MATA NATIVA: SISTEMA PARA ELABORAÇÃO DE PLANOS DE MANEJO FLORESTAL E REALIZAÇÃO DE ANÁLISES FITOSSOCIOLÓGICAS



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Transcrição:

MATA NATIVA: SISTEMA PARA ELABORAÇÃO DE PLANOS DE MANEJO FLORESTAL E REALIZAÇÃO DE ANÁLISES FITOSSOCIOLÓGICAS Gilson Fernandes da Silva Departamento de Engenharia Florestal - Universidade de Brasília 70910-900 Brasília DF. gfsilva2000@yahoo.com Paulo Márcio de Freitas Cientec - Consultoria e Desenvolvimento de Sistemas Ltda. Av. P.H. Rolfs, 375 Sala 301 36570-000 Viçosa MG paulo@cientec.net Anderson Francisco da Silva Cientec - Consultoria e Desenvolvimento de Sistemas Ltda. Av. P.H. Rolfs, 375 Sala 301 36570-000 Viçosa MG anderson@cientec.net Alessandro de Freitas Teixeira Cientec - Consultoria e Desenvolvimento de Sistemas Ltda. Av. P.H. Rolfs, 375 Sala 301 36570-000 Viçosa MG aft@cientec.net RESUMO O planejamento da produção florestal tem como principais objetivos responder às questões: quando, quanto, como e onde cortar a floresta, cumprir a legislação florestal e minimizar os impactos ambientais. Entretanto, tem-se observado na prática, principalmente nas empresas florestais de pequeno e médio porte, a elaboração de planos de manejo empíricos, baseados, na maioria das vezes, na experiência pessoal do tomador de decisão. Percebeu-se, então, a necessidade de uma ferramenta de suporte que auxiliasse neste processo. Em função desta demanda, desenvolveu-se o software Mata Nativa, que é uma ferramenta prática e eficiente para a realização de análises fitossociológicas e elaboração de planos de manejo de florestas nativas. Apresenta-se como uma ferramenta indispensável para engenheiros florestais que trabalham com manejo florestal e também para outros profissionais que necessitem realizar análises fitossociológicas de maneira rápida, fácil e com grande flexibilidade na apresentação dos resultados. Esta é uma ferramenta capaz de registrar informações importantes sobre a floresta ao longo de sua existência, de modo a facilitar a tomada de decisão e também torná-la mais confiável. Palavras-chave: software; análise fitossociológica; manejo florestal; tomada de decisão. ABSTRACT Some of the principal objectives of forest production planning are to answer the questions of when, how, where, and how much to harvest the forest, as well as obey legislation and minimize environmental impact. However, in practice, principally in small and medium-sized businesses,

management plans are usually based on the personal experience of the decision maker. There has been a recognition of the need of a support tool to assist this process. Because of this demand, the software Mata Nativa was developed as a practical and efficient tool for performing phyto-sociological analyses and developing management plans for native forests. This is an indispensable tool for foresters working with forest management and others who need to perform rapid phyto-sociological analyses with flexible data presentation. This tool is capable of registering important information about a forest throughout its existence to permit easier and more reliable decision making. Key Words: software, phyto-sociological analyses, forest management, decision making. 1. INTRODUÇÃO Embora a exploração de recursos florestais no Brasil, em níveis mais organizados e em grande escala, seja relativamente recente, não é difícil verificar a grande importância do setor no cenário nacional. O setor siderúrgico a carvão vegetal, por exemplo, apresentou no ano de 1997 um faturamento de US$ 3,7 bilhões, dos quais cerca de US$ 1,3 bilhão foram provenientes de exportações, sendo este setor responsável por 85% do consumo de carvão vegetal no Brasil (ABRACAVE, 1998). O setor moveleiro faturou em 1997 US$ 5,6 bilhões, sendo praticamente inexistente a importação de móveis no Brasil. Nesse mesmo ano este setor foi responsável por 42 mil empregos diretos (GORINI, 1998). O setor de papel e celulose também teve faturamento expressivo, com R$ 7,6 bilhões, que correspondeu a 1% do PIB. Contribuiu também com R$ 748,90 milhões em impostos e taxas e pagou R$ 3 bilhões em salários e encargos para cerca de 67 mil pessoas (BRACELPA, 1998). As exportações de papel e celulose no mesmo ano somaram US$ 2 bilhões. Entretanto, o setor importou em 1997 US$ 900 milhões, visto que o consumo de papel tem crescido muito e o setor não tem acompanhado esse crescimento (BRACELPA, 1998). Por outro lado, organizar os processos de produção florestal de modo que os mesmos sejam viáveis do ponto de vista econômico, ambiental e social é uma tarefa árdua, e que, portanto, exige muito esforço daqueles que trabalham neste setor. As dificuldades se tornam ainda maiores quando se trata de florestas naturais, dada a grande complexidade desses ecossistemas. De acordo com Guimarães e Sette (1995) citados por NOBRE (1999), o planejamento da produção é função administrativa que tem por objetivo fazer planos que orientam a produção, procurando-se determinar, quanto, como e onde produzir. Entretanto, tem-se observado na prática, principalmente nas empresas florestais de pequeno e médio porte, a elaboração de planos de manejo empíricos, baseados, na maioria das vezes, na experiência pessoal do tomador de decisão. Algumas das razões para que isso ocorra está no fato do desconhecimento do manejador florestal de metodologias compatíveis ao grande número de variáveis envolvidas no manejo de florestas naturais, tais como determinação do estoque e da taxa de crescimento da floresta, alternativas econômicas de produção, aspectos técnicos como tratamentos silviculturais, processos de exploração, entre outros. Aliado a isso está os longos períodos dos ciclos de produção, fazendo com o manejo se torne ainda mais difícil.

Dentro desse contexto, foi elaborado o software Mata Nativa, que procura em sua primeira versão, minimizar as dificuldades anteriormente citadas, no sentido de valorizar o registro e o uso de informações pertinentes ao manejo florestal. Muitas das vezes, manejadores florestais não tem o hábito de guardar informações sobre as florestas que manejam, o que impede que se tenha um conhecimento acumulado dessas florestas, dificultando em muito a tomada de decisão a respeito dos processos a serem adotados no manejo da floresta. Tendo em vista o exposto, o software Mata Nativa teve como principal objetivo, disponibilizar aos profissionais que atuam nas áreas de Manejo Florestal e que realizam Análises Fitossociológicas, uma ferramenta capaz de registrar informações importantes sobre a floresta ao longo de sua existência, de modo a facilitar a tomada de decisão e também torna-la mais confiável. Outro objetivo foi disponibilizar nesse software as mais recentes técnicas de análises no que diz respeito ao manejo florestal e à análise da vegetação, com a preocupação fundamental de que as análises fossem de fácil execução e interpretação, havendo a máxima interação possível entre o usuário e o programa. 2. DESCRIÇÃO DO SISTEMA MATA NATIVA O software Mata Nativa, ilustrado pela FIGURA 1, teve sua parte técnica desenvolvida por uma equipe de Doutores em Manejo Florestal da Universidade Federal de Viçosa - UFV, Universidade de Brasília UnB, Universidade Federal do Mato Grosso UFMT e Universidade Federal Rural de Pernambuco UFRPE, e a elaboração do programa feita por especialistas em ciência da computação com grande experiência na área. Com o intuito de proporcionar a máxima interatividade com o usuário e, ao mesmo tempo, atender os objetivos já citados, o sistema foi dividido em três módulos principais: o módulo Dados, o módulo Cálculos e o módulo Inventário. A seguir, será apresentado uma breve descrição de cada um dos módulos citados.

FIGURA 1:Tela principal do Mata Nativa. 2.1. O Módulo Dados O módulo Dados, ilustrado pela FIGURA 2, se destina ao cadastramento de todos os dados e informações referentes ao projeto e que serão utilizados no módulo Cálculos e no módulo Inventário. Neste módulo são cadastradas informações específicas de cada projeto como sua localização, dados da propriedade, do elaborador e do executor do projeto. Também são registradas informações sobre as espécies encontradas na área. Este módulo tem papel fundamental, pois é nele que são informados a maioria dos parâmetros e dados que deverão servir de base para todos os cálculos realizados no módulo Cálculos e o nome das espécies para o módulo Inventário.

FIGURA 2: Tela representativa do módulo Dados. Desta forma, este módulo pode ser encarado como um banco de dados contendo informações da floresta em um dado momento do tempo. Conforme mencionado anteriormente, o registro, a manutenção e o acesso rápido a essas informações a qualquer tempo, são essenciais para que se possa acumular informações da floresta de modo a se entender melhor o seu comportamento e sua dinâmica, o que ajudará muito no seu manejo. 2.2. O Módulo Cálculos O módulo Cálculos utiliza os dados cadastrados no módulo Dados para a realização de uma série de cálculos, incluindo: Análise Florística, Diversidade de Espécies, Agregação de Espécies, Estruturas Horizontal, Vertical e Regeneração Natural, Estruturas Diamétrica e Volumétrica, Análises Qualitativas de características do povoamento, Avaliação de Rendimentos Econômicos baseada no aproveitamento do fuste e do preço da madeira e os cálculos estatísticos da Amostragem. Neste módulo todos os resultados são apresentados em forma de tabelas, como ilustrado na FIGURA 3, podendo as mesmas serem reorganizadas de acordo com os interesses do usuário. Os resultados também podem ser exportados para outros programas, como o Excel, por exemplo, bem como podem ser gerados

relatórios feitos no próprio programa que também permite ao usuário definir a apresentação que mais atenda aos seus interesses. FIGURA 3: Tela representativa do módulo Cálculos. As análises citadas consideram as mais recentes e utilizadas técnicas de avaliação de importância ecológica das espécies. Além disso, o usuário interessado na elaboração de planos de manejo pode dispor de ferramentas importantes como as diversas possibilidades de apresentação das estruturas diamétrica e volumétrica, permitindo que se tenha a chance de se avaliar individualmente e com grande rapidez, como as espécies de interesse para o manejo florestal se apresentam distribuídas dentro da floresta e dentro de diferentes classes de tamanho. Sinteticamente, no que diz respeito ao módulo Cálculos, procurou-se aliar a eficiência proporcionada pelos computadores na realização de cálculos com grandes massas de dados com processos de análises que permitam considerar grande números de variáveis, de modo a gerar os mais diversos cenários, subsidiando assim, o processo de planejamento da produção florestal. 2.3. O Módulo Inventário O módulo Inventário trata de uma prática recente no manejo de florestas naturais que é a realização de censo de todas as árvores de valor comercial existentes em uma área de exploração anual.

Este módulo procurou seguir a proposta elaborada por AMARAL et al. (1998) que acumulam grande e proveitosa experiência em censos (inventários 100%) na região amazônica. Além da análise do inventário 100%, este módulo possibilita a elaboração de mapas de exploração, ilustrado pela FIGURA 4, conforme prevê a legislação florestal em algumas regiões brasileiras. É possível também, por meio de recursos de bancos de dados aplicados de forma a mais interativa possível, avaliar as diversas possibilidades de exploração da floresta, filtrando as espécies de interesse comercial das demais espécies e totalizando em termos de número de árvores, volume e área basal a quantidade de madeira a ser explorada. Ainda, é possível avaliar a densidade em termos de número de árvores, volume e área basal para espécies protegidas por lei, como espécies raras, árvores matrizes e frutíferas, por exemplo. FIGURA 4:Tela representativa do módulo Inventário. 3. CONCLUSÃO Considerando o anteriormente apresentado, pode-se se chegar a seguinte conclusão: O software Mata Nativa tem como proposta apoiar a elaboração de planos de manejo e realização de análises fitossociológicas, procurando conciliar a eficiência computacional com as possibilidades de análises de interesse que possam auxiliar o manejador florestal na tomada de decisão, gerar um conhecimento acumulado das florestas e auxiliar nos projetos de exploração florestal.

4. BIBLIOGRAFIA ABRACAVE. Anuário estatístico. Belo Horizonte: ABRACAVE, ano 8, n. 24, 1998. BRACELPA - CELULOSE & PAPEL. Mercado - Setor espera substituição de importações em 1999. São Paulo: BRACELPA, ano15, n.64, 1998. GORINI, A.P.F. Panorama do setor moveleiro no Brasil, com ênfase na competitividade externa a partir do desenvolvimento da cadeia industrial de produtos sólidos de madeira. BNDES Setorial, Rio de Janeiro, n.8, p.3-57, 1998. NOBRE, S.R. A heurística da Razão-R aplicada a problemas de gestão florestal. Lavras: UFLA, 1999. 129p. Dissertação (Mestrado em Administração Rural) - Universidade Federal de Lavras - MG. 1999. AMARAL, P.H.C.; VERÍSSIMO, J.A.O.; BARRETO, P.G.; VIDAL, E.J.S. Floresta para sempre: um manual para produção de madeira na Amazônia. Bélem: IMAZON, 1998. 137 p.