UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS CURSO DE ADMINISTRAÇÃO

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Transcrição:

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS CURSO DE ADMINISTRAÇÃO JOSÉ ADALBERTO DE SOUZA FÉLIX ANÁLISE DO PROGRAMA DE AQUISIÇÃO DE ALIMENTOS NA MODALIDADE COMPRA DOAÇÃO SIMULTÂNEA, EXECUTADO PELA EMATER NO RIO GRANDE DO NORTE (2015-2017) NATAL 2017

JOSÉ ADALBERTO DE SOUZA FÉLIX ANÁLISE DO PROGRAMA DE AQUISIÇÃO DE ALIMENTOS NA MODALIDADE COMPRA DOAÇÃO SIMULTÂNEA, EXECUTADO PELA EMATER NO RIO GRANDE DO NORTE (2015-2017) Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Coordenação do Curso de Administração da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Administração. Orientadora: Profª. Pamela de Medeiros Brandão, D. Sc. NATAL 2017

JOSÉ ADALBERTO DE SOUZA FÉLIX ANÁLISE DO PROGRAMA DE AQUISIÇÃO DE ALIMENTOS NA MODALIDADE COMPRA DOAÇÃO SIMULTÂNEA, EXECUTADO PELA EMATER NO RIO GRANDE DO NORTE (2015-2017) Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Coordenação do Curso de Administração da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Administração. Aprovado em: 12 de dezembro de 2017 Pamela de Medeiros Brandão, Dra. Universidade Federal do Rio Grande do Norte Orientadora Juarez de Azevedo Paiva, Me. Universidade Federal do Rio Grande do Norte Membro Bruno Luan Dantas Cardoso, Me. Universidade Federal do Rio Grande do Norte Membro

Dedico este trabalho à minha família que sempre me apoiaram, deram confiança e me ajudaram a superar as dificuldades.

AGRADECIMENTOS Quero agradecer, em primeiro lugar, а Deus, por ter me dado à vida, sabedoria e forças nos momentos difíceis durante essa caminhada. Agradeço ao meu pai José Ailton Bezerra Félix e a minha mãe Ana Maria de Souza Araújo, e aos meus irmãos que não mediram esforços e que sempre deram o melhor de si, pensando no meu futuro. A professora Pamela orientadora por toda sua atenção, dedicação e esforço que tornaram possível para elaboração dessa pesquisa. A todos os professores do curso de Administração da UFRN, que foram tão importantes na minha vida acadêmica e por proporcionarem a transmissão do conhecimento que foram essenciais para meu crescimento profissional e pessoal. Aos amigos e colegas do curso, pelo incentivo e pelo apoio constante. Enfim, agradeço a todos aqueles que sempre acreditaram em mim e contribuíram para a realização desta pesquisa.

Nas grandes batalhas da vida, o primeiro passo para a vitória é o desejo de vencer! Mahatma Gandhi

RESUMO Esse trabalho analisa o Programa de Aquisição de Alimentos, na modalidade Compra Doação Simultânea, gerenciada pela EMATER no Rio Grande do Norte, no período de 2015 a 2017. Para tanto, apresenta o contexto da execução desse programa no estado, identificando os atores envolvidos e apresentando uma classificação dos produtos adquiridos e doados no PAA - CDS e as unidades recebedoras (entidades). Verificando os recursos utilizados, e traçando o perfil dos seus beneficiários fornecedores e consumidores. Trata-se de um estudo exploratório-descritivo, com abordagem quanti-qualitativa que adotou o estudo de caso como estratégia de pesquisa. A partir da pesquisa realizada, através de levantamento documental e observação participante, verificou-se que esse programa vem sendo executado de modo satisfatório, por meio de uma gestão comprometida com os objetivos do programa e com a execução das metas estabelecidas. Essa pesquisa permitiu apontar os limites de execução do programa, e assim delinear os principais desafios que precisam ser enfrentados pela EMATER para fortalecer o PAA-CDS no RN. Palavras-Chaves: Programa de Aquisição de Alimentos (PAA); Compra Doação Simultânea (CDS); EMATER.

ABSTRACT This work analyzes the Food Acquisition Program, in the Simultaneous Buy Donation modality, managed by EMATER in Rio Grande do Norte, in the period from 2015 to 2017. To this end, it presents the context of the execution of this program in the state, identifying the actors involved and presenting a classification of the products purchased and donated in PAA - CDS and the recipient units (entities). Verifying the resources used, and outlining the profile of its suppliers and consumers. It is an exploratory-descriptive study, with quantitative-qualitative approach that adopted the case study as a research strategy. Based on the research carried out, through a documentary survey and participant observation, it was verified that this program has been performed in a satisfactory way, through a management committed to the objectives of the program and to the achievement of the established goals. This research allowed to indicate the limits of program execution, and thus to outline the main challenges that need to be faced by EMATER to strengthen the PAA-CDS in the RN. Key Words: Food Acquisition Program (PAA); Buy Simultaneous Donation (CDS); EMATER.

LISTA DE ILUSTRAÇÕES Quadro 01 Resumo das modalidades do Programa de Aquisição de Alimentos...23 Figura 01 Divisão Administrativa em Regionais EMATER-RN...27 Figura 02 Central de distribuição de Santa Cruz/RN...30 Gráfico 01 Número de entidades beneficiadas entre 2015 a 2017...32 Gráfico 02 Identificação de entidades do ano de 2015...33 Gráfico 03 Identificação das entidades do ano de 2016...33 Gráfico 04 Identificação das entidades do ano de 2017...34 Gráfico 05 Distribuição de alimentos doados no período de 2015 a 2017...36 Quadro 02 Classificação dos produtos...36 Gráfico 06 Classificação dos produtos...37 Quadro 03 Composição da equipe compra doação simultânea...38 Gráfico 07 Recursos financeiros aquisição de produtos 2015 a 2017...38 Figura 03 Beneficiário fornecedor Lucrécia RN...40 Gráfico 08 Número de beneficiários fornecedores no Rio Grande do Norte de 2015 a 2017...40 Gráfico 09 Número de municípios participantes do PAA no ano de 2015 a 2017...41 Gráfico 10 Número de beneficiários fornecedores por gênero de 2015 a 2017...42 Figura 04 Beneficiários Consumidores de Lucrécia/RN...43 Gráfico 11 Beneficiários consumidores de 2015 a 2017...43 Gráfico 12- Número de beneficiários consumidores por gênero de 2015 a 2017... 44 Quadro 04 Limites e Desafios no processo de execução do PPA...46

LISTA DE SIGLAS ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária APAE Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais ATER Assistência Técnica e Extensão Rural CDS Compra Doação Simultânea CERES Sistema de informação e gerenciamento do campo CONAB Companhia Nacional de Abastecimento CPR Cédula de Produto Rural CRAS Centro de Referência de Assistência Social CREAS Centro de Referência Especializado em Assistência Social EMATER-RN Instituto de Assistência Técnica e Extensão Rural do Rio Grande do Norte FAO - Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura MAPA Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento MDA Ministério do Desenvolvimento Agrário MDS Ministério do Desenvolvimento Social e combate à fome MDSA Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário MDSA Ministério do Desenvolvimento Social e Agrícola ONU Organização das Nações Unidas PAA Programa de Aquisição Familiar PFZ Programa Fome Zero PGPAF Programa de garantia de Preços da Agricultura Familiar PRONAF Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar SAPE Secretária de Estado da Agricultura, da Pecuária e da Pesca SEAF Seguro da Agricultura Familiar SESAN Secretária Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional SISAN Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional SUAS Sistema Único de Assistência Social

SUMÁRIO 1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS... 13 2 POLITICAS PÚBLICAS PARA A AGRICULTURA FAMILIAR E SEGURANÇA ALIMENTAR NO BRASIL... 17 3 AVALIAÇÃO DA EXECUÇÃO DO PAA NA MODALIDADE COMPRA DOAÇÃO SIMULTÂNEA: O CASO DO RIO GRANDE DO NORTE... 26 3.1 A EMATER/RN E O PAA NA MODALIDADE COMPRA DOAÇÃO SIMUTÊNEA.. 26 3.2 ATORES ENVOLVIDOS NO PAA NA MODALIDADE CDS GERENCIADO PELA EMATER... 29 3.2.1 UNIDADE GESTORA... 29 3.2.2 UNIDADE EXECUTORA... 29 3.2.3 CENTRAL DE RECEBIMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE ALIMENTOS... 29 3.2.4 REDE SOCIOASSISTENCIAL... 31 3.2.5 UNIDADES RECEPTORAS E BENECIFIÁRIOS... 31 3.3 IDENTIFICAÇÃO DAS UNIDADES RECEBEDORAS (ENTIDADES) QUE PARTICIPARAM DO PAA CDS... 32 3.4 IDENTIFICAÇDOS PRODUTOS DOADOS NO PAA CDS... 34 3.5 RECURSOS UTILIZADOS... 37 3.6 PERFIL DOS BENEFICIÁRIOS FORNECEDORES E CONSUMIDORES... 39 3.6.1 BENEFICIÁRIOS FORNECEDORES... 39 3.6.2 BENEFICIÁRIOS CONSUMIDORES... 42 3.7 LIMITES E DESAFIOS... 45 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS... 47 REFERÊNCIAS... 49 ANEXO A... 52 ANEXO B...56

13 1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS No Brasil, historicamente, a agricultura se constituiu como um segmento importante para o desenvolvimento econômico brasileiro (CASTRO, 2015). No entanto, o papel da agricultura familiar por anos foi restringido apenas à produção de alimentos básicos de subsistência (BUAINAIN, 2006). Essa desvalorização, do ponto de vista especialmente econômico resultou, numa baixa atuação governamental para a promoção e fomento de suas atividades. Tem-se, por exemplo, que até a década de 1990 o Estado não havia elaborado políticas públicas específicas para a agricultura familiar (WANDERLEY, 1995). Em fase desse reconhecimento, o governo brasileiro criou o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF) em 1996. A criação deste programa representou o reconhecimento e a legitimação por parte do Estado, em relação às especificidades de uma nova categoria social que até então era designada por termos como pequenos produtores, produtores familiares, produtores de baixa renda ou agricultores de subsistência (MATTEI, 2007). O relatório das Nações Unidas destacou o protagonismo do Brasil no combate à fome (FAO, 2015), segundo este documento, o Brasil teve uma redução das taxas entre as décadas de 1990 e 2000, com o total de pessoas subnutridas passando de 22,6 milhões para 19,9 milhões pessoas em situação de fome ou subalimentação. A redução mais significativa veio em 2012, quando o país alcançou as duas metas da Organização das Nações Unidas (ONU) de redução das taxas de fome: quando se cortou pela metade o número de pessoas passando fome e reduziu esse número para menos de 5% da população (FAO, 2015). Nessa perspectiva, no ano de 2014, o País registrou uma queda de 82,1% de subalimentados entre 2002 e 2014, sendo retirado do Mapa da Fome 1 da agência da ONU. Essa redução foi resultado da adoção de políticas sociais para o enfrentamento da fome (BELIK, SILVA, TAKAGI, 2001), entre as quais se destaca as políticas de agricultura familiar, considerando que a agricultura familiar passou a ser reconhecida também como uma alternativa para promover a segurança alimentar e nutricional. Um desses programas é o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), criado com a Lei nº 10.696, de 02 de julho de 2003. O PAA, política relacionada à geração de renda e também ligada à problemática da insegurança alimentar e nutricional, surgiu com o objetivo 1 Em 2017, o Brasil retornou ao Mapa da Fome sendo um dos principais motivos cortes de recursos destinados aos programas de combate à fome, entre eles o PAA.

14 de garantir a comercialização dos produtos da agricultura Familiar, através do estabelecimento de preços mínimos e garantia de compra dos produtos, tendo em vista esses agricultores ter um papel fundamental na produção de alimentos em nosso país. Esse programa é voltado para agricultores familiares, bem como agricultores, pescadores artesanais, silvicultores, extrativistas, indígenas, membros de comunidades remanescentes de quilombos e agricultores assentados, enquadrados no PRONAF (CYNTRÃO, 2008). O PAA é executado por meio de seis modalidades: Compra Direta, Apoio à Formação de Estoques, Incentivo à Produção e ao Consumo de Leite, Compra Institucional e Aquisição de Sementes e a Compra com Doação Simultânea, objeto desse estudo, que de acordo com o (MDS 2014), refere-se à compra de alimentos diversos e doação simultânea às entidades da rede socioassistencial, aos equipamentos públicos de alimentação e nutrição e, em condições específicas definidas pelo Grupo Gestor do Programa de Aquisição de Alimentos - GGPAA, à rede pública e filantrópica de ensino, com o objetivo de atender demandas locais de suplementação alimentar de pessoas em situação de insegurança alimentar e nutricional. Ressalta-se que esse programa assumiu uma importância em todo território nacional e em especial no nordeste brasileiro, uma das regiões mais prejudicadas com relação aos aspectos climáticos como ausência de chuvas, terras em processo de desertificação, solos inférteis, dentre outros. As diversas políticas públicas do Governo Federal se mostram muito importantes nesse aspecto, pois visam minimizar os impactos causados pela estiagem e identificar a população carente priorizando o atendimento da mesma. Dentre os estados nordestinos, destaca-se para efeito desse trabalho, o Rio Grande do Norte, no estado a do PAA é realizado pelo Instituto de Assistência Técnica e Extensão Rural do Rio Grande do Norte - EMATER-RN e também pela Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB). Vale ressaltar que o Programa na modalidade Compra com Doação Simultânea é executado através da EMATER em parceria com o Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário (MDSA).

15 Diante desse contexto, o presente estudo partiu do seguinte problema de pesquisa: Como tem sido executado o Programa de Aquisição de Alimentos PAA, na modalidade Compra Doação Simultânea, pela EMATER no Rio Grande do Norte? Com vista a responder essa pergunta, esse estudo objetiva analisar o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), na modalidade Compra Doação Simultânea, gerenciada pela EMATER no Rio Grande do Norte, no período de 2015 a 2017. Para tanto, desenvolveu os seguintes objetivos específicos: a) Contextualizar a execução do PAA no Rio Grande do Norte na modalidade Compra Doação Simultânea gerenciada pela EMATER; b) Identificar os atores envolvidos no PAA na modalidade CDS; c) Identificar os produtos doados no PAA - CDS e as unidades recebedoras (entidades); d) Verificar os recursos utilizados para a operacionalização do Programa; e) Traçar o perfil dos beneficiários fornecedores e consumidores; e, f) Apontar os limites e desafios para o fortalecimento do PAA-CDS. Esses objetivos se justificam perante a relevância da temática da agricultura familiar especialmente no contexto brasileiro em fase da criação e desenvolvimento do PAA. O PAA tem sido pesquisado por estudiosos de diferentes campos do saber, com destaque para a área de administração e da administração pública. Os estudos sobre esse programa têm sido realizados numa perspectiva de análise e avaliação seja de concepção, implementação (CRUZ, 2016) e resultados como o de (DELGADO; CONCEIÇÃO; OLIVEIRA, 2005). Inclusive sendo objeto de avaliação realizada também por organizações governamentais como o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), sob encomenda do governo federal. Além disso, a visibilidade dessa temática na esfera acadêmica se evidencia pela importância que, esse programa tem atingido na agenda governamental brasileira quer seja relacionado à política agrícola ou a política de segurança alimentar e nutricional. De tal modo que a realização desse estudo caminha na mesma direção de outros estudos brasileiros, em nível de graduação e pós-graduação, podendo contribuir para avançar na compreensão sobre o funcionamento do PAA no Rio Grande do Norte. O PAA no Rio Grande do Norte na modalidade Compra Doação Simultânea tem sido estudado, mas o estudo identificado refere-se à gestão da CONAB (ARAÚJO, 2012), sendo importante estudar o programa com informações da EMATER-RN que também executa o programa no estado. Para além da relevância teórica demonstrada, a realização dessa pesquisa justificase perante as possibilidades de contribuições empíricas. Os resultados do estudo apresentam

16 potencialidade de contribuir com a gestão do programa pela EMATER no Estado do Rio Grande do Norte, na medida em que fornecerá informações úteis para fins de planejamento e desenvolvimento de ações por parte da instituição. Cabe ressaltar que a escolha dessa temática se deu pela atuação profissional na EMATER-RN instituição pesquisada, na qualidade de bolsista, onde se teve a oportunidade de acompanhar as ações do PAA nos municípios potiguares, bem como a operacionalização do programa, facilitando tanto ao acesso aos dados secundários utilizados na pesquisa como especialmente uma observação mais próxima de todo o processo. A presente pesquisa é do tipo exploratória-descritiva, com abordagem quantiqualitativa. Quanto à estratégia da pesquisa pode ser classificada como um estudo de caso. Como abrangência de estudo utilizamos o PAA, na modalidade Compra Doação Simultânea, gerenciada pela EMATER no Rio Grande do Norte de 2015 a 2017 (até o dia 30 de Novembro). A escolha do período de 2015 a novembro de 2017 foi devido a ter acesso aos dados. A Coleta de dados foi realizada através de pesquisa documental e observação participante e a análise de dados realizada por estatística descritiva básica. Para melhor sistematizar a apresentação dos resultados da pesquisa, o presente documento divide-se em quatro capítulos, sendo o capítulo 1 composto por essas considerações iniciais. No Capítulo 2 apresenta-se o referencial teórico-empírico sobre as políticas públicas para a agricultura familiar e segurança alimentar no Brasil. Em seguida, os resultados da pesquisa são expostos no Capítulo 3. Nesse capítulo apresenta-se a análise da execução do PAA na modalidade compra doação simultânea, através dos resultados obtidos entre eles os atores envolvidos no PPA na modalidade CDS gerenciado pela EMATER; a identificação das unidades recebedoras (entidades) que participaram do PAA CDS; os recursos utilizados, o perfil dos beneficiários fornecedores e consumidores, como também os limites e desafios no processo de execução do PPA. Por fim o capítulo 04 contém as considerações finais e as recomendações para estudos futuros.

17 2 POLITICAS PÚBLICAS PARA A AGRICULTURA FAMILIAR E SEGURANÇA ALIMENTAR NO BRASIL As políticas públicas, de acordo Subirats (1994, p. 42) é um conjunto de decisões relacionadas com uma variedade de circunstâncias, pessoas, grupos ou organizações com vistas a resolver um problema entendido como [...] uma insatisfação relativa a uma demanda, uma necessidade ou uma oportunidade de intervenção pública (SUBIRATS, 1994, p.42). Nesse sentido, considerando a complexidade do cenário brasileiro caracterizado por desigualdades sociais e condições precárias de saúde, educação, segurança dentre outros aspectos, evidenciam-se uma multiplicidade de problemas que requerem a atuação do governo via políticas públicas. Entre esses problemas destacam-se os relacionados com a agricultura familiar, atividade que, de acordo com Sartin (2012), é exercida por pequenos produtores rurais onde o processo de produção é realizado por meio de mão-de-obra, sendo esse processo realizado basicamente no núcleo familiar. Esse tipo de produção realizada em família é considerado a principal atividade econômica em diversas regiões brasileiras, sendo de suma importância seu potencial na geração de emprego e renda no campo. De acordo com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO, 2014), a agricultura familiar abrange toda a organização da produção agrícola, como também todas as atividades de base familiar de diversas áreas do desenvolvimento rural, dependendo basicamente da mão-de-obra familiar incluindo homens e mulheres para a realização das tarefas rotineiras, desde a preparação da terra, plantio, manutenção e escoamento e pode eventualmente utilizar-se da ajuda de terceiros. A agricultura familiar constitui-se como um tema de grande importância, pois ocupa lugar de destaque na produção agropecuária brasileira, pela capacidade de produzir, movimentar a economia nos âmbitos local e nacional, utilizando de forma sustentada os recursos naturais e gerando postos de trabalho em ocupações social e economicamente produtivas (SOUZA et al., 2006). De acordo com o Censo Agropecuário de 2006, 45,8% de todos os estabelecimentos agrícolas brasileiros operam com características de agricultura familiar, o que os torna importantes fatores de redução do êxodo rural e as principais fontes de recursos para famílias detentoras de menor renda e técnicas de produção pouco intensivas em tecnologias, como relata Guilhoto et al. (2007). Em decorrência do seu desenvolvimento, a agricultura familiar é influenciada por inúmeras externalidades positivas como: garantia de maiores fontes de biodiversidade, melhoria na segurança alimentar, preservação das características paisagistas do território,

18 proteção do capital cultural, fortalecimento das relações familiares e contenção do êxodo rural (OLIVEIRA et al., 2012). Além disso, a agricultura familiar possui uma relação essencial com a segurança alimentar. Pois se por um lado, parte significativa da população brasileira ainda não possui níveis satisfatórios de segurança alimentar; por outro o Brasil é um território com potencial de produção agrícola familiar. No Censo Agropecuário de 2006 (IBGE, 2009), foram identificados 4.367.902 estabelecimentos de agricultura familiar. Tais locais representam 84,4% do total de estabelecimentos agropecuários, ocupando apenas 24,3% (ou 80,25 milhões de hectares) desses estabelecimentos. Ainda assim, a agricultura familiar é responsável por 70% do total de alimentos que chegam à mesa dos brasileiros. E isso implica sua inegável importância para o mercado consumidor importância essa tratada consensualmente em todos os estudos e publicações consultadas. No entanto, o setor da agricultura familiar, historicamente, tem enfrentado dificuldades que limitam seu potencial em contribuir para o desenvolvimento do país e condições de vida da população. Essas dificuldades são intensificadas para Lima e Roux (2008, p.96), por falta de uma política agrícola adequada, sem acesso ao crédito ou à assistência conveniente ao seu tipo de atividade, pelo menos metade dessas propriedades se encontram em estado ainda precário. Lima e Roux (2008, p.96) ainda enfatizam que as tentativas de intervenção e de mudanças ainda são insatisfatórias e insuficientes para atender ao prejuízo histórico desta falta de apoio à agricultura familiar. Nesse sentido, as políticas públicas voltadas para a agricultura familiar são essenciais para diminuir deformidades históricas e apresentar oportunidades para o incremento do setor, em termos de disponibilidade de recursos, acesso ao mercado e capacidade de geração de renda, como também para garantir a segurança alimentar de pessoas de vulnerabilidade socioeconômica que depende do governo para se alimentar. Nesse direcionamento, o governo brasileiro, em 1996 criou o PRONAF, no Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA). Esse programa é considerado a primeira política pública de destaque elaborada pelo Governo Federal em favor dos agricultores familiares, tendo sido resultado da luta dos movimentos sociais e sindicais de trabalhadores rurais nas últimas décadas (DENARD, 2001). O PRONAF foi criado pelo Governo Federal através da Resolução n.º 2.191, de 24 de agosto de 1995, e firmado em 28 de junho de 1996 pelo Decreto Presidencial Nº 1.946 (SCHONS; AZEVEDO; ALENCAR, 2013), com o objetivo de promover o desenvolvimento

19 sustentável, aumentar a capacidade produtiva, gerar empregos e melhorar a renda das famílias que constituem a agricultura familiar. Nunes (2007) lembra que além da criação do PRONAF, as organizações sociais também foram responsáveis por algumas melhorias realizadas no decorrer do programa. Essas melhorias, sendo em favor da agricultura familiar, com o surgimento de políticas agrícolas, tais como: o crédito rural diferenciado do PRONAF, o Seguro da Agricultura Familiar (SEAF), o Programa de Garantia de Preços da Agricultura Familiar (PGPAF), o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER). É diante desse contexto de novas reivindicações por parte dos agricultores familiares, aliado a um novo comportamento do governo e da sociedade diante do problema da fome, que surge em 2003, o PAA da Agricultura Familiar, concebido dentro de um grupo de políticas estruturantes do Programa Fome Zero (MATTEI, 2007a). Nesse sentido, o PAA foi instituído pelo art. 19 da Lei nº 10.696, de 02 de julho de 2003, no âmbito do Programa Fome Zero. Esta Lei foi alterada pela Lei nº 12.512, de 14 de outubro de 2011 e regulamentada por diversos decretos, o que está em vigência é o Decreto nº 7.775, de 4 de julho de 2012. O programa é plano das ações do Programa Fome Zero (PFZ) para a Inclusão Produtiva Rural das famílias mais pobres e também estratégia estimulada pelo governo federal para garantir o direito humano à alimentação adequada às pessoas com dificuldades de acesso aos alimentos. O PAA é um programa de compras do Governo Federal que possui duas finalidades básicas: promover o acesso à alimentação e incentivar a agricultura familiar (MDS, 2003). O Programa contribui com o enfrentamento da fome e da pobreza no Brasil e, ao mesmo tempo, para fortalecer a agricultura familiar. Para isso, o programa utiliza mecanismos de comercialização que favorecem a aquisição direta de produtos da agricultura familiar, sendo dispensada a licitação, destinado às pessoas em situação de insegurança alimentar e nutricional e àquelas atendidas por entidades da rede socioassistencial, pelos equipamentos públicos de segurança alimentar e nutricional e pela rede pública e filantrópica de ensino, estimulando os processos de agregação de valor à produção (MANUAL, 2014). De acordo com o (MANUAL, 2014), o programa contribui para a organização produtiva e econômica no meio rural, o combate à pobreza extrema, o desenvolvimento local e a segurança alimentar e nutricional. O PAA é coordenado pela Secretaria Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (SESAN) do Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário (MDSA), executado em parceria com Estados e municípios.

20 O PAA integra o Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (SISAN), instituído pela Lei nº 11.346, de 15 de setembro de 2006, e tem as seguintes finalidades: I - incentivar a agricultura familiar, promovendo a sua inclusão econômica e social, com fomento à produção com sustentabilidade, incentivo ao processamento da produção e à geração de renda; II - incentivar o consumo e a valorização dos alimentos produzidos pela agricultura familiar; III - promover o acesso à alimentação, em quantidade, qualidade e regularidade necessárias, às pessoas em situação de insegurança alimentar e nutricional, sob a perspectiva do direito humano à alimentação adequada e saudável; IV - promover o abastecimento alimentar por meio de compras governamentais, inclusive para prover a alimentação escolar, quando necessário, nos âmbitos municipal, estadual, distrital e federal, e nas áreas abrangidas por consórcios públicos; V - constituir estoques públicos de alimentos produzidos por agricultores familiares; VI - apoiar a formação de estoques pelas cooperativas e demais organizações formais da agricultura familiar; VII - fortalecer circuitos locais e regionais e redes de comercialização; VIII - promover e valorizar a biodiversidade e a produção orgânica e agroecológica de alimentos, incentivar hábitos alimentares saudáveis em nível local e regional; e IX - estimular o cooperativismo e o associativismo (MANUAL, 2014). Segundo Maluf et al. (2015) desde 2003 o Governo Federal do Brasil vem elaborando políticas públicas que articulam simultaneamente a proteção social, alimentação e agricultura familiar. Neste contexto, surgiu o PAA, como o objetivo central de: [...] garantir o acesso aos alimentos em quantidade, qualidade e regularidade necessárias às populações em situação de insegurança alimentar e nutricional e promover a inclusão social no campo por meio do fortalecimento da agricultura familiar (MANUAL, 2014) O Programa funciona de maneira a adquirir alimentos produzidos pelos agricultores familiares a preços baseados na cotação do mercado regional e fornecê-los às entidades da rede socioassistencial. De acordo com Mattei (2007, p. 5), os instrumentos do programa beneficiam tanto o agricultor familiar como os consumidores [...]. Desta forma, busca-se uma associação entre a política de segurança alimentar e nutricional e as políticas de promoção da agricultura familiar. Para Maluf (2001), a criação do PAA tem como objetivo romper com o círculo vicioso da fome, provocado pela falta de políticas que criem novas oportunidades de emprego e renda, evidenciando assim uma forma integrada de se pensar tanto as políticas sociais como aquelas destinadas à agricultura, já que privilegia a agricultura familiar. Isso porque, viabilizar a produção agro-alimentar é, ao mesmo tempo, enfrentar a pobreza rural e um dos principais focos de insegurança alimentar (MALUF, 2001, p. 166).

21 Considerado um dos braços do Programa Fome Zero, o PAA visa promover a inclusão social no campo por meio de ações de políticas ligadas à agricultura e de segurança alimentar, incentivando a agricultura familiar por meio da distribuição de alimentos produzidos nas propriedades familiares às entidades sociais que repassam esses alimentos para famílias em situação se insegurança alimentar (MATTEI, 2007a). O PAA constitui-se em mecanismo complementar ao PRONAF, utilizado após o processo produtivo, através da comercialização da produção promovendo, desse modo, recompensa ao trabalho do pequeno produtor, que visa o retorno do investimento feito, como custeio de despesas com a produção e condições de vida adequada à família. O PAA também visa promover a segurança alimentar a população em situações de risco (CONAB, 2015). O PAA, como é mais conhecido, é um programa que, de um modo geral, destinase à compra de produtos da agricultura familiar para diversos fins, sendo esses adquiridos sem licitação, até um limite financeiro anual máximo de vendas por agricultor familiar e a preços que não podem ultrapassar os praticados nos mercados locais. Desta forma, o programa busca fazer um link entre política agrícola e de segurança alimentar (MATTEI, 2007b). Souza (2009) e Chmielewska et al. (2010) apontam impactos positivos do PAA nos agricultores familiares beneficiários em variáveis como: renda (aumento), produção vegetal (aumento e/ou diversificação), comercialização, assistência técnica, associativismo, participação das mulheres e jovens, acesso à informação, etc. O Programa de Aquisição de Alimentos - PAA é executado por meio de seis modalidades: Compra com Doação Simultânea: compra de alimentos diversos e doação simultânea às entidades da rede socioassistencial, aos equipamentos públicos de alimentação e nutrição e, em condições específicas definidas pelo Grupo Gestor do Programa de Aquisição de Alimentos - GGPAA, à rede pública e filantrópica de ensino, com o objetivo de atender demandas locais de suplementação alimentar de pessoas em situação de insegurança alimentar e nutricional; Compra Direta: compra de produtos definidos pelo GGPAA, com o objetivo de sustentar preços, atender às demandas de programas de acesso à alimentação, às necessidades das redes socioassistenciais e para constituir estoques públicos;

22 Formação de Estoques: apoio financeiro para a constituição de estoques de alimentos por organizações fornecedoras, para posterior comercialização e devolução de recursos ao poder público ou destinação aos estoques públicos; Incentivo à Produção e ao Consumo de Leite: compra de leite que, após processamento, é doado aos beneficiários consumidores com o objetivo de atender às demandas locais de suplementação alimentar de pessoas em situação de insegurança alimentar e nutricional. Esta modalidade é executada somente nos estados do Nordeste e no norte de Minas Gerais; Compra de Sementes: Por meio desta modalidade, o PAA pode comprar sementes de organizações da agricultura familiar detentoras da Declaração de Aptidão ao Pronaf (DAP Jurídica), e as destinar a agricultores familiares, conforme demanda de órgãos parceiros. Compra Institucional: aquisição voltada para o atendimento às demandas de consumo de alimentos por parte da união, estados, distrito federal e municípios, com recursos financeiros próprios. Por esta modalidade poderão ser abastecidos hospitais públicos, quartéis, presídios e restaurantes universitários, dentre outros; Cada uma dessas modalidades além de possuírem finalidades distintas, possuem também diferentes origens de recursos e unidades executoras, de acordo como quadro 01. As formas de participação dos beneficiários da politica podem ser individual ou por meio de associação ou cooperativas, a depender dos limites de recursos a seres concedidos ao agricultor e as organizações. Tem-se que acima de R$8.000,00 as modalidades só podem ser acessadas por associação e cooperativas, com exceção das compras institucionais.

23 Modalidade Compra com Doação Simultânea Compra Direta Formação de Estoques Incentivo à produção e ao consumo do Leite Compra de Sementes Compra Institucional Finalidades Compra de alimentos diversos e doação simultânea a entidades Compra de produtos definidos pelo GGPAA, com o objetivo de sustentar preços. Apoio financeiro para a constituição de estoques de alimentos por organizações fornecedoras Aquisição de leite de vaca ou cabra e destinação diretamente a beneficiários ou entidades Aquisição de sementes de culturas alimentares Compra de produtos por diversas organizações públicas, por meio de chamada pública Origem do Recurso MDS MDA ou MDS MDA ou MDS MDS MDS Dotação própria dos órgãos compradores Unidades executoras Entes federados que aderiram ao programa CONAB CONAB CONAB Governos Estaduais do Nordeste e do Estado de Minas Gerais CONAB Órgão Comprador Forma de participação Individual Associação ou Cooperativa Associação ou Cooperativa Associação ou Cooperativa Individual Associação ou Cooperativa Individual ou Cooperativa Limites de participação por agricultor R$ 6.500,00 por ano R$ 8.000,00 por ano R$ 8.000,00 por ano R$ 8.000,00 por ano R$ 4.000,00 por semestre R$ 16.000,00 por ano R$ 20.000,00 por ano por órgão comprador Limite de participação por organização (cooperativas e associações) No se aplica R$ 2.000.000,00 por ano R$ 500.000,00 por ano R$ 1.500.000,00 por ano. Sendo a primera operação limita R$ 300.000,00 No se aplica R$ 6.000.000,00 por ano R$ 6.000.000,00 por ano, por órgão comprador Quadro 01: Resumo das modalidades do Programa de Aquisição de Alimentos. Fonte: Elaboração própria com base nos dados do MDS, 2016.

24 Na modalidade em estudo (Compra com Doação Simultânea), os alimentos são adquiridos de agricultores familiares, que podem fornecer para o programa de forma individual ou por meio de cooperativas ou associações, são doados às entidades da rede socioassistencial, tais como: Centros de Referência de Assistência Social (CRAS), Centros de Referência Especializado em Assistência Social (CREAS), Escolas, Creches, Hospitais públicos, equipamentos que ofertem o serviço de acolhimento e entidades de assistência social, aos equipamentos públicos de segurança alimentar e nutricional (restaurantes populares, cozinhas comunitárias), e, em condições específicas definidas pela norma vigente do PAA, à rede pública e filantrópica de ensino. (MANUAL, 2014) A modalidade Compra com Doação Simultânea incentiva à produção local da agricultura familiar, ao adquirir alimentos que atendam às necessidades de complementação alimentar das entidades da rede socioassistencial. Com o objetivo de atender demandas locais de suplementação alimentar de pessoas em situação de insegurança alimentar e nutricional. Podem ser adquiridos pela Modalidade produtos alimentícios próprios para o consumo humano, incluindo alimentos perecíveis e característicos dos hábitos alimentares locais. Podem estar in natura ou processados. Os alimentos devem ser de produção própria dos agricultores familiares e devem cumprir os requisitos de controle de qualidade dispostos nas normas vigentes. Esta Modalidade é executada apenas com recursos do MDSA, que pode utilizar dois tipos de instrumentos para sua implementação: Celebração de Termos de Adesão com órgãos ou entidades da administração pública estadual, distrital ou municipal, direta ou indireta, e consórcios públicos; e Formalização de Termo de Cooperação com a CONAB. O limite de participação por unidade familiar/ano é de R$ 6.500,00 (seis mil e quinhentos reais) para agricultores individuais (via Termo de Adesão) e R$ 8.000,00 (oito mil reais) para agricultores que participarem por meio de organizações da agricultura familiar (via CONAB) (MANUAL, 2014). De acordo com o (MANUAL, 2014) participar da modalidade CDS pelo Termo de Adesão o processo se inicia com a publicação de edital de abertura de adesão por parte do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) no endereço eletrônico (www.mds.gov.br) e manifestação formal do ente federado ou do consórcio, sobre seu interesse em aderir ao Programa. A adesão é feita a partir do cadastramento de informações no sistema de gestão do programa (SISPAA). A partir da adesão, os entes passam a ser Unidades Executoras e firmam Planos Operacionais com o MDS. Estes planos estabelecem metas e definem recursos a serem

25 alocados anualmente. Toda a execução do programa é registrada no SISPAA. No Termo de Adesão, as operações de compras e destinação dos alimentos são feitas pelas Unidades Executoras e o pagamento é feito pelo MDSA, diretamente ao agricultor familiar, que o recebe por meio de um cartão bancário próprio para o recebimento dos recursos do PAA. A unidade executora também é responsável pela seleção dos fornecedores e pelas entidades que receberão os alimentos, pela definição dos produtos a serem adquiridos e preços a serem adotados (a definição de preços segue metodologia definida pelo Grupo Gestor), pela guarda dos documentos que registram a compra e a doação, entre outras atribuições que são definidas na adesão e nos Planos Operacionais. Para ter acesso à modalidade CDS pela CONAB, os agricultores familiares devem estar organizados em cooperativas ou associações. Essas organizações precisam encaminhar Proposta de Participação à CONAB. A Proposta de Participação apresenta a relação de agricultores envolvidos, os produtos a serem fornecidos e as respectivas quantidades e as entidades a serem atendidas. A proposta de participação deve ser submetida à apreciação da instância de controle social. Aprovada a Proposta de Participação pela CONAB, a organização emite uma Cédula de Produto Rural (CPR-Doação) e passa a fornecer alimentos diretamente às entidades beneficiárias, conforme definido na Proposta. Após a confirmação da entrega dos produtos, a CONAB disponibiliza os recursos pactuados na conta da organização, que realiza o pagamento aos agricultores. Os recursos utilizados na operacionalização são originários do MDSA. (MANUAL, 2014). A modalidade CDS atua em duas frentes: ao comprar o alimento diretamente do pequeno agricultor, valoriza e estimula a atividade da agricultura familiar, fortalecendo esse segmento, e incentiva a organização desses trabalhadores em cooperativas ou associações. Ao destinar esses alimentos aos beneficiários consumidores, o programa contribui para o abastecimento das entidades socioassistenciais, possibilitando a aquisição de alimentos in natura ou processados da produção familiar local, enriquecendo os cardápios oferecidos por essas instituições (MANUAL, 2014). O objetivo desta modalidade é estimular a produção da agricultura familiar, apoiando a comercialização por meio da aquisição de alimentos para doação às famílias em situação de insegurança alimentar e nutricional, atendidas por entidades socioassistenciais.

26 3 AVALIAÇÃO DA EXECUÇÃO DO PAA NA MODALIDADE COMPRA DOAÇÃO SIMULTÂNEA: O CASO DO RIO GRANDE DO NORTE 3.1 A EMATER/RN E O PAA NA MODALIDADE COMPRA DOAÇÃO SIMUTÊNEA No Rio Grande do Norte, o PAA, na modalidade CDS é executado pelo Governo do Estado através da EMATER/RN, e desenvolvido em parceria com as prefeituras municipais. O EMATER, conforme Lei 6.846 de 05 de outubro de 1993 é uma autarquia vinculada a Secretária de Estado da Agricultura, da Pecuária e da Pesca (SAPE/RN), atua em todo o Estado tem em sua aptidão conceber e executar as Políticas Públicas voltadas para a agricultura familiar (EMATER, 2015). A missão da EMATER é contribuir para a promoção do agronegócio e do bemestar da sociedade, com foco no agricultor familiar, através do serviço de assistência técnica e extensão rural pública com qualidade, para o desenvolvimento sustentável (EMATER, 2015, p. 04). E tem como visão promover o serviço de assistência técnica e extensão rural pública com qualidade para público beneficiário, com credibilidade da imagem institucional perante a sociedade (EMATER, 2015, p. 04). Os objetivos da instituição são: Articular e executar as principais políticas públicas do sistema agropecuário para proporcionar melhorias aos agricultores familiares com foco no desenvolvimento sustentável regional e territorial; Contribuir para a formação dos agricultores familiares, como indivíduos e seres sociais, para que sejam capazes de enfrentar as transformações, conscientes do bem-estar comum; Promover a preservação, recuperação, conservação e utilização dos recursos naturais em prol da sustentabilidade regional e territorial; promover a inclusão social e a cidadania, por meio de ações integradas focadas nas dimensões ética, social, política, cultural, econômica e ambiental com sustentabilidade; e Estimular as formas associativas geradoras de ações de solidariedade e que fortaleçam a capacidade de intervenção dos atores sociais (EMATER, 2015).

27 A EMATER-RN está presente em 167 municípios, com organização e articulação de técnicos em dez unidades regionais estabelecidas pela Instituição, conta também com três centros de treinamentos. De acordo com a figura 01, a EMATER é dividida em 1 Escritório Central, que fica localizado em Natal, e 10 unidades regionais: São José de Mipibu, João Câmara, São Paulo do Potengi, Santa Cruz, Assú, Currais Novos, Caicó, Mossoró, Umarizal e Pau dos Ferros. Figura 01: Divisão Administrativa em Regionais EMATER-RN. Fonte: EMATER/RN, 2017. A estrutura existente serve para o desenvolvimento das ações de assistência técnica e extensão rural com políticas de intervenção, programas e projetos em benefício da agricultura familiar (EMATER, 2015). Para qualificação do processo educativo de Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER), a instituição dispõe de 534 servidores/bolsistas em diversas áreas que atuaram em diversas atividades junto ao público de ATER, através da implementação de programas e projetos. O público beneficiário da Instituição é de 88.489 famílias de agricultores e agricultoras familiares, assentados, quilombolas, mulheres, jovens, criadores/pecuaristas, pescadores artesanais, extrativistas, aquicultores e os que desenvolvem atividades não agrícolas. Essas famílias são beneficiadas direta ou indiretamente por meio de ações, métodos

28 e técnicas de assistência técnica e extensão rural, do público de 88.489 beneficiários, 62.655 a EMATER-RN presta serviço de assistência técnica e extensão rural (EMATER, 2015). Um dos serviços assistência técnica e extensão rural é realizado no âmbito do PAA. O PAA, na modalidade Compra Doação Simultânea é executado apenas com recursos do MDSA, através da celebração do Termo de Adesão e contrapartida do Governo do Estado de operacionalização do programa no estado. O início do Programa Compra com Doação Simultânea no Estado do Rio Grande do Norte se deu no ano de 2005 com o convênio nº 193/2004, executado através da EMATER-RN em parceria com o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome - MDS, dando apoio ao desenvolvimento da agricultura familiar por meio de aquisição de produtos de alta qualidade nutricional, produzidos por agricultores que se enquadram no PRONAF, e destinando essa produção ao atendimento das demandas de suplementação alimentar e nutricionais dos programas sociais e entidades beneficentes do Estado do Rio Grande do Norte. A instituição oferece assistência técnica a pequenos produtores, num processo de educação continuada, aprimorando a qualidade dos produtos comercializados. O Governo do Estado, com apoio financeiro do Governo Federal, adquire pelo preço de mercado os produtos dos agricultores familiares. São comprados itens como frutas e hortaliças, derivados de origem animal, e produtos beneficiados (bolos, doces, biscoitos, farinha, fécula e produtos orgânicos). Os alimentos são repassados a entidades socioassistenciais como creches, escolas e hospitais públicos, associações de idosos e outras instituições. Cada agricultor pode vender o equivalente a R$ 6.500,00/ano, valor estabelecido pelo MDSA para as compras realizadas a partir de 2015. A finalidade do programa é promover o acesso a alimentos às populações em situação de insegurança alimentar e nutricional, e possibilita a inclusão sócio-produtiva no campo, por meio do fortalecimento da agricultura familiar no estado do Rio Grande do Norte. Para a Operacionalização do Programa de aquisição de alimentos são utilizadas duas ferramentas: O SISPAA (Sistema do Programa de Aquisição de Alimentos) é uma aplicação para gestão do Programa de Aquisição de Alimentos. O objetivo é fornecer uma ferramenta de tecnologia da informação capaz de apoiar a execução do programa, proporcionando maior agilidade e controle dos dados referentes à execução da modalidade CDS. (MANUAL, 2014). As principais atividades da ferramenta são: Cadastrar e vincular agricultores, entidades e produtos; Lançar as notas fiscais de entrada (produtores) para o MDSA realizar o pagamento e notas fiscais de saída para realizar a distribuição dos produtos

29 nas entidades. E a Ferramenta de apoio: CERES (Sistema de Informação e Gerenciamento do Campo) é a ferramenta em que os técnicos locais lançam as informações sobre os agricultores para posterior geração e impressão das notas ficais de entrada e saída, utilizada para controle de dados da EMATER (CERES, 2017). 3.2 ATORES ENVOLVIDOS NO PAA NA MODALIDADE CDS GERENCIADO PELA EMATER 3.2.1 UNIDADE GESTORA O Ministério MDSA é a Unidade Gestora do Programa de Aquisição de Alimentos. Compete ao MDSA a liberação dos recursos financeiros e a execução do pagamento dos produtores. 3.2.2 UNIDADE EXECUTORA São Unidades Executoras do PAA: os órgãos ou entidades da administração pública estadual, do Distrito Federal ou municipal, direta ou indireta, e consórcios públicos, que celebrarem Termo de Adesão ou convênios com as Unidades Gestoras; e II a CONAB e outros órgãos ou entidades da administração pública federal que celebrarem termo de cooperação com as Unidades Gestoras. Neste trabalho a unidade executora EMATER-RN que compete executar o programa de forma técnica e administrativa em parceria com as prefeituras municipais. 3.2.3 CENTRAL DE RECEBIMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE ALIMENTOS A Central de Recebimento e Distribuição de Alimentos do PAA serve de como estrutura física para o recebimento de alimentos dos agricultores e também para a distribuição destes às Unidades Recebedoras (figura 02), não sendo permitido o estoque dos produtos entregues pelos agricultores. O controle dos tipos, quantidades e qualidade dos produtos entregues pelos agricultores familiares é feito pelo técnico da EMATER/RN. O mesmo é

30 responsável também pela emissão do recibo de entrega dos alimentos que deverá ser repassado ao agricultor a cada entrega na Central. Figura 02: Central de distribuição de Santa Cruz/RN. Fonte: EMATER, 2017. O agricultor entrega seus produtos diretamente na central de recebimento e distribuição, ou poderá contar com o apoio logístico da Prefeitura pré-estabelecido através do termo de Parceria entre a EMATER/RN e as Prefeituras Municipais. É tarefa do Técnico local da EMATER organizar, minuciosamente, o calendário de recebimento e entrega dos alimentos. Ou seja, devem ser definidos os dias e horários que os alimentos devem ser entregues e distribuídos na central. As entidades beneficiadas deverão, preferencialmente, retirar os alimentos no espaço da Central de Recebimento e Distribuição de Alimentos. As entidades que não puderem retirar os alimentos na Central poderão contar com apoio logístico da Prefeitura.

31 3.2.4 REDE SOCIOASSISTENCIAL As redes socioassistencias é o conjunto integrado da oferta de serviços, programas, projetos, e benefícios de assistência social mediante articulação entre todas as unidades de provisão do Sistema Único de Assistência Social SUAS. Tais como: Centros de Referência de Assistência Social (CRAS), Centros de Referência Especializado em Assistência Social (CREAS), Escolas, Creches, Hospitais públicos, equipamentos que ofertem o serviço de acolhimento e entidades de assistência social e outros. (MANUAL, 2014). 3.2.5 UNIDADES RECEBEDORAS E BENECIFIÁRIOS As unidades recebedoras e os beneficiários são os principais atores envolvidos no PAA na modalidade CDS gerenciado pela EMATER. As unidades recebedoras, ou entidades, são as organizações formalmente constituídas, contemplada na proposta de participação da Unidade Executora, que recebe os alimentos e os fornece aos beneficiários consumidores. E os beneficiários são os fornecedores e consumidores. Os fornecedores são agricultores familiares que vendem/fornecem seus produtos ao Programa, individualmente via (EMATER) ou por meio de suas organizações, como associações e cooperativas via (CONAB); e os consumidores são indivíduos em situação de insegurança alimentar e nutricional e aqueles atendidos pela rede socioassistencial, pelos equipamentos de alimentação e nutrição, pelas demais ações de nutrição financiadas pelo Poder Público e, em condições específicas definidas pelo Grupo Gestor do PAA GGPAA, pela rede pública e filantrópica de ensino e saúde (MANUAL, 2014).

32 3.3 IDENTIFICAÇÃO DAS UNIDADES RECEBEDORAS (ENTIDADES) QUE PARTICIPARAM DO PAA CDS Participaram do programa no Estado do Rio Grande do Norte dos anos de 2015 a 2017 (vale ressaltar que os dados obtidos foram até 30 de Novembro do ano vigente), um total de 1821 entidades, sendo verificado um aumento significativo no número de entidades recebedoras durante o ano de 2016 e 2017 conforme a gráfico 01. 800 700 600 500 400 534 587 700 300 200 100 0 2015 2016 2017 Gráfico 01: Número de entidades beneficiadas entre 2015 a 2017. Fonte: Elaboração própria com base nos dados do SISPAA, 2017. As unidades recebedoras são divididas por tipologias, como: Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) e similares Associações beneficentes/assistência social, Creches, escolas, hospitais, instituições de amparo à criança, instituições de apoio ao idoso, restaurantes/cozinhas. No RN no ano de 2015, participaram um total de 534 entidades, sendo: 5 APAEs (0,94%), 101 associações beneficentes/assistência social (18,90%), 45 creches (8,43%), 362 escolas (67,79%), 9 hospitais (1,69%), 1 instituições de amparo a criança (0,19%), 1 instituições de apoio ao idoso (0,19%), e 10 restaurantes/cozinhas (1,87%)conforme gráfico 02 a seguir.

33 0.94% 1.69% 0.19% 0.19% 1.87% APAE E SIMILARES 18,90% 8.43% ASSOCIAÇÕES BENEFICENTES/ASSI CRECHE ESCOLA HOSPITAIS 67.79% INSTITUIÇÕES DE AMPARO A CRIANÇA INSTITUIÇÕES DE APOIO AO IDOSO RESTAURANTES/COZINHAS Gráfico 02: Identificação de entidades do ano de 2015. Fonte: Elaboração própria com base nos dados do SISPAA, 2017. Já no ano de 2016, participaram um total de 587 entidades, sendo: 4 APAEs (0,68%), 57 associações beneficentes/assistência social (9,71%), 55 creches (9,37%), 450 escolas (76,66%), 15 hospitais (2,56%), 3 instituições de amparo a criança (0,51%), 2 instituições de apoio ao idoso (0,34%), 1 restaurantes/cozinhas (0,17%), conforme gráfico 03 a seguir. 2.56% 0.51% 0.34% 0.17% 0.68% APAE E SIMILARES 9.71% 9.37% ASSOCIAÇÕES BENEFICENTES/ASSI CRECHE ESCOLA HOSPITAIS 76.66% INSTITUIÇÕES DE AMPARO A CRIANÇA INSTITUIÇÕES DE APOIO AO IDOSO RESTAURANTES/COZINHAS Gráfico 03: Identificação das entidades do ano de 2016. Fonte: Elaboração própria com base nos dados do SISPAA, 2017.

34 E no ano de 2017, participaram um total de 700 entidades, sendo: 6 APAEs (0,86%), 70 associações beneficentes/assistência social (10,00%), 61 creches (8,71%), 526 escolas (75,14%), 26 hospitais (3,71%), 5 instituições de amparo a criança (0,72%), 5 instituições de apoio ao idoso (0,72%), 1 restaurantes/cozinhas (0,14%), conforme gráfico 04. 3.71% 0,72% 0,72% 0.14% 75.14% 10.00% 0.86% 8.71% APAE E SIMILARES ASSOCIAÇÕES BENEFICENTES/ASSI CRECHE ESCOLA HOSPITAIS INSTITUIÇÕES DE AMPARO A CRIANÇA INSTITUIÇÕES DE APOIO AO IDOSO RESTAURANTES/COZINHAS Gráfico 04: Identificação das entidades do ano de 2017. Fonte: Elaboração própria com base nos dados do SISPAA, 2017. Observa-se que a maioria das entidades recebedoras entre os anos de 2015 a 2017 foram às escolas seguidas de Associações Beneficentes de Assistência social. As entidades foram selecionadas pelos técnicos locais da EMATER-RN, responsável pela execução do Programa no município. Essa seleção aconteceu priorizando as entidades socioassistenciais. 3.4 IDENTIFICAÇÃO DOS PRODUTOS DOADOS NO PAA CDS Por meio da modalidade do PAA Compra com Doação Simultânea podem ser adquiridos alimentos diversos, desde que observados os normativos de controle sanitário e de qualidade expedidos pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e pelos demais órgãos responsáveis pela inspeção e fiscalização sanitária em âmbito federal, estadual, distrital e municipal (MANUAL, 2014).

35 De acordo com o manual operativo: O levantamento de demanda, ou seja, a definição dos alimentos deverá considerar os hábitos alimentares e conciliar a demanda das Unidades Recebedoras, visando à garantia do Direito Humano a Alimentação Adequada dos beneficiários consumidores, com a oferta de produtos pelos agricultores familiares, que são os beneficiários fornecedores do PAA (MANUAL, 2014, 39.). Na definição dos alimentos a serem adquiridos, deve-se considerar os hábitos alimentares da região e as especificidades do público a ser atendido, devendo ser priorizados os alimentos orgânicos e agroecológicos por serem mais saudáveis (MANUAL, 2014). As Unidades Executoras devem promover a qualificação da demanda das Unidades Recebedoras, por meio da qualificação dos cardápios e outras ações que contribuam para a oferta da Alimentação Adequada e Saudável aos beneficiários consumidores e de forma concomitante, induzir os beneficiários fornecedores a organizar sua produção de acordo com a demanda (MANUAL, 2014). Os alimentos devem ser de produção própria dos agricultores familiares, não sendo admitida a compra, repasse ou revenda. Visando garantir uma alimentação variada e saudável para os beneficiários consumidores, é importante salientar que alguns alimentos têm quantidades limitadas nas Propostas de Participação. Entende-se que a inclusão de alimentos ricos em açúcares (incluindo doces, compotas, geleias, néctar de frutas, entre outros) e de panificados (incluindo pães, bolachas e bolos) não deve ser superior a 15% do volume de produtos a serem adquiridos ou do montante disponibilizado para essa aquisição. A inclusão de alimentos ricos em açúcar e panificados acima do percentual estabelecido deverão ser justificadas e estará sujeita à aprovação do MDSA (MANUAL,2014). Em conformidade com essas normativas, no PAA CDS gerenciado pela EMATER, no período de 2015 a 2017 foram adquiridos e doados 1.617.457,66 toneladas de alimentos, conforme distribuição expressa no gráfico 05 a seguir.

36 700,000.00 600,000.00 500,000.00 460,160.55 527,748.55 629,548.56 400,000.00 300,000.00 200,000.00 100,000.00 0.00 2015 2016 2017 Gráfico 05: Distribuição de alimentos doados no período de 2015 a 2017. Fonte: Elaboração própria com base nos dados da SISPAA, 2017. Verificou-se que houve um aumento na aquisição e doação dos produtos de 2015 a 2017. De acordo com o quadro 02, a aquisição dos produtos em sua maioria foram produtos in natura como frutas (incluindo as polpas de frutas), pescado e seguido de hortícolas, raízes e tubérculos. PRODUTOS VALORES PARTICIPAÇÃO QUANTIDADE ITENS (CLASSIFICAÇÃO) (R$) (%) (KG) (N ) AVES 144.251,96 2,13 10.767,39 4 CARNES E OVOS 961.364,48 14,23 66.152,91 9 DOCES 87.576,26 1,30 8.986,40 5 1.820.862,72 26,95 729.624,90 40 GRÃOS 255.428,86 3,78 46.118,09 4 HORTÍCICULAS, RAÍZES E TUBÉRCULOS 1.045.638,23 15,47 391.946,22 10 LEGUMES 352.684,17 5,22 123.011,88 10 LEITE E DERIVADOS 96.066,04 1,42 28.297,16 3 MEL 49.467,71 0,73 2.865,50 2 PANIFICADOS E MASSAS 544.179,79 8,05 64.395,80 18 PESCADO 1.280.005,55 18,94 124.676,50 3 VERDURAS E FOLHAS 119.787,16 1,77 20.614,91 8 TOTAL 6.757.312,93 100,00 1.617.457,66 116 Quadro 02: Classificação dos produtos. Fonte: Elaboração própria com base nos dados da SISPAA, 2017.

37 De acordo com o gráfico 06, os produtos foram classificados como: Frutas (inclui polpas de fruta), Pescado, Hortícolas, raízes e tubérculos, Carnes e ovos Panificados e massas Legumes, Grãos, Aves, Verduras e folhas, Leite e derivados Doces e Mel. 1.77% 2.13% AVES CARNES E OVOS 18.94% 14.23% 1.30% DOCES GRÃOS 8.05% 0.73% 1.42% 5.22% 26.95% HORTÍCOLAS, RAÍZES E TUBÉRCULOS LEGUMES LEITE E DERIVADOS 15.47% MEL PANIFICADOS E MASSAS 3.78% PESCADO Gráfico 06: Classificação dos produtos. Fonte: Elaboração própria com base nos dados da SISPAA, 2017. A seleção dos produtos levou em consideração a sua sazonalidade e disponibilidade nos diversos municípios beneficiados, bem como a sua aceitabilidade por parte dos beneficiários das entidades que seriam o público-alvo da doação dos produtos. As entregas dos produtos aconteceram obrigatoriamente nas centrais de recebimento e distribuição. 3.5 RECURSOS UTILIZADOS Para a execução do PAA no Rio Grande do Norte a EMATER utilizou-se de recursos financeiros do MDSA quanto contrapartida do Governo na execução do programa. A equipe técnica responsável pela execução do PAA na EMATER-RN é constituída pelo coordenador do Programa na EMATER Estadual (Natal), por Assessores Regionais de mercados institucionais nas EMATER Regionais, sendo um por regional (dez no

38 total) e técnicos locais nas EMATER (chegando a 150 técnicos, pois alguns profissionais atendem mais de um município). Além do coordenador existe a equipe que trabalha com a parte financeira e administrativa de formalização dos processos que é composta por funcionários, bolsista (Quadro 03). Dentre as atividades exercidas por essa equipe está elaboração de relatórios, a formalização dos processos, realização dos empenhos e pagamentos, repasse de informações acerca do Programa para os escritórios regionais locais e arquivamento dos processos. COMPOSIÇÃO DA EQUIPE MULTIDISCIPLINAR COLABORADORES SERVIDORA BOLSISTA BOLSISTA BOLSISTA BOLSISTA CARGO COMISSIONADO Quadro 03: Composição da equipe compra doação simultânea. Fonte: Elaboração própria com base nos dados da EMATER (2017). COTROLE DAS REGIÕES São José de Mipibu e Currais Novos João Câmara e Santa Cruz São Paulo do Potengi e Assú. Mossoró e Pau dos Ferros. Umarizal e Caicó Coordenador No total a EMATER gerenciou uma soma em reais de R$ 6.757.312,93 oriundos do MDSA para aquisição de alimentos dos produtores da agricultura familiar no estado, distribuídos nos anos de 2015 a 2017 conforme ilustra o gráfico 07. R$3,000,000.00 R$2,500,000.00 R$2,000,000.00 R$2,521,050.51 R$1,947,320.37 R$2,288,942.05 R$1,500,000.00 R$1,000,000.00 R$500,000.00 R$0.00 2015 2016 2017 Gráfico 07: Recursos financeiros aquisição de produtos 2015 a 2017. Fonte: Elaboração própria com base nos dados da SISPAA, 2017.

39 E para estruturação do programa no ano de 2015 houve um investimento de R$ 5.934.000,00 milhões de reais, desses 5.884.000,00 milhões de reais oriundos do MDSA, e 50.000,00 mil reais sendo de contrapartida do Governo do RN. O recurso foi utilizado para a aquisição de equipamentos para a modernização das centrais de distribuição e recebimento de produtos nos municípios atendidos pelo programa. Entre os equipamentos adquiridos estão: veículos com baú refrigerado, balanças, kits de informática (impressoras e computadores), e freezers horizontais e verticais. 3.6 PERFIL DOS BENEFICIÁRIOS FORNECEDORES E CONSUMIDORES 3.6.1 BENEFICIÁRIOS FORNECEDORES O público apto a fornecer alimentos ao PAA, quais sejam os agricultores familiares, assentados da reforma agrária, silvicultores, aquicultores, extrativistas, pescadores artesanais, indígenas e integrantes de comunidades remanescentes de quilombos rurais e de demais povos e comunidades tradicionais, que atendam aos requisitos previstos no art. 3º da Lei nº 11.326, de 24 de julho de 2006, os beneficiários fornecedores devem ter produção própria de alimentos e comercializá-la diretamente para o programa. (MANUAL, 2014). Para participar do programa os produtores devem estar inscritos no Cadastro de Pessoas Físicas - CPF da Receita Federal do Brasil do Ministério da Fazenda, e apresentar a Declaração de Aptidão ao PRONAF - DAP pessoa física, ou fazê-lo por meio de uma organização fornecedora, como cooperativas e outras organizações formalmente constituídas como pessoa jurídica de direito privado e que detenham a Declaração de Aptidão ao PRONAF - DAP Especial Pessoa Jurídica. Devem ser priorizados os beneficiários fornecedores inscritos no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal, beneficiários do Programa Bolsa Família, mulheres, produtores de alimentos orgânicos ou agroecológicos, indígenas, quilombolas, assentados da reforma agrária e demais povos e comunidades tradicionais (MANUAL, 2014), a seguir a figura 03 ilustrando um beneficiário fornecedor.

40 Figura 03: Beneficiário fornecedor Lucrécia RN. Fonte: EMATER, 2017. O PAA no Rio Grande do Norte no ano de 2015 beneficiou 728 produtores, ocorrendo uma redução nos anos seguintes, com saída de produtores, vejamos a seguir no gráfico 08. 800 700 600 500 728 574 612 400 300 200 100 0 2015 2016 2017 Gráfico 08: Número de beneficiários fornecedores no Rio Grande do Norte de 2015 a 2017. Fonte: Elaboração própria com base nos dados da SISPAA, 2017. No ano de 2016 houve uma queda no número de fornecedores, beneficiados pelo programa, esse fato ocorreu devido à paralização temporária do programa para ajuste na proposta vigente. E no ano de 2017, houve um aumento em relação a 2016.

41 Esses produtores são oriundos de 123 municípios, de modo que compreende parte significante do território potiguar, no anexo A podemos observar os munícipios que participaram da PAA do ano de 2015 a 2017. 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 87 83 62 2015 2016 2017 Gráfico 09: Número de municípios participantes do PAA no ano de 2015 a 2017. Fonte: Elaboração própria com base nos dados da SISPAA, 2017. De acordo com o gráfico 09 houve uma redução dos municípios participantes no ano de 2016, isso se justifica devido a paralisação do programa 1 Semestre de 2016. E Houve aumento no ano de 2017 em relação a 2016. No ano de 2015, participaram do programa de aquisição de alimentos na modalidade compra doação simultânea no Estado do Rio Grande do Norte gerenciado pela EMATER/RN um total de 728 produtores, sendo 377 do sexo Feminino no qual corresponde a 52%, e 351 do sexo masculino que corresponde a 48% dos beneficiários fornecedores do programa, conforme gráfico 10 a seguir.

42 400 350 300 250 377 351 301 273 302 310 200 150 100 50 0 FEMININO MASCULINO FEMININO MASCULINO FEMININO MASCULINO Gráfico 10: Número de beneficiários fornecedores por gênero de 2015 a 2017. Fonte: Elaboração própria com base nos dados da SISPAA, 2017. Já ano de 2016, participaram do programa no um total de 574 produtores, sendo 301 do sexo Feminino no qual corresponde a 52%, e 273 do sexo masculino que corresponde a 48% dos beneficiários fornecedores do programa. E no ano de 2017, participaram do programa um total de 612 produtores, sendo 302 do sexo Feminino no qual corresponde a 49%, e 310 do sexo masculino que corresponde a 51% dos beneficiários fornecedores do programa. 2015 2016 2017 3.6.2 BENEFICIÁRIOS CONSUMIDORES Os beneficiários consumidores são indivíduos em situação de insegurança alimentar e nutricional e aqueles atendidos pela rede socioassistencial, pelos equipamentos de alimentação e nutrição, pelas demais ações de nutrição financiadas pelo Poder Público e, em condições específicas definidas pelo Grupo Gestor do PAA GGPAA, pela rede pública e filantrópica de ensino e saúde (MANUAL, 2014). A seguir a figura 04 ilustrando um beneficiarios consumidores da Creche criança feliz de Lucrecia/RN, uma das entidades beneficados pelo programa.

43 Figura 04: Beneficiários Consumidores de Lucrécia/RN. Fonte: EMATER, 2016. O Programa de Aquisição de Alimentos na modalidade CDS no Rio grande do Norte beneficiou 574,366 mil pessoas de 2015 a 2017, conforme distribuição apresentada no gráfico 11. 250,000 214.484 200,000 150,000 185.152 174.730 100,000 50,000 0 2015 2016 2017 Gráfico 11: Beneficiários consumidores de 2015 a 2017. Fonte: Elaboração própria com base nos dados da SISPAA, 2017.