ENFERMAGEM DO TRABALHO E CIPA, UMA VERIFICAÇÃO SOBRE O CONHECIMENTO DAS EMPRESAS SOBRE ESTE TRABALHO CONJUNTO.



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Transcrição:

ENFERMAGEM DO TRABALHO E CIPA, UMA VERIFICAÇÃO SOBRE O CONHECIMENTO DAS EMPRESAS SOBRE ESTE TRABALHO CONJUNTO. Edson Carlos Sassi¹; Fernanda Moura¹; Joyce Martha Gonçalves¹; Karolina Rosa ¹ ; Pamela Angeline ¹ ; Ellen Cristina Navarro ² RESUMO Durante anos o problema do acidente relacionado ao trabalho retirou a vida de muitos trabalhadores brasileiros. Com o propósito de diminuir esta fatalidade, as indústrias começam a pensar nos serviços de saúde do trabalhador. Na década de 70 o governo federal lança uma série de medidas e leis que vem beneficiar a saúde do trabalhador. Dentro destas leis aparece uma em especial que criam a CIPA (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho) que coloca os próprios funcionários como investigadores dos riscos que podem levar aos acidentes de trabalho. Um dos profissionais que auxiliam os empregados a levantar estes riscos é o enfermeiro do trabalho, que tem conhecimento científico sobre os riscos de acidentes de trabalho e como evitá-los. Aplicamos um questionário em uma empresa a fim de verificar seu conhecimento sobre o assunto. Verificamos que a princípio a empresa conhece sobre o funcionamento da CIPA e que existe o enfermeiro do trabalho, porém não conhecem sobre as suas relações e como esta poderá contribuir na diminuição dos acidentes. Palavras chaves: Enfermagem, Prevenção, Trabalho, Comissão Interna de Prevenção de Acidentes de Trabalho. ABSTRACT For years the problem of work-related accident took the lives of many Brazilian workers. In order to reduce this fatality, the industries begin to think of the health services of the worker. In the 70s the federal government launches a series of measures and laws which benefits the health of the worker. Within these laws appears in particular that create a CIPA (Internal Commission for Accident Prevention) that puts the employees themselves as researchers of the risks that can lead to accidents. One of the professionals that assist employees to raise these risks is the nurse's work, which has scientific knowledge about the risks of accidents and how to avoid them. We applied a questionnaire in a company to check your knowledge on the subject. We found that initially the company knows about the functioning of CIPA and the nurse that there is work, but do not know about their relationship and how it can help in reducing accidents. Words - keys: Nursing Prevention, Labor, Internal Commission for the Prevention of Accidents. ¹Graduandos em Enfermagem pelo Instituto de Ensino Superior de Londrina INESUL. 2 Docente do Curso de Graduação em Enfermagem do Instituto de Ensino Superior de Londrina INESUL

INTRODUÇÃO O Acidente do trabalho não é algo novo em nossa história, pois desde a antiguidade o homem trabalha para garantir o seu sustento, e disto discorre que o acidente de trabalho poderia estar presente desde esta época. Segundo a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo - FIESP e Centro das Indústrias do Estado de São Paulo - CIESP (2003), as doenças que aparentemente são modernas como o estresse, neuroses, e as lesões por esforços repetitivos já vem sendo diagnosticadas há séculos. Porém antes da revolução industrial, o trabalho era braçal, o que fazia que o acidente de trabalho ocorresse de forma mais branda e esporádica, visto que não existiam máquinas capazes de decepar membros. O acidente de trabalho vem se intensificando desde a revolução industrial (séc. XVIII), onde não existiam condições dignas para a execução do trabalho e se potencializavam as formas de produção sem se preocupar com a segurança do trabalhador (FIESP e CIESP, 2003). No início da década de 70 (séc. XX), se fala que o Brasil é o campeão mundial em acidentes de trabalho. A partir daí, se torna crescente a preocupação com a saúde e segurança do trabalhador, tanto por parte das empresas, que por si só criam os serviços médicos, e por parte do governo, sendo criada uma série de leis e normas que visam diminuir esta triste estatística (ALBERTON, 1996). No ano de 1976, surge a lei nº 6.367 de 19 de outubro de 1976, em seu artigo 19, definindo que: Art. 19. Acidente de trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa ou pelo exercício do trabalho dos segurando no inciso VII do art. 11 desta lei, provocando lesão corporal ou perturbação funcional, que cause morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho. De acordo com esta lei, podemos considerar como acidente de trabalho, todo e qualquer tipo de lesão física ou mental, causada pelo exercício do trabalho, que retire temporariamente ou definitivamente o trabalhador do seu direito ao trabalho.

Em 1977, através da lei nº 6.514 de 22 de outubro de 1977, a Consolidações das Leis Trabalhistas - CLT tem seu artigo 155 alterado. Nesta alteração são acrescentadas as incumbências do órgão nacional responsável pela medicina e segurança do trabalho, nas quais se destaca a coordenação, orientação, controle e supervisão de toda a fiscalização e as demais atividades relacionadas à segurança e medicina do trabalho no território nacional. Em 1978, o Ministério do Trabalho e Emprego publica a Norma Regulamentadora número 4 (NR 4) que trata sobre o Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho. Segundo o item 4.1 desta NR (1978), todas as empresas públicas e privadas que tiverem empregados regidos pela Consolidação das Leis Trabalhistas - CLT, manterão obrigatoriamente o Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho SESMT. Em seu item 4.4 a NR 4 (1978) diz que um dos integrantes do SESMT, deverão ser o Enfermeiro do trabalho e o técnico de segurança do trabalho, ou seja, é função do enfermeiro do trabalho como membro da equipe que compõe o SESMT, aplicar os seus conhecimentos ao ambiente de trabalho e a todos os seus componentes, inclusive máquinas e equipamentos, de modo a reduzir ou eliminar os riscos existentes à saúde do trabalhador (NR 4, 1978, item 4,12 a). A enfermagem por sua vez, surge por volta do ano de 1854, quando Florence Nightingale, junto com outras 38 voluntárias, se dirigem para a guerra da Criméia com o objetivo de cuidar dos feridos (COREN SP). No Brasil, a enfermagem surge com Ana Neri, que seguindo os passos de Florence, vai até a guerra do Paraguai (1864-1870), onde seu marido e seus filhos estavam lutando pelo país, na intenção de cuidar dos feridos da guerra (COREN SP). A profissão de enfermeiro torna-se livre em todo o território nacional em 8 de julho de 1987, pela lei nº 94406 de 8 de julho de 1987, onde em seu artigo 8, diz que é uma das funções do enfermeiro: a participação nos programas de higiene e segurança do trabalho e de prevenção de acidentes e de doenças profissionais e do trabalho.

CIPA Comissão Interna de Prevenção de Acidente de Trabalho Na década de 70, juntamente com as ações que eram tomadas para a diminuição do acidente do trabalho o Ministério do Trabalho e Emprego, aprovam a Norma Regulamentadora 5 (NR 5, 1978) que trata sobre a criação da Comissão Interna de Prevenção de Acidente do trabalho CIPA. Toda empresa, seja esta pública, privada, sociedade de economia mista, órgão de administração direta ou indireta, instituições beneficentes, associações recreativas, cooperativas, bem como outras instituições que admitam trabalhadores como empregados devem manter um serviço de CIPA por empresa e mantê-los regularmente funcionando (NR 5, 1978, item 5.2). A CIPA tem por objetivo a prevenção de acidentes e doenças decorrentes do trabalho, de modo a tornar compatível permanentemente o trabalho com a prevenção da vida e a promoção da saúde do trabalhador (NR 5, 1978, item 5.5). Dentro deste contexto, a CIPA terá a função de identificar os riscos do ambiente do trabalho e minimizá-los onde os mesmos possam existir e verificar quais as doenças inerentes daquela atividade ocupacional, e realizar a sua prevenção por meio de ações que possam promover a saúde física e mental do trabalhador, tanto dentro do ambiente do trabalho, como em seu ambiente social e familiar (NR 5, 1978). Faz parte da comissão, uma quantidade de membros que é definida de acordo com a quantidade de colaboradores e o grau de risco da empresa, conforme o quadro 1 da NR 5 (1978). Podem fazer parte da comissão, qualquer funcionário da empresa, sendo que metade da comissão é composta por representantes dos trabalhadores que são escolhidos através de eleição, e a outra metade são os representantes da empresa, os quais são indicados pela própria empresa, sem necessidade de eleição (NR 5, 1978). Dentre as atribuições da CIPA, algumas delas são desenvolvidas juntamente com o SESMT (Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho), dentre as quais são:

a) Identificar os riscos do processo de trabalho, e elaborar o mapa de riscos, com a participação do maior número de trabalhadores, com assessoria do SESMT, onde houver; g) Participar, com o SESMT, onde houver, das discussões promovidas pelo empregador, para avaliar os impactos de alterações no ambiente e processo de trabalho relacionados à segurança e saúde dos trabalhadores; h) Requerer ao SESMT, quando houver, ou ao empregador, a paralisação de máquina ou setor onde considere haver risco grave e iminente à segurança e saúde dos trabalhadores; i) Participar, em conjunto com o SESMT, onde houver, ou com o empregador, da análise das causas das doenças e acidentes de trabalho e propor medidas de solução dos problemas identificados; o) Promover, anualmente, em conjunto com o SESMT, onde houver a Semana Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho SIPAT (NR 5, 1978, item 5.16). De acordo com a mesma NR, a CIPA terá que realizar reuniões mensais e extraordinárias, de acordo com a necessidade, sendo que estas reuniões deverão ser realizadas em qualquer local da empresa e dentro da jornada de trabalho dos membros da comissão. Em todas as reuniões deverão ser lavradas atas com o conteúdo da reunião e ficar a disposição dos órgãos fiscalizadores (NR 5, 1978, itens 5.23, 5.24 e 5.25). Para que a comissão possa desenvolver seu trabalho, de acordo com a NR 5 (1978) os representantes da comissão deverão passar por treinamento, no qual este deverá abordar os temas necessários para a execução da prevenção dos riscos ocupacionais e promoção da saúde. Este treinamento poderá ser ministrado também pelo SESMT. A enfermagem do trabalho e a CIPA Dentro das funções da CIPA, algumas delas são desenvolvidas em conjunto com o SESMT, essas ações vão desde o treinamento da comissão, o levantamento dos riscos, a análise de impactos no desenvolvimento de alguma nova

função, a paralisação de algum equipamento que possa causar prejuízos os trabalhadores, análise das causas das principais doenças dos trabalhadores, até a realização da semana interna de prevenção de acidentes do trabalho. O enfermeiro do trabalho é um dos profissionais que faz parte do SESMT, sendo assim, mesmo sem fazer parte da comissão, poderá ajuda - lá a desenvolver sua função. Cabe à enfermagem do trabalho a aplicação dos conhecimentos e dos princípios de enfermagem a fim de promover, conservar e restaurar a saúde do trabalhador. Este processo desenvolvido pelo enfermeiro do trabalho é conhecido como processo de enfermagem, que tem por objetivo incrementar os procedimentos de enfermagem prestados aos indivíduos, família e comunidade, por meio de ações adequadas ao colaborador. O processo de enfermagem segue um conjunto de etapas, são elas: o conhecimento dos locais de trabalho e dos trabalhadores; identificação dos riscos e perigos do ambiente de trabalho; verificação dos trabalhadores com predisposição às doenças e consultas de enfermagem a trabalhadores em risco (ANTUNES, 2009). Deste modo, podemos verificar que ação desenvolvida pelo enfermeiro do trabalho e a CIPA em muitos aspectos são comuns, ou seja, a CIPA poderá contribuir para a enfermagem do trabalho com o levantamento dos riscos de cada colaborador, visto que os mesmo estão inseridos no quadro de funcionários e a enfermagem poderá contribuir com a CIPA com os conhecimentos científicos que o enfermeiro possui, visando a diminuição dos riscos e a promoção da saúde do trabalhador. METODOLOGIA E RESULTADOS Partindo destes aspectos levantados entre a enfermagem do trabalho e a CIPA, foi elaborado um questionário a ser aplicado em uma empresa que atenda as normas da legislação, que possua um serviço de CIPA e um serviço de SESMT. Constam no questionário cinco questões discursivas, abordando os conhecimentos da empresa com relação à atuação da CIPA, enfermagem do trabalho e em que momento as duas tem a sua atuação conjunta.

As perguntas elaboradas no questionário são: 1 Como a CIPA funciona e qual sua função? 2 Qual a equipe da CIPA? 3 Qual a sua estrutura física e funcional? 4 A enfermagem, o que faz na CIPA? 5 Como montar um serviço de CIPA? Este questionário foi aplicado em uma empresa de grande porte na cidade de Londrina PR que tem como ramo de atividade a produção de defensivos agrícolas. As respostas foram fornecidas por Guilherme Cremonese, que atua como gerente de engenharia desta empresa e foi presidente as CIPA gestão 2010/2011. O resultado que obtivemos da pesquisa segue abaixo: Ao perguntarmos sobre como a CIPA funciona e qual sua função, obtivemos a resposta que a CIPA tenta seguir o descrito na NR 5, realizando reuniões mensais onde são realizadas as avaliações de possíveis acidentes e atos inseguros, que levem a um acidente. Há também inspeções diárias de segurança, assim como mapa de risco em todas as áreas da empresa. Quando questionados sobre qual a equipe de CIPA, com o objetivo de conhecer a constituição desta equipe, fomos informados que a empresa possui dois CNPJ (Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica) diferentes, sendo que um para o administrativo da empresa e outro para a parte operacional, sendo que em cada cadastro de empresa existia um serviço de CIPA, porém as ações eram desenvolvidas em conjunto. Cada uma das comissões existentes é formada por parte dos membros eleitos e parte indicada, conforme observado na NR 5. No que diz respeito à estrutura física e funcional, as reuniões são realizadas em salas da empresa, normalmente na segurança do trabalho. Também procuram manter os membros da CIPA em diversos setores e horários, a fim de garantir a presença da comissão á todos os colaboradores. Realizam a SIPAT (Semana Interna Prevenção de Acidentes do Trabalho) anualmente com carga horária mínima de 20 horas, sendo que a última teve com tema a segurança no trânsito.

Sobre o papel da enfermagem na CIPA, a resposta foi que a enfermagem não atua diretamente na CIPA, porém pode contribuir nas questões de ergonomia e munir a CIPA com informações, já que a enfermagem faz parte do SESMT. Para montar um serviço de CIPA, fomos informados que é necessário seguir a NR 5 e caso queira maior esclarecimento, poderá obter através da delegacia regional do trabalho ou o Serviço Social da Indústria SESI. É preciso que a empresa tenha no mínimo 50 funcionários e que se conheça o seu grau de risco. CONSIDERAÇÕES FINAIS Dentre os aspectos levantados anteriormente e o resultado das pesquisas obtidas, podemos retirar as seguintes conclusões: No que diz respeito à estrutura da CIPA, a empresa conhece seu funcionamento, pois segundo o descrito, a comissão deverá manter reuniões mensais pra discutir possíveis riscos e falhas que possam contribuir para o aumento dos acidentes de trabalho, e o mesmo foi apontado como sendo praticado pela empresa. Sobre a equipe da CIPA, a empresa sabe como deve ser constituída a equipe de CIPA, sobretudo quando diz que possui duas comissões que realizam trabalhos em conjunto, estando de acordo com o disposto na NR 5. Quanto a estrutura física e funcional, a empresa apontou que possui uma sala onde normalmente são realizadas as reuniões e tenta manter os funcionários distribuídos em diversos setores e horários. Esta iniciativa é muito positiva, visto que pela NR5 não existe esta recomendação, porém com a presença de um membro nos diversos setores e horários, fica facilitado o levantamento dos locais de risco e alternativas para saná-los. Outro ponto a salientar é a realização da SIPAT anualmente com carga horária equivalente ao estipulado na NR5, sendo que na mesma NR, é solicitado que se aborde temas relacionados á acidentes de trabalho. A empresa optou em trabalhar no último ano com acidentes de trânsito, um ponto positivo, visto que seus funcionários correm riscos diários no transito para se deslocar até o seu local de trabalho.

Para montar um serviço de CIPA, a empresa conhece os serviços de apoio para estes serviços, tendo citado como a delegacia regional do trabalho ou o SESI. Também informou que é preciso seguir o descrito na NR 5, e que é necessário uma quantidade mínima de 50 funcionários para se ter o serviço e que se conheça o seu grau de risco. Neste quesito, é necessário conhecer o quais são os riscos existentes na empresa para se determinar a quantidade de funcionários, porém a comissão deverá existir a partir de um número de 20 funcionários. Com relação ao papel da enfermagem na CIPA, a empresa conhece que a enfermagem faz parte do SESMT, porém não conhece as suas funções específicas dentro do SESMT e como ela poderá ajudar diretamente a CIPA a desempenhar seu papel. REFERÊNCIAS BRASIL. Lei nº 7.498, de 25 de junho de 1986. BRASIL. Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991. BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. NR 4 Serviços especializados em engenharia de segurança e em medicina do trabalho. De 08 de junho de 1978. Disponível em: <http://portal.mte.gov.br/data/files/8a7c812d308e21660130d26e7a5c0b97/nr_04.p df>. Acesso em: 05 de outubro de 2011. BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. NR 5 Comissão interna de prevenção de acidentes. De 08 de junho de 1978. Disponível em: < http://portal.mte.gov.br/data/files/8a7c812d311909dc0131678641482340/nr_05.pdf>. Acesso em: 05 de outubro de 2011. BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. NR 7 Programa de controle médico de saúde ocupacional. De 08 de junho de 1978. Disponível em: < http://portal.mte.gov.br/data/files/ff8080812be914e6012bef19c09e2799/nr_07_ssst.pdf>. Acesso em: 05 de outubro de 2011. ALBERTON, Anete.Uma metodologia para auxiliar no gerenciamento do riscos e na seleção de alternativas de investimentos em segurança. De 05 de novembro de 2011. Disponível em: <http://www.eps.ufsc.br/disserta96/anete/cap2/cap2_ane.htm>.