Culturas juvenis e Ensino Religioso na Escola Gisela I. W. Streck Silvia Cristina Hack Alves
Na atualidade - comportamentos morais e códigos de atitudes muito distintos, diferentes e até contraditórios entre si Jovens: - são afetados e influenciados diretamente por estes aspectos - vivenciam no seu cotidiano as conseqüências destas transformações A pergunta é: em que medida também a escola é influenciada (ou se deixa influenciar) pela realidade que se apresenta nos dias de hoje? E o Ensino Religioso, como disciplina na escola, oferece espaço para o diálogo sobre a realidade que afeta a vida e a identidade dos/as jovens?
Uma das principais formas de construção e afirmação de identidade pelos grupos juvenis na contemporaneidade tem sido através da adoção de um estilo No cotidiano dos/as jovens - cenário repleto de aspectos culturais: - necessitam eleger aqueles que julgam adequados para si, na construção de sua própria identidade - também se sentem impelidos a criar novas formas culturais Juventude: - produto da cultura vigente - ao mesmo tempo em que atua sobre ela, produzindo também novas formas e práticas de expressão cultural
Juventude como produto cultural Juventude: - dentre todas as fases etárias, é a que tem mais prestígio na atualidade - transformou-se num misto de modelo de sensualidade, liberdade e beleza, - fase da vida a qual todos querem pertencer Mídia: - uma das principais responsáveis pela difusão da cultura do gozo, - instiga constantemente o/a jovem a adotar certos modelos de comportamento, favorecendo a propagação desta cultura do prazer - assim, a cultura do gozo, do prazer passa a ser algo bem presente nas vivências do/a jovem Conseqüências negativas: - crise de pânico, depressão, violência, drogadição, anorexia...
Juventude como produtora cultural Jovens: - assumem caráter fundamental e imprescindível na função de criar, expressar e estabelecer novas formas culturais; - possuem uma extrema necessidade de constante diversão, de rir muito, de se reunir, demonstrando variadas formas de socialização; -os encontros dos grupos acontecem nas ruas, nas esquinas, adquirindo caráter de lugar de celebração e de sinônimo de diversão;
Os territórios: - as excursões pelas ruas e pela cidade passam a organizar o ciclo de vida dos/as jovens e a fazer parte da construção de sua identidade; - a cultura do nomadismo urbano toma espaço e ganha proporção; - as cidades tornam-se também áreas de escritura, onde os/as jovens passam a expressar muitas das suas idéias, sonhos e valores; - os/as jovens passam a habitar cada vez mais os espaços virtuais e muitas vezes já não fazem mais distinção entre o mundo real e o virtual; -também no mundo virtual, o/a jovem torna-se cada vez mais autor e produtor, tendo a tarefa de adquirir símbolos, adotar estilos, comportamentos, estabelecer vínculos e criar marcas para si;
Os estilos: -a vivência de um estilo possibilita aos jovens um meio de introdução no meio social, ampliando as suas redes de relacionamentos e de trocas; -representam um forte referencial na forma de vivenciar e experimentar a sua condição juvenil, elaborando o seu próprio modo de ser jovem; O HIP-HOP: -a mídia parece reforçar cada vez mais a imagem do/a jovem globalizado/a e como simples consumidor/a do mercado cultural existente e da padronização de modelos estéticos. O hip-hop surge com intensidade para dar também visibilidade para o/a jovem invisível e excluído/a da periferia; O FUNK: -outro estilo e forma de expressão cultural presente na contemporaneidade;
AS VIVÊNCIAS NO HIP-HOP E NO FUNK: - em pesquisa realizada verificou-se que jovens adeptos destes estilos percebem que a vivência destes, pouco ou quase nada lhes proporcionam em termos de sustentabilidade e de sobrevivência; - por outro lado, estes estilos lhes trouxeram visões mais amplas das hipóteses de vida, propiciando sonhos com alternativas de vida, indo para além daquelas restritas oferecidas pela sociedade;
Escola e Ensino Religioso espaço para as culturas juvenis? - além de serem separados um do outro, o mundo da cultura para os/as alunos/as é muito mais interessante e cativante do que o da escola; - a escola ainda não reconhece as culturas juvenis como possibilidade de inclusão e transformação; A questão é: - Ou se abre espaço no Ensino Religioso para que os/as jovens possam dialogar sobre suas necessidades e dificuldades e, por meio de suas culturas, se expressarem (e expressarem sua espiritualidade), ou se fica ausente e distante do mundo juvenil.
Para a escola e o Ensino Religioso se coloca o desafio de [...] reorganizar seu cotidiano institucional em geral orientado para a uniformização e o anonimato em novo território, no qual as identidades juvenis possam encontrar espaço para o diálogo. (PEREGRINO; CARRANO, 2003. p. 16) Para tanto, a escola precisa estar aberta ao debate e à reflexão, e experimentar [...] práticas em direção ao desafio de tecer sentidos de presença, interesses, saberes e prazeres em comum entre os jovens e os demais sujeitos da comunidade escolar. CARRANO, 2003, p.17). (PEREGRINO;