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Transcrição:

Contabilidade Geral Carreiras Fiscais LC 123/2006. Gustavo Muzy ESTATUTO DA MICRO E PEQUENA EMPRESA LEI COMPLEMENTAR 123/2006 A Constituição Federal, em seu artigo 179, estabelece que a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios deverão dar tratamento diferenciado às Micro e Pequenas Empresas, como o objetivo de reduzir a burocracia a que estão sujeitas e os tributos que as mesmas devem pagar: Art. 179. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios dispensarão às microempresas e às empresas de pequeno porte, assim definidas em lei, tratamento jurídico diferenciado, visando a incentivá-las pela simplificação de suas obrigações administrativas, tributárias, previdenciárias e creditícias, ou pela eliminação ou redução destas por meio de lei. Além disso, também voltado às micro e pequenas empresas, o art. 146 da Constituição também estabelece o seguinte: Art. 146. Cabe à lei complementar: (...) III - estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre: (...) d) definição de tratamento diferenciado e favorecido para as microempresas e para as empresas de pequeno porte (...) Parágrafo único. A lei complementar (...) também poderá instituir um regime único de arrecadação dos impostos e contribuições da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, observado que: I - será opcional para o contribuinte; II - poderão ser estabelecidas condições de enquadramento diferenciadas por Estado; III - o recolhimento será unificado e centralizado e a distribuição da parcela de recursos pertencentes aos respectivos entes federados será imediata, vedada qualquer retenção ou condicionamento; IV - a arrecadação, a fiscalização e a cobrança poderão ser compartilhadas pelos entes federados, adotado cadastro nacional único de contribuintes. Em atendimento a esses comandos constitucionais e buscando simplificar o cumprimento das obrigações tributárias pelas micro e pequenas empresas, foi editada a Lei Complementar 123/2006, conhecida como Estatuto das Micro e Pequenas Empresas. Atualmente, a LC 123/2006 é regulamentada pela Resolução 140/2018, do Comitê Gestor do Simples Nacional CGSN. CONCEITO DE MICROEMPRESA E EMPRESA DE PEQUENO PORTE ART. 3º, LC 123/2006. Art. 3º Para os efeitos desta Lei Complementar, consideram-se microempresas ou empresas de pequeno porte, a sociedade empresária, a sociedade simples, a empresa individual de responsabilidade limitada e o empresário a que se refere o art. 966 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil), devidamente registrados no Registro de Empresas Mercantis ou no Registro Civil de Pessoas Jurídicas, conforme o caso, desde que: I - no caso da microempresa, aufira, em cada anocalendário, receita bruta igual ou inferior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais); e II - no caso de empresa de pequeno porte, aufira,

em cada ano-calendário, receita bruta superior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais) e igual ou inferior a R$ 4.800.000,00 (quatro milhões e oitocentos mil reais). A LC 123 estabelece que, no ano em que a empresa começar a funcionar, os limites de enquadramento serão calculados de forma proporcional ao número de meses em que a mesma funcionou, inclusive as frações de meses. Ou seja, se a empresa começou a funcionar no mês de setembro de determinado ano, neste primeiro período, para que seja considerada microempresa, não poderá ultrapassar R$ 120.000,00 de receita bruta; e para que seja considerada pequena empresa, não poderá ultrapassar R$ 1.600.000,00. Isso porque, tendo iniciado suas atividades no mês de setembro, terá os limites proporcionalizados na razão de 1/3 dos limites anuais (pois já havia se passado 1/3 do ano, uma vez que setembro também é contado, pois contam-se as frações de meses como meses inteiros). OBS.: Para fins de recebimento de tratamento diferenciado, a ME ou a EPP poderá auferir em cada ano-calendário receitas no mercado interno até o limite de R$ 4.800.000,00 (quatro milhões e oitocentos mil reais) e, adicionalmente, receitas decorrentes da exportação de mercadorias ou serviços para o exterior, inclusive quando realizada por meio de empresa comercial exportadora ou de sociedade de propósito específico prevista no art. 56 da Lei Complementar nº 123, de 2006, desde que as receitas de exportação também não excedam R$ 4.800.000,00. Visando dar maior segurança jurídica e proteger o interesse de terceiros, o art. 3º, 3º, da LC 123/2006 diz que enquadramento como microempresa ou empresa de pequeno porte, bem como o seu desenquadramento, não implicarão alteração, denúncia ou qualquer restrição em relação a contratos por elas anteriormente firmados, os quais permanecerão integralmente válidos. CONCEITO DE RECEITA BRUTA O art. 3º, parágrafo 1º, da LC 123/2006 dispõe que se considera receita bruta, para fins do enquadramento da empresa como micro ou pequena, o produto da venda de bens e serviços nas operações de conta própria, o preço dos serviços prestados e o resultado nas operações em conta alheia, não incluídas as vendas canceladas e os descontos incondicionais concedidos. Assim, soma-se o que a empresa vendeu de bens e serviços e subtraem-se os valores das vendas canceladas e dos descontos incondicionais eventualmente concedidos. TRATAMENTO DIFERENCIADO PREVISTO NA LC 123/2006 O art. 1º da LC 123/2006 estipula no que deve consistir o tratamento diferenciado atribuído às micro e pequenas empresas pela referida lei: Art. 1o Esta Lei Complementar estabelece normas gerais relativas ao tratamento diferenciado e favorecido a ser dispensado às microempresas e empresas de pequeno porte no âmbito dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, especialmente no que se refere: I - à apuração e recolhimento dos impostos e contribuições da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, mediante regime único de arrecadação, inclusive obrigações acessórias; II - ao cumprimento de obrigações trabalhistas e previdenciárias, inclusive obrigações acessórias; III - ao acesso a crédito e ao mercado, inclusive quanto à preferência nas aquisições de bens e serviços pelos Poderes Públicos, à tecnologia, ao associativismo e às regras de inclusão. IV - ao cadastro nacional único de contribuintes a que se refere o inciso IV do parágrafo único do art. 146, in fine, da Constituição Federal. Empresas Excluídas do Tratamento Diferenciado. O art. 3º, 4º, da LC 123/06, porém, traz uma série de vedações ao tratamento diferenciado nela previsto, listando pessoas jurídicas que, embora sejam enquadradas como micro ou pequenas empresas, não terão direito aos benefícios

previstos no estatuto, incluindo o recolhimento de tributos pelo Simples Nacional. Assim, ser uma micro ou pequena empresa é condição necessária para receber o tratamento diferenciado em seus diversos aspectos previsto na LC 123/06, mas não é suficiente, porque, além disso, não pode a empresa incidir em nenhuma das vedações previstas no art. 3º, 4º, da LC 123/06. De acordo com tal dispositivo, são excluídas do tratamento diferenciado as pessoas jurídicas: a) de cujo capital participe outra pessoa jurídica; b) que seja filial, sucursal, agência ou representação, no País, de pessoa jurídica com sede no exterior; c) de cujo capital participe pessoa física que seja inscrita como empresário ou seja sócia de outra empresa que receba tratamento jurídico diferenciado nos termos da LC 123/2006, se a receita bruta somada das empresas ultrapassar o limite de R$ 4.800.000,00; d) cujo titular ou sócio participe com mais de 10% (dez por cento) do capital de outra empresa não beneficiada pela LC 123/2006, se a receita bruta somada das empresas ultrapassar o limite de R$ 4.800.000,00; e) cujo sócio ou titular seja administrador ou equiparado de outra pessoa jurídica com fins lucrativos, se a receita bruta somada das empresas ultrapassar o limite de 4.800.000,00; f) constituída sob a forma de cooperativas, salvo as de consumo; g) que participe do capital de outra pessoa jurídica; h) que exerça atividade de banco comercial, de investimentos e de desenvolvimento, de caixa econômica, de sociedade de crédito, financiamento e investimento ou de crédito imobiliário, de corretora ou de distribuidora de títulos, valores mobiliários e câmbio, de empresa de arrendamento mercantil, de seguros privados e de capitalização ou de previdência complementar; i) resultante ou remanescente de cisão ou qualquer outra forma de desmembramento de pessoa jurídica que tenha ocorrido em um dos 5 (cinco) anos-calendário anteriores; j) constituída sob a forma de sociedade por ações. k) cujos titulares ou sócios guardem, cumulativamente, com o contratante do serviço, relação de pessoalidade, subordinação e habitualidade. Na hipótese de a microempresa ou empresa de pequeno porte incorrer em alguma das situações acima, será excluída do tratamento jurídico diferenciado, com efeitos a partir do mês seguinte ao que incorrida a situação impeditiva. Órgãos de Gestão do Tratamento Diferenciado O ar. 2º da LC 123/2006 previu a criação de três órgãos, que são responsáveis pela gestão do tratamento diferenciado e favorecido a ser dispensado às microempresas e empresas de pequeno porte: Comitê Gestor do Simples Nacional, Fórum Permanente das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte e Comitê para Gestão da Rede Nacional para Simplificação do Registro e da Legalização de Empresas e Negócios CGSIM, possuindo cada um deles atribuições distintas. Vejamos. a) Comitê Gestor do Simples Nacional O Comitê Gestor do Simples Nacional é órgão vinculado ao Ministério da Economia, responsável por tratar dos aspectos tributários do tratamento diferenciado. Além de elaborar seu regimento interno através de Resolução, ao Comitê Gestor compete regulamentar a opção, exclusão, tributação, fiscalização, arrecadação, cobrança, dívida ativa, recolhimento e demais itens relativos ao Simples Nacional. b) Fórum Permanente das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte De acordo com o art. 2º, 5º, da LC 123/2006, o

Fórum Permanente das Micro e Pequenas Empresas tem por finalidade orientar e assessorar a formulação e coordenação da política nacional de desenvolvimento das microempresas e empresas de pequeno porte, bem como acompanhar e avaliar a sua implantação, estando vinculado à Presidência da República. O Fórum não tem capacidade decisória, sendo sua finalidade principal orientar e assessorar a formulação e coordenação da política nacional de desenvolvimento das microempresas e empresas de pequeno porte, bem como acompanhar e avaliar a sua implantação. Conta com a participação dos órgãos federais competentes e das entidades vinculadas ao setor. c) Comitê para Gestão da Rede Nacional para a Simplificação do Registro e da Legalização de Empresas e Negócios. O Comitê para a Simplificação e Legalização tem por objetivo tratar do processo de registro e de legalização de empresários e de pessoas jurídicas, competindo-lhe, na forma da lei, regulamentar a inscrição, cadastro, abertura, alvará, arquivamento, licenças, permissão, autorização, registros e demais itens relativos à abertura, legalização e funcionamento de empresários e de pessoas jurídicas de qualquer porte, atividade econômica ou composição societária. É composto por representantes da União, dos Estados e do Distrito Federal, dos Municípios e demais órgãos de apoio de registro empresarial, na forma definida pelo Poder Executivo, sendo sempre presidido e coordenado por um representante da União. DA INSCRIÇÃO E BAIXA DAS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS O art. 4º da LC 123/2006 dispõe que os órgãos e entidades envolvidos na abertura e fechamento de empresas, dos 3 (três) âmbitos de governo, deverão considerar a unicidade do processo de registro e de legalização de empresários e de pessoas jurídicas, devendo articular as competências próprias com aquelas dos demais membros, e buscar, em conjunto, compatibilizar e integrar procedimentos, de modo a evitar a duplicidade de exigências e garantir a linearidade do processo, da perspectiva do usuário. A LC 123/2006 também determina que o processo de abertura, registro, alteração e baixa da microempresa e empresa de pequeno porte, bem como qualquer exigência para o início de seu funcionamento, deverão ter trâmite especial e simplificado, preferencialmente eletrônico, opcional para o empreendedor. As três esferas de Governo também deverão manter à disposição dos usuários, de forma presencial e pela rede mundial de computadores, informações, orientações e instrumentos, de forma integrada e consolidada, que permitam pesquisas prévias às etapas de registro ou inscrição, alteração e baixa de empresários e pessoas jurídicas, de modo a prover ao usuário certeza quanto à documentação exigível e quanto à viabilidade do registro ou inscrição. Além disso, os requisitos de segurança sanitária, metrologia, controle ambiental e prevenção contra incêndios, para os fins de registro e legalização de empresários e pessoas jurídicas, deverão ser simplificados, racionalizados e uniformizados pelos órgãos envolvidos na abertura e fechamento de empresas, no âmbito de suas competências. O art. 9º da LC 123/2006 estipula que o registro dos atos constitutivos, de suas alterações e extinções (baixas) deverá ocorrer independentemente da regularidade de obrigações tributárias, previdenciárias ou trabalhistas, principais ou acessórias, do empresário, da sociedade, dos sócios, dos administradores ou de empresas de que participem, sem prejuízo das responsabilidades do empresário, dos titulares, dos sócios ou dos administradores por tais obrigações, apuradas antes ou após o ato de extinção. A ideia é não impedir o fechamento da empresa por conta de suas dívidas, embora os sócios ou administradores possam ser cobrados posteriormente. Solicitada a baixa da micro ou pequena empresa, têm os órgãos competentes o prazo de 60 (sessenta)

dias para efetivá-la, sendo que ultrapassado esse prazo sem manifestação, é presumida pela lei a baixa dos registros. DO SIMPLES NACIONAL A partir de seu art. 12, a LC 123/2006 trata sobre o Regime Especial Unificado de Arrecadação de Tributos e Contribuições devidos pelas Microempresas e Empresas de Pequeno Porte, mais conhecido como Simples Nacional: Art. 12. Fica instituído o Regime Especial Unificado de Arrecadação de Tributos e Contribuições devidos pelas Microempresas e Empresas de Pequeno Porte - Simples Nacional. O Simples Nacional é um regime tributário simplificado, disponível somente às micro e pequenas empresas, sendo, porém, optativo, ou seja, nenhuma micro ou pequena empresa é obrigado a adotá-lo. A opção pelo Simples Nacional da pessoa jurídica enquadrada como microempresa e empresa de pequeno porte é feita na forma estabelecida pelo Comitê Gestor, sendo irretratável para todo o anocalendário. O Simples permite o recolhimento mensal, por meio de um único documento de arrecadação, dos seguintes impostos e contribuições: a) Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica - IRPJ; b) Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI, observado o disposto no inciso XII do 1o deste artigo; c) Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL; d) Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - COFINS, observado o disposto no inciso XII do 1o deste artigo; e) Contribuição para o PIS/Pasep, observado o disposto no inciso XII do 1o deste artigo; f) Contribuição Patronal Previdenciária - CPP para a Seguridade Social, a cargo da pessoa jurídica, de que trata o art. 22 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, exceto no caso da microempresa e da empresa de pequeno porte que se dedique às atividades de prestação de serviços referidas no 5º-C do art. 18 desta Lei Complementar; g) Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e Sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação ICMS (exceto algumas situações, como substituição tributária e monofásica ou ICMS- Importação); h) Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza ISS; OBSERVAÇÕES: 1) O ISS não estará incluso no pagamento do Simples Nacional se for devido: a) em relação aos serviços sujeitos a substituição tributária ou retenção na fonte; b) na importação de serviços; c) em valor fixo pelos escritórios de serviços contábeis, quando previsto pela legislação municipal. 2) O Distrito Federal e os Estados cuja participação no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro seja de até 1% (um por cento) poderão optar pela aplicação de sublimite de receita bruta anual de R$ 1.800.000,00 (um milhão e oitocentos mil reais) no mercado interno e, adicionalmente, igual sublimite para exportação de mercadorias ou serviços para o exterior, para efeito de recolhimento do ICMS e do ISS relativos aos estabelecimentos localizados em seus respectivos territórios. A fiscalização dos optantes pelo Simples Nacional será feita de forma integrada pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios. Vedações à opção pelo Simples Nacional Embora o Simples Nacional seja disponível às micro e pequenas empresas em geral, o art. 17 da LC 123/2006 traz algumas situações em que tal opção é vedada. As empresas que não poderão recolher seus

impostos e contribuições pelo Simples Nacional são as seguintes: a) que explorem atividade de prestação cumulativa e contínua de serviços de assessoria creditícia, gestão de crédito, seleção e riscos, administração de contas a pagar e a receber, gerenciamento de ativos (asset management), compras de direitos creditórios resultantes de vendas mercantis a prazo ou de prestação de serviços (factoring); b) que tenham sócio domiciliado no exterior; c) de cujo capital participe entidade da administração pública, direta ou indireta, federal, estadual ou municipal; d) que possuam débitos com o Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, ou com as Fazendas Públicas Federal, Estadual ou Municipal, cuja exigibilidade não esteja suspensa; e) que prestem serviço de transporte intermunicipal e interestadual de passageiros, exceto quando na modalidade fluvial ou quando possuir características de transporte urbano ou metropolitano ou realizar-se sob fretamento contínuo em área metropolitana para o transporte de estudantes ou trabalhadores; f) que sejam geradoras, transmissoras, distribuidoras ou comercializadoras de energia elétrica; g) que exerçam atividade de importação ou fabricação de automóveis e motocicletas; h) que exerçam atividade de importação de combustíveis; i) que exerçam atividade de produção ou venda no atacado de: i.1) cigarros, cigarrilhas, charutos, filtros para cigarros, armas de fogo, munições e pólvoras, explosivos e detonantes; i.2) refrigerantes, inclusive águas saborizadas gaseificadas; i.3) preparações compostas, não alcoólicas (extratos concentrados ou sabores concentrados), para elaboração de bebida refrigerante, com capacidade de diluição de até 10 (dez) partes da bebida para cada parte do concentrado; i.4) cervejas sem álcool; i.5) bebidas alcoólicas, exceto aquelas produzidas ou vendidas no atacado por micro e pequenas cervejarias, vinícolas, produtores de licores e destilarias; j) que realizem cessão ou locação de mão-de-obra; k) que se dediquem ao loteamento e à incorporação de imóveis. l) que realizem atividade de locação de imóveis próprios, exceto quando se referir a prestação de serviços tributados pelo ISS. m) com ausência de inscrição ou com irregularidade em cadastro fiscal federal, municipal ou estadual, quando exigível. A exclusão do Simples Nacional, quando for o caso, é feita de ofício ou mediante comunicação das empresas optantes. Microempreendedor individual - MEI De acordo com a LC 123/06, o microempreendedor individual MEI, é o empresário individual ou empreendedor que exerça as atividades de industrialização, comercialização e prestação de serviços no âmbito rural, que tenha auferido receita bruta, no ano-calendário anterior, de até R$ 81.000,00 (oitenta e um mil reais). O MEI poderá optar, assim como as micro e pequenas empresas, pelo regime do Simples Nacional, desde que não que possua mais de um estabelecimento e não participe de outra empresa como titular, sócio ou administrador. No caso de opção pelo Simples, poderá ele escolher recolher os impostos e contribuições abrangidos pelo Simples Nacional em valores fixos mensais, independentemente da receita bruta por ele auferida no mês.

DO ACESSO AOS MERCADOS O art. 44 da LC 123/2006 dispõe que nas licitações será assegurada, como critério de desempate, preferência de contratação para as microempresas e empresas de pequeno porte, afirmando que ainda se considera que houve empate naquelas situações em que as propostas apresentadas pelas microempresas e empresas de pequeno porte sejam iguais ou até 10% (dez por cento) superiores à proposta mais bem classificada. Na modalidade de pregão, esse intervalo percentual é de até 5% (cinco por cento) superior ao melhor preço. Esse critério somente se aplicará quando a melhor oferta inicial não tiver sido apresentada por microempresa ou empresa de pequeno porte. Assim, por exemplo, se em uma concorrência para compra de um bem pela Administração Pública, a empresa que ficou em primeiro lugar não for micro ou pequena e apresentar uma proposta de R$ 100.000,00, e a segunda colocada, sendo uma microempresa, apresentar uma proposta de R$ 96.000,00, considera-se que houve empate. Ocorrendo o empate, deve-se proceder da seguinte forma: a) a microempresa ou empresa de pequeno porte mais bem classificada poderá apresentar proposta de preço inferior àquela considerada vencedora do certame, situação em que será adjudicado em seu favor o objeto licitado; b) não ocorrendo a contratação da microempresa ou empresa de pequeno porte, na forma acima, serão convocadas as remanescentes que porventura se enquadrarem no critério de empate, na ordem classificatória, para o exercício do mesmo direito; c) no caso de equivalência dos valores apresentados pelas microempresas e empresas de pequeno porte que se encontrem no intervalo de empate, deve ser realizado sorteio entre elas para que se identifique aquela que primeiro poderá apresentar melhor oferta. O art. 48 do Estatuto também estabelece que a administração pública: a) deverá realizar processo licitatório destinado exclusivamente à participação de microempresas e empresas de pequeno porte nos itens de contratação cujo valor seja de até R$ 80.000,00 (oitenta mil reais); b) poderá, em relação aos processos licitatórios destinados à aquisição de obras e serviços, exigir dos licitantes a subcontratação de microempresa ou empresa de pequeno porte; e c) deverá estabelecer, em certames para aquisição de bens de natureza divisível, cota de até 25% (vinte e cinco por cento) do objeto para a contratação de microempresas e empresas de pequeno porte. No entanto, tais disposições do art. 48 não serão adotadas se: a) não houver um mínimo de 3 (três) fornecedores competitivos enquadrados como microempresas ou empresas de pequeno porte sediados local ou regionalmente e capazes de cumprir as exigências estabelecidas no instrumento convocatório; b) o tratamento diferenciado e simplificado para as microempresas e empresas de pequeno porte não for vantajoso para a administração pública ou representar prejuízo ao conjunto ou complexo do objeto a ser contratado; ou c) a licitação for dispensável ou inexigível, nos termos da Lei 8.666/93, exceto se a dispensa ocorrer por baixo valor da aquisição, caso em que a compra deverá ser feita preferencialmente de microempresas e empresas de pequeno porte QUESTÕES 1) Uma cooperativa criada para industrializar produtos rurais insurgiu-se contra lançamento decorrente de ICMS por substituição tributária, sob o argumento de já ter realizado pagamento relativo a esse Tributo por meio do recolhimento mensal em documento único de arrecadação do Simples Nacional. De acordo com a Lei Complementar n.º 123/2006, o argumento apresentado pela cooperativa

a) é válido caso, de fato, o tributo tenha sido integralmente pago na forma do Simples Nacional. b) não é válido, pois nenhuma cooperativa poderá aderir ao regime tributário do Simples Nacional. c) não é válido, pois essa cooperativa não pode aderir ao Simples Nacional e não pode recolher ICMS por substituição tributária pelo documento de arrecadação única mensal. d) não é válido, pois, embora essa cooperativa possa recolher o ICMS mediante substituição tributária pelo documento de arrecadação única mensal, ela não pode aderir ao Simples Nacional. e) não é válido, pois, embora essa cooperativa possa se enquadrar como microempresa, ela não pode aderir ao Simples Nacional. 2) O Simples Nacional a) depende, para o seu ingresso, da formalização dessa opção pelas sociedades empresariais. b) é obrigatório para microempresas e facultativo para empresas de pequeno porte. c) afasta a incidência de tributos federais, estaduais e daqueles que o Distrito Federal fiscaliza na condição de estado-membro. d) pode ser retratado no mesmo ano-calendário em que a microempresa exceder o limite de faturamento relativo ao seu enquadramento. e) é inaplicável a sociedade limitada cujas cotas sociais pertençam, em um terço ou mais, a empregado público. 3) Conforme estabelece a Lei Complementar no 123/2006, que instituiu o Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte, as microempresas e empresas de pequeno porte têm direito a tratamento diferenciado e favorecido, especialmente no que se refere à apuração e ao recolhimento dos impostos e contribuições da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, mediante regime único de arrecadação. O recolhimento mensal no âmbito do Regime Especial Unificado de Arrecadação de Tributos e Contribuições devidos pelas Microempresas e Empresas de Pequeno Porte Simples Nacional a) inclui, entre outros tributos, o ICMS, mas não exclui a cobrança do ICMS em algumas situações como, por exemplo, nas importações, nas operações sujeitas à substituição tributária e nas operações sujeitas à antecipação tributária. b) inclui, entre outros tributos, o ISS, o ICMS, o IRPJ, o IRPF e o IOF, mas não inclui o FGTS, o ITR e a CSLL. c) não inclui o IRPJ e a CSLL, mas inclui o ISS, o ICMS, o PIS, o PASESP e a CIDE, entre outros. d) inclui, entre outros tributos, todo o ISS e o ICMS devidos, e parte do IRPJ devido, mas não inclui o PIS e o COFINS. e) não inclui o ITR, o IPTU e o ITCMD, mas inclui o IRPJ, o IRPF, a CSLL, a CIDE, o PIS e o COFINS, entre outros. 4) De acordo com a disciplina estabelecida pela Lei Complementar federal no 123/2006, acerca do SIMPLES NACIONAL, os Municípios têm competência a) para fiscalizar o cumprimento das obrigações principais, mas não acessórias, relativas ao Simples Nacional, desde que o estabelecimento fiscalizado seja prestador de serviços e se localize no Município que tem competência para proceder à sua fiscalização. b) para fiscalizar uma empresa de transporte intramunicipal localizada em seu território, relativamente ao cumprimento das obrigações principais e acessórias relativas ao Simples Nacional, mas não têm competência para verificar a ocorrência das hipóteses de exclusão de ofício desta empresa deste regime de tributação. c) para efetuar, por meio de suas autoridades fiscais, o lançamento do IRPJ, do IPI, do ITCMD e do ITBI, dentre outros, apurados na forma do Simples Nacional, relativamente a todos os estabelecimentos da empresa, independentemente do ente federado instituidor. d) concorrente para efetuar, por meio de suas autoridades fiscais, o lançamento do PIS, do CONFINS, do ICMS e do ISS, apurados na forma do Simples Nacional, e de promover a autuação por descumprimento de obrigação acessória relacionada com esses impostos e contribuições, relativamente a todos os estabelecimentos da empresa, independentemente do ente federado instituidor da obrigação tributária. e) para fiscalizar um hotel localizado em seu território, relativamente ao cumprimento das obrigações principais e acessórias relativas ao Simples Nacional, e para verificar a ocorrência das hipóteses de sua exclusão, de ofício, deste regime de tributação, mas não têm competência para promover a autuação deste estabelecimento por descumprimento de obrigação acessória relativa ao

IRPJ. GABARITO 1. C 2. A 3. A 4. E