UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE DANIEL LUCAS MEDEIROS DA SILVA ESTRATÉGIAS PARA REDUÇÃO DA OCORRÊNCIA DE SÍFILIS EM GESTANTES NO MUNICÍPIO DE MUCURI - BA: UM DESAFIO Rio Grande do Norte 2017
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE DANIEL LUCAS MEDEIROS DA SILVA ESTRATÉGIAS PARA REDUÇÃO DA OCORRÊNCIA DE SÍFILIS EM GESTANTES NO MUNICÍPIO DE MUCURI - BA: UM DESAFIO Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Especialização em Gestão da Poílitica de DST, AIDS, Hepatites e Tuberculose, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requesito á obtensão do título de Especialista. Orientador: Richardson Augusto R. da Silva Rio Grande do Norte 2017
SUMÁRIO 2 INTRODUÇÃO... 3 3 REVISÃO DA LITERATURA... 5 4 OBJETIVOS... 7 4.1 Objetivo Geral... 7 4.2 Objetivo Específico... 7 5 METODOLOGIA... 8 5.1 Cenário do Projeto de Intervenção... 8 5.2 Elementos do Plano de Intervenção... 9 5.3 Fragilidades e Opotunidades... 10 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS... 10 7 REFERÊNCIAS... 11
ESTRATÉGIAS PARA REDUÇÃO DA OCORRÊNCIA DE SÍFILIS EM GESTANTES NO MUNICÍPIO DE MUCURI - BA: UM DESAFIO Daniel Lucas Medeiros da Silva 1 RESUMO Em mucuri-ba, assim como no Brasil, as Doenças Sexualmente Transmissiveis (DST) tem sido considerado um grave problema de Saúde Pública, pois quando não tratadas adequadamente, podem evoluir para formas mais graves e até ao óbito. Entre as doenças que podem ser transmitidas durente o periodo gestacional e parto, a sífilis é a que tem maior taxa de transmissão vertical. Para tanto, medidas foram tomadas pelo Ministerio da Saúde como a qualificação da assistência ao prénatal que tem relevante papel de prevenir e cuidar das possíveis intercorrencias ligadas a esta doença. O presente estudo teve como base uma pesquisa epidemiológica e busca em sistemas de informações do Ministerio da Saúde SINAN e DATASUS, sendo realizado um levantamento temporal de uma década. Neste sentindo, este plano de intervenção tem o objetivo de levantar estratégias direcionadas á eliminação e prevenção da sífilis em gestantes no municipio de Mucuri-BA, tais como: a) Desenvolver outras medidas de prevenção, também eficientes; b) Realizar o diagnostico precoce durante o pré-natal; c) Estabelecer protocolos para auxiliar no manejo dos casos; d) Busca ativa dos casos faltosos e parceiros sexuais para tratamento; e) Reduzação do números de parceiros sexuais; f) Adoção do uso regular de preservativos nas relações sexuais; g) Oferta de exames e testagem durante o 1 e 3 trimestre gestacional; h)tratamento adequado de todos os casos dignosticados. Palavras chave: Sífilis materna, Sífilis congênita e prevenção. 2. Introdução Na Bahia, assim como no Brasil, as Doenças Sexualmente Transmissiveis (DST) são um grave problerma de saúde publica, pois muitas delas, quando não tratadas ou tratadas de forma inadequada, podem evoluir para complicações mais graves e até a óbito. Das várias doenças que podem ser transmitidas durante o período de gestação e parto, a sífilis é a que tem maior taxa de transmissão vertical. 1 Bacharel em Enfermagem, pelo Centro Universitário de Caratinga (UNEC). Especialista em Gestão e Auditoria em Serviços de Saúde, pela Faculdade Venda Nova do Imigrante (FAVENE). Especialista em Gestão da Clínica nas Regiões de Saúde, pelo Instituto de Ensino e Pesquisa e Hospital Sírio Libanês (IEP/HSL). Especialista em Enfermagem do Trabalho, pela Universidade Candido Mendes (UCAM). Pós-Graduando em Gestão de DST/HIV/AIDS, Hepatites Virais e Tuberculose, pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).
Trata-se de uma doença infectocontagiosa, de distribuição mundial, transmitida pelas vias sexual, parenteral e vertical. A Sífilis é causada pela bactéria Treponema Pallidum decorrente da transmissão predominamente sexual, de evolução crônica, com erupção cutâneas transitórias, provocadas por uma espiroqueta que se não tratada pode evoluir a estágios que comprometem a pele e orgão internos (coração, fígado e seistema nervoso central). A transmissão vertical da sífilis passou a ser considerado, um problema de saúde pública no Brasil, se tornando o maior transmissor entre a doenças sexualmente transmisseis durante o ciclo grávido-puerperal, sendo possível em qualquer fase da gestação, ocorrendo a sua transmissão, com maior probabiliddade entre a primeira e segunda fase da doença. A política de saúde brasileira para o enfrentamento da sífilis congênita, ou seja, para o rastreio e combate da sífilis congênita, implementou o Plano Operacional para Redução de Transmissão Vertical do HIV e da Sífilis, onde definem ações e metas para melhoria do controle dessas doenças. Desde 1994 o Ministério da Saúde tem priorizado a Estratégia de Saúde de Família (ESF) para o fortalecimento da Atenção Primária a Saúde, financiadas por meio dos incentivos federais específicos para essa estratégia, onde através de programas assistencias requer a redução/eliminação de incidência, principalmente nos casos de nascidos vivos. Para isso são desenvolvidos ações de prevenção pré-natal e em maternidade. A sífilis é uma doença pandêmica que teve sua ocorrência bastante reduzida com o surgimento da penicilina, mas voltou a aparecer em grande escala recentemente, desta forma questionou-se qual o perfil epidemiológico desse agravo notificados no município de Mucuri e região no estado da Bahia no período de 2007 a 2016. O projeto de intervenção justifica-se por a sífilis gestacional e congênita ser considerada como um dos principais problemas de saúde pública no Brasil, e pela elevação crescente dos dados referentes ao agravo no município de Mucuri, nesse sentido a buscar a erradicação ou redução deste quadro, onde se caracteriza a necessidade de sistemas de vigilância e atenção a saúde local mais eficientes. Analisando assim o indicador referente ao número de sífilis em gestantes no municipio de Mucuri, pode-se observar um importante crescimento nos casos notificados nos ultimos anos.
Apesar dos dados epidemiológicos demonstrarem um aumento significativo de casos, acredita-se que exista uma sub-notificação, pois o número é ainda maior. Tal fato, pode esta ligado a baixa porcentagem dos casos tratadas adequadamente, além do processo de notificação não estar sendo períodicamente revisto e cadastrados de acordo com a conformidade. Diante da situação apresentada, a detecção ativa e precoce dos casos de sífilis em gestantes, bem como o tratamento adequado de adultos, mães e crianças, se constitui em eficaz medida de controle da sífilis congênita visando sua eliminação, através da interrupção da cadeia de transmissão da sífilis. 3. Revisão da Literatura As Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) existem desde a antiguidade em um elevado percentual de indivíduos sexualmente ativos, frequentemente de maneira silenciosa, o que leva a sua disseminação. Os profissionais de saúde têm conhecimento do tratamento, mas ainda encontram obstáculos ligados ao preconceito e aos valores morais da sociedade. (ESPÍRITO SANTO, 2008). As DST produzem desonra moral e social nos indivíduos que as adquirem além de serem associadas à promiscuidade sexual, ocasionado à deterioração de seus relacionamentos e desprestígio social. Como resultado, algumas mulheres decidem por não buscar os cuidados médicos adequados. (GODINHO & MAMERI, 2002). A sífilis tem um tratamento de fácil acesso e curto período de tempo, onde todos os casos são de notificações compulsórias, sendo o SUS Sistema Único de Saúde, responsável por fornecer as devidas medicações para mãe, parceiro e recém-nascido. (BRASIL, 2012). Apesar de apresentar diagnóstico simples e tratamento eficaz, a sífilis gestacional continua como um grave problema devido á prevalência alarmante, principalmente em países pobres ou em desenvolvimento. Além disso, é responsavel por altos indices morbimortalidade intrauterina em decorrência da sífilis congenita (BRASIL, 2006). A sífilis congênita foi incluída entre as doenças de notificação compulsória no ano de 1986; desde então, a definição de caso sofreu várias modificações, na
tentativa de facilitar o diagnóstico e garantir o tratamento adequado. O panorama da sífilis congênita no País, contudo, pouco se alterou (BRASIL, 1998). A realização do pré-natal de forma incompleta ou inadequada, seja pelo início tardio ou por falta de comparecimento às consultas também representa importante fator para explicar diversos casos de sífilis congênita(komka, 2007). As atuais recomendações do MS para o rastreamento da sífilis durante o prénatal devem ser realizadas na primeira consulta, ainda no primeiro trimestre, e no terceiro trimestre da gestação (BRASIL, 2007). O desafio hoje colocado para os serviços e trabalhadores da saúde é o da produção cotidiana de aptos cuidadores eficientes com obtenção de resultados no plano da cura, promoção e proteção. A identificação da gestante, o acesso aos serviços de acompanhamento pré-natal, a aderência ao acompanhamento com a realização de um número adequado de consultas e a identificação e o tratamento de agravos associados têm impacto sabidamente positivo na redução da prevalência da sífilis congênita. Além disso, é preciso desenvolver outras medidas de prevenção, também eficientes, tais como o uso regular de preservativos, a redução do número de parceiros sexuais, o diagnóstico precoce, o tratamento dos parceiros e a redução do número de usuários de drogas (BRASIL, 2002). 4. Objetivos 4.1 Objetivo Geral Intervir na cadeia da transmissão da sífilis, visando a sua interrupção e melhoria da qualidade da atenção a saúde das gestantes portadoras deste agravo no município de Mucuri/BA. 4.2 Objetivo Especifico - Analisar a ocorrência de casos de sífilis em gestantes; - Traçar o perfil epidemiológico da incidência da doença; - Implantar os Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas da atenção integral as pessoas portadoras da sífilis;
- Aprimorar o processo de trabalho dos profissionais de saúde que compõem a rede de atenção; - Qualificar a gestão para o acompanhamento e avaliação das ações desenvolvidas no controle e monitoramento da sífilis; - Fortalecer a integração da rede de saúde do município; - Sensibilizar a população, os profissionais e gestores de saúde pública para intensificarem a quantidade e qualidade na informação sobre o tema. 5. Metodologia 5.1 Cenário do Projeto de Interveção O município de Mucuri está localizado no extremo sul da Bahia, há 918 km da capital Salvador, limitando-se com os municípios de Nova Viçosa/BA, Pedro Canário/ES e Nanuque/ MG. A população é de 41.587 pessoas, com densidade demográfica de 19,5 hab/km², a maior parte da população é constituída por adultos jovens na faixa etária de 20 a 39 anos, parcela economicamente ativa da população. A economia é baseada na agropecuária, pesca, e indústria. O segmento do turismo, apesar de ser modesto, representa uma importante fonte de renda para a população da sede do município. A Rede pública de Atenção à Saúde do município é constituída de Unidades Básicas de Saúde, Centros de referência de especialidades, Hospital Filantrópico conveniado e serviços próprios de Urgência e emergência, além de serviços de apoio diagnóstico e terapêutico. A atenção básica está estruturada de acordo com as diretrizes da Estratégia de Saúde da Família, com cobertura de 100% da população. A rede básica de saúde é composta por 14 (quatorze) equipes de Estratégia Saúde da Família, distribuídas em todo o território e uma equipe de Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF). A rede é complementada por outros dispositivos como Central de Abastecimento Farmacêutico, Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), Central Municipal de Regulação, Centro de Atenção Psicossocial (CAPS I), (SAE) Serviço de Assistencia Especializada, Centro de Referência da Assistência Social (CRAS), Centro de Referência Especializada de Assistência Social (CREAS) e
Conselho Municipal de Saúde, além de serviços de atenção secundária e terciária localizados, principalmente, nos municípios de Teixeira de Freitas, Itabuna e Salvador. A metodologia utilizada na elaboração do Plano de Intervenção foi o da problematização, inspirada no Arco de Charles Maguerez, adaptado por Bordenave e Pereira (2001), permitindo elaborar o processo de aprendizagem a partir da observação e leitura da realidade diante da identificação de problemas, apoiados por diversas ferramentas onde foi contruido um Plano de intervenção com vista a melhorar a resolutividade da Atenção Básica para o controle de incidência da sífilis no município de Mucuri - BA, realizadas também através de informações coletadas em fontes secundárias como o banco do SINAN e DATASUS, sendo realizado um levanantamento temporal de uma década. 5.2 Elementos do Plano de Intervenção A partir do levantamento realizado para entender o cenario das DST s, com foco na sífilis em gestantes no municipio de Mucuri, ficou evidente a necessidade de medidas preventivas e estrategias eficazes para enfretamento deste problema considerado um problema de saúde pública. Neste sentido, o presente projeto de intervenção apresenta propostas com objetivo de garantir medidas preventivas para intervir na cadeia de transmissão resultando na redução da infecção e ocorrencia da sífilis congenita. Considerando o levantamento e estudos neste contexto, traçou-se o seguinte plano para ampliar e aprimorar o registro das informações. Plano de Intervenção com estrategias para redução da ocorrencia da sífilis em gestantes no municipio de Mucuri-BA. a) Desenvolver outras medidas de prevenção, também eficientes; b) Realizar o diagnostico precoce durante o pré-natal; c) Estabelecer protocolos para auxiliar no manejo dos casos; d) Busca ativa dos casos faltosos e parceiros sexuais para tratamento; e) Reduzação do números de parceiros sexuais; f) Adoção do uso regular de preservativos nas relações sexuais; g) Oferta de exames e testagem durante o 1 e 3 trimestre gestacional; h)tratamento adequado de todos os casos dignosticados.
5.3 Fragilidades e Oportunidades Entre as fragilidades encontradas na elabração do plano de intervenção encontra-se a dificuldade em encontrar estratégias para intervir na cadeia de transmissão da sífilis em gestantes. Como oportunidades estão os protocolos já existentes, que facilitou o a busca por referências e andamento do processo. O caminho percorrido até o momento evidenciou a necessidade de aprofundamento no tema e em estratégias eficazes, vizando melhor ambasamento para prevenção e erradicação desta doença. 6. Considerações Finais Este projeto de intevenção teve como objetivo destacar a importância da sífilis como uma das doenças de maior prevalência na transmissão vertical, junto com uma variabilidade de apresentações, e consequentemente o tratamento. A sua prevalência tanto local como a nível mundial segue elevada apesar das medidas preventivas já implantadas. Não podemos deixar assim de considerar o aspecto relacionado à associação da sífilis com a infecção pelo vírus HIV, cuja incidência também segue elevada, e o tratamento concomitante dos parceiros sexuais, que muitas vezes não é feita de forma adequada o que mantém a cadeia de transmissão. A penicilina continua a ser a droga de escolha para o tratamento, garantindo a cura. Apesar de grave, a sífilis é uma doença curável e não deixa sequelas, quando diagnosticada no início e tratada de forma ajustada, com acompanhamento de uma equipe qualificada que utilize de normas que visem o rastreio sistemático e a terapêutica adequada nas Unidades Básicas de Saúde, além de utilizar de ações de orientação sexual e de planejamento familiar. Mas, embora o diagnóstico e o tratamento sejam de fácil acesso e de baixo custo, a sífilis congênita continua sendo um problema de saúde pública e deve continuar sendo alvo de estudos que gerem novas estratégias de prevenção. Os resultados das pesquisas e dos estudos duranto o curso de especialização reforçam que a redução da ocorrência da sífilis, somente será possível quando as adoções de medidas mais efetivas de prevenção e controle forem sistematicamente aplicadas.
7. Referências 1. BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Coordenação Nacional de DST e AIDS. Projeto de eliminação da sífilis congênita. Manual de assistência e vigilância epidemiológica. Brasília, 1998. 2. BRASIL, Ministério da Saúde, Coordenação Nacional de DST/AIDS. Projeto Nascer: maternidades. Brasília: Ministério da Saúde; 2002. 3. BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Programa Nacional de DST e AIDS. Manual de controle das doenças sexualmente transmissíveis. Brasília: Ministério da Saúde, 2006. 4. Brasil, Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Protocolo para a prevenção de transmissão vertical de HIV e sífilis manual de bolso. Brasília, 2007. 190 p. 5. BRASIL, Ministerio da Saúde. Coordenação do Programa Estadual DST/Aids-SP. Sífilis Congênita e Sífilis na gestação. Rev. Saúde Pública, São Paulo 2008. 6. ESPÍRITO SANTO. Secretaria de Estado da saúde. Diretrizes para a atenção à saúde em HIV/AIDS e outras doenças sexualmente transmissíveis. Vitória: Secretaria de Estado da Saúde do Espírito Santo, 2008. 7. GODINHO, Rute. E.; MAMERI, Cecília. P. De que morrem as mulheres brasileiras. In: ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ESTUDOS POPULACIONAIS. Ouro Preto (MG), 2002. 8. KOMKA MR, Lago EG. Sífilis Congênita: Notificação e Realidade. Scientia Medica, Porto Alegre out./dez. 2007.