Cancro cítrico: bactericidas alternativos e descontaminação de frutos em pós-colheita

Documentos relacionados
FUNDO DE DEFESA DA CITRICULTURA MESTRADO PROFISSIONAL EM CONTROLE DE DOENÇAS E PRAGAS DOS CITRUS ALEXANDRE PALOSCHI

SMR Cancro Cítrico São Paulo COORDENADORIA DE DEFESA AGROPECUÁRIA. Eng. Agr. DSc. Marlon Peres da Silva

Considerações sobre a situação do cancro cítrico e a mudança da legislação que regula o controle da doença em São Paulo

10º Encontro de Higienização e Lavanderia Hospitalar da Região Sul AÇÃO DESINFETANTE NO PROCESSO DE LAVAGEM EM ROUPAS HOSPITALARES

Controle. Controle erradicação 01/10/2015 PARTE 2. O cancro cítrico e seu controle. Controle. Estratégias. Franklin Behlau, PhD. Minador dos citros

Efeito de Diferentes Sanitizantes no Controle de Colletotrichum gloeosporioides em Manga

Avaliação da Transmissão da Podridão Vermelha do Sisal Durante o Corte e Meios Químicos para

Novas informações sobre controle químico do psilídeo em pomares cítricos

Desinfecção de Cepas de Mycobacterium Tuberculosis proveniente de Isolados Clínicos de Indivíduos com Tuberculose

Análise Técnica. Segurança Microbiológica de Molhos Comercializados em Embalagens Tipo Sache: Avaliação de um Abridor de Embalagens

CANCRO CÍTRICO. Eng.-Agr. Derli Paulo Bonine

CANCRO CÍTRICO Medidas essenciais de controle

Determinação de sensibilidade bacteriana aos antimicrobianos

Implantação do Pomar Cítrico Preventivo ao Cancro Cítrico.

Legislação do Cancro Cítrico para o Trânsito Interestadual de Citros. Histórico, mudanças e estado atual no RS

Instrução normativa 62/2003: Contagem de coliformes pela técnica do NMP e em placas

Exsudação de Citrato e Tolerância ao Alumínio em Sorgo. Adaptação a solos ácidos, ácidos orgânicos, mecanismos de tolerância ao alumínio

Erros e acertos. no controle da pinta preta dos citros. Dr. Geraldo J. Silva Junior Pesquisador Dpto de Pesquisa e Desenvolvimento

CONTROLE QUÍMICO DO PSILÍDEO (Diaphorina citri)

Manutenção e Higienização: Instalações, Alimentos, Equipamentos e Utensílios Aula VIII. Prof.: Alessandra Miranda

Inseticida de contato e adjuvante / espalhante adesivo, do grupo químico hidrocarbonetos alifáticos PRAGAS. Cochonilha-cabeça-deprego

Cancro Cítrico: mesmo controle com menos cobre. Dr. Franklin Behlau

Representamos e comercializamos em exclusivo marcas brasileiras dos principias sectores: Agrícola, Industrial e da Saúde. DIOXIPLUS ATOMIC 70 WTR 700

PINTA PRETA Medidas essenciais de controle

Área de Atividade/Produto Classe de Ensaio/Descrição do Ensaio Norma e/ou Procedimento

Relatório de Amostra Externa. Atividade Bactericida EN Princípio ativo: Cloreto de polihexametileno biguanida (0,1%) e mistura de

MÉTODOS QUÍMICOS DE CONTROLE (SANITIZAÇÃO) 1

REESTIMATIVA DE SAFRA DE LARANJA E DESAFIOS DA CITRICULTURA NO ESTADO DE SP E TRIÂNGULO MINEIRO. Antonio Juliano Ayres Gerente Geral

Dr. Marcelo Pedreira de Miranda Pesquisador científico

A. MÉTODOS PARA APLICAÇÃO DE MATERIAL DESINFETANTE

PRODUÇÃO DE MUDAS ALÉM DA CERTIFICAÇÃO, O EXEMPLO DO CITROS.

Técnicas de Limpeza e Sanitização

Controle de qualidade na produção leiteira: Análises Microbiológicas

MICROPROPAGAÇÃO A DESINFECÇÃO DOS INSTRUMENTOS

QUÍMICA ANALÍTICA APLICADA - QUI 111 SOLUÇÃO TAMPÃO Natal/RN SOLUÇÃO TAMPÃO

Controle de doenças fúngicas da florada à maturação dos frutos. Principais doenças fúngicas. Pinta Preta Verrugose Melanose.

DIRETORIA DE PRODUÇÃO DEPARTAMENTO DE TRATAMENTO DE ÁGUA SETOR DE QUALIDADE MONITORAMENTO DA ÁGUA TRATADA

ESTABELECIMENTO IN VITRO

Produto oriundo da ordenha completa, ininterrupta, em condições de higiene, de. animais, bem alimentados e descansados

Sensores amperométricos Digitais e analógicos

Outros nomes. fresh-cuts. CUIDADOS: escolha da matéria-prima cuidados de higiene preparo final

Grupo de Pesquisa em Toxicologia Analítica

Posicionamento técnico-comercial

Sensores amperométricos Digitais e analógicos

4. Materiais e Métodos 4.1. Preparo da biomassa

Esterilização, Assepsia e Preparo de Meios de Cultura.

10.2 Parâmetros de qualidade da água

TÍTULO: MICROENCAPSULAÇÃO DE LACTOBACILLUS PROBIÓTICO E APLICAÇÃO EM SMOOTHIE

Higienização em ambientes de produção animal. Fernando Bandeira Faculdade de Veterinária Novembro de 2017

MEIOS DE CULTURA PARA LEVEDURAS

ROTEIRO PRÁTICO DE QUÍMICA GERAL

Redução da contagem bacteriana na propriedade

1ª. Prova Prática 25, 26 e 27 de abril de 2018

Reconheça o psilídeo

ERRA Planejamento, Georreferenciamento, Licenciamento Ambiental e Assistência Técnica Agropecuária.

Efeito de Sanitizantes no Controle de Fusarium pallidoroseum em Melão

4. Reagentes e Metodologia Analítica

DESCAL SUPER DETERGENTE SCHIUMOGENO CLOROFOAM DPM/L

INFLUÊNCIA DE FATORES ABIÓTICOS NA OCORRÊNCIA DE PRAGAS E DOENÇAS. Programa da aula

INFLUÊNCIA DE FATORES ABIÓTICOS NA OCORRÊNCIA DE PRAGAS E DOENÇAS. Renato Bassanezi Marcelo Miranda

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Amazônia Oriental Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

Dureza da Água e Problemas de Lavagem

Termo de Homologação do Pregão Eletrônico Nº 00016/2011

INTENSIDADE DA CVC E DO HLB NO ESTADO DE SÃO PAULO E TRIÂNGULO MINEIRO E AS AÇÕES DE CONTROLE

Experimentalmente, definimos a FAIXA DE TAMPONAMENTO de um tampão, sendo o intervalo de 1 unidade acima e 1 unidade abaixo do pka:

GERMINAÇÃO DE GRÃO DE PÓLEN DE TRÊS VARIEDADES DE CITROS EM DIFERENTES PERÍODOS DE TEMPO E EMISSÃO DO TUBO POLÍNICO RESUMO

Análises físico-químicas e microbiológicas de água

MICROPROPAGAÇÃO DE Eugenia dysenterica DC (MYRTACEAE) Programa de Pós-Graduação em Genética e Melhoramento de Plantas - PGMP

MÉTODOS QUÍMICOS DE CONTROLE (SANITIZAÇÃO)

Equilíbrio Ácido-base

VALIDAÇÃO DO PROCESSO DE HIGIENIZAÇÃO DA ALFACE(Lactuca sativa L.) SERVIDA EM UMA UNIDADE DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO. 1. INTRODUÇÃO

CQ136 Química Experimental I

Controle químico de doenças bacterianas

Técnicas Microbiológicas

TRATAMENTO DA ÁGUA PARA GERADORES DE VAPOR

ANÁLISE DA EFICIÊNCIA DA HIGIENIZAÇÃO DE MESAS DE MANIPULAÇÃO DE FRUTAS E HORTALIÇAS DO RESTAURANTE UNIVERSITÁRIO DO IFMG CAMPUS BAMBUÍ RESUMO

MICROSERV ASSESSORIA E SERVIÇOS EM MICROBIOLOGIA INDUSTRIAL LTDA. Expositor: Teresa Cristina Vieira

BIOFILMES BACTERIANOS FORMAÇÃO E CONTROLE DA ADESÃO

PROGRESSO DA SEVERIDADE DOS SINTOMAS DE HLB EM LARANJEIRAS ADULTAS E IMPACTO NA PRODUÇÃO. Renato B. Bassanezi

Funções e Importância da Água Regulação Térmica Manutenção dos fluidos e eletrólitos corpóreos Reações fisiológicas e metabólicas do organismo Escassa

Para cada desafio, uma solução Prozyn em AÇÚCAR & ETANOL

Controle Microbiológico nas Usinas de açúcar e álcool. Prof.ª Drª Dejanira de Franceschi de Angelis

Processamento artesanal do leite e seus derivados

13 th International Coatings Congress 13 th International Exhibition of Coatings Industry Suppliers

Exercícios sobre Métodos de Contagem de Bactérias Viáveis em Placa:

PODRIDÃO FLORAL Medidas essenciais de controle

Microbiologia alimentar Medronho. Maria João de Almeida Pessoa Trigo. Escola Secundária Fonseca de Benevides, Lisboa 4 de Fevereiro de 2014

Prática de Laboratório 1

FUNDO DE DEFESA DA CITRICULTURA MESTRADO PROFISSIONAL EM CONTROLE DE DOENÇAS E PRAGAS DOS CITROS DIEGO HENRIQUE FERREIRA

Curva de titulação efeito da concentração

Cancro Cítrico CANCRO CÍTRICO > SINTOMAS

LAUDO N.º ANO:2014

Colágeno hidrolisado como aditivo para inoculação de Bradyrhizobium em sementes de soja

13/08/2012. Estratégias de manejo de Diaphorina citri. Manejo do HLB

FISPQ Ficha de Informação de Segurança de Produtos Químicos

4024 Síntese enantioseletiva do éster etílico do ácido (1R,2S)-cishidroxiciclopentano-carboxílico

ALTERNATIVA PARA DESINFECÇÃO E RECICLAGEM DE SACOS PLÁSTICOS UTILIZADOS PARA O ACONDICIONAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE (RSSS)

QUÍMICA - 3 o ANO MÓDULO 24 DILUIÇÃO DE SOLUÇÕES

COMPETITIVIDADE DA CITRICULTURA DE SÃO PAULO E FLÓRIDA FRENTE AO HLB. Antonio Juliano Ayres Gerente Geral

COMPARAÇÃO DOS PROCESSOS FERMENTATIVOS DA POLPA DE COCO VERDE E DO LEITE POR BACTÉRIAS LÁCTICAS. Karina Fernandes Pimentel 1 ; Eliana Paula Ribeiro 2

Transcrição:

Cancro cítrico: bactericidas alternativos e descontaminação de frutos em pós-colheita Dr. Franklin Behlau Fundecitrus Nova legislação federal Cancro cítrico IN 21 Higienização obrigatória de frutos de citros para comércio in natura fora do estado Adaptação do setor com investimentos estruturais 1

IN 21 Dificuldades Falta de produtos sanitizantes alternativos Tempo de higienização muito longo Fotos: A. Paloschi Objetivo Geral Avaliar bactericidas alternativos para descontaminação de frutos em pós-colheita contra Xanthomonas citri subsp. citri, agente causal do cancro cítrico 2

Objetivos Específicos Fase 1: Capacidade bactericida dos produtos contra Xanthomonas citri Fase 2: Eficiência do bactericida na descontaminação de frutos contaminados por X. citri em laboratório Fase 3: Eficiência do bactericida na descontaminação de frutos contaminados por X. citri provenientes de pomares com cancro cítrico Fase 4: Potencial infectivo de suspensões de X. citri em diferentes concentrações IN 21 3

Os produtos alternativos Dose Nome Ingrediente Ativo Produto Ingrediente ativo comercial comercial (ppm) Dioxiplus Dióxido de cloro 1,0 ml/l 70 Frexus CH Oxicloreto de cálcio 0,3 g/l 200 Peracetic Ácido peracético 0,666 ml/l 100 Pluron 444 A* Hipoclorito de sódio* 1,7 ml/l 200 * Controle positivo 1Fase Capacidade bactericida dos produtos contra Xanthomonas citri 4

Metodologia FASE 1: capacidade bactericida Preparo da calda do produto Adição da suspensão de X. citri (10 6 ufc/ml) Suspensão de X. citri em água foi usada como controle Tubos mantidos sob agitação 5 repetições (tubos) independentes para cada tratamento Metodologia FASE 1: capacidade bactericida Avaliação 0 e 1 h de exposição ao produto Plaqueamento em meio de cultura e contagem de colônias após 96 h Quantidade de bactérias medida em log no. colônias/ml Experimentos realizados em duplicata 5

Resultados Experimento 1 FASE 1: capacidade bactericida X. citri recuperada após 0 h e 1 h de exposição aos bactericidas Experimento 2 2Fase Eficiência do bactericida descontaminação de frutos contaminados por X. citri em laboratório 6

Metodologia FASE 2: descontaminação de frutos contaminados por X. citri em laboratório lima ácida Tahiti (~40-50 mm) 5 repetições com 3 frutos/repetição Lavagem com detergente Contaminação por aspersão de X. citri (10⁷ ufc/ml) Descontaminação em 2 L de solução do produto por 1 ou 2 minutos Uso de solução nova por repetição Lavagem sob agitação por 5 min em sacos plásticos com 100 ml de de água Metodologia FASE 2: descontaminação de frutos contaminados por X. citri em laboratório Centrifugação em tubo falcon de 50 ml Ressuspensão do pellet em 3 ml de tampão fosfato Plaqueamento em meio de cultura Contagem de colônias de X. citri após 96 h Quantidade de bactérias medida em log colônias/ml Experimentos realizados em triplicata 7

Resultados FASE 2: descontaminação de frutos contaminados por X. citri em laboratório Resultados Este estudo Recuperação de X. citri da superfície de frutos de citros após tratamento higienizante Tempo de exposição (min.) 8

Resultados Recuperação de bactérias diversas da superfície de frutos de citros após tratamento higienizante Resultados Efeito pós-colheita do Dioxido de Cloro sobre E. coli, Penicilium e Xanthomonas citri. em pomelo 9

3Fase Eficiência do bactericida na descontaminação de frutos contaminados por X. citri provenientes de pomares com cancro cítrico Metodologia FASE 3: descontaminação de frutos contaminados por X. citri provenientes de pomares com cancro cítrico Mistura 1 / 2 em saco plástico umedecido por 24 h (1 fruto sem sintoma / 2 frutos sintomáticos) Demais procedimentos iguais à fase anterior Foto: A. Paloschi 10

Resultados FASE 3: descontaminação de frutos contaminados por X. citri provenientes de pomares com cancro cítrico 4Fase Potencial infectivo de suspensões de X. citri em diferentes concentrações 11

Metodologia FASE 4: Potencial infectivo de suspensões de X. citri Inoculação de brotações V4-V5 de Hamlin X. citri: 10 0, 10 1, 10 2, 10 3 e 10 4 ufc/ml Infiltração com seringa sem agulha Foto: A. Paloschi 1 ml/folha, 10 folhas por concentração Avaliação após 30 dias da inoculação: % folhas com lesões no. de lesões/folha Foto: A. Paloschi Resultados FASE 4: Potencial infectivo de suspensões de X. citri 12

Discussão Assim como em pesquisas anteriores (Gottwald et al., 2009; Sun et al., 2016), esse estudo demostrou que é possível que os bactericidas não eliminem completamente a população de X. citri em frutos de citros No entanto, o potencial infectivo das bactérias remanescentes é insignificante Discussão Concentrações de X. citri <10 3 ufc/ml não são eficientes para causar cancro cítrico X. citri remanescente foi sempre inferior a 10 1 ufc/ml Há um declínio natural de X. citri durante o transporte (Martinez et al., 2014). 13

Conslusões Dioxiplus (dióxido de cloro), Frexus CH (oxicloreto de cálcio), Peracetic (ácido peracético) são eficientes para descontaminação de frutos de citros contra X. citri em pós-colheita Os tempos de exposição aos bactericidas de 1 ou 2 minutos são igualmente eficientes para descontaminação de frutos cítricos contra X. citri em pós-colheita Considerações finais Atual legislação (MAPA, 2018) possibilita a regulamentação de outros métodos ou produtos para higienização, homologados pela pesquisa e reconhecidos pelo MAPA Diante destes resultados e de estudos prévios, será realizada solicitação de regulamentação pelo MAPA de produtos alternativos e redução do tempo de exposição para descontaminação de frutos cítricos contra X. citri. 14

Convite Processo seletivo em 2020 Novo manual 15

Agradecimentos Tamiris Garcia da Silva (Fundecitrus) Talita Santos (Estagiária Fundecitrus) Alexandre Paloschi (MasterCitrus/CDA) Dra. Lenice M. Nascimento (ABCM) OBRIGADO! franklin.behlau@fundecitrus.com.br www.fundecitrus.com.br 16

ph das caldas bactericidas imediatamente após o preparo no primeiro experimento (C) 17