CNA organiza missão empresarial à China



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Transcrição:

DESTAQUES Reformas na China O Partido comunista chinês anunciou, em novembro, uma agenda de reformas para o país. Dois pontos são relevantes para a agricultura: 1. O Governo vai redefinir as funções de algumas estatais, abrir ao setor privado certos segmentos hoje exclusivamente públicos, bem como criar empresas com capital misto público-privado; 2. A organização do campo será um mix de agricultura familiar, coletiva, cooperativa e empresarial. Os agricultores ganharão titularidade da terra ou poderão transformar seus direitos em participação no capital de novos empreendimentos rurais. Além disso, o setor privado será chamado a investir no plantio e na pecuária, bem como na introdução de métodos modernos de gestão agrícola. Se as reformas anunciadas forem para valer, deveremos ver, ao longo do tempo, uma redução do papel das estatais de Beijing (COFCO, por exemplo), que dominam as compras agrícolas externas. Não faltam empresas privadas chinesas que gostariam de ganhar um pedaço do espaço ocupado por elas. Mas esse cenário é pouco provável. Se o campo coletivo permitir uma redefinição de investimentos e maior participação do setor privado, ainda que de forma gradual, veremos a China mais eficiente no setor agrícola. CNA organiza missão empresarial à China A CNA realizou uma missão empresarial na China entre os dias 5 e 15 de novembro. Em sua quarta visita a Pequim no último ano e meio, a presidente da Confederação, senadora Kátia Abreu, acompanhou o vice-presidente da República, Michel Temer, e o Ministro da Agricultura, Antônio Andrade, em audiências oficiais com autoridades chinesas. Houve encontros com o presidente da China, Xi Jiping, com o vice-presidente Li Yuanchao e o ministro Zhi Shuping, titular da AQSIQ, a agência de vigilância sanitária chinesa que tem status de ministério. As reuniões garantiram boas notícias. O governo chinês assinou um protocolo fitossanitário para liberar a importação de milho brasileiro e foi anunciada a habilitação de cinco frigoríficos para exportar nossa carne de frango à China. A AQSIQ também se comprometeu a enviar uma missão técnica ao Brasil até 15 de dezembro, num movimento que, espera-se, signifique o fim do embargo à carne bovina brasileira. O bloqueio foi anunciado em dezembro do ano passado em razão do temor de vaca louca, embora a avalição da Organização Mundial da Saúde Animal (OIE) seja que o risco é negligenciável para a doença no Brasil. Na cidade de Xangai, a CNA promoveu o seminário Agroinvest Brasil 2013. O evento reuniu cerca de 250 empresários chineses e brasileiros. O objetivo foi divulgar, para compradores e investidores chineses, produtos de várias cadeias do agronegócio, como os grãos, as carnes, o café, o suco de laranja, o açúcar, o etanol e o leite, além de produtos florestais. Houve, ainda,

o lançamento do portal Agroinvest, ferramenta que permitirá a divulgação de oportunidades para facilitar os investimentos chineses no agronegócio e em projetos de infraestrutura e logística no Brasil. Ainda em Xangai, a CNA participou da feira de alimentos e de bebidas FHC-China 2013, onde promoveu encontro de negócios entre empresários brasileiros e importadores chineses. Os participantes da missão também tiveram a oportunidade de conhecer a Zona Econômica Especial ZEE e o centro de logística da cidade de Suzhou. A programação de visitas técnicas foi encerrada no porto de Yang Shan. O agronegócio é a coluna vertebral da relação Brasil-China. Veio para ficar e é sustentável porque existe enorme complementariedade entre as duas nações: a China, como grande demandante de alimentos e o Brasil, como país continental que produz alimentos em vastas áreas, resumiu o embaixador Sérgio Amaral, presidente do Conselho Empresarial Brasil-China. Ele disse estar certo de que a passagem da senadora Kátia Abreu pela China vai deixar uma marca importante na relação entre os dois países. Zona de livre comércio de Xangai O Governo chinês iniciou, em Xangai, uma experiência piloto com um novo conceito de Zona de Livre Comércio (ZLC). Na nova ZLC, além das usuais isenções tributárias e de tarifas de importação, haverá livre entrada e saída de moeda. É precisamente isto que torna a Zona de Xangai atraente para os traders. Uma trading chinesa geralmente tem a sua contabilidade em Hong Kong, para evitar as limitações de câmbio que existem na China continental. Costuma retirar de Hong Kong apenas o que necessita como capital de giro. Agora, em Xangai, ela poderá fazer operações e contabilidade no mesmo local. Os traders chineses que se instalarem na nova zona gozarão das seguintes facilidades: a) os produtos por eles importados estarão livres de tarifa de importação e de IVA enquanto estiverem na ZLC. Só incidirão impostos sobre a importação quando ela for internalizada na China; b) o lucro líquido das empresas estará isento de imposto de renda até dez anos do primeiro ano de lucro; c) a entrada e saída de moeda será livre. A ZLC de Xangai não é totalmente aberta a investimentos estrangeiros. Há uma lista negativa de setores onde o investimento estrangeiro é proibido ou limitado. Entre eles, incluem-se a compra e a distribuição de grãos e algodão, o processamento de alimentos e óleos, o processamento de madeira e o processamento de etanol e biodiesel. ACESSO A MERCADO Milho Agora em novembro, o Governo chinês assinou protocolo de abertura do mercado para o milho brasileiro. Hoje, 95% do milho importado pela China vêm dos Estados Unidos. A importação de milho, no entanto, só pode ser feita por empresas que gozam de quotas concedidas pelo Ministério do Comércio Exterior e pela Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma do Estado.

Em 2013, foram concedidas quotas para a importação de 7,2 milhões de toneladas, sendo que 60% das quais, num total de 4,3 milhões de toneladas, ficaram com a COFCO. O restante foi alocado a importadores privados. As quotas de importação de milho são dadas a traders com tradição no produto ou com boa capacidade de processamento de importação, a empresas produtoras de ração com demanda de pelo menos 50.000 toneladas/ano ou a empresas que, por alguma razão, demandam pelo menos 100.000 toneladas/ano de milho. Sobre o milho importado dentro das quotas incide a tarifa de importação de 1% e imposto sobre valor adicionado de 13%. Sobre a parcela que exceder a quota, a tarifa de importação sobe a 63%. Desde 2012, a China começou a diversificar os fornecedores de milho. Autorizou importações da Ucrânia, buscou aumentar a importação da Argentina e agora autorizou o milho brasileiro. O consumo de milho na China, dizem analistas, está crescendo à taxa de 7,8% ao ano. Todo o produto comercializado internacionalmente em 2012 (97 milhões de toneladas) representou apenas 47% do que os chineses consumiram do grão. NEGOCIAÇÕES COMERCIAIS Acordos de livre comércio A China está avançando em acordos de livrecomércio (ALC). O país já tem acordos com os membros da ASEAN (Associação das Nações do Sudeste Asiático), Nova Zelândia, Peru, Paquistão, Chile, Costa Rica e, mais recentemente, com a Islândia e com a Suíça. O acordo com a Nova Zelândia, em vigor há cinco anos, está mostrando resultados. Apresentará ainda mais. Pode-se considerar, por exemplo, o caso da carne bovina. A Nova Zelândia, país de pequena dimensão territorial, tem 26 abatedouros autorizados a exportar para os chineses. O Brasil, apenas nove. A China e a Austrália estão negociando um ALC. Porém, há alguns impasses em temas mais complexos. Um deles é o montante de recursos que os chineses poderão investir na compra de empresas australianas sem o escrutínio de Canberra: os chineses querem um limite de US$ 910 milhões, os australianos menos da metade disso. Mas o novo primeiro-ministro australiano declarou que quer fechar o acordo em um ano, nem que isso implique em fazer concessões. Em maio de 2013, o governo chinês anunciou que examina a possibilidade de se associar ao Acordo de Parceria Transpacífica. Se isso ocorrer, o que ainda parece improvável, dois gigantes agrícolas os EUA e o Canadá tornar-se-ão ainda mais competitivos. Além disso, a China está negociando com os Países do Golfo, Noruega e Índia. E já está na terceira rodada de negociações de um acordo de livre comércio com o Japão e a Coréia, apesar das controvérsias territoriais com os japoneses.. Para garantir o suprimento de alimentos, a China amplia suas negociações comerciais e busca soluções alternativas. Os recentes acordos firmados com a Islândia e com a Noruega visam a assegurar à China o acesso aos portos europeus. Em agosto deste ano, o primeiro navio mercante chinês viajou à Europa por uma rota atravessando o Ártico, em vez de passar pelo tradicional canal de Suez, que revolucionou a comércio mundial no final do século XIX. Pela rota do Ártico, um navio leva 35 dias para transportar mercadorias entre Roterdã (Holanda) e Dalian (China). Por Suez, o tempo estimado para realizar esse transporte subiria para 48 dias. A nova rota marítima possibilita corte de 33% nos custos de transporte. Da mesma forma, a China tem interesse em firmar parcerias com países estrangeiros para a produção e fornecimento de alimentos. O Brasil deverá explorar essa possibilidade.

China e União Europeia realizam reunião de alto nível para definir acordo de investimentos A China e a União Europeia encerraram, em 21 de novembro, uma reunião de alto nível em que decidiram negociar um acordo de investimentos. Até recentemente, um instrumento dessa natureza beneficiaria principalmente as empresas europeias. Agora, porém, o quadro é diferente. Desde 2011, os investimentos chineses na Europa estão se ampliando. Os mais relevantes estão no setor automobilístico: a Geely, de Zhejiang, comprou a Volvo e a MBH, empresa que produz os taxis londrinos, e a SAIC, de Nanjing, comprou a MG. Mas os investimentos têm se estendido a várias outras áreas, inclusive serviços, e tendem a continuar subindo. O cenário não é livre de barreiras. Em 2011, por exemplo, o fundo de investimentos Zhong Kun, de Beijing, viu frustrada sua tentativa de comprar de 300 km2 de terra na Islândia. É esse tipo de problema que os chineses parecem querer evitar no futuro. A China e a Europa têm um Plano de Cooperação em agricultura que cobre vários segmentos, inclusive a produção sustentável de produtos agrícolas, agricultura orgânica, pesquisa agrícola, segurança alimentar e biotecnologia. O mandato negociador da União Europeia, aprovado pelo seu Conselho em 18 de outubro de 2013, define que o foco da agenda comercial entre a China e o bloco europeu, a curto prazo, além de investimento, deverá ser em temas de acesso a mercado, compras governamentais e propriedade intelectual. PRODUÇÃO DE ALIMENTOS Foro de segurança alimentar No dia 23 de novembro, realizou-se na China uma reunião de alto nível sobre a estratégia chinesa de segurança alimentar. Nessa reunião, o Diretor do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento do Conselho de Estado, Han Jun, sublinhou que a China espera que 300 milhões de pessoas saiam do campo para a cidade nos próximos 20 anos e apresentou o seguinte cálculo: a necessidade anual de alimento de um trabalhador que sai do campo para a cidade é 119 kg maior do que a de uma pessoa que fica no meio rural, e 51 kg maior Leite em pó do que a de uma pessoa que já está na cidade. Han Jun disse que a China será autossuficiente em trigo e arroz. No caso dos demais grãos, o importante é assegurar a oferta e garantir uma taxa agregada de autossuficiência superior a 80%. Nossos amigos do Brasil e dos EUA estão preocupados com o quanto precisaremos de alimentos disse ele. Mas nossa preocupação é com segurança alimentar. Temos que estabelecer com os EUA e o Brasil uma relação de confiança mútua. Com a mudança da política do filho único na China e a autorização para que os casais em que um dos cônjuges é filho único possam ter dois filhos, a revista Caixin publicou estimativas de que o mercado de leite em pó crescerá 10 a 20% ao ano.

Lenovo na agricultura A mídia chinesa tem mencionado frequentemente a entrada da Lenovo no setor agrícola. Segundo o presidente da empresa, Liu Chuanzhi, a estratégia da Lenovo é produzir alimentos com elevado padrão de segurança, criar uma marca que tenha credibilidade junto aos consumidores e explorar um setor de alta rentabilidade no longo prazo. A Lenovo tem investimentos agrícolas nas províncias de Shandong, Sichuan, Hubei e Yunan e comprou cinco fazendas no Chile. No agregado, o volume investido ainda é reduzido: RMB 2 bilhões (US$ 327 milhões) e se concentra em frutas. A Lenovo diz que, xpelo momento, não tem planos de entrar na produção de grãos, mas não descarta explorar também esse segmento no futuro. INFORMATIVO CHINA é elaborado mensalmente pelo Escritório de Representação da CNA em Pequim, China. Reprodução permitida desde que citada a fonte. CONFEDERAÇÃO DA AGRICULTURA E PECUÁRIA DO BRASIL Escritório de Pequim +86 (10) 5969 5333 Ext. 883 international@cna.org.br www.canaldoprodutor.com.br