Teoria da Constituição. - Constituição é a norma suprema de organização do Estado.

Transcrição

1 Resumo Aula 1 Profª Bruna Vieira Direito Constitucional Teoria da Constituição - Constituição é a norma suprema de organização do Estado. Constituição Federal Leis, Decretos, Regulamentos - Compatibilidade entre as leis e a Constituição é uma exigência do ordenamento jurídico, decorrente do princípio da supremacia da Constituição Federal. - A Constituição Federal não trata apenas de questões constitucionais, embora todos os temas estejam dotados de força constitucional. - A base estruturante é a garantia de dignidade da pessoa humana. Portanto, a constituição é o fundamento de validade de todas as normas jurídicas. Dupla função (CANOTILHO): Premissas da constituição: 1) garantia do existente e 2) programa ou linha de direção para o futuro. - Nossa constituição possui muitas normas programáticas, ou seja, mandatárias à ação estatal. Exigem um plano de governo para garanti-las. - Relação do Direito Constitucional com o Poder. (Art. 1º, parágrafo único: Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição. ). Na Democracia Indireta, votamos em alguém para que exerça o poder por nós. Na Democracia Direta, o povo o exerce diretamente: i) plebiscito, ii) referendo, iii) lei de iniciativa popular, iv) promoção da ação popular (remédio constitucional para fiscalizar a atuação dos governantes). - Nós temos instrumentos da Democracia Direta e Indireta.

2 Conceitos de Constituição 1) Concepção sociológica (F. Lassalle): problemas constitucionais são questões de poder, portanto, de nada serviria o texto escrito se não corresponde à realidade. 2) Concepção política (Carl Schmitt): Constituição visa dois focos básicos: organizar o Estado e proteger direitos fundamentais. Divide-se constituição e lei constitucional (norma materialmente constitucional e formalmente constitucional). Vide art. 242, 2º da CF. Para nossa Constituição, não importa. Se está na Constituição Federal é norma constitucional dotada de supremacia, gozando do mesmo status das normas que possuem natureza jurídica de norma constitucional. 3) Concepção culturalista (Pedro Härbelle): constituição englobaria todas as regras fundamentais advindas da cultura histórica. 4) Conceito complexo (Canotilho): é produto histórico-cultural, mas depende de uma valoração política e transformadas em norma jurídica. - Constitucionalismo: movimento destinado à criação de constituições. Um documento que estabeleça limites ao exercício do poder. Deve pautar a ação dos governantes e dos cidadãos. - A Constituição limita a ação dos governantes, mas também determina a forma do Estado. Ideia positivista. - Constitucionalismo contemporâneo: constituições dirigentes (finalidades que serão alcançadas pelo Estado). Vide Art. 3º da CF (incisos I, II, III, IV). Breve análise do histórico das Constituições 1) Constituição Imperial de 1824: 2) Constituição de 1891: religião oficial, imposição real (outorga) e vigorou por sessenta e cinco anos. Constituição semi-rígida. Art. 178 (parte da constituição era alterável apenas pelo processo solene e outra parte não, porque tinha o mesmo status de lei). Poder Moderador, voto por renda (censitário), mulheres não votavam. Banimento da família real e instituição da república pelos militares. Inspiração na Constituição Norte-Americana. Constituição promulgada e popular. Adoção do federalismo. Rígida separação de competências e o Estado deixou de professar religião oficial (laico). Instaurou a clássica tripartição de poderes. Em 1891, foi criado o Supremo Tribunal Federal (STF) e um sistema de constitucionalidade difuso. Instituiu o habeas corpus.

3 3) Constituição de 1934: 4) Constituição de 1937: 5) Constituição de 1946: 6) Constituição de 1967: 7) Emenda de 1969: 8) Constituição Federal de 1988: Participação popular, influência da Constituição de Weimer. Constituição Social. Admissão do voto feminino (sufrágio universal). Vigorou por apenas três anos. Período democrático de Getúlio Vargas. Constituição outorgada por um golpe de Getúlio Vargas. Suprimia a autonomia dos estados-membros, destituiu governadores, nomeou interventores e criou serviços de informações para que o presidente controlasse o povo, o Poder Judiciário e, principalmente, a imprensa. Fim da ditadura e dos regimes centralizadores. Nova constituinte, fim da Part. 1 Era Vargas. Com a deposição do presidente João Goulart pelo golpe militar de 1964, a Constituição era autoritária e ditatorial. Poderes concedidos ao Executivo. Atos institucionais que suprimiam direitos e garantias. AI nº 12. Governo de Juntas Militares. Permitia que os chefes das forças armadas governassem na ausência do presidente. Democracia, participação popular, comissões de estudos, foram colhidos os desejos da população. Proteção de direitos individuais. Características principais: formal, escrita, dogmática, rígida e popular (ou promulgada). Estrutura da Constituição Federal de Início pelo preâmbulo (menção a Deus em um Estado laico?). Constituição do Acre que não mencionou Deus foi questionada. STF: preâmbulo é base interpretativa, mas não tem força cogente. Se uma lei violar apenas o preâmbulo não pode ser questionada. - Corpo das disposições duráveis: art. 1º ao Corpo das disposições transitórias (ADCT): art. 1º ao 119 do ADCT. Regulamentação de situações específicas, cujo cumprimento exaure a norma. - Emendas constitucionais: i) comuns e ii) de revisão (do art. 3º do ADCT). - Não há hierarquia entre normas constitucionais. Todas as normas da estrutura são dotadas de supremacia e, portanto, servem de padrão para declaração de inconstitucionalidade de uma norma. A alteração depende da observância ao processo legislativo das emendas constitucionais (art. 60, CF).

4 - Lembrar que não importa se a regra está prevista na ADCT ou nas disposições duráveis. Utiliza-se o critério da especialidade. Princípios Fundamentais (art. 1º) e Objetivos Fundamentais (art. 3º). - Art. 1º: Soberania i) interna (em relação aos cidadãos) e ii) externa (em relação aos Estados estrangeiros). Noção de igualdade entre os Estados. - II, Cidadania: exercício de direitos fundamentais. - III dignidade - IV, valores sociais do trabalho e da livre iniciativa. - V pluralismo político Fenômenos que aparecem com novas Constituições: - Recepção: as normas infraconstitucionais anteriores podem (ou não) ser recepcionadas, desde que estejam materialmente de acordo com o novo texto constitucional. Lembrar que a recepção se importa com o conteúdo e não com a forma da lei anterior. Se não acontecer, a norma é revogada. - Desconstitucionalização: não existe no Brasil. Se uma Constituição não revogasse a anterior, a nova receberia a antiga como lei infraconstitucional (queda de hierarquia). -Repristinação: Lei A revoga a Lei B. Mas e a Lei C quando revoga a B? Ressurge a Lei A? Não, porque não há repristinação automática, não importa. A Lei C teria de fazer isso de forma direta ou copiar o texto. Mas e se a Lei C for declarada inconstitucional? Ela não teria revogado a B, que volta a valer. É o chamado efeito repristinatório (uma aparência). - Mutação constitucional: mudança informal da Constituição. Não mexe no texto, mas na interpretação. Ex. casamento entre homem e mulher (CF) e casamento homoafetivo (alteração jurisprudencial e não formal). - Vacatio constitucionis: período de transição entre Constituições. Eficácia e aplicabilidade das normas constitucionais - aptidão que as normas possuem para produzirem efeitos. JOSÉ AFONSO DA SILVA: i) eficácia plena: não dependem do legislador para produzir efeitos (ex. Brasília é a capital Federal); ii) contida: não depende de lei, mas deixa em aberto a possibilidade de ser restringida pelo legislador (art. 5º, inciso XIII); e iii) limitada: depende de lei para produzir seus efeitos (art. 88, art. 7º, XXVII, art. 102, 1º) e podem ser programáticas (programas para concretizar. Ex art. 211, 215, 226, 2º da CF) ou de princípio institutivo (preveem a existência de um órgão ou instituição, mas depende de atuação do legislador, ex. art. 25, 1º, 43, 1º, 224 da CF). Quando há ineficácia de uma norma limitada, por ausência de lei, existe o mandado de injunção. Ex. Greve de Servidores Públicos é constitucional, portanto, mesmo sem existir lei regulamentando, não se pode proibir (inibe lei em sentido contrário).

5 Hermenêutica Constitucional: ciência da interpretação - interpretação literal: texto puro - interpretação sistemática: observância geral - interpretação teleológica: finalidade Nossa Constituição exige um mecanismo próprio de hermenêutica. Princípios: i) unidade da Constituição; ii) efeito integrador; iii) máxima efetividade; iv) harmonização ou concordância prática; v) força normativa; vi) correção funcional. Bons estudos!