ESTUDO DE MERCADO DE SEMENTES FLORESTAIS DE ESPÉCIES NATIVAS NO



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AMAZONAS MANAUS/ 2005

CONTEÚDO GERAL LISTAS DE FIGURAS... 3 LISTAS DE TABELAS... 4 1. APRESENTAÇÃO... 5 1.1 ANTECEDENTES... 5 1.2 OBJETIVOS DO ESTUDO... 5 1.3 METODOLOGIA... 6 1.4 REFERENCIAL TEÓRICO... 6 1.5 ABRANGÊNCIA DO ESTUDO... 7 2. ASPECTOS GERAIS DO SEGMENTO DE SEMENTES NA REGIÃO NORTE... 8 2.1 O SEGMENTO DE SEMENTES NO ESTADO DO AMAZONAS... 8 2.2 ÁREAS COM POTENCIAL DE PRODUÇÃO DE SEMENTES... 9 3. RESULTADOS... 10 3.1 ROTEIRO PARA COMERCIANTES... 10 3.2 ROTEIRO PARA ENTIDADES/INSTITUIÇÕES DE PESQUISA... 19 3.3 ROTEIRO PARA CONSUMIDOR/DEMANDANTE... 25 4. ANÁLISE MACRO DA ATIVIDADE FLORESTAL NO AMAZONAS... 25 4.1 ANÁLISE HISTÓRICA DA ATIVIDADE FLORESTAL E TENDÊNCIAS FUTURAS... 25 4.2 IDENTIFICAÇÃO DOS PRINCIPAIS PONTOS QUE RESTRINGEM O DESENVOLVIMENTO DO SEGMENTO... 28 5. CONCLUSÕES... 29 5.1 RECOMENDAÇÕES... 30 6. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA... 31 ANEXOS... 32 LISTA DE FIGURAS FIGURA 1 Localização do amazonas em relação ao brasil... 7 FIGURA 2 Principais microrregiões de produção florestal no estado do6 amazonas...

FIGURA 3 Projetos de manejo em funcionamento no amazonas... 10 FIGURA 4 Posicionamento e percentual da comercialização de sementes 11 florestais... FIGURA 5 Posicionamento e tempo aproximado na atividade com comércio de sementes 11 florestais... FIGURA 6 Posicionamento e percentual do comércio de sementes florestais como atividade principal... 12 FIGURA 7 Posicionamento e percentual de cursos de treinamento e capacitação na área... 12 FIGURA 8 Número e percentual de pessoas envolvidas na atividade de comercialização... 13 FIGURA 9 Posicionamento e perspectivas futuras da atividade... 13 FIGURA 10 Posicionamento e percentual de principais gargalos na atividade de14 comercialização... FIGURA 11 Posicionamento e percentual de estrutura de armazenamento existente... 15 FIGURA 12 Posicionamento e formas de acondicionamento existente... 16 FIGURA 13 Posicionamento e percentual de modalidades de transporte... 16 FIGURA 14 Posicionamento e percentual de áreas com potencial de coleta de sementes 17 florestais... FIGURA 15 Posicionamento e percentual quanto à legalização da19 atividade... FIGURA 16 Posicionamento e percentual quanto à priorização da atividade. 20 FIGURA 17 Campos experimentais / localização da área... 21 FIGURA 18 Origem de recursos financeiros para pesquisa... 21 FIGURA 19 Principais gargalos na realização de pesquisas... 22 FIGURA 20 Disponibilidade de estrutura para armazenamento de sementes... 23 FIGURA 21 Características para o armazenamento... 24 FIGURA 22 Tipos de acondicionamento de sementes florestais... 24 LISTA DE TABELAS TABELA 1 Sementes florestais com maior demanda no Amazonas... 18 TABELA 2 Avaliação quanto a infraestrutura disponível... 20 TABELA 3 Principais demandas por pesquisas... 23 TABELA 4 Principais demandas por sementes florestais... 26

1. APRESENTAÇÃO 1.1 ANTECEDENTES Historicamente, o setor florestal na Amazônia vem sendo caracterizado quanto ao desempenho no setor produtivo. À medida que este desempenho passou a ser compreendido, tornou-se necessário a incorporação à manutenção da cadeia produtiva florestal, novos conhecimentos em busca de espécies e técnicas adequadas a produção de mudas, coleta de sementes em campo, recuperação de ecossistemas florestais alterados, e até mesmo como insumos na confecção de artesanatos. Este relatório faz parte de um trabalho maior intitulado Diagnóstico do setor de sementes da região Norte que visa caracterizar a situação atual e potencial do mercado de sementes florestais de espécies nativas na Região Norte. Segundo dados da Rede Norte de Sementes (2002), o setor de sementes de espécies florestais nativas no

Brasil, em particular, o da região Norte do País, está em crescimento, impulsionado, principalmente, pela nova economia e pressões internacionais, com a adoção do selo verde pelos países consumidores de madeira. Internamente, essas pressões se projetam, resultando em ações significativas, a exemplo do ordenamento de uma política nacional de florestas, recém-estabelecida pelo Governo federal, por meio do Programa Nacional de Florestas, que deverá ter efeitos, inclusive, sobre o mercado de sementes florestais e o cumprimento da legislação ambiental vigente, instituída pelo Decreto nº 1292/94, Instrução Normativa 001/96, que obriga a reposição florestal. A recente reformulação do Código Florestal prioriza o plantio e a reposição de espécies nativas. A falta de estudos técnico-científicos que permitam reflexões dessa natureza tem contribuído para distorções na utilização de sementes florestais no Estado por parte de tomadores de decisão de instituições públicas e privadas, justificando a realização deste. 1.2 OBJETIVO DO ESTUDO Realizar um diagnóstico da situação atual e potencial do mercado de sementes florestais de espécies nativas na região norte, neste primeiro momento no estados do Amazonas, especificamente (i) dimensionar a oferta e demanda atual de sementes; (ii) caracterizar a infra-estrutura atual e a necessidade futura dos serviços de apoio a pesquisa e comercialização de sementes florestais; (iii) identificar áreas de coleta de sementes em atividades ou com potencial de manejo e (iv) apresentar sugestões e recomendações referentes aos resultados obtidos. 1.3 METODOLOGIA O estudo foi dividido em duas etapas distintas, sendo a primeira coleta de informações e a segunda, de análise dos dados e interpretação dos resultados. No Amazonas, na primeira fase foram realizados levantamentos de campo, por meio de vistorias, aplicação de questionários, entrevistas e prognósticos observados durante a realização dos trabalhos no período de agosto a outubro de 2003. Os questionários foram subdivididos em 03 roteiros principais: 1. Entidades/Instituições de pesquisa; 2. Comerciantes; 3. Consumidor/Demandante, de modo que fosse identificado a seguinte base de dados: oferta e demanda de sementes; caracterização dos produtores e demandantes; avaliação da infra estrutura de apoio a pesquisa; processo de comercialização de sementes florestais de espécies nativas e áreas de concentração de coleta de sementes, em atividade ou com potencial. O levantamento foi desenvolvido num cômputo geral de atores diretamente envolvido com o tema do estudo de mercado, onde os levantamentos em órgãos oficiais e representações estaduais marcaram o início dos trabalhos de campo. Como mecanismo de complementar os dados obtidos nas instituições governamentais, foram realizadas visitas a empresas privadas e produtores individuais, respeitando-se os roteiros previamente definidos. Quanto ao meio de investigação por meio de questionários, foi definida a amostra pesquisada, na prospecção de mercado, a técnica de amostragem aleatória estratificada proporcional em razão de não ser possível à utilização do censo em todas as abrangências do Estado do Amazonas.

Na segunda etapa foram tabulados e analisados os dados levantados, juntamente com as informações complementares de dados secundários. 1.4 REFERENCIAL TEÓRICO A sistemática desenvolvida estrutura-se em trabalhos realizados com enfoque, econômico e mercadológico, e nas discussões e conclusões de alguns autores dos quais cita-se: Samanez (1980), Santos (1986), Hummel. (1994), Viana (1997), Ângelo (1998), Gonçalves (2001), Guenji (2003), tendo a mesma abordagem, porém com distinções nas aplicações sobre o modelo econômico. 1.5 ABRANGÊNCIA DO ESTUDO Dentre os vários países que compartilham a região Amazônica destacamos o Brasil, o qual ocupa a porção mais extensa, algo em torno de 3.5 milhões de quilômetros quadrados, e que inclui os Estados do Acre, Amazonas, Amapá, Rondônia, Pará, Roraima e Mato Grosso. O Estado do Amazonas apresenta área de 1.567.953,7 Km 2, que corresponde à cerca de 18,5 % do território do país e localiza-se na região Norte brasileiro (Figura 1), com predominância de florestas de terra-firme, mas com expressivas áreas de várzea, se comparado com os demais estados Amazônicos, está localizado entre os paralelos 2º15 30 de latitude Norte e 9º49 13 de latitude Sul e os meridianos 56º05 49 e 73º48 05 de longitude Oeste de Greenwich. FIGURA 1 - Localização do Amazonas em Relação ao Brasil.

FONTE: IBGE, (2001) O clima do Amazonas, de um modo geral e de acordo com a classificação de Köppen, é classificado como Am Tropical, com chuvas tipo monção, de estação seca de pequena duração e com chuvas inferiores a 60 mm no mês mais seco. Apresenta precipitação média anual entre 1.750 mm e 3.652 mm e umidade relativa ao longo do ano em torno de 80 a 90%. A rede de drenagem do Estado pertence a Bacia Hidrográfica Amazônica, formada por afluentes das margens direita e esquerda do Rio Solimões / Amazonas e do Rio Negro, apresentando a característica de navegabilidade ao longo do ano. 2. ASPECTOS GERAIS DO SEGMENTO DE SEMENTES DA REGIÃO NORTE 2.1 O SEGMENTO DE SEMENTES NO ESTADO DO AMAZONAS O Estado do Amazonas apresenta-se uma situação bastante peculiar, pela própria dimensão do Estado e pelo baixo índice de degradação da floresta, a demanda interna por sementes florestais não é quantificada. Porém, o Estado já aparece como o 4º fornecedor de sementes para o Pará. Levantamento feito junto ao IBAMA indica que a demanda por sementes, para os próximos dois anos, com fins de reposição florestal, é da ordem de 1 milhão de mudas. Segundo o II Encontro do Fórum Permanente Norte de Sementes (2001), a maior parte da infra-estrutura existente atende, exclusivamente, à pesquisa científica e não ao fomento. Em certos casos, a infra-estrutura ainda está em fase de implantação, a exemplo da Unidade do Centro de Conservação e Distribuição de sementes do Estado do Amazonas, da Fundação Universidade do Amazonas, em parceria com o INPA. É importante registrar também que nem todos os laboratórios e câmaras instalados estão aptos ao pronto desenvolvimento de atividades, seja por não disporem de todos os equipamentos necessários aos trabalhos de análise, seja pela necessidade de reformas e modernização. Nos últimos três anos, o Amazonas vendeu para a AIMEX 3,5% do consumo da empresa, no período. Todavia, a oferta de sementes no Estado não tem registros oficiais e nem uma produção sistematizada. De acordo com o IBAMA, existem 33 empresas madeireiras no Estado, com projetos de reposição florestal. Embora, o Amazonas tenha ainda esse perfil de mercado, concentra-se aí o maior centro de pesquisa da Amazônia. O Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) tem desenvolvido trabalhos específicos de diversas espécies florestais, nos últimos 20 anos. Em seu acervo, constam mais de 50 publicações e 100 resumos. Especificamente sobre sementes florestais, há 15 dissertações, teses e monografias. Também, no campo da pesquisa, a Embrapa-PA tem uma ampla experiência, com mais de 20 anos, embora o laboratório tenha sido implantado em 1996. Em Santarém, a SUDAM já realiza trabalhos de análise e catalogação de espécies florestais, desde 1980.

2.2 ÁREAS COM POTENCIAL DE PRODUÇÃO DE SEMENTES 2.2.1 FONTES SUSTENTÁVEIS Na falta de dados precisos de produção de sementes no interior do Estado do Amazonas, apresentam-se algumas áreas de produção florestal de base sustentável com intuito de potencializar a atividade de manejo, coleta e produção de sementes florestais nativas. Os principais centros de produção florestal, Figura 2, estão situados ao longo dos rios de água branca. Recentemente, a produção concentra-se no Alto Purus, região de Lábrea; na do Juruá, área de influência das cidades de Carauari e Eirunepé, microrregião do Solimões, Alto Amazonas, ocorrendo um deslocamento de forma crescente para o Rio Juruá e Madeira, principalmente para Municípios cuja situação fundiária seja menos problemática, sobretudo em relação à legalidade da terra. FIGURA 2 - Principais Microrregiões de Produção Florestal no Estado do Amazonas. DISTÂNCIA LINEAR APROXIMADA (Km) Alvarães, Fonte Boa, Japurá, Juruá, Maraã, Tefé e Uarini. 212 543.5 MICRORREGIÃO MUNICÍPIOS ÁREA (x1000 km 2 ) Triângulo Jutaí-Solimões-Juruá Purus Boca do Acre, Canutama, Lábrea, Pauini, e Tapauá. Juruá Carauari, Eurinepé, Envira, Ipixuna, Itamarati e Guajará. Madeira Borba, Humaitá, Manicoré, Novo Aripuanã e Apuí. FONTE: Gonçalves (2001). 252 935 107 1.369 219 544 O avanço para áreas de terra-firme, hoje, torna-se sinônimo de custos altos por exigir especialistas, utilização de maior tecnologia, que implicam em investimentos operacionais e acarreta uma maior dinâmica nos preços associados à floresta, independente do uso final. Nas Figuras 3, apresenta-se à situação dos planos de manejo protocolados no IBAMA, dos quais os Planos de Manejo Florestal PMF em escala industrial são 33, Planos de Manejo Comunitários 7, e áreas de corte seletivo - 2. Percebe-se uma forte concentração em área e volume autorizado para exploração na região do Amazonas (entre Manaus e Parintins), muito embora não seja nesta que estão protocolados o maior número de projetos. FIGURA 3 Projetos de manejo em funcionamento no Amazonas

FONTE: Marquesini, M. (2001). 3. RESULTADOS 3.1 ROTEIRO PARA COMERCIANTES Em relação a este item percebe-se uma forte concentração na comercialização local, com cerca de 58% do volume total (Figura 4), muito embora a exportação e a comercialização nacional apareçam logo em seguida, com 17 %. Alguns produtores afirmam que o volume exportado poderia ser superior, se os custos de transportes (taxas de correio, taxas portuárias, etc), legislação vigente e a burocracia diminuíssem. FIGURA 4 Posicionamento e percentual da comercialização de sementes florestais FIGURA 5 Percentual e tempo aproximado na atividade com comércio de sementes florestais.

Na Figura 5, são apresentados os tempos médios na atividade de comercialização de sementes e percebe-se que 24% dos entrevistados estão à cerca de 15 anos na atividade. No entanto, percebe-se, os comerciantes entre 03 à 07 anos na atividade correspondem 50% do total de entrevistados, sendo que 75% do total não considera como atividade principal (Figura 6), dividindo-se com outras atividades, das quais cita-se agropecuária, artesanato, turismo, etc... FIGURA 6 Posicionamento e percentual do comércio de sementes florestais como atividade principal. Na Figura 7, percebe-se que o grau de especialização é extremamente baixo, onde 75% dos entrevistados afirmam não possuírem cursos de treinamento ou algum nível de capacitação na área, verificou-se também a relação direta entre a abrangência de mercado que cada comerciante atinge e o grau de especialização. Infere-se assim que para oportunizar melhores possibilidades na atividade, torna-se necessário uma maior profissionalização dos envolvidos, seja em nível de treinamento, quanto ao gerenciamento da atividade. FIGURA 7 Posicionamento e percentual de cursos de treinamento e capacitação na área.

FIGURA 8 Número e percentual de pessoas envolvidas na atividade de comercialização. Na Figura 8 observa-se que cerca de 37% dos entrevistados afirmam que 04 pessoas são envolvidas na comercialização de sementes florestais, os demais itens empataram tecnicamente com cerca de 13%, no entanto chama a atenção o número de 30 pessoas envolvidas nesta atividade. Tal diferença está associada as seguintes variáveis: porte do estabelecimento e volume comercializado, espécies, preços e grau de organização. Considerando o envolvimento, experiência na área e algum conhecimento das potencialidades do Amazonas neste ramo, 72% dos entrevistados (Figura 9) são unânimes em afirmar que a perspectiva futura é de crescimento. Ressalta-se, lamentavelmente, que destes 60% não conseguiram ser precisos quanto aos motivos para o crescimento. FIGURA 9 Posicionamento e perspectivas futuras da atividade.

Certamente que o número relativo é alto, muito embora do ponto de vista absoluto não o seja, tal anseio é extremamente importante para o estabelecimento de políticas de longo prazo para este segmento. Neste sentido apresenta-se a Figura 10, que para que a possibilidade do crescimento venha a ocorrer algumas iniciativas técnicas precisam ser aprimoradas, pois 30% dos entrevistados colocam que o principal gargalo está associado às dificuldades no armazenamento de sementes, seguido com 15% pela carência de pesquisas e orientações com fins a comercialização, e dificuldade de identificação de consumidores e produtores. FIGURA 10 Posicionamento e percentual de principais gargalos na atividade de comercialização. Gargalos em a relação safra/plantio, pouca informação sobre a atividade, logística de coleta e distribuição, linhas de financiamento, concorrência, inexistência de áreas próprias e falta de benefícios subsidiaram os demais itens citados. Os principais motivos que fundamentaram o item armazenamento estão associados em maior grau a falta de estrutura, em razão de ser um produto perecível e a necessidade de investimento e conhecimento técnico. A Figura 11 consolida esta assertiva onde 87% não dispõem de estrutura de armazenamento, o que implica em ações emergenciais, considerando uma condição básica para produtos perecíveis e sazonal em produção ao longo do ano. FIGURA 11 Posicionamento e percentual de estrutura de armazenamento

existente. A capacidade instalada de comercialização é variável, estando diretamente relacionada ao nicho de mercado de atuação e grau de organização, constatando-se uma capacidade nominal em volume cerca de 10.504 Kg, independente da unidade temporal (mês, semana, etc..), face ao pouco detalhamento das respostas dos entrevistados. O volume apresentado em linhas gerais está totalmente compatível com a capacidade instalada de armazenamento, no entanto ressalta-se que na maioria das oportunidades este acondicionamento é feito em ambiente natural, o que certamente limita em termos de qualidade e longevidade das sementes. Independente da estrutura de armazenamento constatou-se que cerca de 34% acondicionam as sementes em papel permeável, e as demais possibilidades apresentam 22% cada. Dado a tecnologia disponível e informações específicas de espécies florestais tornam-se necessário à difusão em maior escala de formas de acondicionamento e os canais de comercialização existentes, considerando naturalmente a variável tempo. (Figura 12). Na Figura 13, percebe-se que as possibilidades de transporte do produto são diversas, no entanto 37% optam pela modalidade naval (fluvial), o que carece de maior cuidado quanto ao acondicionamento, certamente este fato está associado às peculiaridades intrínsecas ao Estado, ao volume, destino do produto e ao preço competitivo do frete. Ainda assim 24% optam pelo deslocamento de seus produtos por caminhão, certamente em oportunidades de comércio onde estradas são variáveis existentes no que se refere ao comercial estadual. FIGURA 12 Posicionamento e formas de acondicionamento existente.

FIGURA 13 Posicionamento e percentual de modalidades de transporte. Como comentando anteriormente o Estado do Amazonas apresenta dimensões continentais, o que certamente gera cuidados especiais no que se refere ao controle e uso sustentável de recursos florestais. Neste sentido percebe-se na Figura 14, que 34% não se manifestaram quanto ao conhecimento de áreas com potencial de coleta de sementes florestais. Diante deste fato, abre-se uma outra vertente em que dada a um pequeno grau na informalidade, incerteza e receios quanto à regulamentação da atividade, de uma certa forma, propicia uma relação comercial aos mesmos moldes do começo do século. Muito embora exista por parte de alguns o pleno conhecimento e exigências necessárias para um mercado justo nesta atividade. Constatou-se também que 22% colocam que conhecem áreas de coleta no interior do Estado, sem, entretanto ser específico quanto à localização, o que permite inferir que cerca de 56% de áreas com potencial de coleta de sementes não são precisas em localização ou até mesmo em acesso. FIGURA 14 Posicionamento e percentual de áreas com potencial de coleta de sementes florestais.

Para uma melhor percepção de mercado a relação oferta e demanda, dado um nível de preços, deve ser pormenorizada, no entanto dado nível de informações disponíveis algumas análises não podem ser conclusivas, de qualquer maneira algumas inferências tendem a apontar algumas tendências para este segmento. Na Tabela 1, é apresentada uma listagem de sementes de espécies florestais que mais são procuradas no Estado. Ressalta-se que a origem das mesmas não foi possível a determinação em razão das informações disponibilizadas pelos entrevistados, no entanto por inferência as áreas de coleta provavelmente tendem a ser as mesmas referenciadas na Figura 14, com uma certa concentração as áreas do Solimões, Rio Preto da Eva, Iranduba, Janauari e Manacapuru, e outros municípios com maior facilidade de acesso. TABELA 1 Sementes florestais com maior demanda no Amazonas. Espécie Florestal Percentual (%) Mogno 15 Jarina 11 Tento Amarelo 7 Tento Vermelho 7 Arara Tucupi 7 Cedro 7 Maçaranduba 7 Castanheira 4 Morototó 4 Chumbirana 4 Tucumã 4 Açai 4 Itaúba 4 Virola 4 Pau-Rosa 4 Pau-pretinho 4 Rambutá 3

Em termos relativos, percebe-se uma preferência de 15% na participação de Mogno e 11% de Jarina, um incremento em média de 4,5 vezes se comparado a Rambutá, o que certamente está associado ao alto valor comercial do Mogno e Jarina. Os preços praticados são variáveis de acordo com o método de comercialização, na maioria das vezes em Kg. A variação média do nível de preços foi de R$ 0,80 /Kg para sementes mais populares até R$ 120,00/Kg para espécies mais procuradas e escassas. Em levantamentos recentes a CEPLAC Comissão executiva do plano da lavoura cacaueira, vem demandando algumas sementes de espécies florestais tais como: Acapu, amapá, angelim, cardeiro, caroba, castanha do Brasil, pau-mulato, piquia, puxuri, saboarana, pau-rosa, macucu, copaíba, cumaru, cupiuba, freijo-louro, louro, jatobá, jutai, ucuuba, teça, sumaúma, jacareuba (nome científica em anexo) Na Figura 15, constata-se pelos levantamentos de campo que 75% apresentam-se regularizados em relação à atividade. Por outro, mesmo que regularizados, a atividade ainda carece de investimentos e uma visão estratégica em razão de diversos pontos aqui abordados. Não se sabe ao certo o nível de legalização a que se refere, ou seja, apenas constituição de firma ou licenciamento ambiental junto aos órgãos ambientais do Estado ou Ministério de agricultura. O fato é que para que se possa se planejar estrategicamente esta atividade, os passos iniciais estão relacionados à legalização, para que se tenham melhores oportunidades de mercados e preços. FIGURA 15 Posicionamento e percentual quanto à legalização da atividade. 3.2 ROTEIRO PARA ENTIDADES/INSTITUIÇÕES DE PESQUISA

Entende-se este item como um dos pontos principais da cadeia produtiva deste segmento, uma vez que dado ao nível de conhecimento de produtores e comerciantes, as inovações e inteligência gerada deve chegar a ponta, para que algumas distorções sejam corrigidas. Assim sendo, constatou-se que as pesquisas desenvolvidas ou em desenvolvimento apontam as seguintes linhas: recuperação de áreas degradadas, fisiologia, tecnologia, ecologia, armazenamento, dessecamento e germinação.como resultados destaca-se: sistema de variabilidade e seleção de espécies por diferentes estágios. De certo modo são ainda resultados modestos se comparado ao universo de questões associadas à pesquisa com sementes de essências florestais na Amazônia. Na Figura 16, observa-se que cerca de 49% dos entrevistados não responderam esta questão, e 17% se concentram em pesquisas com espécies madeireiras, leguminosas e florestais que produzem alimentos, podendo-se inferir que existe ainda uma lacuna a ser explorada no âmbito da pesquisa de acordo com que o mercado de sementes necessita. FIGURA 16 Posicionamento e percentual quanto à priorização de espécies. Do ponto de vista de infra-estrutura o segmento, quanto pesquisa, de sementes florestais ainda carece de investimentos, dado às várias linhas a serem estudadas. Segundo levantamentos de campo e consulta a alguns especialistas, a avaliação quanto à infra-estrutura pode ser resumida conforme a Tabela 2, onde se verifica uma situação em geral decadente e a necessidade de delinear ações visando a energização da atividade, medidas que promovam a articulação dos centros de pesquisa devem ser implementados, na tentativa de compor um segmento mais interativo. TABELA 2 Avaliação quanto a infraestrutura disponível. VARIÁVEIS SITUAÇÃO

Investimento com Pesquisa e Desenvolvimento Número de Pesquisadores Centro de Pesquisa e Desenvolvimento Importação de Tecnologia Viveiros Laboratórios Agroflorestal Camaras reduzidos. razoável.(27) existentes e satisfatórios(03). dados desconhecidos. poucos.(03) poucos (02) poucas (02) FIGURA 17 Campos Experimentais / localização e área Na Figura 17, cerca de 66% das áreas disponibilizadas estão voltadas ao setor público, correspondendo a 04 campus experimentais (INPA/UFAM), nas quais existem 03 matrizes já cadastradas sendo 02 em Manaus e 01 em Acajatuba, também já utilizadas como áreas de coleta de sementes. Neste sentido constata-se que a maior força de trabalho de pesquisas voltadas ao tema, ainda esta na esfera governamental, intensificando a necessidade de uma gestão junto à iniciativa privada e o terceiro setor. Paralelo a esta situação, na Figura 18, percebe-se que as maiores possibilidades de pesquisa estão no setor público em razão dos investimentos, que embora reduzidos, são originados do setor federal em 86% dos recursos. FIGURA 18 Origem de recursos financeiros para pesquisa.

Espera-se que a contribuição do setor estadual seja mais expressivo nos próximos anos, dado a possibilidade de financiamentos de pesquisas pelo Fundo de amparo a pesquisa do Estado do Amazonas - FAPEAM. Os recursos financeiros são reduzidos quando originados da iniciativa privada, quando existem, na maioria das vezes, é por meio de parcerias e quando desenvolvidas pesquisas na área de interesse da empresa. Quanto ao terceiro setor ainda são poucas as iniciativas, mas destaca-se a DEID-JIKA, e mais recentemente a AFCEA, predominando junto aos pesquisadores o desconhecimento de apoio por parte de ONG s em pesquisas voltadas a sementes de espécies florestais. O número de pesquisadores atuantes na área de sementes é variável, observou-se que os mais recentes já acumulam uma experiência aproximada de 03 anos, e os mais experientes perto de 25 anos de pesquisa. O que permite inferir que o segmento dispõe de um quadro de pessoal qualificado, muito embora poucos, identificou-se de um total de 27 profissionais, 10 doutores e mestres, 08 graduados e demais divididos em auxiliares, bolsistas e técnicos. Na Figura 19 observa-se que aproximadamente 29% dos entrevistados afirmam que os principais gargalos na pesquisa neste segmento estão associados aos recursos humanos, deficiência de equipamentos e recursos financeiros respectivamente. O que leva a uma reflexão principalmente quanto aos recursos humanos, uma vez que os demais itens já eram previsíveis. Muito embora não se detecte o nível de profissional que se refere os entrevistados, a um forte consenso da necessidade de mais pessoas envolvidas em pesquisas desta natureza. FIGURA 19 Principais gargalos na realização de pesquisas. Neste contexto observou que as principais sugestões para melhor o nível de pesquisas passam: Fomento de produção de espécies nativas de qualidade; Liberação de verbas; Cursos de capacitação; Contratação de pessoal qualificado. Embora com muitos desafios futuros a expectativa é de crescimento para a atividade, dado a novas possibilidades de recursos para financiamentos de pesquisa.

Tabela 3. No que se refere à demanda atual por pesquisas, os principais itens verificados são apresentados na TABELA 3 Principais demandas por pesquisas. Avanço científico. Comercialização Desenvolvimento de tecnologia. Pequenos produtores Paisagismo Arborização urbana e Produtos alimentícios Recuperação Ambiental Produção madeireira Em itens anteriores verificou-se que um dos principais gargalos na comercialização de sementes está associado, entre vários outros, a estrutura de armazenamento e conforme Figura 20, as instituições de pesquisa em 83% dos casos afirmam que possuem essa estrutura, o que permitirá mediante uma aproximação do segmento produtivo novas possibilidades de pesquisa aplicada por meio de parcerias entre instituições. Mas por outro lado constatou-se também que as mesmas não possuem capacidade para comercialização, o que permite inferir que a estrutura de armazenamento possui fins exclusivos para níveis diferenciados de estudos. FIGURA 20 Disponibilidade de estrutura para armazenamento de sementes. FIGURA 21 Características para o armazenamento.

Na Figura 21, constata-se que 49% para as condições de armazenamento são por meio de câmaras frias e 25% com câmaras secas. Quanto a forma de acondicionamento, considerando-se naturalmente formas e tipos de embalagens (permeável, semipermeável e impermeável) detectou-se a seguinte situação onde 43% são semipermeáveis e 43% impermeáveis, tais como sacos plásticos e vidros (Figura 22). FIGURA 22 Tipos de acondicionamento de sementes florestais. Quanto à modalidade de transporte utilizada constatou-se todas as possibilidades de forma igual, ou seja, não prevaleceu em termos percentuais uma modalidade mais expressiva. Assim sendo tem-se as seguintes alternativas: aéreo, naval (fluvial), automóvel, ônibus e transporte próprio. 3.3 ROTEIRO PARA CONSUMIDOR/DEMANDANTE Com intuito de caracterizar o lado da demanda, é apresentado na Tabela 4 um demonstrativo detalhado, onde a relação de preços é variável com a forma de comercialização com respectivos volumes e finalidades. Neste sentido sementes para artesanato e decoração contribuem em 24,6% das demandas de sementes de espécies florestais, sendo as principais essências: jarina, jatobá, lágrima sp, morototó, feijão branco, guararapari, igarana, inajá.e tento (nome científico em anexo). O que permite inferir que atualmente a maior demanda por sementes florestais esteja voltado para o artesanato. A arborização urbana e paisagismo representam cerca de 18% das demandas identificadas, sendo as principais espécies: palmeira sp, acácia manjo, mogno, tento vermelho, pupunha, puritirana (nome científico em anexo).

Alguns outros usos de sementes como reflorestamento, produção madeireira entre outras foram citadas muito raramente, o que permite elencar questões como a reposição florestal no Estado e sua implementação. 4. ANÁLISE MACRO DA ATIVIDADE FLORESTAL NO AMAZONAS 4.1 ANÁLISE HISTÓRICA DA ATIVIDADE FLORESTAL E TENDÊNCIAS FUTURAS. Os dados históricos de diagnósticos publicados (CEAG-AM, 1974; Hummel, 1994; Smeraldi, 1999), monografias (Sampaio, 1996), dissertações (Santos, 1986; Gonçalves, 1998; Lima, 2001) e teses (Ângelo, 1998) entre outros, permitiram fazer as inferências em relação ao relatório final. a) Pressão sobre Espécies Florestais Utilizadas. No Estado do Amazonas, em termos relativos, percebe-se uma diminuição de quase 50% na participação de espécies tradicionais no setor produtivo, e um incremento da outras ao longo da atividade madeireira, o que gera cuidados quanto à implantação de bancos de germoplasmas de essências florestais com expressivas características genéticas. TABELA 4 Principais demandas por sementes florestais. Espécies Florestais Q tde*. Vol. Adq. Valor R$ Finalidade Cumarú 6 100kg 6.00 Produção Madeireira/Reflorest. Açai beneficiado 4 25kg 15.00 Arborização Urbana/Paisagismo T ento Vermelho 5 60lt 3.00 Artesanato/Decoração Mogno 4 1.500sem 10.00 Arborização Urbana/Paisagismo Morototó 4 07kg 20.00 Atesanato/decoração Jatobá 3 300sem 20.00 Artesanato/Decoração Jarina 3 30kg 5.00 Artesanato/Decoração Copaíba 3 03kg 40.50 Comercialização/Prod.aliment. Ipê Amarelo 3 900md 1.30 Arborização Urbana/Rec.amb. Açaí 2 3000md 0.80 Reflorestamento/Arborização Açaí Bruto 2 20kg 1.50 Artesanato/Decoração Andiroba 2 40md Permuta Comercialização/ Rec.ambiental Breu 2 10kg Própria Não informou Jacareúba 2 - - - Lágrima sta. Maria 2 25kg 3.00 Recuperação Ambiental Pau rosa 2 24.800 1.50 Produção Madeireira/Reflorest. Seringa 2 20kg 1.00 Artesanato/Decoração Sumaúma 2 01kg Doação Não informou Abricó 1 Col.avulsa - Não informou Acácia Magi 1 10kg 4.00 Produção Madeireira Acácia Manjo 1 05kg Doação Arborização/Recuperação amb. Acariquara 1 - - Não informou Buritirana 1 02kg 15.00 Artesanato/Decoração Canela 1 04kg - Prod.Fitoterápeuticos/comerc. Carobrás 1 01kg - Não informou Castanha do Brasil 1 - - Próprio Castanha de Galinha 1 - - Próprio Cedro Vermelho 1 01kg 50.80 Não informou Crichá 1 683sem 50.00 Não informou Eritrina 1 10kg - Não informou Feijão Branco 1 30kg 2.00 Artesanato/Decoração Ficus 1 - - Arborização Urbana/Paisagismo Freijó 1 27000sem 120.00 Prod.Madeireira/Rec.Ambiental Guararapari 1 20kg 3.00 Artesanato/Decoração Igarana 1 10kg Coleta Artesanato/Decoração

Inajá 1 - - Artesanato/Decoração Ipê 1 - - Não informou Jacandá 1 1500sem 40.00 Prod.Madeireira/Rec.Ambiental Jarina Bruta 1 10kg 20.00lt Artesanato/Decoração Jatobá Bruto 1 05kg 5.00 Artesanato/Decoração Lágrima de Nossa Senhora 1 05kg 5.00 Artesanato/Decoração Lágrima de sta. Luzia 1 30lt 3.00 Artesanato/Decoração Louro Inhamui 1 03kg Doação Produção Madeireira Manga 1 col. Avulsa - Não informou Mogno Brasileiro 1 01kg - Não informou Mogno Africano 1 - - Não informou Munguba 1 650md Doação Não informou Muiratininga 1 02kg Doação Produção Madeireira Oiti 1 1800md Doação Não informou Palmeira Areca 1 - - Não informou Palmeira Imperial 1 1000md - Arborização Urbana/Paisagismo Palmeira Leque 1 600sem Doação Arborização Urbana/Paisagismo Palmeira da Malásia 1 350md 1.0kg Arborização Urbana/Paisagismo Palmeira Rafe 1 - - Arborização Urbana/Paisagismo Paricá 1 1100sem 25.00 Prod.Madeireira/Rec.Ambiental Pau Pretinho 1 - - Não informou Pupunha 1 1000md Própria Arborização Urbana/Paisagismo Puritirana 1 150sem Doação Arborização Urbana/Paisagismo Puruí 1 200sem Doação Comercialização/Reflorestam. T eca 1 1400sem 45.00 Prod.Madeireira/Rec.Ambiental T ento Amarelo 1 15kg 3.00 Artesanato/Decoração * Quantas vezes foi citado no questionário

Hummel (1994) afirmou que nas indústrias locais, as principais espécies utilizadas eram a Sumaúma (Ceiba petandra Gaertu), Muiratinga (Naucleopsis caloneura (Hub). Ducke) e Copaíba (Copaífera multijuga Hayne), que participam em maior escala na produção no Estado do Amazonas, e em menor escala, a utilização de Virola ( Virola surinamensis), Assacú (Hura creptans O.), Jacareúba (Callophyllum brasiliense), Garrote, Seringa-barriguda e Caucho (Castiloa ulei). Gonçalves (1998), concluiu que as espécias mais utilizadas na indústria de lâminas e compensados eram Sumaúma - (Ceiba pentandra Gaertu.), Muiratinga - (Naucleopsis caloneura (Hub.) Ducke.), Copaíba - ( Copaifera multijuga Hayne), estas participam em cerca de 90% na produção. Ocorrendo em menor escala as seguintes espécias: Virola (Virola surinamensis Warb), Assacú (Hura creptans), Macaca, Paricá (Schizolobium amazonicum), Seringa-Barriguda, Amapá (Brosimum parinaroides), Caucho (Castiloa ulei) e Jacareúba ( Calophyllum angulare). Lima (2001), afirma que 52 espécies florestais são consideradas comercias e ocorre o processamento primário, das quais 16 representam 80,44% do volume total consumido em 2000, consideradas como principais o Louro, Angelim, Amapá, Assacu e Maçaranduba, representando 49,21% do total de volume consumido (nome científico em anexo). Segundo o mesmo autor, outras indústrias utilizam cerca de 17 espécies, concentrando-se em apenas cinco principais: Muiratinga - (Naucleopsis caloneura (Hub.) Ducke.), Sumaúma - (Ceiba pentandra Gaertu.), Copaíba - (Copaifera multijuga Hayne), Assacú (Hura creptans) e Amapá, participando com 62,7% do consumo total, e em menor escala: Cedrinho, Garrote, Guariúba, Cajuí, Breu, entre outras. b) Perspectivas Futuras. Dado a situação apresentada, no futuro o setor florestal deverá passar por uma série de adaptações, seja na diversificação e melhor utilização dos recursos florestais, assim como também canalizar investimentos em proteção ambiental/florestal. Neste contexto, apresenta-se a necessidade de maior integração quanto a reposição florestal, na qual demanda sementes para a produção de mudas. Do ponto de vista ambiental, a história tradicional está sendo renovada e deixando muito claro que o núcleo

da chamada economia do ambiente é constituído por fluxos de investimentos, sobretudo, em capital humano bem como em tecnologia em processamento, sendo estes investimentos imprescindíveis para o futuro. Definições de mecanismos inovadores de incentivo e/ou subsídios financeiros poderiam ser reestruturados para iniciativas que valorizassem a importância ambiental, social e econômica do segmento objeto deste relatório em razão do alto valor de existência. 4.2 IDENTIFICAÇÃO DOS PRINCIPAIS PONTOS QUE RESTRINGEM O DESENVOLVIMENTO DO SEGMENTO. No decorrer deste estudo tornou-se possível identificar os principais desafios do segmento de sementes de essências florestais no Estado. A existência de áreas florestais de grande dimensão e difícil acesso que dificultam a logística para coleta, bem como na manipulação e venda, associados a cultura não florestal dos atores envolvidos. Por outro lado, o Estado apresenta oportunidades diante de uma região estratégica, com amplitude continental, que é alvo de atenção por vários países do mundo seja do ponto de vista comercial quanto ambiental. Na escassez e confiabilidade de dados mais abrangentes e disponíveis, gerados pela própria desorganização e fragilidade institucional, apontamos abaixo uma série de pontos que comprometem o desenvolvimento da atividade, merecendo ações estratégicas visando uma mudança no seu direcionamento. Escassez de dados para análise mais abrangente e/(ou mais contundente) e conclusiva sobre a atividade, considerando que muitos entrevistados não responderam satisfatoriamente; Desestruturação da atividade; Profunda desintegração entre as possibilidades de produção de sementes da floresta e a necessidade do mercado; Dificuldade a acesso a financiamentos para a atividade; Exploração e processamento da madeira concentrada em número reduzido de espécies, o que gera cuidados na qualidade genética de algumas espécies; Componente social pouco valorizado pelos atores envolvidos; Ausência e manutenção de um banco de dados, culminando na dispersão de informações sobre o segmento; Defasagem tecnológica; Baixa valorização do profissional da área; CONCLUSÕES Utilizando-se como base o referido estudo, pode-se inferir as seguintes conclusões para este segmento no Estado do Amazonas. 1 Dificuldades em atingir novos mercados; 2 Atividade pouco profissionalizada no inicio da cadeia produtiva;

3 Carência de capital humano na atividade em todos os níveis; 4 Baixo fluxo capital intensivo na atividade; 5 Necessidade de ampliação e melhorias quanto ao armazenamento para fins de comercialização; 6 Melhoria nos procedimentos de acondicionamento para fins de comercialização; 7 Necessidade de aproximação da pesquisa e novas demandas de mercado; 8 Necessidade de investimentos em infraestrutura e pesquisa; 9 A demanda atual por sementes concentra-se em artesanatos e para arborização urbana e paisagismo; 10 A oferta de sementes florestais é restringida pela carência em infraestrutura e nas formas de acondicionamento; 11 O potencial de oferta de sementes florestais é superior as demandas atuais, considerando a concentração no mercado local. 12 As principais áreas de coleta de sementes concentram-se em regiões onde o acesso e logística permitem contrapor as dificuldades na comercialização e armazenamanto;

5.1 RECOMENDAÇÕES 1 - Desenvolvimento de trabalhos que aumentem a consciência, no Amazonas, da importância desta atividade; 2 - que seja estudado com maior profundidade a cadeia produtiva de sementes como base para o planejamento e fluxo de produção; 3 - estudo e aplicação de técnicas que visem a melhoria no controle de qualidade da semente, como a melhoria dos processos utilizados; 4 - que sejam desenvolvidos estudos que visem uma melhor adaptação da tecnologia disponível as espécies florestais nativas; 5 - delineamento de políticas de investimento privado e governamental, visando a formação de mão-de-obra técnica e superior especializada, visto a carência de profissionais adequadamente preparados para esta atividade; 6 - Integração entre instituições de fiscalização e fomento, contribuindo assim para a estruturação de um banco de dados confiável para este segmento.

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