INSTITUIÇÃO(ÕES): CENTRO UNIVERSITÁRIO CATÓLICO SALESIANO AUXILIUM - UNISALESIANO

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Transcrição:

TÍTULO: LINFANGIOGÊNESE TUMORAL EM NEOPLASIAS MAMÁRIAS CANINAS CATEGORIA: CONCLUÍDO ÁREA: CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E SAÚDE SUBÁREA: Medicina Veterinária INSTITUIÇÃO(ÕES): CENTRO UNIVERSITÁRIO CATÓLICO SALESIANO AUXILIUM - UNISALESIANO AUTOR(ES): GABRIEL HENRIQUE SOARES DAMACENA ORIENTADOR(ES): ANALY RAMOS MENDES FERRARI, HEITOR FLAVIO FERRARI

RESUMO As neoplasias mamárias de cadelas são as neoformações de maior ocorrência na espécie. Dentre estas, podemos classifica-las quanto a sua malignidade, principalmente, pela sua habilidade metastática. A metástase trata-se de um mecanismo de disseminação das células tumorais a outros tecidos, como os linfonodos adjacentes e pulmões. Este mecanismo possui como origem de migração as vias sanguínea e linfática. A linfangiogênese, que é a formação de novos vasos linfáticos, contribui para a ocorrência de metástases, principalmente de carcinomas, que são as neoplasias malignas de células epiteliais. Nesta pesquisa objetivou-se a quantificação de vasos linfáticos de tecidos mamários provenientes de tumores mamários caninos. Realizou-se mastectomia uni ou bilateral em 20 cadelas portadoras de neoplasias mamárias, sendo estas alocadas no grupo mastectomia. Um segundo grupo foi formado a partir de 8 cadeias bilaterais de glândulas mamárias, obtidas a partir do exame necroscópico de cadelas eutanasiadas por diferentes causas, porém sem sinais de neoplasias ou alterações morfológicas. As neoplasias mamárias, bem como os tecidos mamários sem alteração passaram por avaliação histopatológica, para comparação e graduação histológica das neoplasias, sendo os carcinomas de maior interesse na pesquisa. Logo, realizou-se a imunohistoquímica, na qual adicionou-se o anticorpo para expressão da Prox-1 presente nas células endoteliais dos vasos linfáticos, obtendo-se a Densidade de Vasos Linfáticos de todos os grupos, após imunomarcação e comparação por análise estatística. Como resultado, destacou-se a maior Densidade de Vasos Linfáticos em tecidos mamários com neoplasias quando comparado aos tecidos sem neoplasias e sem alterações, destacando o processo de linfangiogênese ativo em decorrência da ação de células tumorais, o qual contribui como importante fator para a ocorrência de metástases, agravando ainda mais o quadro clínico e prognóstico do animal. Palavras-chave: Cadelas, Mamas, Vasos Linfáticos.

INTRODUÇÃO A neoplasia mamária canina (NMC) é a que mais comumente afeta cadelas não castradas. A idade média de ocorrência está entre 8 a 11 anos, com raras ocorrências em cadelas com menos de quatro anos, sendo algumas raças predispostas como Poodles, Teckels e os sem raça definida (GOTTWALD, 1998; MENDES, 2014). O desenvolvimento da neoplasia mamária canina é claramente hormôniodependente. Em cadelas, a OSH precoce oferece um efeito protetor contra o carcinoma mamário e, se realizada em animais adultos, a OSH pode ainda reduzir o risco de desenvolvimento de tumores mamários benignos (MISDORP, 1988). Baseando-se em análises histopatológicas, 41 a 53% das NMCs são consideradas malignas, porém evidências histológicas de malignidade não necessariamente implicam em um curso clínico maligno (BRODEY et al., 1983). A histopatologia é imprescindível para o diagnóstico definitivo e classificação do tumor e, se múltiplos nódulos estão presentes em um mesmo animal, eles devem ser avaliados individualmente (MISDORP, 2002; SORENMO, 2003; SORENMO et al., 2009). A histopatologia também auxilia na obtenção do prognóstico, já que a classificação histopatológica assim como a graduação destas neoformações é bastante variável e intimamente correlacionada ao prognóstico (GOLDSCHMIDT et al., 2011). A maioria das NMCs é carcinoma e menos de 5% são sarcomas (LANA et al., 2007; SLEECKX et al., 2011). Sorenmo et al. (2009) revelou que cadelas com neoplasias mamárias malignas eram significativamente mais velhas que aquelas com tumores benignos, e que tumores malignos eram significativamente maiores que os benignos. Além disso, foi revelado que cadelas com lesões histopatológicas prémalignas (hiperplasia e carcinoma in situ) possuem um aumento significativo no risco de desenvolverem uma nova NMC maligna (MOUSER et al., 2010). Sistemas de classificação histopatológica das NMCS têm sido empregados com intuito de reconhecer os padrões teciduais neoplásicos. A classificação mais aceita e utilizada é a estabelecida pela Organização Mundial de Saúde (OMS) onde são descritos e subdivididos carcinomas não infiltrativos, carcinomas complexos, carcinomas simples (tubulopapilífero, sólido e anaplásico), sarcomas e tumores benignos. No Brasil, Cassali et al. (2011) propuseram uma classificação após um consenso entre profissionais que militam na oncologia veterinária. Adotaram, por

base, os critérios estabelecidos por Misdorp et al. (1999) publicado pela AFIF (Instituto de Patologia das Forças Armadas). Carcinomas mamários comumente provocam metástases via linfáticos aos linfonodos regionais e pulmões, porém a extensão e a localização da metástase determinam a ocorrência e severidade dos sinais clínicos (LANA et al., 2007; MISDORP, 2002; SORENMO, 2003). Apesar do conhecimento dos linfossomos mamários, sítios regionais de drenagem linfática, inúmeros estudos têm revelado que a presença de tumores pode alterar significativamente a direção linfática da mama, uma vez que animais portadores de neoplasias mamárias passam por uma reconfiguração linfática, que se deve, em grande parte, à presença de fatores pró-linfangiogênicos no sítio tumoral (PATSIKAS et al., 2006; MATOS et al., 2012; SUAMI et al., 2013; BESERRA, 2014). Outro aspecto importante no desenvolvimento de neoplasias é a linfangiogênese visto que, o crescimento de novos vasos linfáticos assim como de novos vasos sanguíneos é essencial para o crescimento, invasão e metástase tumoral (SLEECKX et al., 2014). A linfangiogênese tem sido mensurada de diferentes formas em um tecido, podendo ser obtida a densidade de vasos linfáticos (DVL). A proteína prox-1 tem-se mostrado ser o marcador mais sensível e específico da DLV (SLEECKX et al., 2014). OBJETIVOS Objetivos gerais Contribuir para pesquisas voltadas ao meio oncológico, que possui muito a ser descoberto, como a patogenia das formações de neoplasias, seu crescimento e disseminação, o qual este projeto se envolve, focando no tema da linfangiogênese que através de marcadores biológicos, pode-se interligar a ação deste processo. Objetivos Específicos Comparar tecidos mamários neoplásicos provenientes de excisão cirúrgica, e não neoplásicos originados de necropsia; Identificar a ocorrência de linfangiogênese em neoplasias mamárias; Correlacionar a linfangiogênese com a classificação e graduação tumoral; Comparar os resultados obtidos com a linfangiogênese identificada em câncer de mama em mulheres;

Identificar mais um possível marcador de prognóstico de neoplasias mamárias caninas. METODOLOGIA Animais Foram utilizadas vinte (n=20) cadelas com neoplasias mamárias malignas previamente diagnosticadas através de punção biópsia aspirativa e análise citológica (SOLANO-GALLEGO & MASSERDOTTI, 2016). A avaliação clínica desses animais foi baseada em completo perfil hematológico, bioquímica sérica (ureia, creatinina, ALT, fosfatase alcalina, proteína total, albumina e cálcio), radiografias torácicas e ultrassonografia abdominal. Todos os animais foram estadiados clinicamente pelo sistema TNM de estadiamento clínico para tumores mamários caninos (OWEN, 1980). Excluiu-se desta pesquisa cadelas com doença renal crônica, doença hepática, endocrinopatias e portadoras de carcinoma inflamatório mamário. Também se excluu deste estudo cadelas que foram tratadas com quimioterapia e antiinflamatórios (esteroidais ou não esteroidais) nos últimos sessenta (60) dias. Grupos Os animais portadores de neoplasia mamária foram alocados em um grupo mastectomia (GM) (n=20) que proveio de cadelas submetidas a tratamento cirúrgico consistindo em mastectomia em cadeia unilateral ou bilateral como terapia. Um segundo grupo controle (GC, n= 8) foi composto por cadeias bilaterais de glândulas mamárias removidas durante exame necroscópico, no setor de Patologia Animal do Unisalesiano-Araçatuba-SP, de cadelas eutanasiadas por diferentes causas, porém sem sinais de neoplasia mamária ou de qualquer alteração macroscópica nas glândulas mamárias. Cirurgia Para a realização do procedimento cirúrgico todas as cadelas foram submetidas a anestesia geral inalatória, após prévia medicação pré-anestésica e analgesia. O tratamento cirúrgico consistiu em mastectomia unilateral ou bilateral padrão para ressecção cirúrgica das mamas, nódulos e linfonodos segundo técnica descrita por MacPhail (2014). No pós-operatório imediato as cadelas passaram por monitoração até completa recuperação. Como medicação pós-operatória as cadelas foram medicadas com cefalexina na dose de 30mg/kg, por via oral, a cada 12 horas, durante 10 dias; cloridrato de tramadol na dose de 4mg/kg, por via oral, a cada 8

horas, durante 5 dias; dipirona 25mg/kg, por via oral, a cada 8 horas, durante 5 dias; e meloxicam 0,1mg/kg por via oral, a cada 24 horas, durante 3 dias. Receberam ainda ranitidina 2mg/kg, por via oral, a cada 12 horas, durante 10 dias, como protetor de mucosa gástrica. Histopatologia As neoplasias mamárias, assim como os tecidos mamários sem alterações macroscópicas, foram clivadas e fixadas em formol tamponado e processadas segundo os métodos de inclusão em parafina. Os linfonodos regionais foram cortados segundo método para detecção de micrometástases preconizado por Weaver (2010). Os cortes feitos mediam 4μm de espessura, sendo corados com hematoxilina-eosina (LUNA, 1968), e examinados ao microscópio de luz. As neoplasias mamárias foram classificadas segundo Cassali et al. (2014), sendo os carcinomas os de interesse na pesquisa. Por meio da histopatologia foi realizada a avaliação e comparação os grupos quanto à graduação histológica. Imuno-histoquímica para detecção da Densidade de Vasos Linfáticos (DVL) Realizou-se a técnica de imuno-histoquímica para a expressão de PROX-1 nos tecidos mamários, previamente fixados em formol tamponado a 10% e embebidos em parafina. Para as reações de imuno-histoquímica, obtiveram-se cortes de 3μm de espessura. A DVL dos tecidos de todos os grupos foi obtida após imunomarcação com o anticorpo monoclonal de coelho anti-human prox-1 (Abcam, diluição 1:500) segundo técnica e cálculo descritos por Sleeckx et al. (2014). A reação foi realizada com o sistema de detecção polímero HRP Dako Advance (Dako), segundo as recomendações do fabricante. Imunohistoquímica (IHC) - Foram realizados cortes com 3μm de espessura dos tecidos - Após o corte, deixaram-se as amostras entre 30 minutos na estufa à 56º C - Logo em seguida, iniciou-se o processo de desparafinização/hidratação. DESENVOLVIMENTO Para a desparafinização/hidratação, foram realizadas as seguintes etapas: Xilol (I, II e III), Álcool 100% I, Álcool 100% II, Álcool 95%, Álcool 80%, Álcool 70%, Álcool 50% e água corrente por 2 minutos, - Passado o processo de desparafinização e hidratação, realizou-se reativação antigênica, que consiste em ferver o tampão citrato por 5 minutos em microondas e

em seguida, acrescentar as lâminas, para que estas fervam na solução por 3 minutos e esfriem no em temperatura amiente - Finalizando o esfriando, o próximo passo foi realizar o bloqueio da peroxidase endógena, onde realiza-se 2 banhos de 15 minutos com H2O2-20v, e um anho de 15 minutos com metanol e peróxido de hidrogênio - O bloqueio das ligações inespecíficas que poderiam intervir nos resultados obtidos, foram realizados através de banho de 50 minutos no leite em pó, sendo secado ao redor dos cortes com papel filtro - Aplicou-se sobre os cortes o anticorpo primário na concentração de 1:1600, incubado em temperatura ambiente por 50 minutos em câmara úmida e passando na temperatura de 4º C over-night (12 horas), sendo que ao final da incubação, realizou-se 2 banhos com PBS (10 minutos cada) - Na etapa de bloqueio de proteína, cubriu-se o corte histológico, e incubou-se por 10 minutos em temperatura ambiente com bloqueador de proteína Spring, lavando após incubação com tampão PBS por 10 minutos - Adicionou-se em seguida o tampão diluente Spring juntamente com o anticorpo primário conforme a instrução do fabricante, cobrindo o corte e colocando em câmara úmida por 30 minutos em temperatura ambiente, e lavando as lâminas com tampão PBS por 3 vezes em 10 minutos cada - Após, adiciou-se algumas gotas do reagente complemento, suficientes para cobrir a lâmina, deixando por 10 minutos em temperatura ambiente, porém sem lavar as lâminas, somente deixando escorrer - Realizou-se três banhos com solução de PBS durante 10 minutos cada, e secando a lâmina ao redor dos cortes - Acrescentou-se o anticorpo secundário e deixou incubar na temperatura ambiente em câmara úmida por 30 minutos - As lâminas fotam lavadas 3 vezes em PBS por 3 minutos cada banho - Ao final, acrescentou-se a streptavidina sobre os cortes e secou-se as lâminas com papel filtro ao redor dos cortes - Incubou-se novamente as lâminas por 30 minutos em câmara úmida em temperatura ambiente - Colocou-se as lâminas na solução PAB para ter revelação antigênica, e contracorar com hematoxilina de Moyer - Deixar azulecer em água corrente

- Desidratar os cortes para montar as lâminas, nas seguintes etapas: Álcool 50%, Álcool 70%, Álcool 80%, Álcool 95%, Álcool 100% I, Álcool 100% II, Álcool/Xilol e Xilol (I, II e III). - Montou-se as lâminas com Bálsamo do Canadá Análise Estatística Utilizou-se o teste Mann-Whitney para amostras não paramétricas com nível de significância de p<0,05, utilizando-se o programa computacional SAS (Statistical Analysis System) versão 9.3. para comparação da DMV entre os grupos. RESULTADOS Através das amostras coletadas no grupo controle e grupo mastectomia, realizou-se o teste de imuno-histoquímica para detecção da Densidade de Vasos Linfáticos (DVL) Intratumorais. O método se baseia na expressão de antígenos, eplorando o princípio de ligação específica de anticorpos a antígenos do tecido mamário. No presente experimento, o anticorpo utilizado foi o anticorpo monoclonal de coelho anti-human prox-1. Os tecidos foram previamente fixadas em formol tamponado a 10% e embebidos em parafina. Controle Positivo Para confirmação da especificidade do anticorpo Prox-1, foi realizada a montagem e utilização de uma lâmina proveniente de linfonodo canino, que apresentou imunomarcação pelas células do endotélio linfático. Por ser um marcador nuclear, o anticorpo Prox-1 agiu se ligando ao núcleo das células do endotélio de vasos linfáticos do linfonodo, onde ocorre a expressão de Prox-1. Com isso, comprovou-se a eficácia do anticorpo utilizado. Mamas Normais (Grupo Controle) As lâminas das mamas provenientes de necropsia apresentaram escassa população linfática, excluindo-se a vascularização normal da região anatômica. A densidade média dos vasos linfáticos foi de 5,6 mm2, segundo a análise estatística. Tumores Mamários (Grupo Mastectomia) Nas lâminas com tecido neoplásico, observou-se a influência na formação de novos vasos linfáticos na imuno-histoquímica. Houve demarcação dos núcleos das células endoteliais dos vasos linfáticos (figura 1). Com isso, mediante relatos da literatura e da referência bibiográfica utilizada neste presente trabalho, constatou-se que neoplasias mamárias caninas de caráter maligno, promovem em maior grau

metástases por via linfática, pela linfangiogênese, processo este que decorre das modificações histológicas e bioquímicas promovidas pelas células tumorais. Mediante análise estatística para mensuração da Densidade dos Vasos Linfáticos (DVL), a média foi de 7,55 mm2 para os tecidos neoplásicos. Figura 1: Carcinoma mamário canino, com áreas imunomarcadas pelo anticorpo anti-prox-1 (coloração marrom) indicando as células endoteliais dos vasos linfáticos intratumorais (setas), IHQ (40x). Figura 2: Tecido mamário canino normal, com áreas bem delimitadas dos vasos linfáticos (asteriscos), imunomarcados pelo anticorpo anti-prox-1 evidenciando vasos linfáticos normais desta área de drenagem, IHQ (40x). 3A Figura 3: neoplasia mamária da glândula mamária em cadela do grupo mastectomia. Fonte: Hospital Veterinário do UniSALESIANO Araçatuba (SP) Análise Estatística da Densidade de Vasos Linfáticos

Mamas Normais - Média: 5,6 mm2 (obtida a partir de 5 campos analisados no aumento de 40 x) - Desvio Padrão: 3,52 - Erro Padrão: 1,24 20 15 10 5 0 1 2 3 4 5 6 7 8 Gráfico 1: densidade de vasos linfáticos em mamas normais correlacionadas com o desvio padrão (linha preta) Tumores - Média: 7,57 mm2 (obtida a partir de 5 campos analisados no aumento de 40 x) - Desvio Padrão: 2,09 - Erro Padrão: 0,50 15 10 5 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 1011121314151617 Gráfico 2: densidade de vasos linfáticos em tumores de mama correlacionadas com o desvio padrão CONSIDERAÇÕES FINAIS No presente trabalho constatou-se que em tumores mamários caninos do tipo celular epitelial (carcinomas), há a estimulação para a formação de novos vasos linfáticos, além dos que são responsáveis pela drenagem da área anatômica em questão, que contribuem para a capacidade metastática das células tumorais. O grau de malignidade se encontra associado com angioneogênese e linfangiogênese, logo, através de uma minuciosa avaliação dos vasos linfáticos formados no tecido tumoral, é possível estabelecer um prognóstico sucinto e diagnóstico adequado ao paciente, se fazendo necessário maior foco em pesquisas

futuras. Estudos sobre a linfangiogênese em tumores mamários caninos se fazem necessários para a realização de terapias eficientes, que promovam a inibição desta nova formação linfática, além de contribuir para a área da oncologia humana, devido à semelhança na fisiopatologia tumoral mamária em ambas as espécies. REFERÊNCIAS BESERRA, H.E.O. Metástases de carcinoma de mama em cadelas: avaliação da técnica de linfonodo sentinela. 2014. 59f. Dissertação (Mestrado em Medicina Veterinária) - Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecina, Universidade Estadual Paulista (Unesp), Botucatu. 2014. BRODEY, R.S.; GOLDSCHMIDT, M.A.; ROSZEL, J.R. Canine mammary gland neoplasms. J. Am. Anim. Hosp. Assoc., v.19, p.61-90, 1983. CASSALI, G.D.; LAVALLE, G.E.; ANDRIGO, B.N. et al. Consensus for the diagnosis, prognosis and treatment of canine mammary tumors. Braz. J. Vet. Pathol., v.4, n.2, p.153-180, 2011. GOLDSCHMIDT, M. et al. Classification and grading of canine mammary tumors. Veterinary Pathology, v.48, n.1, p.117-131, 2011.. MENDES, A.R. Avaliação da quimioterapia metronômica em carcinomas mamários de cadelas por imunomarcações. 2014. 70f. Dissertação (Mestrado em Ciência Animal) - Faculdade de Medicina Veterinária, Universidade Estadual Paulista (Unesp), Araçatuba. 2014. ISDORP, E. R.; HELLMAN, E. Histologic classification of mammary tumors of the dog and cat. In: WORLD HEALTH ORGANIZATION INTERNATIONAL. Histological classification of tumors of domestic animals. Washington, DC: WHO, 1999, p.2. MISDORP, W. Tumors of the mammary gland. In: MEUTEN, D.J. Tumors in domestic animals. 4ed., Iowa: Iowa State Press, 2002. p.575-606.