IST Mestrado em Urbanismo e Ordenamento do Território Programa de Planeamento Estratégico e Governância urbana 2014 2015 "Os seres humanos ligados por um projeto concertado têm superioridade em relação àqueles que nenhuma promessa liga e que carecem de intenção Hannah Arendt (1958) 1. Introdução O planeamento estratégico tem sido a melhor ferramenta para a gestão da mudança em contextos territoriais e, em particular, dos urbano-metropolitanos. A passagem de uma cidade fordista, regulada pelos poderes públicos e dinamizada pelos atores económicos, para uma que, em muitos casos, passou a designarse como metrópole, onde o Estado, por via da aguda crise financeira, sente crescente dificuldade em afirmar-se. Os protagonistas agora são múltiplos, situados nos mais diversos campos da vida colectiva. Exigem modalidades de governação mais eficientes, capazes de lidar com a incerteza e funcionarem em multiescalas temporais e espaciais, confrontando todos os atores presentes com as respectivas obrigações para um trajeto linear, de ajustamento ou de inflexão, em busca do sucesso. Este, por seu lado, encontra-se dependente de forças de mercado indiferentes aos afectos ou à boa-vontade dos atores. Nesta competição incessante por maior protagonismo leia-se investimentos produtivos, visitantes e importância funcional as cidades e os territórios desenvolveram técnicas de promoção capazes de os reconstruírem como objetos desejados ou, pelo menos, como objetos tolerados (veja-se o caso dos bairros críticos). Esse é o papel do Marketing Territorial. 2. Objetivos Dadas as três dimensões do programa - Estratégia, marketing, governação - pretende-se: Introduzir o conceito de planeamento estratégico e desenvolver as metodologias da sua aplicação a cidades e regiões; analisar os principais problemas que se colocam à governância urbana; apresentar e discutir formas de promoção da participação pública no planeamento e gestão urbanística e da sua articulação com as entidades públicas competentes; abordar as técnicas de promoção territorial. 3. Programa Roteiro teórico I. Os ciclos de vida das cidades e dos territórios: Um percurso compreensível e influenciável? II. O planeamento estratégico: Fundamentos e pertinência a. Planeamento formal vs planeamento informal b. O neoliberalismo como chave para a compreensão das novas dinâmicas territoriais III. Estratégia ou Estratégias? a. Plano Estratégico i. Escola francesa ii. Método GBN-Global Business Network iii. Carta Estratégica b. Estudos estratégicos temáticos c. Planos de ação d. A estratégia em planos espaciais IV. Territorial branding V. Governança Urbana a. Hard Power e Soft Power b. Emergências e mecanismos 1
Roteiro prático c. Dificuldades e alcance I. Recursos e instrumentos para o planeamento estratégico a. Decisão e modelo organizativo b. Análise do contexto interno c. Análise do contexto externo d. Diagnóstico prospetivo e. Construção da visão estratégica f. Estratégias, programas de atuação e ações g. Avaliação e monitorização II. Mobilização de atores III. Acompanhamento de trabalhos 4. Tipologia de aulas As aulas poderão assentar em: Pesquisa e crítica bibliográfica; Reflexão em torno de material audiovisual; Debate com oradores convidados; Visitas de campo; Aulas de exposição e debate; Trabalhos de aplicação metodológica. 5. Competências a Adquirir O aluno, no final do percurso pedagógico deverá ser capaz de: - Identificar o sentido e a intensidade da mudança em contextos territoriais - Reconhecer a dimensão central da incerteza para o planeamento e gestão urbana - Perceber as consequências da pós-modernidade no ordenamento do território e, em particular, na exigência de uma maior partilha entre atores na busca da legitimação da ação - Delinear processos de planeamento estratégico para regiões e cidades a partir de roteiros metodológicos específicos - Fomentar os mecanismos e iniciativas adequadas para o envolvimento comunitário na construção de um futuro sustentável para os territórios do quotidiano - Contribuir para estratégias de promoção territorial 6. Avaliação A avaliação será efectuada de acordo com os seguintes princípios: Haverá uma classificação para a componente teórica e para a componente prática; O peso de ambas as componentes será de 50%; No caso da não realização ou de uma classificação negativa na componente prática o resultado do exame terá de ser positivo e será seguido de um exame oral que definirá a classificação final; No caso da componente teórica ser superior à da componente prática aquela corresponderá integralmente à classificação final; Para efeitos de passagem todos os alunos terão de obter, pelo menos, 10 valores no exame. 7. Programa do trabalho prático 7.1. Apresentação 2
O planeamento estratégico insere-se no que facilmente se pode designar como instrumentos informais de planeamento não só porque não encontram nenhum imperativo legal para a sua realização como a metodologia de organização, desenvolvimento e mobilização de stakeholders e cidadãos é de uma grande flexibilidade. Para além disso a sua esfera de aplicação é também muito ampla, permitindo que o planeamento estratégico não seja apenas meramente uma intenção mas uma forma de intervir. Neste caso a proposta de trabalho centra-se na construção de um processo de planeamento estratégico simplificado, atendendo às circunstâncias próprias de um exercício académico, que se deve iniciar logo a partir do diagnóstico de um território. Neste caso concreto a opção deverá ser pela consideração de um dos seguintes concelhos da NUT III Alto Trás-os Montes: Alfândega da Fé Boticas Macedo de Cavaleiros Miranda do Douro Mogadouro Ribeira de Pena Valpaços Vila Flor Vila Pouca de Aguiar Vimioso Vinhais O trabalho de grupo é, assim, uma construção a 3 tempos: diagnóstico, recursos, governança; estratégia; operacionalização. 7.2. Objetivos a alcançar Compreensão dos passos mais comuns do planeamento estratégico; Visão integrada do processo de construção estratégica; Estimular a capacidade de proposição criativa e sustentada. 7.3. Forma de apresentação e entrega Existirão 3 partes que integrarão o documento final mas que serão apresentadas em momentos distintos. O suporte papel será o da apresentação do trabalho. 7.4. datas importantes Final Março 1º parte, apreciação e apresentação; Final Abril 2º parte, apreciação e apresentação; Final Maio 3ª parte, apresentação. 8. Bibliografia Principal 3
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