Mudanças Climáticas e Economia. Secretaria de Acompanhamento Econômico SEAE
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- Domingos Igrejas Nobre
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1 Mudanças Climáticas e Economia Secretaria de Acompanhamento Econômico SEAE Junho de 2009
2 Aquecimento global como falha de mercado O clima tem forte relação com a atividade econômica: Interação mais conhecida está na agricultura. Pode também afetar o processo tecnológico. Alterações climáticas podem então afetar a atividade econômica. As previsões indicam que o aquecimento global poderá impactar substancialmente as atividades econômicas.
3 Aquecimento global como falha de mercado Há uma falha de mercado porque: os emissores de gases de efeito estufa geram efeitos negativos em quem não emite, caracterizando uma externalidade negativa. Incertezas consideráveis sobre os impactos: quais são eles, de que magnitude e em qual horizonte de tempo; Prováveis impactos significativos para a economia global caso o problema não seja atacado. o combate ao aquecimento é um bem público, em virtude de ser não rival e não exclusivo. Para solucionar a questão, deve-se fazer com que o emissor internalize o custo da emissão. Isso em tese faria com que o emissor emitisse a quantidade socialmente sustentável. Essa tarefa não é simples.
4 Cenário - Aquecimento Global Aumento das temperaturas atmosféricas Aumento do nível do mar Reduções da cobertura de neve no Hemisfério Norte Fonte: IPCC/ 2007 Fonte: IPCC/ 2007
5 Atraso no início da estação chuvosa Redução no nível dos rios e da umidade transportada para as regiões Sudeste e Sul Perda de biodiversidade Redução no nível de água dos açudes. Queda na produção agrícola. Alagamento de regiões litorâneas Reduções progressivas nas safras de trigo, milho e café Áreas de plantio tendem a deslocar-se para o sul. Queda na produção de energia elétrica devido a evaporação mais rápida da água dos rios e das represas
6 Cenário - Efeitos na produção de alimentos no Brasil (sem mitigação) Culturas Efeitos médios na área favorável ao plantio (2020) Arroz -9% Cana de açúcar + 270% (depois reduz) Feijão -4,3% Girassol -14% Mandioca -2,8%(depois aumenta) Milho -12% Soja -22% Café - 8,12% Fonte: EMBRAPA
7 Adaptação e Mitigação As consequências do aquecimento global se refletirão em ações de adaptação. Outra alternativa é o foco em ações de mitigação. Solução para mitigação envolve colocar preço nas emissões e evitar comportamento oportunista. Quanto menor o potencial de mitigação, maiores são os custos para o país. É um elemento chave para definir metas. Estudos indicam que os custos da inação (que estarão relacionados com a adaptação e prejuízos de difícil recuperação) são maiores que os custos com a mitigação. O custo de adaptação não está associado proporcionalmente com o causador da emissão. Não é só um problema de oferta, temos também um problema de demanda.
8 Políticas mundiais para as mudanças climáticas
9 Formas de regulação possíveis Instrumentos de comando e controle. Licenças ambientais. Zoneamento econômico-ecológico. Padrão de qualidade ambiental, como limites máximo de poluentes. Padrão de emissão. Padrão tecnológico. Padrão de desempenho, em que são especificados a percentagem de remoção ou eficiência de processos.
10 Formas de regulação possíveis Instrumentos de mercado. Se fundamentam nas mudanças dos preços relativos para modificar o comportamento dos agentes, induzindo-os a internalizar aspectos ambientais em suas decisões. Se baseiam, em geral, no princípio do poluidor pagador. São mais eficientes em relação aos instrumentos de comando e controle, pois: Têm menor custo. Incentivam a procura de tecnologias mais limpas (o padrão pode reduzir a melhora adicional). Geram fontes para os governos financiarem programas ambientais. Conferem mais flexibilidade à indústria no controle das emissões.
11 Formas de regulação possíveis Limitações dos instrumentos de mercado. Têm resultados menos previsíveis. Multas podem não ser suficientes à indução do controle adequado. Tipos de instrumentos de mercado. Preço mínimo para produtos e serviços de ecossistemas. Indenização por não utilização do recurso natural. Cobrança pelo uso e/ou degradação dos recursos naturais como forma de internalizar as externalidades negativas. Incentivos (impostos, subsídios, créditos e seguros) à adoção de tecnologias adequadas.
12 Impactos na economia Custos de adaptação e mitigação. A forma de lidar com o aquecimento global pode afetar a competitividade dos produtos. Países com elevado custo de combate ao aquecimento global podem perder espaço na competição com produtos de outros países. Com a valorização do combate ao aquecimento global por parte da sociedade, as empresas podem usar medidas voluntárias como instrumento de diferenciação de produtos. A inação ou medidas além do desejável podem ser instrumento de barreira comercial.
13 Qual foi a forma encontrada para lidar com o aquecimento global? Protocolo de Quito. Objetivo: Estabelecer metas para que as emissões antrópicas de GEE pudessem ser reduzidas em 5,2% (entre 2008 a 2012, o primeiro período de compromisso), na média, tendo como valor de referência, os níveis verificados no ano de Contempla três mecanismos: MDL: assistir às Partes não incluídas no Anexo I para que atinjam o desenvolvimento sustentável e contribuir para que Partes do Anexo I atinjam suas metas de forma mais barata. Implementação Conjunta: Países com metas de redução de emissões podem optar por implementar, conjuntamente, projetos de redução de emissões no país onde o custo de abatimento é menor. Comércio de emissões: Países com metas de redução de emissões podem comercializar permissões para emitir, de forma que possam atingir suas metas de maneira economicamente eficiente.
14 Qual foi a forma encontrada para lidar com o aquecimento global? Mercados Voluntários: Criados por iniciativa própria de governo ou entidades privadas. Chicago Climate Exchange CCX. Mais conhecido. Plataforma auto-regulada, designada e governada por seus membros, que estabelecem as regras deste mercado, definindo linhas de base, foco de emissões, padrões de monitoramento, critérios de elegibilidade e promoção de leilões. É acompanhada e auditada pelos mesmos organismos e autoridades que realizam essas tarefas no mercado financeiro americano, incluindo a New York Stock Exchange e a CBOT-Chicago Board of Trade.
15 Financiamento - Participação do Brasil no Mercado de MDL (Kyoto) / países em desenvolvimento Créditos: 30,1 milhões Valor atual*: 376,25 milhões (* 12,5/ tco 2 ) * 1 crédito = 1 tco Fonte: 2 UNFCCC, em 25/05/2009
16 MDL no Brasil: Set/2008
17 Qual foi a forma encontrada para lidar com o aquecimento global? Mercado da Califórnia. Objetivo do programa é o registro de redução de emissão de firmas, universidades, organizações, cidades, etc.. Busca garantir que, em uma eventual regulação para controle de emissão nos Estados Unidos, essas entidades possam proteger suas ações prévias. Mercado japonês. Está em discussão uma meta de redução de emissão que pode limitar o total de volume de CO 2 que uma firma pode emitir ou a quantidade de CO 2 por unidade de produção. O Japão anunciou no início de 2009, por exemplo, o estabelecimento do selo de carbono (Carbon Footprint Labeling). Esse selo apresenta um ranking baseado na estimativa de emissão de CO 2 gerada na fabricação do produto. Em 2008, a consultoria New Carbon Finance estimou que as transações no mercado de carbono atingiram US$ 117,6 bilhões, significando 4 bilhões de toneladas de carbono. Desse total, US$ 815 milhões (apenas 0,7%) foram relativos ao mercado voluntário de carbono.
18 Mercado Voluntário Tamanho do Mercado Valor em US$ milhões
19 Qual foi a forma encontrada para lidar com o aquecimento global? Financiamento Público Internacional Recursos orçamentários para projetos dos próprios países. Fundo multilaterais ONU = US$1,3 bilhão disponíveis até 2010 (2% das receitas de emissão de MDL) Banco Mundial = Mitigação/Tecnologia e Adaptação/mudanças Climáticas (US$ 5,7 bilhões, dos quais 20% o Brasil pode competir com outros países para receber os recursos)
20 O Brasil e as mudanças climáticas
21 Curva de Custos Marginais de Abatimento para o Brasil
22 O Brasil e as mudanças climáticas Plano Nacional de Mudanças Climáticas: Fomentar aumentos de eficiência no desempenho dos setores produtivos na busca constante do alcance das melhores práticas. Buscar manter elevada a participação de energia renovável na matriz elétrica, preservando posição de destaque que o Brasil sempre ocupou no cenário internacional. Fomentar o aumento sustentável da participação de biocombustíveis na matriz de transportes nacional e, ainda, atuar com vistas à estruturação de um mercado internacional de biocombustíveis sustentáveis. Buscar a redução sustentada das taxas de desmatamento, em sua média quadrienal, em todos os biomas brasileiros, até que se atinja o desmatamento ilegal zero. Eliminar a perda líquida da área de cobertura florestal no Brasil, até Procurar identificar os impactos ambientais decorrentes da mudança do clima e fomentar o desenvolvimento de pesquisas científicas para que se possa traçar uma estratégia que minimize os custos sócio-econômicos de adaptação do País.
23 O Brasil e as mudanças climáticas Estudos mostram que as causas de emissão do Brasil são diferentes do resto do mundo. Brasil tem matriz energética limpa. Brasil pode ser afetado na geração de energia, na produção de bens agrícolas, por exemplo. MF tem condicionado o Crédito Rural a observância de alguns preceitos ambientais. Regularidade ambiental e fundiária no Bioma Amazônia. Previsão de suspensão de parcelas ou vencimento antecipado da operação de crédito em caso de embargo de uso econômico de áreas desmatadas ilegalmente. Observância do Zoneamento Ecológico Econômico (ZEE). Eventuais posicionamentos do Brasil devem observar a competitividade da economia brasileira. São necessárias mudanças transformacionais, que podem envolver: Novo sistema de tributação. Mudança nos hábitos de consumo. Inovação tecnológica. Um acordo é indispensável. Quanto mais rápido, menores os custos.
24 Obrigado Rutelly Marques da Silva Secretário-Adjunto Secretaria de Acompanhamento Econômico SEAE (61) Junho 2009
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