II Congresso Nacional de Formação de Professores XII Congresso Estadual Paulista sobre Formação de Educadores



Documentos relacionados
5 Considerações finais

Disciplina: Alfabetização

O REGISTRO COMO INSTÂNCIA DE FORMAÇÃO DO PROFESSOR

O COORDENADOR PEDAGÓGICO COMO FORMADOR: TRÊS ASPECTOS PARA CONSIDERAR

A aula de leitura através do olhar do futuro professor de língua portuguesa

O AMBIENTE MOTIVADOR E A UTILIZAÇÃO DE JOGOS COMO RECURSO PEDAGÓGICO PARA O ENSINO DE MATEMÁTICA

SIGNIFICADOS ATRIBUÍDOS ÀS AÇÕES DE FORMAÇÃO CONTINUADA DA REDE MUNICIPAL DE ENSINO DO RECIFE/PE

PIBID: DESCOBRINDO METODOLOGIAS DE ENSINO E RECURSOS DIDÁTICOS QUE PODEM FACILITAR O ENSINO DA MATEMÁTICA

Profa. Ma. Adriana Rosa

ÁLBUM DE FOTOGRAFIA: A PRÁTICA DO LETRAMENTO NA EDUCAÇÃO INFANTIL 59. Elaine Leal Fernandes elfleal@ig.com.br. Apresentação

TIPOS DE REUNIÕES. Mariangela de Paiva Oliveira. As pessoas se encontram em diferentes âmbitos:

O professor que ensina matemática no 5º ano do Ensino Fundamental e a organização do ensino

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO DE JANEIRO CÁTEDRA UNESCO DE LEITURA PUC-RIO

JUQUERIQUERÊ. Palavras-chave Rios, recursos hídricos, meio-ambiente, poluição, questão indígena.

OS MEMORIAIS DE FORMAÇÃO COMO UMA POSSIBILIDADE DE COMPREENSÃO DA PRÁTICA DE PROFESSORES ACERCA DA EDUCAÇÃO (MATEMÁTICA) INCLUSIVA.

RELENDO A HISTÓRIA AO LER HISTÓRIAS

Empreenda! 9ª Edição Roteiro de Apoio ao Plano de Negócios. Preparamos este roteiro para ajudá-lo (a) a desenvolver o seu Plano de Negócios.

O Planejamento Participativo

Guia Prático para Encontrar o Seu.

CASTILHO, Grazielle (Acadêmica); Curso de graduação da Faculdade de Educação Física da Universidade Federal de Goiás (FEF/UFG).

difusão de idéias QUALIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL Um processo aberto, um conceito em construção

Investigando números consecutivos no 3º ano do Ensino Fundamental

A produção de leituras da obra A maior flor do mundo

BROCANELLI, Cláudio Roberto. Matthew Lipman: educação para o pensar filosófico na infância. Petrópolis: Vozes, RESENHA

Papo com a Especialista

Construção, desconstrução e reconstrução do ídolo: discurso, imaginário e mídia

FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES 1

OS SABERES NECESSÁRIOS À PRÁTICA DO PROFESSOR 1. Entendemos que o professor é um profissional que detém saberes de variadas

AS CONTRIBUIÇÕES DAS VÍDEO AULAS NA FORMAÇÃO DO EDUCANDO.

18/11/2005. Discurso do Presidente da República

Pedagogia Estácio FAMAP

Avaliação-Pibid-Metas

MÓDULO 5 O SENSO COMUM

ENSINO E APRENDIZAGEM DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS, COM A UTILIZAÇÃO DE JOGOS DIDÁTICOS: RELATO DE EXPERIÊNCIA.

Indicamos inicialmente os números de cada item do questionário e, em seguida, apresentamos os dados com os comentários dos alunos.

ProfMat 2014 TAREFAS PARA A SALA DE AULA DE MATEMÁTICA

X Encontro Nacional de Educação Matemática Educação Matemática, Cultura e Diversidade Salvador BA, 7 a 9 de Julho de 2010

EDUCAÇÃO ALGÉBRICA, DIÁLOGOS E APRENDIZAGEM: UM RELATO DO TRABALHO COM UMA PROPOSTA DIDÁTICA 1

O ESTÁGIO SUPERVISIONADO COMO ESPAÇO DE CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE DOCENTE DE LICENCIANDOS EM MATEMÁTICA

Redação do Site Inovação Tecnológica - 28/08/2009. Humanos aprimorados versus humanos comuns

REGISTROS REUNIÃO DO PROGRAMA ENERGIA SOCIAL NA E.E SALVADOR MORENO MUNHOZ. TEORODO SAMPAIO - SP

O céu. Aquela semana tinha sido uma trabalheira!

Três exemplos de sistematização de experiências

*Doutora em Lingüística (UNICAMP), Professora da Universidade Federal de Viçosa (UFV).

JUSTIFICATIVA DA INICIATIVA

ERRADICAR O ANALFABETISMO FUNCIONAL PARA ACABAR COM A EXTREMA POBREZA E A FOME.

A ÁLGEBRA NO ENSINO FUNDAMENTAL: RELATO DE UMA EXPERIÊNCIA DE INTERVENÇÃO

A educadora avalia a formação de nossos professores para o ensino da Matemática e os caminhos para trabalhar a disciplina na Educação Infantil.

Gráfico 1 Jovens matriculados no ProJovem Urbano - Edição Fatia 3;

REFLEXÕES SOBRE A PRODUÇÃO DE SIGNIFICADO NA MATEMÁTICA ESCOLAR

Daniel Chaves Santos Matrícula: Rio de Janeiro, 28 de maio de 2008.

O uso de jogos no ensino da Matemática

REPRESENTAÇÕES DE AFETIVIDADE DOS PROFESSORES NA EDUCAÇÃO INFANTIL. Deise Vera Ritter 1 ; Sônia Fernandes 2

Formação de PROFESSOR

Objetivo principal: aprender como definir e chamar funções.

Curso de Disseminação da Metodologia do PAIR CLIPPING DIÁRIO

como a arte pode mudar a vida?

RELATÓRIO FINAL ALFABETIZAÇÃO 2010

MÍDIAS NA EDUCAÇÃO Introdução Mídias na educação

compreensão ampla do texto, o que se faz necessário para o desenvolvimento das habilidades para as quais essa prática apresentou poder explicativo.

Conteúdos: Pronomes possessivos e demonstrativos

PRATICANDO O RCNEI NO ENSINO DE CIÊNCIAS - A CHUVA EM NOSSA VIDA! RESUMO

Copos e trava-línguas: materiais sonoros para a composição na aula de música

Educação Patrimonial Centro de Memória

A ORALIZAÇÃO COMO MANIFESTAÇÃO LITERÁRIA EM SALA DE AULA

INTERPRETANDO A GEOMETRIA DE RODAS DE UM CARRO: UMA EXPERIÊNCIA COM MODELAGEM MATEMÁTICA

OS PROJETOS DE TRABALHO E SUA PRODUÇÃO ACADÊMICA NOS GT07 E GT12 DA ANPED ENTRE OS ANOS 2000/2013

Atividades lúdicas na educação o Caminho de tijolos amarelos do aprendizado.

ESTATÍSTICA BÁSICA NO CURSO DE TÉCNICO INTEGRADO DE SEGURANÇA DO TRABALHO

Programa Observatório da Educação Projeto N Desafios Educação de Jovens e Adultos integrada a Educação profissional: identidades dos sujeitos,

O PSICÓLOGO (A) E A INSTITUIÇÃO ESCOLAR ¹ RESUMO

OLIMPIADAS DE MATEMÁTICA E O DESPERTAR PELO PRAZER DE ESTUDAR MATEMÁTICA

DIFICULDADES ENFRENTADAS POR PROFESSORES E ALUNOS DA EJA NO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM DE MATEMÁTICA

Coleta de Dados: a) Questionário

O Princípio da Complementaridade e o papel do observador na Mecânica Quântica

ÁGORA, Porto Alegre, Ano 4, Dez ISSN EDUCAR-SE PARA O TRÂNSITO: UMA QUESTÃO DE RESPEITO À VIDA

1. Eu tenho problema em ter minhas necessidades satisfeitas

podres mecanismo de seleção no acesso às escolas municipais de alto prestígio da cidade do Rio de Janeiro (CHAMARELLI, 2007a). Vale destacar que um

QUANTO VALE O MEU DINHEIRO? EDUCAÇÃO MATEMÁTICA PARA O CONSUMO.

A INCLUSÃO DOS PORTADORES DE NECESSIDADES ESPECIAIS EDUCATIVAS NAS SÉRIES INICIAIS SOB A VISÃO DO PROFESSOR.

As contribuições do PRORROGAÇÃO na formação continuada dos professores da Rede Municipal de Educação de Goiânia.

O QUE OS ALUNOS DIZEM SOBRE O ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA: VOZES E VISÕES

Disciplina Corpo Humano e Saúde: Uma Visão Integrada - Módulo 3

MODELAGEM MATEMÁTICA: PRINCIPAIS DIFICULDADES DOS PROFESSORES DO ENSINO MÉDIO 1

Dinheiro Opções Elvis Pfützenreuter

A RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS NO ENSINO DAS PROPRIEDADES DE POTÊNCIAS

CONSTITUINDO REFERENCIAIS TEÓRICO-METODOLÓGICOS: CONTRIBUIÇÕES DO PIBID PARA O TRABALHO COM ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO

OS SABERES PROFISSIONAIS PARA O USO DE RECURSOS TECNOLÓGICOS NA ESCOLA

BEM-VINDA!!

Composição dos PCN 1ª a 4ª

PROVA BRASIL E PRÁTICAS PEDAGÓGICAS

A INFLUÊNCIA DOCENTE NA (RE)CONSTRUÇÃO DO SIGNIFICADO DE LUGAR POR ALUNOS DE UMA ESCOLA PÚBLICA DE FEIRA DE SANTANA-BA 1

Projeto: Barulhinho Bom Música e Movimento na Educação Infantil I

Projetos e Referencial Curricular Nacional par a a Educação Infantil

PSICOLOGIA E EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS: COMPROMISSOS E DESAFIOS

Projeto Bem-Estar Ambiente, educação e saúde: sustentabilidade local. Tema 9 - Elaboração de projetos de intervenção nas escolas

Coordenadoria de Educação CADERNO DE REVISÃO Matemática Aluno (a) 5º ANO

O que a Bíblia diz sobre o dinheiro

Educação Infantil - Ensino Fundamental - Ensino Médio. Atividade: Reflexão sobre Amadurecimento e Relacionamento Interpessoal

Transcrição:

II Congresso Nacional de Formação de Professores XII Congresso Estadual Paulista sobre Formação de Educadores O DIREITO DA CRIANÇA DA EDUCAÇÃO INFANTIL À LEITURA LITERÁRIA E A FORMAÇÃO DE PROFESSORES Maria Beatriz Telles Eixo 2 - Projetos e práticas de formação continuada - Relato de Experiência - Apresentação Oral Resumo: Esse texto apresenta o relato de ações formativas no contexto de um programa de formação continuada, com a participação de noventa e quatro professores e vinte e seis coordenadores, de crianças de quatro e de cinco anos, das escolas de educação infantil públicas de Paragominas (PA). As ações formativas relatadas aconteceram no primeiro semestre de 2012. O texto parte das ideias, defendidas por alguns autores, da literatura como uma necessidade humana e da leitura literária como um direito a que todos devem ter acesso para garantir a possibilidade de escolha futura de qual literatura se quer fruir. Enfatiza a importância da leitura em voz alta realizada pelo professor como porta de entrada de crianças da Educação Infantil no universo da leitura literária, e introduz uma reflexão sobre a importância de o professor garantir condições que favoreçam que as crianças construam seu próprio sentido sobre o texto lido em voz alta para elas. As ações de formação realizadas, algumas das quais aqui relatadas, partiram dos critérios que os professores declararam utilizar na escolha dos livros literários que liam para as crianças, e tinham como objetivo ajudá-los a garantir as condições necessárias para a realização da leitura literária nas escolas. Palavras-chave: direito à literatura, leitura pelo professor, ações formativas. 4162

O DIREITO DA CRIANÇA DA EDUCAÇÃO INFANTIL À LEITURA LITERÁRIA E A FORMAÇÃO DE PROFESSORES Maria Beatriz Telles. Comunidade Educativa CEDAC Introdução Por que lemos para as crianças? Por que gastamos uma grande energia humana e econômica em torno do ato de ler? Não lemos para as crianças a fim de que se convertam em grandes leitores, e sim porque sabemos que essas leituras permitem que elas determinem algo fundamental para si: a descoberta de que os textos são coisas que têm um sentido, uma pluralidade de sentidos, e que cada sujeito deve trabalhar um pouco para chegar a construir o sentido em seu espírito. Evelio Cabrejo Parra 4163 O papel da literatura na formação do homem vem sendo debatido por vários autores. Yolanda Reyes (2010) considera que o que torna a experiência literária significativa é o fato de que a literatura traz ao leitor notícias de si mesmo e notícias dos outros, que são ao mesmo tempo distintas e essencialmente semelhantes (p. 91). A autora refere-se à possibilidade de que, por meio da literatura, pode-se entender nossa humanidade comum. Antonio Candido (1972) destaca um certo tipo de função psicológica (p. 2) da literatura, na medida em que ela atende à necessidade de ficção e fantasia que, como afirma: (...) corresponde a uma necessidade universal que deve ser satisfeita sob pena de mutilar a personalidade, porque pelo fato de dar forma aos sentimentos e à visão do mundo ela nos organiza, nos liberta do caos e, portanto, nos humaniza. (CANDIDO, 1995, p. 6) Essa necessidade, cuja satisfação constitui um direito, como defende o autor, diz respeito à literatura num sentido mais amplo, considerada aqui como qualquer forma de criação ficcional ou poética. Entretanto, para o mesmo autor (CANDIDO, 1995) a literatura de massa, como o folclore, canções populares, novelas, são importantes e nobres, mas é grave considerá-las suficientes [...] (p. 6). Pode-se concluir que para se exercer plenamente o direito à literatura é preciso que o direito à escolha de que tipo de literatura se quer fruir seja garantido. Isso significa dizer que o acesso, também, às formas mais complexas de literatura precisa ser garantido. 1

Zilberman (1988) dá à obra literária um papel de destaque pela possibilidade de atuar como mediadora entre cada leitor e a realidade, na medida em que representa simbolicamente o mundo. Referindo-se à obra literária a autora defende: [...] sendo uma imagem simbólica do mundo que se deseja conhecer, ela nunca se dá de maneira completa e fechada. Pelo contrário, sua estrutura marcada pelos vazios e pelo inacabamento das situações e figuras propostas, reclama a intervenção de um leitor, o qual preenche essas lacunas, dando vida ao mundo formulado pelo escritor. (p. 19) Pode-se considerar, portanto, que quanto maior o acesso também à leitura literária, mais igualitária é a sociedade. Nas instituições de Educação Infantil, principalmente nas escolas públicas que atendem, em sua maioria, à população que, pelas circunstâncias de exclusão, faz um uso menor das práticas de leitura, o acesso ao mundo da literatura pode ser influenciado pela mediação do professor nas situações de leitura em que ele empresta a sua voz ao ler para as crianças, possibilitando que construam sentido sobre o texto escrito. Reyes (op. cit,) afirma que [...] a literatura lida em voz alta pelos adultos oferece à criança demonstrações contundentes sobre o significado revelador que pode seguir encontrando nos textos (p. 83). Bruley (2012), especialista em literatura infantil, corrobora a importância da leitura literária em voz alta para crianças: Ler um texto, mais do que contar ou comentar as ilustrações, permite dar peso à escrita da narrativa, permite que a obra ela mesma revele à criança o segredo de suas fantasias e de seu mundo interior e, assim, estruture a própria identidade para melhor encontrar seu lugar entre os outros e, mais tarde, como cidadã. O que se tem como hipótese é que as histórias que crianças conhecem por meio da leitura feita por professores parecem servir como substrato para sua fantasia e apoiar a construção de uma pluralidade de sentidos entre elas. Entretanto, para que a leitura realizada em voz alta pelo professor para as crianças cumpra esse papel de possibilitar que elas entrem em contato com a literatura e possam construir seus sentidos para as histórias que ouvem, é preciso que algumas condições sejam garantidas. Dentre elas, é preciso que os livros escolhidos contenham alguns atributos formais que garantam a sua qualidade enquanto legítimos representantes do que possa ser considerado como produção literária. Chega-se assim a um ponto polêmico: como classificar uma obra voltada às crianças como literária? Quais critérios devem ser utilizados para a seleção das leituras a serem feitas 4164 2

às crianças? Como ajudar os professores de educação infantil a definirem critérios que apoiem a escolha de livros para ler aos pequenos? Essas questões têm relação com a recepção pela criança do gênero da literatura que, desde seu início, foi marcado por preconceitos (como se não fosse literatura) e pelas características pragmáticas de ensinar valores morais ou informar apenas sobre temas considerados adequados às crianças (ZILBERMAN, 1998). No texto em que apresentam o instrumento de avaliação utilizado pelos pareceristas que selecionaram o acervo do Plano Nacional de Biblioteca Escolar (PNBE, 2005), Andrade e Corsino (2007) fazem referência à função pragmática que frequentemente caracteriza a literatura infantil: Observamos na literatura infantil, com muita frequência, a presença de uma vertente moralizante e educativa, o que se explica por sua origem histórica. Desde sua gênese, a literatura infantil teve como um dos seus objetivos básicos inculcar valores, mudar comportamentos ou informar as crianças sobre os mais diversos assuntos através de histórias e personagens do mundo ficcional. (p. 82) As autoras ressaltam que Tal fato foi reiterado em nossa pré análise do acervo enviado pelas editoras (p. 90). Assim, afirmam que, como critério na seleção já mencionada, optou-se por considerar como literatura infantil os textos que [...] intentassem agenciar o imaginário dos leitores, que fossem detonadores de um jogo de significações que excita o imaginário a participar de possibilidades da composição de outros mundos (p.82). Robledo, autora e pesquisadora de literatura infantil, corrobora defendendo que, como a literatura tem uma função estética, é importante garantir à literatura infantil sua condição de literatura, o que de imediato a torna uma obra artística. Como manifestação de arte, apela à imaginação, à sensibilidade e aos sentimentos do leitor e se situa no universo do possível. É o mundo do imaginável possível, criado através da linguagem escrita (ROBLEDO, 2004). Ao abordar a função estética da literatura, passa-se a considerar a valorização da qualidade literária. Colomer defende que os critérios de qualidade da literatura infantil considerem também a qualidade da experiência estética que a obra é capaz de provocar no leitor. Fazendo referência aos critérios que os professores devem utilizar na escolha das obras literárias a serem lidas para crianças a autora indica que os docentes saibam analisar e avaliar livros que oferecem outras formas de fruição para que possam levar as crianças a descobrir prazeres que exigem crescente elaboração (COLOMER, 2007, p. 69). 4165 3

4166 Os critérios que os autores abordados até aqui utilizam para delimitar a literatura infantil têm em comum a consideração do papel ativo do leitor na construção de sentido. Assim, podese considerar que outra condição que o professor precisa garantir para favorecer o acesso das crianças à leitura literária está relacionada ao lugar que elas ocupam nas leituras que ouvem na escola. A compreensão do lugar que os leitores ocupam e do protagonismo do leitor na construção de sentido do texto escrito é sustentada pela concepção de leitura como espaço de interação humana e, ao mesmo tempo, uma experiência essencialmente individual, que caracteriza o postulado de Bakhtin para quem, nas palavras de Colello (2010), tem o mérito de recuperar a natureza essencialmente linguística da leitura, isto é, um processo interativo instituído pelo encontro de pessoas (o autor, o leitor e as múltiplas vozes que eles representam) que incide sobre a construção e reconstrução de significados (p. 48). A partir dessa concepção dialógica da leitura abordada pela autora é que se entende que o leitor, com toda a sua singularidade, dá sentido ao texto. Geraldi (1988) afirma que a leitura é um processo de construção de significados pelo leitor, mediado pelo texto escrito, e ressalta: Esta produção de significações é uma flecha em dois sentidos: ao ler o leitor trabalha produzindo significações e é nesse trabalho que ele se constrói como leitor. Suas leituras prévias, sua história de leitor, estão presentes como condição de seu trabalho de leitura e esse trabalho o constitui leitor e assim sucessivamente (p. 80). Portanto, a construção de sentido de uma obra literária é individual, porque pressupõe um processo pessoal e singular de significar o texto e é, ao mesmo tempo, interpessoal, porque os sentidos são construídos no intervalo entre o leitor e o texto. Colomer ressalta a importância da valorização do texto para a valorização do efeito provocado no leitor, a partir da teoria da recepção que, segundo ela, coincide com o postulado da psicolinguística na relevância dada ao protagonismo do leitor. Na reconstituição que faz da forma como historicamente a formação do leitor literário foi tratada, a autora destaca que A teoria da recepção insistiu que o texto não é o único elemento do fenômeno literário, mas é também a reação do leitor e que, por conseguinte, é preciso explicar o texto a partir dessa reação (COLOMER, 2003, p. 95). Assim, a leitura passa a ser compreendida como uma busca de significado por parte do leitor em uma postura ativa, pois cada leitor constrói seu significado próprio e único a partir da complexidade de sua experiência de vida e da sua experiência literária (COLOMER, p. 133). Retomando a teoria da recepção, Zilberman (2011) afirma que este conceito contribuiu para a ampliação da teoria da literatura cuja indiferença pelo leitor era evidente (p. 113). 4

Na contramão da consideração do protagonismo do leitor na construção de sentido, Colello (2010) denuncia o analfabetismo funcional i como evidência da ineficiência das práticas de ensino da leitura sustentadas por concepções que têm em comum a crença na imobilidade linguística. Segundo a autora, O apelo para uma única leitura possível exclui o leitor de um envolvimento mais ativo do sujeito que, de fato, permanece à margem do processo comunicativo (p. 48). Nessa mesma lógica, ao analisar os trabalhos que a pesquisadora Michéle Petit tem publicado sobre o papel do professor na formação literária da criança, Perissé (2011) ressalta que, A recepção de um texto por seus leitores ultrapassa os limites impostos por uma única leitura autorizada. É fundamental que o professor se desvencilhe desta concepção controladora que tem caracterizado a leitura em ambiente escolar (p. 52). Na análise que faz de como devem ser as práticas educativas relacionadas à leitura literária a partir das teorias que consideram o protagonismo do leitor na construção de sentido, Colomer (2003) considera que O principal derivado deste enfoque é que se a literatura oferece uma maneira articulada de reconstruir a realidade, de gozar dela esteticamente, de explorar os pontos de vista próprios através da apresentação de outras alternativas ou de reconciliar-se com os conflitos através de uma experiência pessoal e subjetiva. O papel do professor deveria ser, principalmente, o de questionar e enriquecer as respostas, o de esclarecer a representação da realidade, que a obra pretendeu construir. (p. 133) Relacionado à construção de sentido pela criança nas situações de leitura em voz alta pelo professor está também o fato de que, à luz da concepção dialógica, ao ler o professor não empresta somente a sua voz para as crianças construírem sentido sobre o texto literário. Ao ler, o professor está intimamente envolvido com o texto e constrói, ele próprio, sentido sobre o que lê. Assim, a entonação que usa para ler traduz, de certa forma, o sentido que ele dá ao texto e registra a presença do outro (FREITAS, 1999, p. 145), ou seja, do professor, na recepção da leitura pela criança. Referindo-se ao sentido que Bakhtin dá à entonação, Freitas menciona que a entonação, assim como os gestos, revela [...] uma posição social ativa com respeito a certos valores específicos [...] e [...] situa-se na fronteira entre o que é dito com o que não é dito (p.145). Portanto, uma última condição abordada nesse texto refere-se a como o professor realiza a leitura de forma a explicitar a sua própria interpretação a partir da entonação de sua voz considerando as crianças também como leitoras participantes, como sujeitos que 4167 5

constroem seus próprios sentidos. Sobre isso, GERALDI (2011, p. 92) alerta que O professor [...] é também leitor e sua leitura é uma das leituras possíveis ; e Bruley (2012) indica que: Redescobre-se, hoje, o valor da leitura em voz alta, que preserva a credibilidade e a permanência do texto. Mesmo com os bem pequenos, se o texto permitir e valer a pena, a leitura em voz alta fica a serviço da qualidade literária de uma obra. Que seja um parente, ou um educador, é bom que a escrita do autor seja respeitada o máximo possível. Com essa atitude de reserva, é possível deixar a criança ser mais autônoma, deixá-la entrar mais no pensamento do autor do que no da pessoa que conta. Deixemos que o autor seja essa terceira pessoa entre a criança e nós. Essas considerações apresentadas até o momento contextualizam e justificam o arcabouço teórico que orientava as ações formativas realizadas em contexto de formação continuada ii, motivadas pelas informações que os professores compartilharam como resposta à seguinte pergunta: Quais critérios vocês, professores de crianças de 4 e 5 anos, costumam utilizar na escolha dos livros que leem para as crianças? As respostas indicadas foram: - O livro precisa ter muitas imagens para as crianças se interessarem. - A linguagem tem que ser simples para elas entenderem. - Precisa ensinar algo... - São as crianças que escolhem. - Tem que ser curtinho para prender a atenção. - Não pode ter palavras difíceis iii. Essas respostas, além da observação de algumas rodas de leitura que a formadora assistira para definir o panorama da prática local e se aproximar dos conhecimentos prévios do grupo em relação ao tema da formação, indicaram a necessidade de ações formativas que ajudassem os professores a qualificar a leitura que realizavam para as crianças, para que essas pudessem exercer o direito ao acesso à leitura literária de qualidade. Relato de ações formativas em contexto de formação continuada iv Diante da demanda mencionada, planejei diversas ações formativas que se fundamentam nas argumentações do texto que introduz esse relato, pois dizem respeito ao papel que as crianças ocupam quando o professor realiza a leitura literária em voz alta para elas e às condições que o professor precisa garantir. 4168 6

Uma das ações relacionou-se à escolha dos textos literários que eu sempre lia para os professores no início das formações, e que passaram, propositalmente, a exigir um pouco mais daqueles professores que assumidamente não eram leitores literários. Para uma das formações, por exemplo, escolhi um conto de Mia Couto, autor que os professores ainda não conheciam. Antecipei que esse autor faz uso de expressões belíssimas e surpreendentes, muitas delas inclusive inventadas por ele. Combinei que eles fariam um esforço de construir sentido sem se deixarem paralisar pelas palavras que não compreendessem. Adoraram o conto O menino que escrevia versos! v Vários comentaram que não acharam simples compreendê-lo, mas que pelo contexto foram conseguindo. Outra ação formativa que realizei foi a proposta de planejarem a leitura a partir da expressividade de um conto. Primeiro compartilhei que leria o mesmo conto de duas formas diferentes. Assim, primeiro li o conto sem qualquer variação de entonação, de forma inexpressiva. Durante a leitura os professores mostravam-se inquietos, alguns chegaram a se queixar: Que leitura chata, Bia!. Quando terminei, perguntei por que acharam chato. Você não deu expressão!. Alguns riram, assumindo que leem dessa forma para suas crianças. Perguntei como foi construir sentido sobre o texto. Comentaram que foi muito difícil até para prestar atenção. Em seguida li o mesmo conto de forma expressiva, com entonação diferenciada, possibilitando, como diz BRULER (2012) que compartilhassem o pensamento do autor. Perguntei como foi a construção de sentido. Assim foi fácil e o texto ficou bonito, disseram. Quando propus que planejassem, em grupos, a expressividade da leitura de um trecho de um conto clássico ficou evidente que aquela ação fazia muito sentido para os professores. Assim, cada grupo planejou a leitura de um trecho do conto, e escolheram cada qual um leitor para os respectivos trechos que foram lidos de forma sequencial. A leitura ficou bem interessante! Discutimos depois sobre a necessidade de garantirem esse preparo antes de realizarem a leitura para as crianças. Uma professora expressou o que acabara de constatar: Eu nunca tinha pensado nisso, que as crianças precisam da entonação da professora para compreender o texto porque elas não veem a pontuação que o autor fez!. Em outro encontro de formação, projetei os critérios que haviam declarado que utilizavam na escolha dos livros que leem para as crianças e perguntei o que achavam, se esses critérios poderiam ser revisados a partir das reflexões que estávamos fazendo sobre a leitura literária. Concordaram que sim. Anunciei então que leria dois trechos de versões diferentes da mesma história: Branca de Neve vi. Informei que os dois trechos introduzem as histórias nos respectivos livros (portanto, referem-se à mesma passagem do conto). Combinei que tentariam construir sentido a partir da escuta da leitura que seria feita. Os comentários que fizeram após a leitura indicaram que a minha intenção foi bem sucedida: colocaram-se no lugar de leitores e começaram a olhar para o impacto que cada um dos textos lhe causou. 7 4169

Na sequência, projetei os dois textos (um de cada vez) e os convidei para uma análise mais criteriosa: quais recursos o texto 1 tem que possibilitam as experiências estéticas que vocês constataram? E o texto 2, por que vocês o acharam tão sem graça ou sem emoção? Texto 1 Era uma vez, foi em pleno inverno, quando flocos de neve caíam do céu como plumas, uma rainha costurava ao pé da janela cujos caixilhos eram de ébano. Como prestasse mais atenção aos flocos de neve do que à costura, espetou o dedo na agulha, e três gotas de sangue pingaram na neve. Foi tão bonito o efeito do vermelho se desmanchando na brancura da neve, que ela pensou: Ah! Se eu tivesse uma criança branca como a neve, corada como o sangue e de cabelos negros como o ébano.... Pouco tempo depois, a rainha deu à luz uma menina de pele alva como a neve, corada como sangue e de cabelos negros como ébano. Por isso, ela se chamou Branca de Neve. Infelizmente, a rainha morreu logo depois que a criança nasceu. Um ano depois o rei resolveu casar de novo. A nova rainha era linda, mas a tal ponto vaidosa e arrogante, que não podia suportar a ideia de que existisse alguém mais bela do que ela. Possuía um espelho mágico e todos os dias, ao olhar-se nele, perguntava: - Espelho, espelho meu, existe alguém mais lindo do que eu? (Trecho de Branca de Neve. In: Contos de Grimm; Companhia das Letrinhas) Texto 2 Era uma vez uma linda princesa chamada Branca de Neve. Seus cabelos eram negros e sua pele era branca como a neve. A madrasta da Branca de Neve era muito vaidosa e orgulhosa, não aceitava a ideia de alguém ser mais bela do que ela. Por isso sempre consultava seu espelho mágico: Espelho, espelho meu, existe alguém mais bela do que eu? (Trecho do livro Branca de Neve de Contos clássicos: Ciranda Cultural) 4170 Os professores não mostraram dificuldade para identificar no primeiro texto: a riqueza dos detalhes da descrição ; o vocabulário cuidadoso, bonito! ; Uma forma bonita de escrever!. Em relação ao texto 2 eles comentaram que o acharam sem graça, com uma linguagem seca ; empobrecida. 8

Em seguida, retomei a importância das ilustrações como critério de escolha dos livros, considerando um tipo específico de leitura, que haviam mencionado, e combinei que faríamos uma análise das ilustrações de dois livros. Para isso, projetei o livro O rei bigodeira e sua banheira vii e realizei intervenções para que refletissem sobre a complementaridade entre o texto escrito e as ilustrações. Os professores mostraram-se fascinados! Divertiram-se com a riqueza dos detalhes que tornam o texto engraçado, como mencionaram. Vários reconheceram que, apesar de conhecerem esse livro, nunca haviam feito tal relação. Quando perguntei, depois, qual consideram ser o papel das ilustrações nesse tipo de livro, as respostas que deram indicaram o quanto ficou evidente para eles que todas as linguagens desse livro se complementam. A seguir, projetei o livro - do texto 2 (a versão da Branca de Neve) agora completo, e fui problematizando: Será que estas ilustrações que ocupam as páginas inteiras enriquecem o texto? Elas são ricas em detalhes? Elas complementam o texto? Trazem informações que não estão no texto? E depois de lermos de forma compartilhada o livro projetado, perguntei qual é o papel das ilustrações nesse livro. Vários professores, inevitavelmente, compararam os dois livros projetados e concluíram que as ilustrações do segundo não acrescentam nada ao livro. Essa primeira análise da linguagem escrita e das ilustrações de livros de literatura infantil que os professores realizaram, de uma forma visivelmente interessada, possibilitou que eles começassem a observar com mais profundidade os atributos dos livros, e começassem a construir alguns critérios de escolha mais relacionados à qualidade literária, o que para professores não leitores não é uma tarefa simples. Na formação seguinte convidei-os para a revisão dos critérios que utilizavam na escolha dos livros que liam para as crianças e, a seguir, propus que se juntassem em duplas para analisarem, a partir dos critérios revisados (no quadro abaixo) os três livros que haviam levado para a formação, a meu pedido, por serem os que mais comumente liam para seus alunos. Critérios para a escolha de livros para serem lidos ás crianças: Para escolher o livro que lerá para seus alunos, perguntar: - A linguagem escrita é rica ou empobrecida ( seca )? - A linguagem escrita e as ilustrações se complementam? - A linguagem escrita tem recursos linguísticos que a enriquece? - As Ilustrações têm cuidado estético? São ricas em detalhes? 4171 9

Em seguida, ainda em duplas, os professores realizaram o planejamento de leitura de um dos livros que haviam considerado adequados para ser compartilhado com os alunos a partir dos critérios revisados. Combinamos que planejariam a expressividade e a apresentação do livro, incluindo as intervenções para possibilitar que as crianças antecipassem alguns elementos da história, além de intervenções ao final da leitura para possibilitar que as crianças compartilhassem suas impressões sobre a história. viii. Antes, porém, tematizamos as intervenções que podem ser feitas após a leitura a partir de algumas transcrições de situação de leituras semelhantes, nas quais os professores identificaram quais intervenções favoreciam o diálogo entre as crianças para compartilharem diferentes interpretações que haviam feito da leitura, e quais intervenções induziam a uma única resposta. Essa estratégia formativa foi muito provocativa, pois os professores, em princípio, não viam problema algum em fazer as crianças darem uma resposta certa!. Assim, fomos conversando sobre o direito do leitor de construir sua própria interpretação sobre a leitura! Conversamos sobre o mal que as escolas fizeram a todos nós, nos forçando sempre às respostas certas na busca de uma interpretação verdadeira e única, como se isso fosse possível, e tornando, dessa forma, a leitura literária um martírio, como desabafou uma professora. Combinamos que leriam para as crianças o livro que usaram para planejar a leitura, e que fariam o registro dessa leitura contando como as crianças interagiram com o livro a partir das intervenções realizadas. Desdobramentos das ações de formação relatadas O que se sabe depois da realização das ações formativas aqui relatadas, entre outras realizadas, é que os professores passaram a recorrer mais ao acervo disponível na Casa do Professor - espaço do município que dispõe de um vasto e rico acervo de livros de literatura infanto-juvenil para escolherem os livros de literatura que leem para as crianças. Além disso, segundo as coordenadoras que acompanham o trabalho nas escolas, de forma geral, os professores passaram a se preocupar em se preparar melhor para realizar a leitura. Segundo elas, a leitura literária em voz alta se tornou mais atraente para as crianças e para os professores. Entretanto, sabe-se que para se garantir a qualificação da leitura literária pelo professor é necessário um investimento regular nos espaços de formação continuada. Para atender a essa demanda, as ações formativas relacionadas à leitura literária pelo professor continuou sendo trabalhada e aprofundada na formação com os coordenadores pedagógicos, para que esses pudessem apoiar e continuar ajudando a qualificar as práticas de seus professores. 4172 10

Notas i O Indicador Nacional de Alfabetismo Funcional (INAF, 2009) aponta que somente um quarto dos brasileiros adultos possui habilidades plenas de leitura. ii As ações formativas relatadas nesse texto aconteceram em 2012, em Paragominas, município do interior do Pará, que investe na formação continuada profissional dos professores da rede desde 2003, inicialmente com professores do Ensino Fundamental I, no programa Escola que Vale, iniciativa da Fundação Vale, da Prefeitura Municipal de Paragominas e da Comunidade Educativa Cedac. Em 2011 e 2012 o foco na formação continuada passou a ser com os professores de Educação Infantil, pela iniciativa e financiamento realizados pela própria prefeitura. iii Seria possível fixar a análise dessas falas, quanto aos critérios explicitados pelos professores, no que parecem indicar em relação à concepção de criança ou em relação às suas próprias condições como leitores, mas estes não são o objeto deste texto embora as ações formativas propostas de alguma forma mobilizam essas duas questões. iv O trecho do texto a seguir traz o relato (em 1ª pessoa) de ações formativas realizadas pela própria autora deste artigo. v Esse conto faz parte do livro de Mia Couto: O fio das missangas. São Paulo: Companhia das Letras, 2009. vi Texto 1: Branca de Neve. In: Contos de Grimm: Tradução/edição. São Paulo: Companhia das Letrinhas ano; Texto 2: Branca de Neve. In: Contos clássicos: Ciranda Cultural. vii WOOD, A. O rei bigodeira e sua banheira. Trad. Ilustrações: John Wood. viii As intervenções para a apresentação dos livros para a leitura pelo professor foram tematizadas em outra formação. 4173 Referências bibliográficas: ANDRADE L; CORSINO P. Critérios para a constituição de um acervo literário para as séries iniciais do ensino fundamental: o instrumento de avaliação do PNBE 2005. In: PAIVA, A. (org.) Literatura saberes em movimento. Belo Horizonte: Ceale, Autêntica, 2007. BRULEY, M.C. No limiar da narração, linguagem e psiquê acordam. Revista Emilia. Outubro de 2012. Disponível em: http://www.revistaemilia.com.br/mostra.php?id=253. Acesso em: 02 mar. 2013. CANDIDO, A. A literatura e a formação do homem. In: Ciência e Cultura. São Paulo, SBPC, setembro de 1972. CANDIDO, A. Vários escritos: edição revista e ampliada. São Paulo: Duas Cidades, 1995. COLELLO, S. Concepções de leitura e implicações pedagógicas. International Studies on Law and Education. n. 5, p. 47 58, jan jun. 2010. Disponível em: 11

< http://www.hottopos.com/isle5/index.htm>. Acesso em: 20 fev. 2013. COLOMER, T. Andar entre livros: a leitura literária na escola. Trad. Laura Sandroni. São Paulo: Global, 2007. COLOMER, T. A formação do leitor literário. Trad. Laura Sandroni. São Paulo: Global Editora, 2003. GERALDI, J. W. A leitura na sala de aula: as muitas faces do leitor. Série Ideias n.5. São Paulo: FDE, 1988. FREITAS, M.T.A. Vygotsky e Bakhtin. Psicologia e Educação: um intertexto. São Pulo: Editora Ática, 1999. GERALDI, J. W. (org.). O texto na sala de aula. São Paulo: Editora Ática, 2001. LUDKE, M; ANDRÉ, M. E. D. A. Pesquisa em Educação: abordagens qualitativas. São Paulo: EPU, 2012. REYS, Y. A casa imaginaria: Leitura e literatura na primeira infância. São Paulo: Global, 2010. PERISSÉ, G; MATOS, N.S.de. Leitura e professores: uma relação em crise. International Studies on Law and Education, n. 7, p. 49 54, jan. - abr. 2011. Disponível em: < http://www.hottopos.com/isle5/index.htm>. Acesso em: 20 fev. 2013. ROBLEDO, B. H. A literatura infantil ou a cultura da infância: Um mundo por meio da palavra. Revista Emilia. Edição eletrônica. Disponível em: http://www.revistaemilia.com.br/mostra.php?id=256. Acesso em: 04 fev. 2013. ZILBERMAN, R. (org.). A produção cultural para a criança. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1982. ZILBERMAN, R. (org). A leitura na escola. In: Leitura em crise na escola: as alternativas do professor. São Paulo: Mercado Aberto, 1988. ZILBERMAN, R. A literatura infantil na escola. São Paulo: Global Editora, 1998. ZILBERMAN, R. Estética da recepção e história da literatura. Versão eletrônica: Editora Ática, 2011. 4174 12