Classificação e diagnóstico das LER/DORT



Documentos relacionados
PROVA ESPECÍFICA DE FISIOTERAPIA. Conforme a Síndrome de De Quervain, estão corretas as afirmações, EXCETO:

LER/DORT. Lesões por Esforços Repetitivos (LER) Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (Dort)

Reumatismos de Partes Moles Diagnóstico e Tratamento


Disciplina de Saúde do Trabalho

LER/DORT.

Capsulite Adesiva ou Ombro Congelado Congelado

EXMO. Sr. JUIZ DA ª VARA DO TRABALHO DE TRT 13a Região. Ref.: Ação nº (ex.: RT )

Departamento de Fisioterapia, Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional-FMUSP. Profa. Dra. Sílvia Maria Amado João

Universidade Estadual de Londrina

EXAME CLÍNICO DE MEMBROS SUPERIORES E COLUNA ATIVO CONTRA-RESISTÊNCIA MOVIMENTAÇÃO ATIVA

ERGONOMIA MÓDULO IV

Conheça seus direitos

COMPRESSÃO DO NERVO MEDIANO NO PUNHO (SÍNDROME DO

ORDEM DE SERVIÇO INSS/DSS Nº 606, DE 5 AGOSTO DE 1998

Dor no Ombro. Especialista em Cirurgia do Ombro e Cotovelo. Dr. Marcello Castiglia

CARTILHA SOBRE LER/DORT

SÍNDROMES DOLOROSAS 1 de 5 FATORES PREDISPONENTES QUADRO CLÍNICO EXAMES PARA DIAGNÓSTICO ESTRUTURA COMPROMETIDA PATOLOGIA

CARTILHA SOBRE LER/DORT

Fraturas e Luxações do Cotovelo em Adultos:

Distúrbios musculoesqueléticos em profissionais de Odontologia

MÚSCULOS DO ANTEBRAÇO

Avaliação Fisioterapêutica do Ombro Departamento de Fisioterapia, Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional-FMUSP

ESCOLIOSE Lombar: Sintomas e dores nas costas

Pós graduação em Fisioterapia Traumato-Ortopédica - UFJF. 03 de julho de 2010 Professor: Rodrigo Soares

Dor no joelho Tendinite patelar, a famosa dor no joelho, precisa ser cuidada!

LESÕES OSTEOMUSCULARES

Prof. Paulo C. Barauce Bento. Ergonomia. UFPR 2007 ETAPAS. Prof. Paulo C. Barauce Bento. Ergonomia. UFPR Prof. Paulo C.

MEDICINA TRADICIONAL CHINESA, ACUPUNTURA E TERAPIAS AFINS INDICAÇÕES

A Lesão. A Lesão. A lesão provoca congestão local causada por obstrução de QiE XUE nas articulações

Complexo do cotovelo. Diogo Barros de Moura Lima

Atualmente = o objetivo é conseguir, durante a sessão e fora dela, a funcionalidade do paciente (o tônus se adequa como consequência).

Essa cartilha poderá ser visualizada em nossa home page:

Testes para o Joelho

PROVA ESPECÍFICA Cargo 42. No 3º mês de vida, a criança mantém a cabeça contra a gravidade na postura prono por várias razões, EXCETO:

Bases Diagnósticas e Terapêuticas de Cyriax

TEA Módulo 4 Aula 4. Epilepsia e TDC

AURICULOTERAPIA NO TRATAMENTO DOS DISTÚRBIOS OSTEOMUSCULARES RELACIONADOS AO TRABALHO (DORT): UMA AVALIAÇÃO RETROSPECTIVA

PREVENÇÃO DE DOENÇAS OCUPACIONAIS

SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO. Prevenção das Lesões por Esforços Repetitivos L E R

artrite reumatoide Um guia para pacientes e seus familiares

Clínica Deckers. Fisioterapia Exercícios Terapêuticos para a dor cervical

Semiologia Ortopédica Pericial

Ergonomia é o estudo do. relacionamento entre o homem e o seu trabalho, equipamento e ambiente, e. particularmente a aplicação dos

PREFEITURA MUNICIPAL DE MORRO GRANDE

Dados Pessoais: História social e familiar. Body Chart. Questões especiais Exames Complementares Rx (23/08/2012) placa de fixação interna a nível da

5. Conceituação da L.E.R../D.O.R.T.

MEMBROS SUPERIORES. Apostila 15

Sintomas da LER- DORT

Serviço de Medicina Física e Reabilitação INSTITUTO PORTUGUÊS DE ONCOLOGIA DE FRANCISCO GENTIL GUIA DA MULHER SUBMETIDA A CIRURGIA DA MAMA

Global Training. The finest automotive learning

COLUNA LOMBAR TODOS OS PERIÓDICOS ESTÃO NO ACERVO DA BIBLIOTECA DA FACULDADE.

ERGONOMIA NO CONTEXTO DO TRABALHO PRODUÇÃO E BACHAREL EM SISTEMA DE INFORMAÇÃO. Prof. Cristiano Diniz da Silva

CAPSULITE ADESIVA DO OMBRO

ORTOPEDIA.

Lesões Meniscais. O que é um menisco e qual a sua função.

Osteoporose. Trabalho realizado por: Laís Bittencourt de Moraes*

POSTURA CORPORAL/DOENÇAS OCUPACIONAIS: UM OLHAR DA ENFERMAGEM SOBRE AS DOENÇAS OSTEOARTICULARES

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ENGENHARIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

Escola de Massagem Estética e Terapêutica. Espondiolaterapia : Programa: Programa Curso Profissionalizante 2011 vr.2

Luxação da Articulação Acrômio Clavicular

PREVENÇÃO E TRATAMENTO DE HÉRNIA DE DISCO SEM CIRURGIA

CEREBELO PROFª. RESPONSÁVEL: NORMA M. S. FRANCO ORGANIZADOR: ANDRÉ R MENDONÇA

INVOLUÇÃO X CONCLUSÃO

Lesões ligamentares do tornozelo Resumo de diretriz NHG M04 (segunda revisão,agosto 2012)

SISTEMA MUSCULAR. Profª Fabíola Alves dos Reis 2014

Meritíssimo(a) Juiz(a) de Direito da X VT de momomomo

Artroscopia do Cotovelo

Teste de Flexibilidade

APLICAÇÃO DO MÉTODO RULA NA INVESTIGAÇÃO DA POSTURA ADOTADA POR OPERADOR DE BALANCEADORA DE PNEUS EM UM CENTRO AUTOMOTIVO

CURSO AVANÇADO DE MANUTENÇÃO DA VIDA EM QUEIMADURAS

Fratura da Porção Distal do Úmero

Departamento de Fisioterapia, Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional. Profa. Dra. Sílvia Maria Amado João

Aplicação das ferramentas da Ergonomia no setor de atendimento de uma agência bancária

TRF1. Orientações Ergonômicas

Patologias da coluna vertebral

MANUAL DO LIAN GONG. Lian Gong, ginástica chinesa criada há mais de 40 anos, faz bem para o corpo e para a saúde.

MATERNIDADE ESCOLA ASSIS CHATEAUBRIAND DISTÓCIA DE OMBRO

DOENÇAS DA COLUNA CERVICAL


Adaptação do trabalho ao homem. Pessoas diferentes Capacidades físicas e mentais diferentes.

E S T U D O D O M O V I M E N T O - V

A postura saudável para o digitador

Tennis Elbow. Figura 1 - Músculos responsáveis pela extensão do punho e dos dedos.

Curso de Ginástica Laboral. Ft. Milena Carrijo Dutra

A PSICOMOTRICIDADE E A FISIOTERAPIA PREVENTIVA PROMOVENDO SAÚDE AS OPERADORAS DE TELEMAR- KETING

Diabetes - Introdução

AOS TRABALHADORES DESENHISTAS DO RS

FICHA PARA CATÁLOGO PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA. Título: A prevenção da saúde e LER/DORT Uma formação para alunos da EJA.

04/11/2012. rígida: usar durante a noite (para dormir) e no início da marcha digitígrada, para manter a ADM do tornozelo.

INTRODUÇÃO A ar.culação do tornozelo

PERCEPÇÃO DE DORES MUSCULOESQUELÉTICAS DOS TRABALHADORES DE UMA INDÚSTRIA DE PRODUTOS DE LIMPEZA E POLIMENTO. Kele da Silva Ribeiro

FIBROMIALGIA EXERCÍCIO FÍSICO: ESSENCIAL AO TRATAMENTO. Maj. Carlos Eugenio Parolini médico do NAIS do 37 BPM

Ergonomia Corpo com Saúde e Harmonia

Apostila de Anatomia e Fisiologia Humana Sistema Muscular - Professor Raphael Varial. Sistema Muscular

Protocolo para Detecção de Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT)

ORIENTAÇÕES SOBRE ACESSOS VASCULARES PARA TRATAMENTO DE HEMODIÁLISE. Contactos: Unidade de Hemodiálise:

Avaliação Fisioterapêutica da Coluna Lombar

A LER na contramão da sociedade inclusiva

Transcrição:

Aula 06 Classificação e diagnóstico das LER/DORT 5 - CLASSIFICAÇÕES DOS GRAUS DE ACOMETIMENTO PELAS LER/DORT Grau I - É caracterizado pela sensação de peso e desconforto no membro afetado, dor localizada no membro afetado sem irradiação nítida, geralmente leve e fugaz. Mas, que piora com a jornada de trabalho, a mesma melhora com o repouso, ausência de sinais clínicos e bom prognóstico com tratamento adequado. Grau II- É caracterizado por tolerável, porém mais persistente e intensa. Os sintomas são: dor mais localizada, relata formigamentos e calor. As dores pioram com a jornada de trabalho e algumas atividades domésticas. São leves distúrbios de sensibilidade, porém produzem redução na produtividade, mas apresentam prognóstico favorável. A recuperação é mais demorada mesmo com repouso. Pode ser observado pequena nodulação acompanhada a bainha dos tendões envolvidos. Grau III- É caracterizada por dor persistente e forte, pouco atenuada com o repouso, dor com irradiação mais definida; a redução da força muscular é constante, pois as alterações da sensibilidade estão quase sempre presentes. Isso acarretará a redução da produtividade ou impossibilidade de executar funções, prognóstico reservado. Grau IV- É caracterizado por dor forte, contínua e insuportável, que se acentua aos movimentos, levando o paciente a intenso sofrimento. Ela é irradiada para todo o segmento afetado, há perda de força muscular, de sensibilidade, apresenta incapacidade para executar tarefas do trabalho e no domicílio. São comuns deformidades e atrofias. O prognóstico é bastante sombrio. (HELPENSTEIN, 1998). ALGUMAS PATOLOGIAS E SUA RELAÇÃO COM ALGUMAS ATIVIDADES DE TRABALHO: - Bursite do cotovelo (olecraniana) 51

Ela ocorre por meio de mecanismo direto através de traumas ou mecanismos indiretos através de compressão do cotovelo contra superfícies duras como apoiar o cotovelo em mesas. - Dedo em Gatilho Compressão palmar, flexão das falanges associada à realização de força. Causam o dedo de gatilho Ex: apertar alicates e tesouras. 52

- Epicondilites do Cotovelo Movimentos com esforços estáticos e preensão prolongada de objetos, principalmente com o punho estabilizado em flexão dorsal e nas prono-supinações com utilização de força. Ex: apertar parafusos, desencapar fios, tricotar, operar motosserra. 53

- Síndrome do Canal Cubital Essa Sindrome ocorre por meio da flexão extrema do cotovelo com ombro abduzido. 54

- Síndrome do Canal de Guyon A síndrome do Canal de Guyon ocorre por meio de traumas diretos, compressão da borda ulnar do punho. Ex: carimbar, escrever, manusear o mouse. 55

56 Fisioterapia na Saúde do Trabalhador - José Ronaldo - UNIGRAN

- Tenossinovite dos extensores dos dedos Fixação antigravitacional do punho, a qual ocorre por meio de movimentos repetitivos de flexão e extensão dos dedos. Acarreta a tenossinovite Ex: digitar,operar mouse, costureiras. - Síndrome do Desfiladeiro Torácico A síndrome do desfiladeiro torácico ocorre por meio da compressão sobre o ombro, flexão lateral do pescoço, elevação do braço. Ex: fazer trabalho manual sobre veículos, trocar lâmpadas, pintar paredes, lavar vidraças, trabalhos em geral na qual ocorra a elevação dos ombros acima de 90, apoiar telefones entre o ombro e a cabeça. - Cervicobraquialgia A Cervicobraquialgia ocorre por meio de movimentos repetitivos de extensão cervical, cuja postura é mantida em rotação ou inclinação cervical, como carregamento de cargas em cima da cabeça. 57

- Síndrome do Túnel do Carpo Fisioterapia na Saúde do Trabalhador - José Ronaldo - UNIGRAN Movimentos repetitivos de flexão do punho e flexão dos dedos, mas também extensão do punho, principalmente se acompanhados por realização de força. Ex: digitar, fazer montagens industriais, empacotar, trauma direto. - Tendinite da Porção Longa do Bíceps Manutenção do antebraço supinado e fletido sobre o braço ou do membro superior em abdução. Ex: carregar pesos. - Tendinite do Supra - Espinhoso Elevação com abdução dos ombros associada a elevação de força. Ex: carregar pesos sobre o ombro, trabalhos estáticos com os ombros em elevação. 58

- Tenossinovite de De Quervain Estabilização do polegar em pinça seguida de rotação ou desvio ulnar do carpo, principalmente se acompanhado de força, ela ocorre, por exemplo, ao se manusear uma faca. Ex: apertar um botão com o polegar. Nesse caso ocorre uma contração estática do abdutor longo e extensor curto do polegar durante atividades como a digitação. 6- DIAGNÓSTICO DAS LER/DORT O diagnóstico das LER/DORT é realizado através de um complexo de exames e procedimentos, sendo realizado da seguinte forma: a) história clínica detalhada (história da moléstia atual) - história da situação das lesões, verificando qual é o grau de acometimento da lesão; b) investigação dos diversos aparelhos - possibilidades de lesões em outros aparelhos interferindo no aparecimento da lesão atual; c) comportamentos e hábitos relevantes - atividades executadas fora do trabalho, como atividades esportivas, atividades domésticas; d) antecedentes pessoais - atividades realizadas anteriormente, podendo favorecer ao aparecimento da lesão; e) antecedentes familiares - possíveis doenças como diabetes, reumatismo e outras; f) anamnese ocupacional - atividade desenvolvida atualmente; g) exame físico detalhado - testes especiais: 59

h) exames complementares, se necessários: Eletromiografia de superfície: Exames de ressonância magnética: Figura adquirida pelo autor Figura adquirida do autor 60

Testes de sensibilidade: 61