Efeito da película de fécula de mandioca associada a extratos vegetais na conservação pós-colheita de tomate

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Transcrição:

Efeito da película de fécula de mandioca associada a extratos vegetais na conservação pós-colheita de tomate Joelma Carvalho Martins 1 ; Raquel Rodrigues Soares Sobral 2 ; Anunciene Barbosa Duarte 1 ; José Jader Silveira Araújo 1 ; Gisele Polete Mizobutsi 3 ; Wagner Ferreira da Mota 3 1 UNIMONTES Departamento de Ciências Agrárias. Avenida Reinaldo Viana, 2630, 39440-000 Bico da Pedra Janaúba MG, joelma-carvalho.02@hotmail.com, cieneduarte@live.com, estudantes de Agronomia, jaderport@hotmail.com, estudante de Zootecnia; 2 Departamento de Ciências Agrárias. Avenida Reinaldo Viana, 2630, 39440-000, Bico da Pedra Janaúba MG, Mestranda em Produção Vegetal no Semiárido, raquelrsobral@yahoo.com.br; 3 UNIMONTES- Departamento de Ciências Agrárias, Av. Reinaldo Viana, 2630, Bico da Pedra, 39440-000, Janaúba- MG, Professores, gisele.mizobutsi@unimontes.br, wagnermota@unimontes.br RESUMO A utilização de biofilmes como alternativa para conservação pós-colheita de frutos e hortaliças é crescente. Estes biofilmes devem reduzir a respiração e a produção de etileno pelo produto, além de carrear aditivos químicos que auxiliem na manutenção da qualidade e que reduzam a deterioração por microrganismos. Objetivou-se neste trabalho avaliar o efeito da fécula de mandioca associada a extratos vegetais na conservação pós-colheita de tomate. O trabalho foi desenvolvido no Laboratório de Fisiologia Pós-colheita da Universidade Estadual de Montes Claros, campus de Janaúba (MG) utilizando-se tomates da variedade Andréia. Os tratamentos foram: T1= testemunha sem nenhum revestimento, T2= fécula 2%, T3= fécula 2% + água de cravo 12 hs e T4= fécula 2% + água de canela 12 hs. Os tratamentos não apresentaram diferenças em relação à variável firmeza. O teor de sólidos solúveis foi diferente apenas entre a testemunha e o tratamento de fécula associada ao cravo, sendo que aquela apresentou maior valor de Brix. A acidez titulável decresceu ao longo do período de armazenamento e o ph mais baixo foi observado para a testemunha. O mais alto valor de ph foi registrado para o tratamento de película de fécula + cravo e os demais tratamentos apresentaram valores intermediários. A aplicação de película de fécula de mandioca juntamente com extratos vegetais não melhorou a conservação pós-colheita dos frutos de tomate. PALAVRAS-CHAVE: Lycopersicon esculentum Mill, biofilme, fécula, pós-colheita. ABSTRACT Effect of cassava starch film associated with plant extracts on postharvest tomato Hortic. Bras., v. 31, n. 2, (Suplemento- CD Rom), julho 2014 3325

The use of biofilms as an alternative to postharvest preservation of fruits and vegetables is increasing. These biofilms are reducing respiration and ethylene production by product, besides adduce chemical additives that help in maintaining the quality and reduce spoilage by microorganisms. The objective of this study was to evaluate the effect of cassava starch associated with plant extracts on postharvest tomato. The work was developed in the Laboratory of Postharvest Physiology, State University of Montes Claros, Campus Frangipani ( MG ) using tomato variety ' Andreia '. The treatments were : T1 = control with no coat, T2 = 2 % starch, starch T3 = 2 % + water clove 12 pm and T4 = 2 % starch + water cinnamon 12 hs. The treatments did not differ in relation to variable firmness. The soluble solids content was different only between the control and treatment of starch associated with the harpsichord, and that showed higher Brix. The acidity decreased during the storage period and the lowest ph was observed for the witness. The highest ph value was recorded for the treatment of starch film + cloves and other treatments showed intermediate values. The application of cassava starch film along with plant extracts did not improve post-harvest storage of tomato fruits. Keywords: Lycopersicon esculentum Mill, biofilm, starch, postharvest. O tomate (Lycopersicon esculentum Mill) é uma das hortaliças mais comercializadas no mundo sendo os principais países produtores os Estados Unidos, Itália, Turquia, Egito, Espanha, Portugal, Rússia e Brasil (Agrianual, 1997). O tomate apresenta-se como um fruto de alta perecibilidade após a colheita em virtude da fragilidade de seus tecidos pela manutenção de sua atividade metabólica. As perdas são mais significativas na póscolheita, causadas por injúrias mecânicas, armazenamento impróprio, manuseio e transportes inadequados e grande exposição no varejo. Sendo um fruto climatério, o seu amadurecimento inicia-se com a elevação da atividade respiratória, acarretando uma série de transformações em suas características físicas e químicas, dentre elas perda da clorofila, síntese de carotenóides e amolecimento (Vieites, 1998). A colheita de tomates firmes pode aumentar o tempo de comercialização, viabilizando a produção numa região e seu consumo em outra parte mais distante. Porém, o ponto de maturação deve atender as necessidades sensoriais do mercado consumidor quanto à aparência, consistência, entre outros atributos sensoriais. Para diminuição das perdas pós-colheita uma das técnicas que pode ser utilizada é a aplicação de biofilmes Hortic. Bras., v. 31, n. 2, (Suplemento- CD Rom), julho 2014 3326

comestíveis. A utilização destes biofilmes vem sendo pesquisada para uso como revestimento de frutas e hortaliças frescas, com o intuito de minimizar a perda de umidade e reduzir as taxas de respiração, além de conferir aparência brilhante e atraente. Outros benefícios também são obtidos com o uso de biofilmes como a redução da respiração e a produção de etileno pelo produto, além de transportar aditivos químicos que auxiliam na manutenção da qualidade e que reduzem a deterioração por microrganismos (Chitarra & Chitarra, 2005). Diante do exposto objetivou-se com este trabalho avaliar o efeito da fécula de mandioca associada a extratos vegetais na conservação pós-colheita de tomate. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido no laboratório de Fisiologia pós-colheita da Unimontes, campus Janaúba-MG. Foram utilizados frutos tomate variedade Andréia adquiridos em comércio local de Janaúba (MG). Os frutos encontravam-se em estádio de maturação Vermelho-claro: entre 60% e 90% da superfície do fruto possui coloração rósea ou avermelhada ou vermelha, de acordo com a classificação de Alvarenga e Souza, 2004. Os tomates foram lavados em água corrente, e em seguida, imersos em solução de hipoclorito de sódio 10 ppm por 15 minutos e colocados para secar ao ar. O experimento constou de quatro tratamentos: T1= testemunha sem nenhum revestimento, T2= fécula 2%, T3= fécula 2% + água de cravo 12 hs e T4= fécula 2% + água de canela 12 hs. O cravo e a canela foram triturados e pesados, foram preparadas duas soluções: 10g de cravo + 3L de água destilada por um período de 12horas; 10g de canela + 3L de água destilada por um período de 12horas, posteriormente essa solução foi peneirada separando a porção líquida da sólida. A fécula de mandioca a 2% foi preparada com a água em que foi deixado o cravo e a canela, e a mistura aquecida a 70ºC para gelatinização por (15 minutos) e deixada resfriar a temperatura ambiente. Os frutos foram imersos na solução de fécula e em seguida colocados em recipiente telado para drenagem e secagem do excesso da solução. Posteriormente, foram armazenados em câmara de temperatura controlada do tipo BOD (Demanda Bioquímica de Oxigênio) a 20 C. As avaliações quanto à firmeza (N), teor de sólidos solúveis ( Brix), ph e acidez titulável foram realizadas num período de quatro dias, em intervalos de dois dias (0, 1, 2,3). O delineamento experimental utilizado foi inteiramente casualizado em esquema fatorial 4x4 sendo quatro épocas e quatro tratamentos com quatro repetições. Os Hortic. Bras., v. 31, n. 2, (Suplemento- CD Rom), julho 2014 3327

resultados foram submetidos à análise de variância, teste de Tukey (0,05) e regressão por meio do programa SISVAR. RESULTADOS E DISCUSSÃO A Tabela 1 se refere à análise de variância dos dados referentes às variáveis firmeza, sólidos solúveis, ph e acidez titulável, onde é possível observar que, para a firmeza, os tratamentos não foram significativos tanto quando avaliados isoladamente quanto avaliadas as interações com as épocas. A variável sólidos solúveis ( Brix) foi significativa em relação aos tratamentos e sua interação com as épocas a 5% de probabilidade e quando avaliada somente em função das épocas, a variável foi significativa a 1% de probabilidade. Com relação ao ph e a acidez, estes foram significativos em função do tratamento e das épocas, exceto a interação época x tratamento da variável ph que não apresentou diferenças. A firmeza, apesar de não se apresentar diferente entre os tratamentos, mostrou comportamento linear decrescente ao decorrer do experimento (Figura 1). O fato de os tratamentos não demonstrarem diferenças, pode ser explicado, provavelmente, pelo período curto de avaliação que foi a cada dois dias. Os tratamentos testemunha e fécula + cravo apresentaram interação com a época para a variável sólidos solúveis, sendo que o comportamento de ambos foram semelhantes, porém a testemunha apresentou maior valor de Brix do que a fécula + cravo ao longo do armazenamento (Figura 2). Em experimento realizado com diferentes concentrações de fécula, Damasceno et al. 2003, observaram que os tratamentos com película de fécula de mandioca a 2 e 3% diferiram estatisticamente da testemunha, apresentando teores mais baixos de sólidos solúveis totais. Com relação a acidez titulável (Figura 3), todos os tratamentos apresentaram comportamento semelhante caracterizado por decréscimo linear no decorrer dos dias. O decréscimo mais acentuado foi observado no tratamento fécula + cravo. Na tabela 2 estão os valores médios de ph em todos os tratamentos, sendo que a testemunha proporcionou menor valor de ph dentre todos os tratamentos. A fécula a 2% e a fécula + canela apresentaram valores intermediários, enquanto a fécula + cravo obteve maior valor de ph. Damasceno et al. 2003, observaram que o tratamento que recebeu película de fécula de mandioca a 2% apresentou média de ph dos frutos de tomate superior aos demais tratamentos (0% e 3%), os quais não apresentaram diferença significativa entre as médias de ph. Em experimento com frutos de goiaba e couve-flor Hortic. Bras., v. 31, n. 2, (Suplemento- CD Rom), julho 2014 3328

recobertos com película de fécula de mandioca, Oliveira, 1996 e Vicentini, 1999, respectivamente, não observaram diferenças significativas entre os tratamentos que receberam ou não o recobrimento. A aplicação da película de fécula de mandioca associada a extratos vegetais de cravo e canela em frutos de tomate não aumentou a conservação pós-colheita dos frutos de tomate. Os tratamentos não diferiram em relação à firmeza dos frutos. Novos estudos devem ser realizados com aumento do período de avaliação visando resultados mais expressivos. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem a Fapemig/Capes pelo apoio financeiro. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AGRIANUAL. Anuário da Agricultura Brasileira. São Paulo: FNP Consultoria e Comércio, 1997. 402-408p. ALVARENGA, M. A. R.; SOUZA, R. A. M. de. Comercialização, colheita classificação e embalagens. ALVARENGA, M. A.R. (Ed) Tomate. Produção em campo, em casa-de-vegetação e em hidroponia. Lavras: UFLA, 2004. p. 369-388. CHITARRA, M.I.F.; CHITARRA, A.B. Pós-colheita de frutas e hortaliça: Fisiologia e Manuseio 2.ed. Lavras: UFLA, 2005. 783p. DAMASCENO, S; OLIVEIRA, P. V. S.; MORO, E.; MACEDO JR, E. K.; LOPES, M. C.;VICENTINI, N. M. Efeito da aplicação de película de fécula de mandioca na conservação pós-colheita de tomate. Ciênc. Tecnol. Aliment. vol.23 no.3 Campinas Sept./Dec. 2003. OLIVEIRA, M. A. Utilização de Película de Fécula de Mandioca como alternativa à Cera Comercial na conservação pós-colheita de frutos de Goiaba. Piracicaba/SP. 1996. 73 p. Dissertação de Mestrado Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Universidade de São Paulo (USP). VICENTINI, N. M. Utilização de Películas de fécula de mandioca para a conservação pós-colheita de couve-flor. Botucatu/SP, 1999. 55p. Dissertação de Mestrado Faculdade de Ciências Agronômicas, Universidade Estadual Paulista (UNESP). Hortic. Bras., v. 31, n. 2, (Suplemento- CD Rom), julho 2014 3329

VIEITES, R. L. 1998. Conservação pós-colheita de tomate (Lycopersicon esculentum Mill). Botucatu: Fepaf. Tabela 1 Resumo da análise de variância dos dados referentes às variáveis firmeza (FM), sólidos solúveis (Brix), ph e acidez (AC) de frutos de tomate submetidos a tratamentos com fécula associada a extratos vegetais. Table 1 - Summary of analysis of variance on the variables firmness, soluble solids (Brix), ph and acidity (AC) of tomato fruits subjected to treatments with starch associated with plant extracts (FM). Quadrados Médios Fontes variação GL FM BRIX ph AC TRATAMENTO 3 1.60 ns 2,01 * 0,03 * 0,04 ** ÉPOCA 3 21,91 ** 5,28 ** 0,10 ** 0,42 ** ÉPOCA*TRATAMENTO 9 1,18 ns 1,13 * 0,007 ns 0,02 ** ERRO 48 1,39 0,52 0,009 0,006 CV(%) 18,94 11,24 2,47 12,53 ns não significativo; **, * significativo a 1 e 5% de probabilidade pelo teste F, respectivamente. * significant at 1 and 5% probability by F test, respectively **, ns not significant. Tabela 2 Valores médios de ph dos frutos de tomate submetidos a tratamentos com fécula associada a extratos vegetais. Table 2 - Average values of ph of tomato fruits subjected to treatments with starch associated with plant extracts. Tratamentos ph Médias Testemunha 3,82b Fécula 2% 3,86ab Fécula + Cravo 3,92a Fécula + Canela 3,88ab CV (%) 2,47 *Médias seguidas de mesma letra, não diferem entre si pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade. * Means followed by the same letter do not differ by Tukey test at 5% probability. Hortic. Bras., v. 31, n. 2, (Suplemento- CD Rom), julho 2014 3330

Figura 1 Firmeza (N) dos frutos de tomate em função dos dias de armazenamento Figure 1 - Firmness (N) of tomato fruit a function of days of storage. Figura 2 Sólidos solúveis ( Brix) em função dos dias de armazenamento. Figure 2 - Soluble solids (Brix) versus days of storage. Figura 3 Acidez titulável (eq. mg de ac. cítrico 100 ml -1 ) em função dos dias de armazenamento. Figure 3 - a titratable acidity (. Eq. 100 mg Citric ac ml-1) versus days of storage. Hortic. Bras., v. 31, n. 2, (Suplemento- CD Rom), julho 2014 3331

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