ím2è PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO ACÓRDÃO 1 llllll lltll U1H11UIIHH lllll lllll lllll llll lli Vistos, relatados e discutidos estes autos de Agravo Regimental n 991.09.028844-1/50002, da Comarca de São Paulo, em que são agravantes MARISA NAVARRO SALMERON e JOSÉ RICARDO SALMERON sendo agravado CONSERNE FACTORING FOMENTO MERCANTIL LTDA. ACORDAM, em 24* Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "NEGARAM PROVIMENTO AO AGRAVO REGIMENTAL. V. U.", de conformidade c^m. o voto do Relator, que integra este 7 'acórdão. O / julgamento teve a\ participação dos Desembargadores JOSÉ MARCOS MARRQNE (Presidente sem voto), PLÍNIO ANDRADE E THEODURETQ CAMARGO. São Paulo, 21 de junho de*2010. CARLOS ABRÃO RELATOR
VOTO N 788 AGRAVO REGIMENTAL n 991.09.028844-1/50002 Comarca: SÃO PAULO (18 a Vara Cível - Foro Central) Agravantes: MARISA NAVARRO SALMERON e JOSÉ RICARDO SALMERON Agravado: CONSERNE FACTORING FOMENTO MERCANTIL LTDA AGRAVO REGIMENTAL RECONSIDERAÇÃO DENEGADA - AÇÃO MONITORIA - PENHORA DO PATRIMÔNIO DO CASAL - BEM IMÓVEL - EMBARGOS DE TERCEIROS - LIMINAR REJEIÇÃO - APELO - NULIDADE INOCORRENTE - RECURSO PROVIDO COM OBSERVAÇÃO - DECLARATÓRIO REJEITADOS AMBOS - AGRAVO INTERNO DA EMBARGANTE - SÚMULA 182 DO STJ - IMPOSSIBILIDADE DE REEXAME DE MATÉRIA FÁTICA - NENHUM PREJUÍZO ADVINDO - SUBSISTÊNCIA DA CONSTRIÇÃO - PROTEÇÃO À MEAÇÃO - AGRAVO IMPROVIDO. Agravo interno fustigando a decisão de fls. 223/230, a qual deu provimento ao recurso, integrada pelos declar-atórios rejeitados fls. 242/244, alega a agravante a imprescindibilid^de de sua intimaçâo, pelo que nulificada a penhora, não sejtáo partexio feito principal, aguarda provimento (fls. 247/25 }r^
2 Recurso tempestivo, propicia conhecimento. Denego reconsideração, não vislumbrando qualquer fundamento, até em razão da Súmula 182 do STJ e a tutela conferida protetiva da meação. É O RELATÓRIO. O recurso não prospera. A decisão hostilizada encontra-se assim redigida: "VISTOS. Recurso que ataca a r. sentença de fls. 127/129, rejeitando liminarmente os embargos de terceiro, integrada por duplos declaratónos, igualmente desacolhidos (fls. 136 verso e 146 verso), aduzindo a recorrente se tratar de^unico imóvel que integra o patrimônio da família, havendo nulidade, por não ter sido irmmada da penhora, casada sob o regime da comunhão universal de bens, art. 169, ^único, do CPC, assim, pretende integral provimento e aguarda reforma (fls. 138/1461^^ V Recurso tempestivo, isenparííe preparo. Agravo Regimental n 991.09.028844-1/50002-18" Vara Cível - F. Central - Voto n 788
Recebido no duplo devolutivo (fls. 146 verso). provido. Tirado agravo de instrumento, com efeito suspensivo e no mérito Advieram contra-razões (fls. 171/184). Houve remessa (fls. 186 verso). Frustrada a conciliação em segundo grau (fls. 197). Substabelecimento (fls. 198/200). Aberto o segundo volume, requerimento da recorrente (fls. 208/209). Pleito do credor (fls. 207/209). Documentos (fls. 210/220). DECIDO. Sedimentado o entendimento da Câmara, compartilhando a posição do Superior Tribunal de Justiça, plausível decisão monocrática, permeando instrumentalidade e efetividade processuais. O recurso, em parte, com observação, merece prosperap- De fato, não se cuida de bem de famúia^ísnia vez que inexiste qualquer elemento comprobatório desta realidade, inclusive/estado pqssessorio ou de outros que demonstrem, inequivocamente, a ocupação dojíem. Agravo Regimental n 991.09.028844-1/50002-18" Vara Cível - F. Central - Voto n 788
4 Ao lado disso, a discussão encerra caminho de problema societário, porém, casamento no regime da comunhão universal, discussão diz respeito à imprescindibilidade da intimação do cônjuge da penhora consolidada. Na dicção salientada, lavrou-se a penhora e intimou-se o devedor, em julho de 2004 (fls. 219/220), referido bem está situado na Comarca de Pilar do Sul, escritura do registro civil - Tabelião de Notas, sem qualquer identificação do fólio imobiliário ou de benfeitoria edifícada. Regrando a matéria, o Superior Tribunal de Justiça teve a oportunidade de decidir ser desnecessária a intimação do cônjuge, quando atingida a finalidade alcançada pela oposição de embargos de terceiro no Recurso Especial 1136706 de Santa Catarina, Relator Ministro Castro Meira, julgado em 05.11.2009. Noutro pronunciamento, o Ministro Fernando Gonçalves, de 18.08.2009, salientando que a ausência de intimação do cônjuge não torna nula a penhora, Ministro Arnaldo Esteves, em julgamento de 10.02.2009, no Recurso Especial 900.580 de Goiás, sublinhando que a intimação pessoal da realização da hasta pública é necessária apenas ao devedor- executado. Na catalogação jurisprudencial, não se cogita de nulidade, uma vez que permanecerá em depósito, metade do preço pago pelo arrematante, ou assim procederá o credor se priorizar a adjudicação. Em outras palavras, o bem será levado, integralmente, à praça, deprecando-se, avaliando-se, e se houver interesse do credor, depositará, comoçssência do ato, independente do limite do crédito, aquilo cabente à meeira, se for aneínataéo, metade do valor a ela caberá. /"s Feito o raciocínio e dinamizada aspremissa, não nèrvejjido prejuízo, não se anula o ato praticado, o qual atingiu sua finalidade, pela interposiçao de embargos de terceiro. s^ Agravo Regimental n 991.09.028844-1 /50002-18 a Vara Cível - F. Central - Voto n 788
5 O discernimento pontual da matéria descarta litigância de má-fé, sendo o ônus da prova do apelado, de conteúdo positivo, demonstrar que o mútuo beneficiou ao casal e não pura e simplesmente à empresa na qual o cônjuge era mero sócio. Inexiste ônus probatório negativo, como pretende ressalvar, daí a necessidade de se presumir que não houve benefício algum, preservando-se a meação. Essencial realçar que a operação original de mútuo contempla a ora credora na propositura da monitoria, a gerar certa confusão, uma vez que beneficiada direta do empréstimo fora a empresa, verificando-se, ainda, em quotas iguais entre os sócios e o processo de dissolução societária. Nesta toada, não se comprova benefício direto ou indireto da esposa, melhor preservar a sua meação, até em razão da natureza pouco transparente do negócio jurídico subjacente e das concausas da dissolução societária. Isto posto, com observação, DOU PROVIMENTO, em parte, ao recurso, para ressalvar a meação, permanecendo a obrigação do credor, se vier a adjudicar, ao depósito da metade do preço correspondente ao bem, permanecendo a metade em depósito na hipótese de arrematação, preservando-se assim a titularidade do regime de bens entre ambos, arcam as partes em proporção com as custas e despesas, e cada uma com a honorária de seu patrono. Prosseguir-se-á em regular execução do julgado, com a deprecação e avaliação do bem, ressalvada a meação, seguindo o ditame do julgado, a teor do art. 557, 1 o, letra A, do CPC. Int.". E a decisão bargos declaratórios: Agravo Regimental n 991.09.028844-1/50002-18 a Vara Cível - F. Central - Voto n 788
6 "VISTOS. 1- Açoitam ambos os declaratórios a decisão prolatada a fls. 223/230, dando parcial provimento ao apelo, preservando a meação, suscita a terceira embargante, nulo o auto de penhora, encerrando contradição, aguardando provimento (fls. 233/235); o embargado destaca que a decisão extrapolou os limites do objeto litigioso, espera provimento (fls. 237/240). 2- Recursos tempestivos, merecem conhecimento. 3- DECIDO. Ao contrário do que alegam os embargantes, a decisão prolatada harmonizou-se com a sentença, a qual salientou benefício em prol do casal, matéria de ordem pública. Descartada a nulidade da constrição, não é da essência do ato a intimação do cônjuge, posto que prejuízo algum ocorreu, deliberou-se, com exatidão, dado se tratar de imóvel rural, cujo ônus da prova cabe ao credor, na proteção da meação. Seguiu-se o brocardo assente "pas de nulite sans grief", de tal sorte que alcançou a recorrente a finalidade sem implicar na nulidade, a qual fustigava apenas inócuo formalismo. Desrazão cabe ao credor, na medida em que a decisão se pautou por matéria de ordem pública e, ainda que não ferida, expressamente, no recurso, fora suscitada na sentença, cujo apelo devolve integralmente a matéria ao órgão julgador. / \ / Isto posto, REJEITO AMBOS OS DECLARAlpRIOS, decisório. ; / V mantido o Int". s ^ Agravo Regimental n 991.09.028844-1/50002-18 a Vara Civel - F. Central - Voto n 788
7 A despeito da insistência inócua da recorrente, a causa fora examinada e decidida consoante análise plural da questão litigiosa. Discutível até o seu interesse neste recurso, quando a meação fora preservada, havendo óbice da Súmula 182 do STJ. Deixou-se assentado e registrado no corpo da decisão (fls. 227) a desnecessidade da intimação pessoal, não tornando nula a penhora, conforme Ministros CASTRO MEIRA e ARNANDO ESTEVES, respectivamente. O casamento fora feito no regime da comunhão universal, o que exigiria demonstração do recurso obtido em prol da sociedade marital. Contudo, para proteger a consorte, houve decisão que salvaguardou sua meação, nãojrévendo prejuízò^algum, cuja nulidade buscada é mesmo inexisíente. Agravo Regimental n 991.09.028844-1/50002-18" Vara Cível - F. Central - Voto n 788
8 A teimosia da recorrente é por demais desabrida, uma vez que interveio como terceiro embargante, suprindo a lacuna de sua intimação, apegando-se ao simples formalismo para arrastar o procedimento e não honrar a obrigação contraída. Não se anula o ato, acaso inexista prejuízo, tanto que interpôs os embargos, liminarmente rejeitados, acolhido o apelo, não haveria mais sentido na sua abstrusa tese. Rj voto, NEGO PROVIMENTO ao CARLOS HENRIQUE ABRÃO Relator Agravo Regimental n" 991.09.028844-1/50002-18" Vara Cível - F. Central - Voto n 788