Índia (e China): Oportunidades, Lições e Desafios para o Brasil Mauricio Mesquita Moreira Economista Principal Setor de Integração e Comércio Seminário CINDES 5 anos Rio de Janeiro, 10 de junho, 2011
Roteiro Por que cresce a Índia? Uma perspectiva latino americana O paradoxo das grandes oportunidades e pouco comércio Investimento O desafio competitivo Conclusões
Lições?
Por que cresce a Índia? % PIB per capita 0 5 10 15 Tendência do Crescimento do PIB Per capita China, Índia, Brasil e México. US$ Internacionais Constantes de 2005. China Índia Brasil México 1952 1957 1962 1967 1972 1977 1982 1987 1992 1997 2002 2007 IDB-INT con datos de Penn World Tables 6.3
Lições para o Brasil? Índia e Brasil compartilham estratégias de desenvolvimento muito similares : SI (1950-80) e liberalização a partir dos anos 90. Os resultados nem sempre coincidiram, mas se tornaram particularmente divergentes nas duas últimas décadas. Por que? Responsabilidade fiscal facilitou a mudança de estratégia (inflação, juros). O bônus da distorção : A intervenção do estado foi mais ampla e duradoura: mudanças marginais podem trazer altos retornos. Índia encontrou novas oportunidades de crescimento: serviços de IT e BPT (mas está longe de ser uma panacea). O legado da SI garantiu uma massa crítica de capital humano tanto no país (India Institutes of Technology) como fora ( diáspora). Crescimento sem mistérios: elevadas taxas de investimento e poupança aliadas a um rápido crescimento da produtividade (PTF).
Fundamentos do Crescimento: India, Brasil e China. 1990 99 e 2000 2009 3.9 FBKF % PIB Poupança Domestica %PIB TFP % 1990 2003 2000 2009 1990 1999 2000 2009 1990 1999 0.04 2.3 19.3 17.6 16.7 22.8 22.8 28.2 30.1 33.1 40.6 40.4 45.9 China India BRA 18.2 0.0 5.0 10.0 15.0 20.0 25.0 30.0 35.0 40.0 45.0 50.0 Fonte: WDI e Bosworth and Collins 2008 para TFP
Comércio Bilateral: Paradoxo?
Comércio bilateral: enorme potencial
..que ainda está por realizar-se Comércio bilateral ALC e China e ALC e India. 1996-2009 US$ bilhões 0 20 40 60 80 100 120 140 China 134 India 12.9 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 Fonte: IDB-INT com dados de COMTRADE US$ bilhões 0 10 20 30 40 Comércio Bilateral Brasil e China e Brasil e India. 1990-2010 China 38.5 Índia 7.7 1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010 Fonte: INT com dados da Secex
A composição do comércio é muito semelhante. Exportações Líquidas do Brasil e America Latina: Índia, China e Resto do Mundo 1995-2010 US$ bilhões -20-10 0 10 20-100 -50 0 50 Brazil, CHN Brazil, IND Brazil, Resto do Mundo -2-1 0 1 2-40 -20 0 20 40 1995 1997 1999 2001 2003 2005 2007 2009 1995 1997 1999 2001 2003 2005 2007 2009 1995 1997 1999 2001 2003 2005 2007 2009 ALC, CHN ALC, IND ALC, Resto do Mundo -4-2 0 2-200 -100 0 100 Agricultura Mineração Manufatura 1995 1997 1999 2001 2003 2005 2007 2009 1995 1997 1999 2001 2003 2005 2007 2009 1995 1997 1999 2001 2003 2005 2007 2009 Fonte: IDB-INT with UN-COMTRADE
Por que tão pequeno? Tamanho?
Por que tão pequeno? Diferenças na composição de imp. (BRA) e exp. (IND); Restrição de recursos naturais ainda com folga; Custos de Comércio
Tarifas em ambos os lados são muito elevadas...
assim como os custos de transporte. tarifa frete
Os investimentos bilaterais estão crescendo mas ainda não adquiriram uma massa crítica Investimento Indiano na ALC ainda é limitado (4% do total). Há, entretanto sinais positivos (e.g. Jindal Steel na Bolívia; investimentos relacionados a serviços de informática em praticamente toda a região; Tata e Fiat in Argentina; ONGC em Trinidad; Renuka no Brasil.) No caso do Brasil, entre 2001 e 2009 foram investidos US$119 milhões, a maior parte na segunda metade da década em setores como farmacêuticos e equipamentos de informática. De abril de 1990 até março de 2009 os investimentos latino americanos na Índia LAC chegaram a US$ 110 milhões ou 0.1% do total dos fluxos. Exemplos recentes: a joint venture da Petrobras com a ONGC para explorar campos de gás no leste da Índia (2007); a joint venture Marcopolo com a Tata Motors para fabricar ônibus na Índia e a Weg construindo um planta de motores elétricos em Bangalore (2007). IDE Latino Americano na Índia: 1991 2010 (US$ million) Perú 0.0 Colombia 1.0 Brasil 4.6 Argentina 10.2 México 10.7 Chile 80.0 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 US$ milliones Fonte:Ministerio de Comercio dd India
O Desafio Competitivo
A pressão competitiva: serviços India Canada United Kingdom Germany France China Neth erl an ds Japan Spain Australia Switzerland Ireland Philippines Italy Mexico Sweden Bel gi um-luxembourg Brazil Israel Singapore Malaysia Kore a, Republic of Norway Arge ntina New Zealand Chile Thailand Venezuela Sau di Arabia Indonesia Bermuda Compras Internacionais pelos EUA de Serviços de Informática Transfronteiras e através de filiais, 2007 0 1,000 2,000 3,000 4,000 Fonte: Bureau of Economic Analysis
A pressão competitiva: manufatura Participação nas Exprotações de Manufaturados. EUA, 1996 2010 (%) 30 ÍNDIA 2 Mexico China India Brazil 1.8 25 1.6 CHINA 1.4 China e Mexico (%) 20 15 BRASIL 1.2 1 0.8 India, Brasil 0.6 10 MÉXICO 0.4 0.2 5 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 0 Fonte: IDB INT com USITC data
A pressão competitiva: manufatura China e México (%) 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 Participação no Mercado Mundial de Manufaturados 1990-2009 (%) India Brasil China México.4.6.8 1 1.2 1.4 Índia e Brasil (%) 1990 1995 2000 2005 2010 Fonte: BID-INT com dados de ONU/COMTRADE
Manufatura:um mercado cada vez mais congestionado Source: Mesquita Moreira 2010 Source: Jaumotte and Tytell. WEO 2007. IMF
Manufatura:um mercado cada vez mais congestionado Table 2. All Employees: Hourly compensation costs in U.S. dollars in manufacturing, 2006 2008 Country 2006 2007 2008 Americas United States... 30.0 31.5 32.3... Argentina...... 6.6 7.9 9.9 Brazil...... 6.0 7.1 8.3 Canada...... 29.2 32.1 32.7 Mexico 1...... 3.7 3.9 4.0 China 0.8 1.1 1.4 Source:BLS
Conclusões O crescimento da Índia confirma os benefícios da integração à economia mundial e dos incentivos de mercado; assim como as virtudes da disciplina fiscal, do investimento em capital humano, da inovação e de um forte crescimento da produtividade. Pode a Índia repetir o comércio explosivo que teve ALC com a China na última década? Um qualificado sim. Assim como no caso da China, o peso da população na Índia impõe severas restrições de recursos naturais ao crescimento e o comércio com o Brasil/ ALC é uma forma eficiente de resolver este problema. A similaridade dos perfis de demanda sugere que existem oportunidades além dos recursos naturais para exportadores latino americanos, mas com desafios competitivos (custo do trabalho) e comerciais (barreiras) importantes Barreiras comerciais em ambos os lados do relacionamento associadas à ineficiência da infra-estrutura de transporte são desafios importantes a serem superados para que o comércio bilateral decole. Maior volume de comércio tende a promover mais investimentos (escala+informação) e cooperação (incentivos+informação).
Conclusões A emergência da Índia deverá aumentar ainda mais a pressão competitiva sobre os industriais latino americanos. Fortes vantagens comparativas e o imperativo político de gerar mais empregos irão fazer da Índia um competidor em manufaturados tão poderoso quanto a China. Os portos-seguros para os industriais da região parece ser os bens intensivos em recursos naturais e os chamados bens intensivos em transporte (peso e tempo) no que diz respeito ao mercado regional e norte americano, em especial em um contexto de custos crescentes de combustíveis e de emissões. A sobrevivência com relação asiática, particularmente com relação China passa por uma ação diplomática mais efetiva no sentido de restringir o uso de artifícios como o câmbio e os instrumentos de política comercial e industrial que claramente provocam danos aos competidores (nos interessa mais e não menos regulação do comércio internacional) Aumentar de forma generalizada a proteção ao mercado interno e usar política industrial como estratégia de dente por dente pode oferecer algum alívio no curto prazo, mas têm mínimas chances de ser efetivo no médio longo prazo (custos alocativos e capacidade de reação e recursos dos estados centralizados)