PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DA PARMBA



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VISTOS, RELATADOS E DISCUTIDOS os autos identificados acima;

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Transcrição:

si tn. 1 e PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DA PARMBA ACÓRDÃO HABEAS CORPUS N. 018.2003.000375-2 / 001 GUARABIRA Relator : Juiz convocado Eslu Eloy Filho Impetrante : Bel. Michel Pereira Barreiro Paciente : Maria Hailea de Araújo Toscano HABEAS CORPUS Crime ambiental Destruição de área de preservação permanente Termo de ajustamen-. to de conduta Ação penal Falta de justa causa Trancamento Ordem concedida. Celebrado termo de ajustamento de conduta entre a edilidade e o órgão fiscalizador, anteriormente ao oferecimento da denúncia, com vistas à reparação do dano ambiental, falta justa causa para a persecutio criminis, porquanto desaparecido o objeto material do art. 38 da Lei n. 9.605/98. VISTOS, relatados e discutidos estes autos de habeas corpus, acima identificados: ACORDA a Câmara Criminal do Tribunal de Justiça da Paraíba, por maioria de votos, em conceder a ordem para trancar a ação penal. Trata-se de habeas corpus, com pedido de liminar, impetrado pelo advogado Michel Pereira Barreiro, inscrito na OAB/PB sob n. 11.432, em favor de MARIA HAILEA DE ARAÚJO TOSCANO, alegando, para tanto, estar ela sob coação ilegal de parte do MM. Juiz de Direito da 4a Vara da comarca de Guarabira.,

,,., s. * t Mig.,.:fr PODER JUDICIÁRIO 7,, :N14.1e1A" TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DA PARAIBA..,, Aduz o impetrante, em sua súplica, que, em 09.08.2001, o IBAMA expediu o Auto de Infração de n.295100 contra o município de Guarabira/PB, na época em que a paciente era Chefe do Executivo local, com base no art. 38 da Lei n. 9.605/98, ao argumento de haver provocado a destruição de "floresta considerada de preservação permanente no topo da Serra da Jurema". Afirma, ainda, que foi lavrado o Termo de Apreensão de n. 149224, série "C", e que, em decorrência desses atos administrativos, o município de Guarabira apresentou defesa, tendo-sido celebrado o Termo de Compromisso n. 123/2002 em que a edilidade se comprometia em apresentar o PRAD Plano de Recuperação da Área Degradada, o qual foi elaborado e aprovado pelo 1BAMA, e de que constava, expressamente, a obrigação de executar o ajustado pela então prefeita ou quem viesse a sucedê-ia. - Não -obstante o termo de ajustamento celebrado, acresce o impetrante que a paciente terminou denunciada pelo Ministério Público, pela prática do crime previsto no sobredito art. 38 da Lei n. 9.605/98, quando, na verdade, a responsabilidade seria da atual gestora municipal, padecendo.ela, pois, de coação ilegal, por9uanto "está sendo compelida a comparecer perante a 1" Vara Criminal da capital, juízo deprecado, com vistas a ser ouvida sobre a possibilidade de suspensão condicional do processo que tramita no foro do juízo deprecante, em Guarabira...", fls. 02/10. A liminar foi indeferida, fls. 89/90. Vieram as informações, instruídas com cópias de peças do processo principal, fls. 93/97, complementadas às fls.104/115. 6 N "., 2 - \.1 -

PODER JUDICIÁRIO ike.40: TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DA PARAÍBA mffic IIC 018.2003.000375-2 / Em parecer, a ilustrada Procuradoria de Justiça firmou-se pela denegação da ordem, fls. 100/102. - V O T O - O Ministério Público, através do Promotor com atuação perante a 4 a Vara Criminal de Guarabira, denunciou MARIA HAILÉA DE ARAÚJO TOSCANO, ex-prefeito daquele Município, como incurso nas sanções do art. 38, caput, da Lei n. 9.605/98, porque, na condição de prefeita, teria declarado de utilidade pública para fins de desapropriação uma parte de terra de 5,4 hectares, destinada - à construção de acessos e áreas de estacionamento ao memorial de Frei Damião. Consta da denúncia que fiscais do IBAMA embargaram a o- bra e multaram a prefeitura em R$ 15.000,00 (quinze mil reais), ante o desmatamento de cerca de 1,5 hectare, considerada área de preservação permanente, dado conter essências de angico, cubatã de rego, catingueira, marmeleiro, dentre outras espécies. A impetração questiona a acusação, dizendo não haver justa 11" ' causa para a ação penal, seja pela ausência material do delito imputado, seja pela falta de requisito essencial de procedibilidade, posto que, posteriormente à lavratura do auto de infraçã ld, ocorrido em 2001, quando foram enviadas cópias do respectivo procedimento -a..9 Ministério Público, o IBAMA converteu a multa arbitrada em apresentação e execução de programa de educação ambiental, constituindo-se o ajuste em entrave à persecutio criminis. O exame perfunctório dos autos demonstra que, de fato, a denúncia ministerial não especifica o elemento subjetivo do tipo, i. e., se a denunciada teria agido com dolo ou por mera culpa, considerando que o art. 38 da Lei 9.605/03 admite a conduta culposa. \\6\ 3

e ". - PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DA PARA B3A O art. 41 do CPP determina que a denúncia, para sua perfeição formal, deve conter a exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias, a fim de que o denunciado conheça o preciso e completo teor da imputação, em respeito à ampla defesa; desde a materialidade, até o elemento subjetivo que a ele se terá agregado para compor o fato típico. Por isso, a peça pórtica precisa conter referência não só ao local, momento e autoria do fato, mas, também, à maneira como o fato típico foi praticado, com inequívoca identificação e especificação do comportamento criminoso do agente. Assim, mesmo desnecessário descer a minúcias, não se tolera que a concisão se transforme em omissão. No dizer de JÚLIO FABBRINI MIRABETE, na denúncia, "devem estar relatadas todas as circunstâncias do fato que possam interessar à apreciação do crime, sejam elas mencionadas expressamente em lei como quagficadoras, agravantes, atenuantes, causas de aumento ou diminuição de pena etc., como as que se referem ao tempo, lugar, meios e modos de execução, causas, efeitos etc. Devem ser esclarecidas as questões mencionadas nas seguintes expressões latinas: quis (o sufi i jeito ativo do crime); quibus auxiliis (os autores e meios empregados); quid (o mal produzido); ubi (o lugar do crime); cur (os motivos do crime); quomodo (a maneira pelo qual foi p raticado) e quando (o tempo ) " do fato)" (Código de Processo Penal Interpretado, 7a ed., São Paulo: Atlas, 2000, p. 172). Portanto, a denúncia deve revestir-se, sempre, de um cuidado mínimo, em seus aspectos substancial e formal; deve ser clara ao menos no indicar o fato criminoso e suas circunstâncias identificadoras, de forma a permitir ao réu conhecer, sem esforço ou ilações, a conduta reveladora do crime e justificadora da pretensão punitiva; deve precisar a acusação, delimitar o fato e pormenorizar o comportamento do agente, sqb pena de tornar-se inépta. t. 4

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DA PARAÍBA.N Não basta, assim, ao recebimento da denúncia apenas o atendimento às formalidades do art. 41 do CPP. É preciso, ainda, individualização do comportamento criminoso do acusado e um princípio de correspondência entre o fato imputado e o comportamento do agente retratado no inquérito. Como lembrava NÉLSON HUNGRIA, "o juiz moderno tem pelo direito individual um respeito que entrou nos costumes e faz parte de sua atmosfera ambiente e lhe inspira escrúpulos, cujo valor é preciso reconhecer quando se trata da sorte e da liberdade de um cidadão" (Comentários ao Código Penal, 3a ed., v. VII, p. 179). VICENTE GRECO FILHO, sobre a hipótese, leciona: "A falta de descrição de uma elementar provoca a inépcia da denúncia, porque" a defesa não pode se defender de fato que não foi imputado. Denúncia inepta deve ser rejeitada e, se não o for, pode haver trancamento da ação penal por habeas corpus" (Manual de Processo Penal, 3 a ed., SP: Saraiva, 1995, p. 114)..0 Supremo Tribunal Federal, em casos semelhantes, tem decidido: -- "A peça acusatória deve conter a exposição do fato delituoso em toda a sua essência e com todas as suas circunstáncias. Essa narração, ainda que sucinta, impõe-se ao acusador como exigência derivada do postulado constitucional que assegura ao réu o pleno exercício do direito de defesa. Denúncia que não descreve adequadamente o fato criminoso é denúncia inepta. Precedente" (HC n. 73.271/SP, Rel. Min. CELSO DE MELLO, DJU 04.10.1996, p. 37.100). \-\- 5 - -

*~;.: PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DA PARAÍBA ama HC 018.2003.000375-2 /001 Admitir-se, por isso, imputação imprecisa, genérica, fundada em mera suposição ou dedução cerebrina, será, certamente, comprometer o respeito no trato com a liberdade e a dignidade do indivíduo. Daí porque, se a denúncia não explicita a conduta do agente, com os atos que a compõem, nem deixa claro o elemento subjetivo do tipo, evidente é a sua inépcia. IP Mas, não é caso de se rejeitar a denúncia, por não especificar se paciente agiu a título de dolo ou culpa, pois, vou mais longe e entendo que a própria ação penal não deve ser instaurada, por absoluta falta de justa causa para tanto. Com efeito, conforme se vê dos autos, foi assinado um termo de ajustamento de conduta, autorizado pelo art. 79-A, da Lei n. 9.605/98, posteriormente à lavratura do auto infracional e bem antes do oferecimento da denúncia, não havendo notícia na denúncia de que não tivesse ou não esteja sendo cumprido. 11/ Neste sentido já decidiu o Tribunal de Alçada Criminal de São Paulo: "Crimes contra o meio ambienle-: Requerimento, pela acusada, de assinatura de termo de compromisso com os órgãos ambientais, para correção de suas atividades, nos termos do artigo 79-A da Lei n 9605/98. Trancamento da ação penal. Necessidade." (HC 351992/2 Rel. Ciro Campos, j. 15/02/2000). \ Nesse mesma linha: 6

:jjeber r-n ny' PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DA PARARIA 's ambiental junto ao órgão g com Petente antes do ofereci- mento da denúncia, uma vez que o art. 79-A, ao ser a- dá "Ação penal. Crime ambiental. Apresentação de proposta de termo de compromisso, pela empresa-ré, junto ao órgão competente, antes do oferecimento da denúncia. Trancamento por falta de justa causa. Necessidade. Tratando-se do crime 'do art. 60 da Lei 9605/98, deve ser trancada a ação penal por falta de justa causa na hipótese em que a empresa-ré apresenta proposta de termo de compromisso de ajustamento de conduta crescentado à referida Lei, por medida provisória, não se limita à suspensão da eficácia da infração administrativa, alcançando, também, a de natureza -penal, mais favorável à acusada." (HC 409326/4 Rel. Breno Guimarães julg. 26.06.2002). Por sua vez, assim também decidiu o TJMG: "Mandado de Segurança Crime ambiental Existência de Termo de Compromisso de Ajustamento de Conduta Ausência de justa causa - Deve ser trancada a e.' ação penal por falta de justa causa na hipótese em que. a impetrante assinou termo de compromisso de ajustamento de conduta am iental junto aos órgãos compe- tentes antes do oferecimento da denúncia Mandamus concedido." (Proc. 1.0000.03.400377-2/000(1), rel. Des. Jane Silva, j. 25/06/2004, unânime, DJ/MG 13/08/2004). Nesse sentir, celebrado termo de ajustamento de conduta entre a edilidade e o órgão fiscalizador, anteriormente ao oferecimento da denúncia, com vistas à reparação do dano. ambiental, falta justa causa para a persecutio criminis, porquanto desaparecido o objeto material do art. 38 da Lei n. 9.605/98.

9 PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DA PARAÍBA Diante do exposto, concedo a ordem para trancar a ação penal instaurada contra a paciente. Comunique-se à autoridade impetrada, para os fins legais. É o meu voto. Presidiu o julgamento o Des. Leôncio Teixeira Câmara, com voto vencido, e dele -participaram o Juiz convocado Eslu Eloy Filho, relator para o acórdão, e o Des. José Martinho Lisboa. SALA DE SESSÕES "DES. M. TAIGY DE QUEIROZ ME- LO FILHO" DA CÂMARA CRIMINAL DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DA PARAÍBA, em 19 de junho de 2007. Juiz convocado lu Eloy Filho REL TOR

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