixão e o respeito à natureza convocando a responsabilidade compartilhada que temos como seres humanos. Como Moisés, talvez Sebastião Salgado convide o nosso olhar a atravessar os desertos de Êxodos... Carmen Barros Coordenadora de Arte Educação Da Maya Espaço Cultural

Quarenta países visitados, em seis anos, resultaram no ensaio-reportagem Êxodos, de Sebastião Salgado, e Bagé é o destino de 60 painéis da mostra a partir do dia 19 de março. O fotógrafo qualifica a série como humanidade em trânsito, migrantes que abandonam a terra natal e partem em busca de uma outra alternativa de vida. Para ele, mais do que nunca, a raça humana é somente uma. _Há diferenças de cores, línguas, culturas e oportunidades, mas os sentimentos e reações das pessoas são semelhantes, analisou. Êxodos é composta de imagens, em preto e branco, feitas pelo mundo e divididas em subtemas como Luta pela Terra, África, Refugiados e Migrados, Megacidades e Megalópodes e Retratos de crianças. A ausência de cor impacta ainda mais a situação retratada, destacando a dor e o desespero. Na expressividade do seu trabalho, é como se o mundo perdesse a cor, a vida, a alegria. Sebastião Salgado utiliza suas fotografias como ferramenta de denúncia da pobreza, violência, guerra e fome em regiões miseráveis do mundo. QUINTANA, A. Sebastião Salgado e a revelação de Êxodos. Jornal Patrimônio da Comunidade, Bagé/RS, p. 12, 14 mar, 2014.

Sobre o Caderno de Atividades O caderno de atividades proposto pelo Da Maya Espaço Cultural constitui-se de uma série de proposições que podem ser utilizadas pelos professores e público em geral e que constroem vias de acesso aos temas tratados na curadoria: Sebastião Salgado; Fotografia; Cultura Visual; deslocamento; Arroio; interações entre comunidade, cultura e territórios afetivos. Histórias de vida e de lugar; paisagem.

S

ação educativa ÊXODOS,ARROIO, CIDADE e LUGAR O projeto Êxodos consiste em registros sobre o deslocamento. O deslocamento de gentes e terras; Consigo, com as gentes, vão as suas culturas, as suas crenças. Com cada um que se desloca, vai junto o mundo. O mundo de cada um, de cada qual, que ao caminhar constrói novos arranjos, costura novas tramas e faz do espaço geográfico uma moldura para um outro espaço que se delimita não por marcas e fronteiras territoriais, mas sim pelo que cada homem e mulher grande ou pequeno, moço ou velho desenha nas marcas da sua passagem. A vida, vivida de fato, aquela para a qual acordamos todos os dias, essa não é forjada pelas marcas artificiais que o homem, em algum tempo, usou para delimitar o que é de seu. A vida é essa coisa que usamos naquilo que compartimos. Não somos feitos, estamos em processo de construção. As imagens dessa exposição apreendem instantes de homens e mulheres em seus deslocamentos, no lugar seu e no lugar feito seu. No movimento, no trânsito, no fluxo. Olhar para a paisagem é olhar para o que se desloca junto conosco. Para o que a retina leva consigo tão grudado, tão presente que já não se torna mais possível abandona-lo e, sim, adiciona-lo ao mundo aquele feito de nós com os outros.

A Ação toma o trabalho do fotógrafo Sebastião Salgado, registrado na série Êxodos, que alcançou repercussão em todos os cantos do mundo falando sobre gentes e lugares. Lugares de origem e lugares transitórios. Mais do que isso, os mundos que se deslocam com as pessoas: Suas histórias, suas crenças, suas culturas. As tramas que se encontram, as narrativas que surgem a partir daí. Aqui, no extremo sul do Brasil essa exposição anda ao lado, entrelaçado com o projeto que visa animar em vida e olhares novos para o arroio que corta a cidade e para as gentes destas localidades. Assim, todas as atividades propostas tomam o lugar, o arroio, as narrativas das gentes, os registros fotográficos desde os meios mais contemporâneos até formas tão simples e quase artesanais como a pin hole. Entre as ações estão incluídas encontros com professores, material com proposições sobre os temas norteadores, atividades de produção imagética promovida nas comunidades do entorno do rio, itinerância de parte da exposição para comunidades distantes do centro, exposição/projeção de imagens produzidas pela comunidade em espaços públicos, exibição de filmes, diálogo com fotógrafos locais. Ao todo estas ações tomam como objetivo fazer mover conceitos tão caros à série fotográfica produzida pelo fotografo brasileiro ao mesmo tempo que promove uma reflexão baseada nos aspectos de criação de pensamento acerca da experiência do homem consigo, seu ambiente tangível e intangível que se deslocam nestas marcas. Igor Simões Curador Educativo Da Maya Espaço Cultural

ATIVIDADES S

A Exposição Êxodos traz como um dos temas o deslocamento de pessoas ao redor do mundo. Isso pode parecer distante...mas e você? Você nasceu na cidade que agora mora? Sim? Não? Você já parou pra pensar de onde veio? Não, não estou falando apenas de sua família mais próxima, mães, pais, irmãos e outros... Mas se você investigar na sua família? Todos nasceram, cresceram e construíram suas vidas na mesma cidade em que você? Sim? Não? Em caso negativo, que tal ir buscar através de entrevistas, fotos, conversas de domingo, qual a história da sua família? Tente saber se seus avós, bisavós, nasceram no mesmo lugar que você. Se não busque descobrir de onde vieram? O que faziam? Porque se mudaram?

2 Deslocar-se é algo que faz parte do nosso cotidiano. Que tal registar esse deslocamento? Você já olhou para o caminho que realiza todo o dia em meio às suas atividades? Sim? Então vamos fazer algo diferente? Vamos pensar na paisagem humana que faz parte destes trajetos? Durante uma semana escolha fazer o mesmo trajeto, comece a reparar nas pessoas que você vê de maneira mais recorrente ao longo deste tempo. No último dia, escolha uma delas para conversar e fotografar. Pergunte quais as suas atividades? O que ela faz naquele lugar durante estes dias?

3 Na exposição Êxodos, o fotógrafo Sebastião Salgado apresenta a seguinte fotografia: Nesta imagem, o fotografo traz o momento em que uma embarcação de imigrantes ilegais marroquinos é abordado pelo helicóptero da patrulha espanhola. Um bote, ou patera com imigrantes ilegais marroquinos a bordo, é detectado por um helicóptero da patrulha da alfândega espanhola. Estreito de Gibraltar. 1997. Em várias partes do mundo pessoas se deslocam entre países e culturas. Muitas delas vivem em estado de extrema pobreza, miséria e buscam por lugares onde possam encontrar novos rumos. São várias as narrativas como esta ao longo da história. >>>

Em cada imagem é possível ver ecoar várias outras. Olhando para esta fotografia podemos pensar em uma outra composição famosa, neste caso, uma pintura. A Jangada do Medusa, pintada pelo francês Theodore Gericault, entre 1818 e 1819 que trata de um tema correlato envolvendo negligência, deslocamentos, naufrágios e resistência. A partir da imagem abaixo pesquise que fatos são estes que são representados na pintura do artista francês. Theodore Géricault A Jangada da Medusa (1818-1819)

Também o Brasil é repleto de narrativas sobre homens e mulheres que se deslocam em busca de uma vida melhor. Em 1938, o escritor Graciliano Ramos (1892-1953) escreveu o romance Vidas Secas. No livro conta-se a história de uma família de retirantes nordestinos que se desloca para fugir das dificuldades trazidas pela seca naquela região do país. Você conhece essa obra? Que tal lê-la? Talvez fosse ainda mais interessante convidar um grupo de colegas, amigos, conhecidos, para fazer o mesmo. Depois disso discuta sobre o que ali é narrado. Se for em uma escola proponha à sua professora, a leitura da obra.

Nos trabalhos apresentados em Êxodos, vemos muitas representações de crianças. Na introdução de seu livro, Salgado coloca: Em toda situação de crise [...] as crianças são as maiores vítimas. Mais fracas fisicamente, são sempre as primeiras a sucumbir à fome ou à doença. Emocionalmente vulneráveis, não têm condições de compreender por que estão sendo expulsas de suas casas [...] Isentas de responsabilidade pelos próprios destinos são, por definição, inocentes. Na exposição, faça um percurso escolhendo apenas as imagens de crianças. Selecione algumas delas. Registre-as com seu celular ou máquina fotográfica. Na sua casa, escolha imagens de sua infância ou das demais pessoas da sua família durante o tempo em que eram crianças. Reunindo todas estas imagens (aquelas que saíram da exposição e aquelas da sua família) escreva um texto breve refletindo sobre a infância. O que você pensa sobre esse período? Quais as memórias que você tem? Como você relaciona as diferentes infâncias que aparecem na seleção de imagens que você construiu? (Referência do Livro: Salgado, Sebastião. Êxodos. Ed. Cia das Letras, São Paulo, 2000)

6 Você conhece o Arroio que corta a cidade de Bagé? Já fez um passeio sobre as suas margens? Em que lugares da cidade ele passa? Como é a vida das pessoas que moram por ali? Escolha um destes trechos e realize fotografias dele. Selecione as que você considera com melhor resultado. Que nome você daria para esta seleção de fotos? Porque?

Muitas das soluções encontradas para a vida de homens e mulheres passam por escolhas de tecnologia, organização das cidades e a intervenção sobre a natureza. Seja na alteração do curso de rios, na extração de bens naturais, nos resíduos que são descartados por indústrias, durante muito tempo o homem ocidental acreditou que a natureza era uma reserva infinita de recursos que deveriam ser utilizadas para promover tais soluções. Na imagem abaixo, vemos uma foto de Sebastião Salgado que apresenta uma tubulação que leva água potável para regiões mais prósperas da cidade. Você já parou pra pensar em como isto acontece na sua cidade? Em Bagé, por exemplo, tem arroios. Muitos dos dejetos da cidade são despejados neles. Além disso você já viu como as margens destes arroios estão cheias de lixo. Lançamos aqui duas propostas: a) Reúna um grupo e faça uma caminhada por uma das partes deste arroio, realize fotografias de como se encontra atualmente o estado do Arroio e de suas margens. Com as fotos, tente levantar hipóteses sobre as causas do atual estado do Arroio. Como seria possível solucionar os problemas encontrados? Qual a relação entre as necessidades da cidade e a conservação de um recurso natural tão presente na paisagem da cidade. b) Reúna o seu grupo e realize um projeto apresentando as suas soluções. Uma tubulação que leva água potável para os bairros mais prósperos da cidade, passa pela favela de Mahim. Bombaim, Índia. 1995. >>>

c) O corpo humano é composto de 70% a 75% de água, assim como o nosso planeta. Portanto, nosso corpo e o mundo onde esse corpo vive, cria e produz tem proporções quase idênticas do líquido mais importante à existência da raça humana. Historicamente, muitos dos comércios ao redor do mundo circulam por mares e rios. Inúmeras espécies vivem sob as águas. A água na poesia e na prosa evoca memória, fluxo. A água é hoje também um dos mais valiosos bens do planeta. A água é fluxo, deslocamento, presença indispensável nos empreendimentos da vida do mundo. Diante, disso, faça uma breve reflexão sobre a presença da água em seu cotidiano e das formas como esse bem natural tem sido utilizado nos dias de hoje.

8 A fotografia possui uma história. Diversas foram as invenções realizadas que buscaram apreender o mundo e o instante. A experiência da fotografia está diretamente relacionada com a vontade humana de apreender aquilo que o olhar capta e representa. Para tanto muitos foram os inventos. Vamos pesquisar quais são alguns deles? Assim podemos criar uma espécie de glossário que também servirá de porta de entrada para esta longa trajetória para a realização de um tipo de imagem que hoje se tornou tão presente na cotidianidade. Brinquedos Ópticos Cianotipia Câmera digital Instagram Daguerreótipo Câmara escura Polaroid Câmara Lúcida Câmera Analógica Calótipo

Leia o texto abaixo: Também por outros aspectos a peste marcou para a cidade o início da propagação da ausência de leis. O que antes se fazia, mas só às escondidas, pelo próprio prazer, agora era ousado mais livremente: assistia-se a mudanças súbitas (...) por isso as pessoas se acreditavam no direito de se abandonar aos rápidos prazeres, voltados para a satisfação dos sentidos, considerando um bem efêmero tanto o próprio corpo quanto o próprio dinheiro. Ninguém se dispunha mais a perseverar naquilo que julgara ser o bem, porque - pensava - não havia como saber se não morreria antes de alcançá-lo; em contraposição, o prazer imediato e o ganho que pudesse proporcioná-lo, fosse qual fosse sua proveniência, eis o que se tornou belo e útil. O medo dos deuses ou as leis humanas já não representavam um freio, de um lado porque aos olhos deles o respeito aos deuses ou a irreverência eram agora a mesma coisa, uma vez que viam todos morrerem do mesmo modo; de outro lado porque, tendo cometido faltas ninguém esperava se manter vivo até o julgamento e a prestação de contas. 1 No texto acima, Tucídides, descreve a sensação de mudança de valores da sociedade ateniense diante de uma grande epidemia. O texto nos dá a pensar: Ao olharmos para o atual estado de coisas do mundo temos a sensação constante de que a grande maioria das ações humanas estão voltadas para o lucro de indivíduos, estados, corporações, empresas e outros. Muitas vezes, parece que o sentido humano de reconhecimento do outro e as mazelas criadas por este modo de usar o mundo passam a se tornar invisíveis em meio ao fluxo de nossas existências cotidianas. A arte produzida por Sebastião Salgado, tende a dar nova visibilidade para as condições de homens e mulheres e seus desvãos em meio as diferenças de possibilidades de existência no mundo contemporâneo. E você? Você já percebeu como essas diferenças em possibilidades de existir estão presentes no seu dia a dia? Qual a sua sensação diante delas. Tente registrar através da fotografia seu olhar sobre tais fatos no lugar onde você vive. 1 (Tradução de Thomas Hobbes (1588-1679) para o texto de Tucídides (460 A.E.C.- 400 A.E.C) in Ginzburg, Carlo. Medo, Reverência e Terror: Quatro ensaios de iconografia Política. Ed. Cia. Das Letras, São Paulo, 2014.)

ficha técnica Presidente de Honra ZULEIKA BORGES TORREALBA Diretora de arte, Cultura e Turismo EULÁLIA DE SOUZA ANSELMO Coordenadora de Arte Educação CARMEN BARROS Curador Educativo IGOR SIMÕES Administrativo DANIELA MEDEIROS Assessoria de Imprensa CATIUSA GOMES Design Gráfico ANA REMONTI Monitoria PÉTRYA BISCHOFF Rua General Osório, 572. Centro. Bagé/RS. www.damayaespacocultural.art.br (53) 3311.1874 / 3311.1471