Bacharel em jornalismo e graduanda em Direito, ambos pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. 2
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1 O DIREITO SOBRE A FUNÇÃO REPRODUTIVA DAS MULHERES QUE VIVEM COM HIV/AIDS E O PLANEJAMENTO FAMILIAR COMO UM DOS INSTRUMENTOS DE EFETIVAÇÃO DESSE DIREITO E DA DIGNIDADE HUMANA DESTAS MULHERES, NO MUNICÍPIO DE TRÊS LAGOAS/MS Acadêmica Thaís Queiroz de Almeida 1 Orientador Evandro Carlos Garcia 2 RESUMO: Esta pesquisa tem por objeto o direito sobre a função reprodutiva da mulher que vive com HIV/Aids e o planejamento familiar como um dos instrumentos de efetivação desse direito e da dignidade humana destas mulheres, no município de Três Lagoas/MS. A relevância do tema se justifica pela necessidade de identificação e avaliação das políticas públicas disponibilizadas para enfrentamento de obstáculos enfrentados pela mulher que vive com HIV/Aids para exercer seu direito reprodutivo, os impactos da negativação desse direito para a mulher e avaliação da eficácia dos instrumentos disponíveis, principalmente o planejamento familiar, para consecução de sua dignidade humana. Trata-se de um estudo que adentra ao campo da privacidade, intimidade, liberdade e da autodeterminação individual, compreendendo o livre exercício da reprodução humana e do controle da fecundidade sem discriminação, coerção ou violência, principalmente pela não interferência obstrutiva do Estado. Palavras-chave: mulher com HIV/Aids; direitos reprodutivos; planejamento familiar; políticas públicas; dignidade humana. Problema de pesquisa Esta pesquisa decorre dos estudos iniciados e em andamento do grupo de pesquisa Formulações hipotéticas do cotidiano social brasileiro com potencial fonte de litigiosidade e ilações genéricas de seus efeitos jurídicos, sob a ótica do Direito Civil e da dignidade humana, devidamente cadastrado no Diretório dos Grupos de Pesquisa no Brasil (CNPq), tendo por objeto o direito sobre a função reprodutiva da mulher que vive com HIV/Aids e o planejamento familiar como um dos instrumentos de efetivação desse direito e da dignidade humana destas mulheres, no município de Três Lagoas/MS. 1 Bacharel em jornalismo e graduanda em Direito, ambos pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. 2 Professor Mestre em Direito da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, campus de Três Lagoas.
2 2 Por se tratar de um estudo que adentra ao campo da privacidade, intimidade, liberdade e da autodeterminação individual, compreendendo o livre exercício da reprodução humana e do controle da fecundidade sem discriminação, coerção ou violência, principalmente pela não interferência obstrutiva do Estado, as políticas públicas mostram-se de fundamental importância para consecução da efetivação do direito sobre a função reprodutiva das mulheres que vivem com HIV/Aids. Objetivos: Averiguar se as normas do Ministério da Saúde que garantem o exercício dos direitos reprodutivos e o planejamento familiar são adequadas e cumpridas pelas Secretarias de Saúde e demais órgãos públicos também em favor das mulheres com HIV/AIDS. Apurar o número de mulheres com diagnóstico positivo de HIV/AIDS, registradas nos órgãos públicos do município de Três Lagoas MS, no estado de Mato Grosso do Sul e no Brasil, e se há registros de acesso dessas mulheres ao planejamento familiar. Identificar aspectos positivos e negativos que se apresentam para as mulheres com HIV/AIDS, no município de Três Lagoas MS, a efetividade de seu direito sobre sua função reprodutiva e a satisfação do direito à dignidade humana. Referenciais teórico-metodológicos: Através do método dedutivo, a pesquisa está pautada em obras teóricas, pesquisas realizadas por órgãos públicos e particulares e, principalmente, pelos registros de órgãos de proteção e amparo à mulher, tendo o município de Três Lagoas/MS, como local de análise em comparação aos registros nacionais. Na esfera internacional, a Conferência Internacional sobre a População e Desenvolvimento das Nações Unidas, realizada no Cairo em 1994, foi um evento histórico que resultou no reconhecimento dos direitos sexuais e reprodutivos como direitos humanos por 184 Estados. No âmbito nacional, a Constituição Federal trata em seu art º, dispõe que o planejamento familiar é de livre escolha do casal e que os recursos para sua efetivação são assegurados pelo Estado. O planejamento familiar é assegurado para todos, conforme art. 5º da CF/88, inciso I e Lei nº 9.263/ 1996, que determina que o SUS deve garantir a assistência à concepção e contracepção (art. 3º, inciso I ), assegurar o livre exercício do planejamento familiar (art. 5º) e também definir normas gerais de planejamento familiar (art. 6º, parágrafo único). Em razão disso, o Estado também deve contemplar as mulheres com HIV/AIDS nos aspectos concernentes as escolhas reprodutivas.
3 3 Para Gonçalves et al. (2009), a partir do uso da medicação antirretroviral, ocasionou a modificação do tempo de progressão da doença que tornou-se crônica, como consequência houve uma ampliação da qualidade e expectativa de vida dos portadores de HIV/AIDS. Com isso, mulheres que vivem com HIV/Aids encontram um cenário favorável ao exercício da maternidade, constituindo a sua função reprodutiva um direito que lhe deve ser garantido. Neste contexto, os manuais do Ministério da Saúde começam a tratar os direitos reprodutivos de quem vive com HIV a partir de 2006, o Manual de rotinas para assistência de adolescentes vivendo com HIV/Aids (2006), indica a discussão de estratégicas que abordem os direitos reprodutivos e acrescenta que o SUS deve proporcionar as condições necessárias para concepção com redução da transmissão vertical, que trata-se do contágio do feto. Posteriormente, o Manual de adesão ao tratamento para pessoas vivendo com HIV e Aids (2008), aponta que homens e mulheres soropositivos têm direito garantido à maternidade e à paternidade devendo a equipe de saúde ter capacitação para atendê-los. O Protocolo de Assistência Farmacêutica em DST/HIV/AIDS (2010), expõe a necessidade do aconselhamento de mulheres em idade fértil acerca da possibilidade de engravidar de forma consciente. No mesmo ano, as Diretrizes para Organização e Funcionamento dos Centros de Testagem e Aconselhamento do Brasil (2010), apresentam como uma das finalidades o aconselhamento na perspectiva dos direitos sexuais e reprodutivos. Também no mesmo período, as Recomendações para profilaxia da transmissão vertical do HIV e terapia antirretroviral em gestantes (2010) mostram o conceito de Direitos Reprodutivos e que se estendem inclusive as pessoas que vivem com HIV/Aids. As Recomendações para atenção integral a adolescentes e jovens vivendo com HIV/Aids (2013), vai diferir do documento direcionado para os jovens publicado em 2006, pela forma mais extensa com que trata o tema. No mesmo ano de 2013, o Ministério da Saúde publicou a Portaria conjunta nº. 1, que regulamenta os Serviços de Atenção às DST/HIV/Aids, dispõe sobre os Centros de Testagem e Aconselhamento (CTA), os Serviços de Atenção Especializada (SAE) e Centro de Referência e Treinamento (CRT) que têm, dentre suas atribuições, a realização de planejamento familiar por meio de métodos de reprodução que garantam os direitos reprodutivos das pessoas que vivem com HIV/Aids. Todos os documentos acima citados foram elaborados pelo Ministério da Saúde. No entanto, a publicação Casais discordantes (2004) da Associação Brasileira Interdisciplinar de Aids, é a única a apresentar as técnicas que podem ser utilizadas pelas mulheres com HIV que desejam engravidar.
4 4 Pessoas vivendo com HIV - dados nacional e estadual Mato Grosso do Sul Brasil Pessoas vivendo com HIV/Aids - dados locais Brasil Mato Grosso do Sul Total de casos até mulheres Total de casos até Total até mulheres Total de casos até Resultados alcançados Espera-se oferecer uma análise do cenário encontrado pelas mulheres que vivem com HIV/Aids quando buscam a efetividade do seu direito sobre a sua função reprodutiva e da importância de políticas públicas voltadas para estas mulheres, bem como, a avaliação do planejamento familiar como instrumento de efetivação da dignidade humana. Conclusão Fonte: Do estudo já realizado é possível notar que os manuais do Ministério da Saúde que orientavam os profissionais de saúde até 2005, ressaltavam a importância do combate à disseminação do HIV/Aids. A partir de 2006, houve uma pequena expansão do espaço dedicado aos direitos reprodutivos das pessoas que vivem com HIV. Somente, em 2010, ampliaram o número de publicações e houve a ampliação das informações dedicadas aos planejamento familiar das pessoas com HIV. Em 2013, com a regulamentação das unidades do SUS voltadas à atenção integral dos pacientes com HIV, houve o reforço do direito à concepção e ao amparo por uma equipe multidisciplinar. No entanto, fora da esfera estatal, uma publicação elaborada por uma Associação, em 2004, já apresentava informações detalhadas sobre os direitos reprodutivos e os métodos de realização. Portanto, os dados estatísticos relativos ao número de pessoas vivendo com HIV/Aids e, especificamente, de mulheres, mostra que uma grande parcela da população que tem o direito à concepção assegurada pelo Estado ainda está descobrindo que é possível uma gravidez segura, devido aos serviços de atenção às pessoas que vivem com HIV ainda estão apenas iniciando o aconselhamento reprodutivo e a apresentação das técnicas reprodutivas viáveis. 0 Três Lagoas Total de casos até 2003 Total de casos até mulheres Total de casos até 2016 Total de casos até mulheres
5 5 Bibliografia ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA INTERDISCPLINAS DE AIDS. Casais discordantes: dicas para uma vida saudável, segura e feliz. Rio de Janeiro BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Assistência à Saúde. Programa Nacional de DST e Aids. Manual de rotinas para assistência de adolescentes vivendo com HIV/Aids. Brasília de DST e Aids. Manual de adesão ao tratamento para pessoas vivendo com HIV e Aids. Brasília de DST, Aids e Hepatites Virais. Diretrizes para Organização e Funcionamento dos Centros de Testagem e Aconselhamento do Brasil. Brasília de DST, Aids e Hepatites Virais. Protocolo de Assistência Farmacêutica em DST/HIV/AIDS. Brasília de DST, Aids e Hepatites Virais. Recomendações para profilaxia da transmissão vertical do HIV e terapia antirretroviral em gestantes. Brasília de DST, Aids e Hepatites Virais. Recomendações para atenção integral a adolescentes e jovens vivendo com HIV/Aids. Brasília BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria conjunta nº.1, de janeiro de Altera na Tabela de Serviço Especializado no Sistema de Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (SCNES), o Serviço Serviço de Atenção a DST/HIV/Aids, e institui o Regulamento de Serviços de Atenção às DST/HIV/Aids, que define suas modalidades, classificação, organização das estruturas e o funcionamento. Disponível em: Acesso em 06/06/2017. DEPARTAMENTO DE DST, AIDS E HEPATITES VIRAIS. Secretaria de Vigilância em saúde. Indicadores e dados básicos sobre Aids nos municípios brasileiros. Disponível em: Acesso em 12/06/2017. GONÇALVES, T. R.; CARVALHO, F. T.; FARIA, E. R.; GOLDIM, J. R.; PICCININI, C. A. Vida reprodutiva de pessoas vivendo com HIV/AIDS: revisando a literatura. Psicologia & Sociedade. 2009, v. 21, n.2. pp PATRIOTA, T. Relatório da Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento: Plataforma de Cairo Disponível em: Acesso em: 10/06/2017
Bacharel em jornalismo e graduanda em Direito, ambos pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. 2
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