PROF. JEFERSON PEDRO DA COSTA CURSO: ESTUDOS DE DIREITO CONSTITUCIONAL AULA 01 Teoria da Constituição e Poder Constituinte
I. CONCEITO DE CONSTITUIÇÃO Sentido Sociológico (Ferdinand Lassale) A Constituição é concebida como fato social, e não propriamente como norma. A legitimidade deriva da soma dos reais fatores de poder : grupos de força, que fizeram seus direitos serem preconizados por pressão política.
Sentido Político (Carl Schmitt) A Constituição é uma decisão política fundamental: decisões mais importantes importantes são as que devem estar na Constituição. A decisão política do titular do poder constituinte.
Sentido Jurídico (Hans Kelsen) A Constituição é uma norma positiva suprema (plano jurídico-positivo). Norma Norma fundamental do Estado e da vida jurídica de um país.
II. BREVE HISTÓRICO Durante a Antiguidade (Cidades-Estados democracia) Durante a Idade Média (Magna Carta de 1215): Editada pelo Rei Inglês João "Sem Terra", é o primeiro documento mais próximo ao que se conhece por Constituição nos dias de hoje. Durante a Idade Moderna a) Habeas Corpus Act (1679); b) Constituição Norte-Americana (1787): Primeira Constituição formal da história da humanidade. c) Declaração Universal dos Direitos do Homem (1789): Deriva da Revolução Francesa. d) Constituição Francesa (1791)
III. MOVIMENTOS CONSTITUCIONAIS Constitucionalismo: Movimento pelo qual, preconizou-se a necessidade de um documento que colocasse limites no poder do governante e garantisse Direitos Fundamentais.
Neoconstitucionalismo: Movimento pelo qual a Constituição deixa de ter um caráter meramente formal e começa a ser aplicada de forma prática. A Constituição passa a ter imperatividade e superioridade.
IV. HERMENÊUTICA CONSTITUCIONAL Conceito: é o estudo e a sistematização dos processos aplicáveis para determinar o sentido e o alcance das normas constitucionais. É a conhecida ciência da interpretação.
Interpretação Gramatical (ou Literal) Extrai-se o sentido da literalidade do texto constitucional. Exemplo: Art. 5, III, CF/88: "ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante".
Interpretação Sistemática ou Lógica Para interpretar é necessário analisar o sistema como um todo. Preâmbulo; Título I Princípios Fundamentais; Título II Direitos e Garantias Fundamentais; Título III Organização do Estado; Título IV Organização dos Poderes; Título V Defesa do Estado e Instituições Democráticas; Título VI Tributação e do Orçamento; Título VII Ordem Econômica e Financeira; Título VIII Ordem Social.
Interpretação Histórica ou Atualista Adequação do texto ao seu momento histórico. Ex.: Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao DF e aos Municípios: VI - instituir impostos sobre: d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão. Efeito prático da interpretação histórica: Imunidade tributária para e-books. STF - RE 330817 (Relator Dias Toffoli). O processo teve repercussão geral reconhecida por meio de deliberação do Plenário.
Interpretação Axiológica (ou Valorativa) Interpretação calcada nos valores. Qual o valor que se sobrepuja aos demais, ao qual se deva recorrer em caso de aparente conflito de normas? Busca o valor de cada bem jurídico. Ex.: Vida possui um valor superior à propriedade.
Interpretação Teleológica Esse método busca a razão de ser da norma, a sua finalidade. Ex.: Conceito de casa para fins de inviolabilidade, aqui se abarcam o apartamento, o local de trabalho, o quarto de hotel, etc.
Interpretação Tópica Por esse método, propõe-se a descoberta mais razoável para a solução de um caso jurídico concreto A [interpretação] tópica representa a expressão máxima da tese segundo a qual o raciocínio jurídico deve orientar-se pela solução do problema, e não pela busca da coerência interna para o sistema. (Luís Roberto Barroso).
Mutação Constitucional É a mudança da interpretação de um dispositivo constitucional. Não possui a possui a mudança do texto, e sim, mera mudança do seu sentido. Exemplo: União Homoafetiva. Mudança da interpretação do art. 226, 3º da CF/88: Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento..
V. PODER CONSTITUINTE Conceito: Poder político que, exercido por agentes que deliberam em nome de um povo, elabora a ordem jurídica fundamental do Estado por ele constituído. Em síntese: é o poder político que faz ou refaz a Constituição de um Estado.
V.I. Modalidades de Poder Constituinte 1. Poder Constituinte originário 2. Poder Constituinte derivado 2.1. reformador 2.2. revisor 2.3. decorrente
Poder Constituinte originário: é o que faz a Constituição, dando início a nova ordem jurídico-constitucional. Características do Poder Constituinte originário: (i) Inicial; (ii) Ilimitado e soberano em suas decisões; (iii) Incondicionado; (iv) Autônomo.
Poder Constituinte derivado reformador: Reforma Constitucional - Emenda constitucional: (Pontual). Versa sobre um ou outro ponto particular da Constituição. Poder Constituinte derivado revisor: Revisão Constitucional - Emenda Constitucional de Revisão: (análise geral sobre o ordenamento constitucional). Art. 3º ADCT: A revisão constitucional será realizada após cinco anos, contados da promulgação da Constituição, pelo voto da maioria absoluta dos membros do Congresso Nacional, em sessão unicameral. Poder Constituinte derivado decorrente: Possibilidade de os Estados-membros criarem as suas respectivas Constituições.
Características do Poder Constituinte derivado (i) Secundário; (ii) Limitado; (iii) Condicionado.
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