Convention and Visitor Bureau - Mais de um Século de Sucesso!



Documentos relacionados
Legado da Copa do Mundo e das Olimpiadas - Rio AMCHAM - Rio. Rio de Janeiro setembro 2013

Empreenda! 9ª Edição Roteiro de Apoio ao Plano de Negócios. Preparamos este roteiro para ajudá-lo (a) a desenvolver o seu Plano de Negócios.

1.000 Receitas e Dicas Para Facilitar a Sua Vida

Exclusivo: Secretária de Gestão do MPOG fala sobre expectativas do Governo Dilma

Discurso de Luiz Inácio Lula da Silva Seminário do Prêmio Global de Alimentação Des Moines, Estados Unidos 14 de outubro de 2011

Como a nova gestão pretende investir na inovação do ensino da FMB?

22/05/2006. Discurso do Presidente da República

Entrevista coletiva concedida pelo Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, após encontro com a Senadora Ingrid Betancourt

Capítulo III. Há tempos se discute, em minha opinião inutilmente, se o. turismo de negócios pode ser considerado turismo, na verdadeira

18/11/2005. Discurso do Presidente da República

Tecnologia sociais entrevista com Larissa Barros (RTS)

Rodobens é destaque no website Infomoney

Eixo Anhanguera-Bandeirantes virou polo lean, diz especialista

Estratégias adotadas pelas empresas para motivar seus funcionários e suas conseqüências no ambiente produtivo

Reaproveitamento de Máquinas Caça-Níqueis

COMO FUNCIONA NOSSA CONSULTORIA DE MARKETING DIGITAL ESPECIALIZADA EM VENDAS ONLINE

Coordenadoria de Concursos - CCV Comissão do Vestibular

Turismo de (bons) negócios. 26 KPMG Business Magazine

Balanço social: diversidade, participação e segurança do trabalho

INFORMATIVO. Novas Regras de limites. A Datusprev sempre pensando em você... Classificados Datusprev: Anuncie aqui!

PARA ONDE VAMOS? Uma reflexão sobre o destino das Ongs na Região Sul do Brasil

Motivos de transferência do negócio por parte dos franqueados

É recomendável ordenar e responder apenas àquelas perguntas que podem efetivamente contribuir para um aprofundamento da análise da organização.

A empresa fica na feira de Sapatilha?

Educação Patrimonial Centro de Memória

Três exemplos de sistematização de experiências

AP03 OS MODELOS DE PRODUÇÃO DE HENRY FORD

3 Dicas Infalíveis Para Ganhar Dinheiro Online. Por Tiago Bastos, Criador da Máquina de Vendas Online

O desafio de gerenciar o fluxo de caixa. Gilvânia Banker

ROSEMARY OLIVEIRA DE LIMA

5 Instrução e integração

81AB2F7556 DISCURSO PROFERIDO PELO SENHOR DEPUTADO LUIZ CARLOS HAULY NA SESSÃO DE 05 DE JUNHO DE Senhor Presidente, Senhoras Deputadas,

defendem revitalização do Cais Mauá, mas questionam modelo escolhido

Novas perspectivas para o Comércio entre Brasil e China. Resenha Economia e Segurança

Curso: Diagnóstico Comunitário Participativo.

CHAIR DRYDEN: Continuemos, vamos passar ao último tema do dia. Ainda temos 30 minutos.

ALUNO DO IE IE em greve desde segunda. Paralisação do instituto bem produtiva, pois proporcionou a participação de vários alunos e foi bem proveitosa.

TURISMO NO SUL DE MINAS: UMA ANÁLISE SOBRE O MUNICÍPIO DE FAMA (MG)

7 etapas para construir um Projeto Integrado de Negócios Sustentáveis de sucesso

FORMAÇÃO DE JOGADORES NO FUTEBOL BRASILEIRO PRECISAMOS MELHORAR O PROCESSO? OUTUBRO / 2013

Tema: evasão escolar no ensino superior brasileiro

Futuro Profissional um incentivo à inserção de jovens no mercado de trabalho

APRESENTAÇÃO Conselhos Municipais de Desenvolvimento Rural Sustentável (CMDRS)

A Maquina de Vendas Online É Fraude, Reclame AQUI

Marketing Educacional como manter e captar novos alunos

Plano de Negócios. Por que escrever um Plano de Negócios?

Gestão da TI. Os custos escondidos da. Conheça os custos escondidos na gestão amadora da TI e pare de perder dinheiro.

entrevista: tamas rohonyi

Otimizada para Crescimento:

ENTREVISTA Questões para Adauto José Gonçalves de Araújo, FIOCRUZ, em 12/11/2009

As 10 Melhores Dicas de Como Fazer um Planejamento Financeiro Pessoal Poderoso

Uma política econômica de combate às desigualdades sociais

CIA. INDUSTRIAL VALE DO PARAÍBA S/A. UM CASO DE SUCESSO?

A experiência da Engenharia Clínica no Brasil

PROJETO DE LEI N o, DE 2008.

FORMULE 1: O CONCEITO QUE DEMOCRATIZOU OS HOTÉIS

Preparação do país para a Copa do Mundo 2014 e a herança para

Entrevista exclusiva concedida pelo Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, ao SBT

difusão de idéias QUALIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL Um processo aberto, um conceito em construção

UM CAMINHO SIMPLES PARA UMA NUVEM PRIVADA

Projeto Casa Aberta - ELETROSUL: 20 anos educando para a cidadania

QUEM NÃO SE COMUNICA SE TRUMBICA: ANÁLISE DA PRESENÇA DO RÁDIO NO SÉCULO XXI

Pesquisa de Avaliação da Feira do Empreendedor Visitantes e Expositores SEBRAE/SE SETEMBRO/2010

Texto 2. Julinho, o sapo

Gestão e estratégia de TI Conhecimento do negócio aliado à excelência em serviços de tecnologia

Edital para 120 quiosques da orla sairá após Carnaval Ter, 25 de Fevereiro de :56

Nesta feira, este ano, percebe-se que há novas editoras, novas propostas. Qual a influência disso tudo para o movimento espírita?

Liderança Organizacional

E-book Grátis Como vender mais?

ANEXO 1 PROJETO BÁSICO PROGRAMA DE CAPACITAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO INSTITUCIONAL E ORGANIZACIONAL DE ENTIDADES CIVIS DE DEFESA DO CONSUMIDOR

COMECE A TRABALHAR COM A INTERNET

UNIDADE 3 Identificação de oportunidades

Presidência da República Casa Civil Secretaria de Administração Diretoria de Gestão de Pessoas Coordenação Geral de Documentação e Informação

Objetivos das Famílias e os Fundos de Investimento

1. Introdução. 1.1 Contextualização do problema e questão-problema

Cenário positivo. Construção e Negócios - São Paulo/SP - REVISTA - 03/05/ :49:37. Texto: Lucas Rizzi

ACP ASSOCIAÇÃO COMERCIAL DO PARANÁ Projeto Centro Vivo

BOLETIM INFORMATIVO 01/2014 PROCESSO N.º ABRAHÃO SADIGURSKY E OUTROS VS. PETROBRÁS

Health Innovation. 54 HEALTHCARE Management 36 julho agosto 2015 healthcaremanagement.com.br

Convention & Visitors Bureaux

Texto para Coluna do NRE-POLI na Revista Construção e Mercado Pini Janeiro 2011

PLANEJAMENTO OPERACIONAL - MARKETING E PRODUÇÃO MÓDULO 11 PESQUISA DE MERCADO

1 Avalie a demanda para os produtos e serviços da franquia em questão!

Consultoria e Marketing COMO TORNAR O TREINAMENTO UMA FERRAMENTA DE LUCRATIVIDADE

X Encontro Nacional de Educação Matemática Educação Matemática, Cultura e Diversidade Salvador BA, 7 a 9 de Julho de 2010

O sucesso de hoje não garante o sucesso de amanhã

O Planejamento Participativo

Lições para o crescimento econômico adotadas em outros países

DIREÇÃO NACIONAL DA CUT APROVA ENCAMINHAMENTO PARA DEFESA DA PROPOSTA DE NEGOCIAÇÃO DO SALÁRIO MÍNIMO, DAS APOSENTADORIAS E DO FATOR PREVIDENCIÁRIO

Pesquisa do IBRI é matéria de capa da revista Exame

O Marketing e suas áreas...

Como escrever um estudo de caso que é um estudo de caso? Um estudo so é um quebra-cabeça que tem de ser resolvido. A primeira coisa a

FACULDADE DO NORTE NOVO DE APUCARANA FACNOPAR PLANO DE DESENVOLVIMENTO INSTITUCIONAL

O SEGURO DE VIDA COM COBERTURA POR SOBREVIVÊNCIA NO MERCADO SEGURADOR BRASILEIRO UMA ANÁLISE TRIBUTÁRIA

ASSOCIAÇÃO CULTURAL E EDUCACIONAL DE GARÇA FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS CURSO DE BACHARELADO EM TURISMO RA:

Sumário 1 APRESENTAÇÃO LINHAS GERAIS Diretrizes Básicas Objetivos Público-Alvo... 4

Transcrição:

Convention and Visitor Bureau - Mais de um Século de Sucesso! A história da origem dos CVB s é tão antiga quanto curiosa! Pelo que se sabe, no final do século XIX, antes mesmo da linha de montagem criada por Henry Ford em Detroit para a produção em série dos automóveis da marca, começasse a chamar a atenção de empresários de outros estados e países pelo sucesso obtido com o aumento da produtividade e racionalização dos custos de produção, introduzindo o conceito de economia de escala, a cidade de Detroit, fundada por Jean De La Mothé Cadillac, já era famosa como uma das mais ativas produtoras de fogões e móveis de cozinha do país! Isso já lhe garantia um fluxo de visitantes enorme, numa prévia do que estava para acontecer em termos de revolução conceitual na forma como o turismo era entendido até então. Detroit, aliás, sempre foi uma cidade com grande apelo turístico e de economia poderosa. Já no início de 1896, muitos homens de negócios das mais variadas cidades chegavam a Detroit para participar de convenções, congressos e reuniões de trabalho. Os hotéis, restaurantes, táxis, bares e boates viviam abarrotados de gente animada com muita propensão para gastar! A cidade já começava a evidenciar certa vocação para o turismo de negócios naquele final de século. Foi num desses dias, mais precisamente no dia 06 de fevereiro de 1896, que Milton Carmichael, um jornalista recém chegado de Indiana, ligado ao Partido Republicano, veio trabalhar no The Detroit Journal, um dos principais periódicos da época, e escreveu o texto que reproduzimos abaixo, e que pode ser considerado o estopim para a fundação do primeiro convention bureau do mundo! Chamamos a atenção para a acurada visão estratégica demonstrada por Carmichael, falecido em 1948, evidenciada na aparente simplicidade do texto, o qual, após uma análise mais cuidadosa, revela uma modernidade difícil de entender em pleno século XIX: Relíquia histórica: capa da edição de 06 de Fevereiro de 1896 onde saiu o artigo de Carmichael:...Ao longo dos últimos anos Detroit construiu fama de cidade de convenções. Visitantes vêm de milhares de quilômetros de distância para participar de eventos empresariais. Fabricantes de todo o país usam nossa hotelaria para promover reuniões onde discutem os temas de seus interesses, mas tudo isso sem que haja um esforço por parte da comunidade, nem uma ação que vise dar-lhes algum apoio durante sua estadia entre nós. Eles simplesmente vêm para Detroit porque querem ou precisam. Será que Detroit, através de um esforço conjunto, não conseguiria garantir a realização de 200 ou 300 convenções nacionais ao longo do próximo ano? Isso significaria a vinda de milhares e milhares de pessoas de todas as cidades americanas, e elas gastariam milhares de dólares no comércio local, beneficiando a população da cidade. Com esta nota aparentemente inocente, Carmichael conseguiu despertar o interesse de alguns empresários e comerciantes membros da Câmara de Comércio e do Clube dos Fabricantes, os quais, em reuniões com hoteleiros, agentes de venda do sistema ferroviário e outros comerciantes, decidiram, em encontro acontecido no Hotel Cadillac, fundar uma organização para promover, de forma ordenada e conjunta, um esforço contínuo para atrair mais convenções para a cidade. Assim surgia o The Detroit Convention and Businessmen s League, ou Liga de Convenções e Homens de Negócio de Detroit, primeiro nome da entidade que em 1907 passou a adotar a denominação de Detroit Convention & Tourists Bureau. Nessa

época, o convention tinha um pouco menos de 20 empresas associadas, mas a ideia vingou e começou a dar frutos em outras cidades dos Estados Unidos e até do exterior. Em 1915 havia 12 outros conventions, cujos representantes se encontraram em Detroit para formar a organização que hoje é a IACVB International Association of Convention & Visitors Bureaux, entidade que reúne centenas de CVB s do mundo todo. O surgimento do primeiro convention do mundo, como vimos, foi motivado por um singelo artigo de jornal que questionava a passividade dos empresários locais com relação aos benefícios da vinda de visitantes para a cidade. Mas, na verdade, esse artigo questionava muito mais que isso. Se for interpretado adequadamente, o pensamento de Carmichael continha o embrião do associativismo no setor de turismo. O que ele queria dizer de fato, é que os empresários deveriam para de promover a concorrência predatória entre seus empreendimentos, olhando cada um para seus próprios interesses, e privilegiar uma visão global do mercado, atuando de forma coletiva em favor do desenvolvimento econômico da cidade como um todo, atitude a qual, na visão do jornalista, acabaria por beneficiar cada um dos participantes. No fundo, Carmichael promovia ali as vantagens de se colocar o bem comum acima do bem privado, ou seja, incentivava o associativismo em favor da comunidade como um todo. Mas Carmichael não era ingênuo. A mensagem subliminar que ele passou, era de que, é muito melhor ter um negócio, qualquer que seja e de que tamanho for, numa economia forte, vigorosa, em crescimento, do que lutar para manter uma empresa em funcionamento numa economia estagnada ou em declínio, Resumindo, ajudando a manter a economia aquecida, você estará ajudando o seu próprio negócio. Está aí a gênese de todos os convention bureaux, agir no fomento da economia local, para beneficiar os negócios de todos os associados. Entretanto, um fato histórico ajudou a dar visibilidade mundial à cidade de Detroit, e vai ficar, para sempre, ligado à história dos conventions. Naquele mesmo ano de 1896, Charles B. King saiu de sua loja em St. Antoine dirigindo uma carruagem sem cavalos, movida por um motor de dois tempos, num fato inédito que marcaria o início do surgimento da indústria automobilística que, até hoje, é a marca de Detroit. Era a primeira vez que um automóvel era dirigido pelas ruas da cidade e o autor dessa façanha, Charles King, que chegou a ter dificuldades com as autoridades locais por sua ousadia, coincidentemente, foi um dos fundadores do convention de Detroit. Evidentemente, as coisas não foram tão fáceis como alguns podem imaginar. Quando Carmichael falou em investimento, em gastar dinheiro para trazer gente de fora, imediatamente algumas vozes mais conservadoras alegaram que seria um desperdício aplicar recursos próprios num projeto tão mirabolante. Segundo essa corrente, caberia às autoridades locais investir na vinda de visitantes e na captação de eventos. Mas a visão estratégica do jornalista, que insistia em defender que cabia à comunidade empresarial se unir e não ficar esperando a iniciativa do poder público acabou por prevalecer. A independência financeira e a ausência de qualquer ingerência política são, até hoje, um dos traços mais marcantes dos conventions em todo o mundo. Como se vê, Carmichael já enfrentava lutas delicadas naquela época, inclusive uma que durou mais de 50 anos, que foi o empenho pela construção de um centro de convenções de grande porte, capaz de abrigar eventos como o Detroit Auto Show, maior orgulho da poderosa indústria automobilística que se formou no município. Num boletim de 1913 o convention alertava que, devido à falta de espaço adequado, a cidade perdera cerca de 3.500 grandes eventos nos últimos seis anos. Por incrível que pareça, essa é uma situação que ainda aflige alguns conventions mundo afora, principalmente no

Brasil, mas, como podemos constatar, é uma reivindicação que, se não tem dado muitos resultados prática, pelo menos conta com uma considerável herança histórica. Com todos os problemas, no entanto, os empresários de Detroit, liderados pelo jornalista Carmichael, acabaram por formatar o conceito que viria a dar origem ao primeiro convention do mundo funcionando-nos mesmos moldes dos de hoje o London Convention & Visitors Bureau, fundado, já com essa denominação e características, em 1905. Desde então muita coisa mudou, o turismo cresceu e ganhou importância estratégica para muitos países. Transformou-se em produto de exportação, atividade geradora de emprego e renda, assumiu status de impulsionador do desenvolvimento e ganhou as páginas de economia dos principais meios de comunicação. Entretanto, a idéia de entidades agindo no apoio à captação de eventos e na divulgação dos atrativos turísticos de uma cidade ou região para aumentar o fluxo de visitantes, vem sendo consolidada nos cinco continentes, foi ganhando corpo, e hoje, existem mais de 1000 conventions espalhados pelo mundo! No Brasil, a história dos CVB s é muito mais recente. Na verdade, apenas em 1983 surgiu a primeira iniciativa com a fundação do São Paulo Convention & Visitors Bureau, nosso pioneiro. Logo em seguida, em 1984, o Rio de Janeiro criava seu bureau para explorar melhor o enorme potencial daquele destino mundialmente consagrado. Seguiram-se Florianópolis, Blumenau, Brasília, Petrópolis, Fortaleza, Joinville e Belo Horizonte, mas, é curioso perceber que, em 1997, cento e um anos após a criação do primeiro convention do mundo, e quatorze anos passados da fundação do primeiro do Brasil, existiam apenas oito CVB s no Brasil. Nos oito anos seguintes esse número foi multiplicado por sete e, em 2005, já existiam mais de 55 entidades em todo o território nacional. Toda essa movimentação em torno dos convention bureaux tomou corpo com a criação, em 1998, do Fórum Brasileiro de CVB s, depois transformado em Federação Brasileira de Convention & Visitors Bureaux, presidida por João Luiz dos Santos Moreira, executivo especialista em planejamento estratégico e turismo de negócios. A partir daí, e com a criação, no início do governo Lula, do Ministério do Turismo, o setor foi fortalecido e está presente em todos os níveis de decisão do turismo brasileiro. O presidente da Embratur, Eduardo Sanovicz, é ele mesmo oriundo do sistema de CVB s, pois foi diretor do pioneiro SPCVB. A equipe que montou para dirigir a Embratur foi composta por profissionais emprestados de vários CVB s do Brasil, como Vera Sanches, ex-cvb de Brasília, Jeanine Pires, ex-cvb de Recife, Karin Carvalho, ex-cvb de Curitiba, Vaniza Schüller, ex-cvb de Porto Alegre e Ney Humberto Neves, ex-cvb do Rio de Janeiro, para ficar apenas nos mais conhecidos. A FBCVB e o próprio sistema brasileiro de CVB s ficaram tão conhecidos e assumiram tamanha importância estratégica, que se transformaram no principal parceiro da Embratur e do Ministério do Turismo na promoção comercial do Brasil no exterior. Paralelamente, a FBCVB é co-responsável pelos constantes recordes batidos pelos indicadores do turismo brasileiro nos últimos anos. A Federação, entre outras atividades, está presente na montagem e comercialização dos estandes do Brasil nos mais de 40 eventos do setor ao redor do mundo, e encabeça o Programa de Combate ao Turismo Sexual Infantil, empreendido recentemente pelo Ministério do Turismo. Se não há como negar a importância dos conventions na articulação dos arranjos produtivos locais, é importante perceber que essa importância se deve, em grande parte, à compreensão de que nossas entidades são as mais representativas de toda a cadeia produtiva do turismo, justamente por serem fiéis aos princípios enunciados por Milton Carmichael em 1896, integrando horizontalmente os setores interessados no desenvolvimento econômico dos destinos através do turismo.

Em todo esse processo, que, como se vê, já dura mais de um século, precisamos destacar exatamente o peso da cadeia produtiva do turismo de negócios como impulsionador do deslocamento das discussões em torno de convention bureaux, da área de lazer e entretenimento para a área de economia. Percebe-se nitidamente, nesse deslocamento, um ganho qualitativo e estratégico difícil de imaginar alguns anos atrás. De fato, ao agirem no apoio à captação de eventos, os conventions acabam impactando, direta ou indiretamente, uma série de atividades que não estão, necessariamente, ligadas ao turismo. Empresas que prestam serviços auxiliares em eventos, como segurança, limpeza, gráficas, recepcionistas, tradução simultânea, transporte, floriculturas, shows, buffets, restaurantes, casas noturnas, shoppings, táxis, enfim, um universo calculado em mais de cinquenta atividades que, somadas, ajudam a compor a base da economia do turismo que, calcula-se, seja responsável por cerca de 8% do PIB nacional. Evidentemente, para se chegar a esse número, é preciso incluir na conta o faturamento das empresas que, temporariamente, se juntam à atividade turística em si, ainda que de forma indireta, para formar a dita Economia do Turismo. Assim, quando uma construtora, por exemplo, está levantando um hotel, passa a integrar a economia do turismo. Seguindo o mesmo raciocínio, quando o hotel encomendar à indústria têxtil a compra dos suprimentos de cama, mesa e banho de que vai precisar, fará com que este passe a somar pontos para a economia do turismo. O mesmo acontece com a indústria cerâmica ao fornecer as louças de que o hotel vai precisar, e assim por diante, num círculo virtuoso que espalha benefícios por toda a cadeia produtiva regional. Foi movimentando essa roda da fortuna que os CVB s conseguiram desviar o foco de discussão da área do interesse turístico para a do desenvolvimento econômico. Hoje, no Brasil, os mais de 50 CVB s existentes, são mais solicitados pelos cadernos de economia dos jornais do que pelos tradicionais veículos do trade turístico, embora, é claro, um bom convention bureau, deva representar com bastante propriedade todo o trade turístico local. Evidentemente, indo muito, além disso, os conventions modernos e mais atuantes têm sua base de representação bastante ampliada, conseguindo uma abrangência que lhes dá legitimidade para discutir, propor e executar políticas regionais de turismo e influenciar as autoridades na condução dos investimentos no setor, com reflexos muito positivos na atividade econômica das regiões ou cidades que representam. Por fim, ao agrupar-se em torno da Federação Brasileira de Convention & Visitors Bureaux, entidade que já representa mais de 45 diferentes conventions, o setor tende a crescer em importância e peso político, agindo como caixa de ressonância de uma atividade que é responsável por um faturamento de 37 bilhões de reais anuais (3,1% do PIB), que emprega quase três milhões de pessoas e recolhe 4,2 bilhões de reais em impostos com a realização de 320 mil eventos por ano. São números, qualquer que seja o ângulo adotado para análise, que não podem ser ignorados por nenhuma política nacional de turismo, e que, por si só, atestam a pujança do setor e o acerto de Milton Carmichael, quando, lá nos idos de 1896 em Detroit, quase que sem querer, deu origem ao conceito que hoje é reconhecido mundialmente como receita de sucesso para o fomento da atividade econômica e do turismo de negócios, os Convention & Visitors Bureaux. A atuação destas entidades no Brasil é tão nova e abrangente que ainda se discute sua verdadeira missão e prioridades. Mesmo entre os dirigentes de CVB s, ainda não há consenso sobre qual deva ser a linha de atuação quando se trata de captação de eventos, por exemplo. Entretanto, defendemos a ideia de que os CVB s devem, prioritariamente, trabalhar no apoio

às captações, e não liderar o processo. Isso se explica em grande parte pelas características do próprio mercado. Quando se quer captar um congresso médico, por exemplo, é necessário, primeiro, envolver a entidade médica representativa da especialidade, convencê-la a apresentar a candidatura daquela regional para sediar o congresso nacional da especialidade médica que representa. Sem esse apoio, sem essa vontade política, o convention estaria passando por cima daquele a quem cabe promover o evento, e a chance de fracasso seria enorme. Como trazer para a nossa cidade, por exemplo, o Simpósio Nacional de Cardiologia, se não tivermos a concordância do Conselho Regional de Cardiologia? Por isso dizemos que é competência da entidade médica ou de classe captar o evento. Evidentemente, tomada essa decisão que é quase sempre político/corporativa, essa entidade vai precisar do apoio do convention para defender essa candidatura. Afinal, é o convention o especialista na infraestrutura de eventos da cidade. É o convention o especialista no banco de dados de informações de atendimento ao turista, é ele que conhece e promove os atrativos turísticos, que conhece como ninguém os pontos fortes e as fraquezas do destino. É por isso que achamos mais correto dizer que os conventions apoiam a captação de eventos, ainda que, por vezes, sejam obrigados a tomar a iniciativa de motivar a entidade médica ou de classe a apresentar a candidatura, mostrando-lhes as chances de vencer e os benefícios que o evento poderá trazer para todos os envolvidos e para o destino candidato. Se não entendermos esta dinâmica, fica difícil administrar as expectativas das empresas que se associam aos conventions como mantenedoras. O CVB não tem obrigação de agir diretamente para incrementar os negócios do seu mantenedor, isso deve ser uma consequência de um planejamento de longo prazo e resultado do trabalho contínuo de um bom convention. Nós agimos na promoção do destino e no incentivo à economia regional através do fomento do turismo de negócios, mas não podemos deixar que se estabeleça uma relação direta, de causa e efeito, nas atividades deste ou aquele mantenedor. Conventions, acima de tudo, fazem marketing de destino. Conventions são ferramentas de marketing que integram horizontalmente os setores interessadas em posicionar uma cidade ou região como sede de eventos e feiras, viagens de incentivo, negócios e destino de lazer. Vale ressaltar o pensamento de Carmichael: vamos trabalhar juntos para desenvolver a economia local, e com isso, todo mundo terá benefícios. Ajude uma entidade que promove o desenvolvimento econômico, para que você possa ter um negócio num mercado em crescimento e daí tirar suas possibilidades de lucro e sucesso. Em resumo, e para ser fiel ao espírito carmichaeliano, antes de perguntar o que o convention da sua cidade pode fazer pelo seu negócio, você precisa avaliar o que o seu negócio pode fazer para ajudar o convention a melhorar a economia da cidade e o seu poder de atratividade para eventos, negócios e turismo. Agindo assim, você aumenta as chances de sucesso do trabalho do convention, e prova ter visão estratégica ao priorizar o bem coletivo em detrimento do privado. Já é um bom começo, Milton Carmichael, ficaria orgulhoso de ver até onde foram suas idéias originais. Autor Rui Carvalho Diretor Executivo do Campinas e Região Convention & Visitors Bureau Diretor de Comunicação da Federação Brasileira de Convention & Visitors Bureaux rui.carvalho@fbcvb.org.br