Interpretação da Gasometria Arterial Dra Isabel Cristina Machado Carvalho
Distúrbios Ácido-Base O reconhecimento dos mecanismos homeostáticos que controlam o equilíbrio ácido-base é fundamental, pois os distúrbios ácido-base estão associados a maior risco de disfunção de orgãos e sistemas e óbito em pacientes internados em terapia intensiva.
Distúrbios Ácido-Base A análise da gasometria arterial e o estudo ácido básico são importantes na avaliação clínica dos estados que se acompanham de acidose, hipoxemia, hiperventilação, hipoventilação ou alcalose.
Distúrbios Ácido-Base Simples - acidose metabólica; alcalose metabólica; acidose respiratória aguda e crônica; alcalose respiratória aguda e crônica Duplos - acidoses e alcaloses mistas, acidose metabólica + alcalose respiratória; alcalose metabólica + acidose respiratória Triplos - acidose mista + alcalose metabólica; alcalose mista + acidose metabólica
Estados clínicos associados a distúrbios ácido-básicos Embolia pulmonar Hipotensão / choque Vômitos / CNG Diarréia grave Cirrose hepática Insuficiência renal Sepse Gravidez Uso de diuréticos DPOC alcalose respiratória acidose metabólica alcalose metabólica acidose metabólica alcalose respiratória acidose metabólica alcalose respiratória acidose metabólica alcalose respiratória alcalose metabólica acidose respiratória
Gasometria arterial método de coleta Assepsia Álcool a 70% Artérias preferenciais Heparinização da seringa Coleta em condições de anaerobiose Tempo de espera Máximo 20 minutos Esfriamento da amostra Glicólise anaeróbica se demorar
Gasometria arterial valores de referência ph 7,35 a 7,45 po 2 80 a 100mmHg pco 2 35 a 45mmHg HCO 3 22 a 26mmol/l BE -3 a +3
Gasometria arterial método prático 1. Verificar a validade da gasometria (Henderson-Hasselbalch) - HCO 3 ph = 6,10 + log PaCO 2 x 0,030
Gasometria arterial método prático ph 7,35-7,45 acidose alcalose PaCO 2 35-45 mm Hg alcalose acidose - HCO 3 22-26 meq/l acidose alcalose Componente respiratório Componente metabólico
Gasometria arterial método prático 2. Qual o dístúrbio primário? É aquele que acompanha a direção do ph. Ex: ph=7,25 acidose alcalose PaCO 2 = 25 mm Hg alcalose acidose HCO - 3 = 10,7 meq/l acidose alcalose
Gasometria arterial método prático 2. Qual o dístúrbio primário? É aquele que acompanha a direção do ph. Ex: ph=7,25 acidose alcalose PaCO 2 = 25 mm Hg alcalose acidose HCO - 3 = 10,7 meq/l acidose alcalose
Respostas compensatórias normais do organismo Na acidose metabólica a diminuição do HCO - 3 acarreta diminuição da PaCO 2 Esta diminuição pode ser prevista utilizando-se a seguinte fórmula: PaCO 2 = 1-1,4 x HCO 3 -
Respostas compensatórias normais do organismo Na alcalose metabólica o aumento do HCO - 3 acarreta aumento da PaCO 2 Este aumento pode ser previsto utilizando-se a seguinte fórmula: PaCO 2 = 0,4-0,9 x HCO 3 -
Respostas compensatórias normais do organismo Na acidose respiratória o aumento da PaCO 2 acarreta aumento do HCO 3 - Este aumento pode ser previsto utilizando-se as seguintes fórmulas: HCO - 3 = 0,1 x PaCO 2 na aguda HCO - 3 = 0,25-0,55 x PaCO 2 na crônica
Respostas compensatórias normais do organismo Na alcalose respiratória a diminuição da PaCO 2 acarreta diminuição do HCO 3 - Esta diminuição pode ser prevista utilizando-se as seguintes fórmulas: HCO - 3 = 0,2-0,25 x PaCO 2 na aguda HCO - 3 = 0,4-0,5 x PaCO 2 na crônica
Respostas compensatórias normais do organismo A resposta compensatória normal do organismo nunca leva o ph à normalidade. Ao encontrarmos o ph normal em uma gasometria com valores de PaCO 2 e/ou HCO 3 - alterados, necessariamente o paciente apresentará distúrbio misto.
Gasometria arterial método prático 3. Existe distúrbio secundário? É necessário conhecer as respostas compensatórias normais do organismo Distúrbio AB Fórmula da compensação* acidose metabólica - PaCO 2 = 1-1,4 x HCO 3 alcalose metabólica - PaCO 2 = 0,4-0,9 x HCO 3 acidose respiratória aguda HCO - 3 = 0,1 x PaCO 2 acidose respiratória crônica HCO - 3 = 0,25-0,55 x PaCO 2 alcalose respiratória aguda HCO - 3 = 0,2-0,25 x PaCO 2 alcalose respiratória crônica HCO - 3 = 0,4-0,5 x PaCO 2 * as mudanças para mais ou para menos partem do valor normal de PaCO 2 de 40 mm Hg e de HCO 3 - de 24 meq/l
Exemplo 1 Paciente com choque hipovolêmico ph = 7,25 PaCO 2 =25 mm Hg HCO 3 - =10,7 meq/l 1. ph esperado pela fórmula de Henderson- Hasselbalch = 7,254, logo gasometria OK! 2. O distúrbio primário é acidose metabólica (mesma direção do ph) 3. Aplicando-se a fórmula compensatória da acidose metabólica: PaCO 2 = 1-1,4 x HCO 3 -, temos: PaCO 2 = 1-1,4 x (24-10,7) = 13,3 a 18,6; logo o PaCO 2 esperado será de (40-13,3 a 18,6) = 21,4-26,7 mm Hg Assim, como a PaCO 2 está dentro do esperado, temos uma acidose metabólica pura
Exemplo 1- continuação Esse mesmo paciente com choque hipovolêmico foi entubado e colocado em ventilação mecânica ph = 7,35 PaCO 2 =20 mm Hg HCO 3 - =10,7 meq/l 1. ph esperado pela fórmula de Henderson- Hasselbalch = 7,351, logo gasometria OK! 2. O ph é normal 3. Aplicando-se a fórmula compensatória da acidose metabólica: PaCO 2 = 1-1,4 x HCO 3 -, temos: PaCO 2 = 1-1,4 x (40-10,7) = 13,3 a 18,6; logo o PaCO 2 esperado será de (40-13,3 a 18,6) = 21,4-26,7 mm Hg Assim, como a PaCO 2 está abaixo do esperado, temos uma acidose metabólica + alcalose respiratória
Anion Gap É a diferença entre os cations e os anions Deve ser calculado em todos os casos de suspeita de distúrbio ácido-básico pois pode identificar uma desordem mesmo quando o ph é normal ou alcalêmico Anion Gap = Na + - (Cl - + HCO 3 - ) (8+/- 4 meq/l) Um aumento do AG significa elevação de anions plasmáticos não mensuráveis, incluindo lactato e são mais preocupantes.
Anion Gap K Ânion-gap Na Bicabornato Cloro Cátions Ânions
Causas de aumento do Anion Gap plasmático Etiologia Acidose láctica Cetoacidose Insuf. de filtração renal Salicilato Metanol Etilenoglicol Paraldeído Anion não mensurado lactato B-OH butirato, acetoacetato sulfato, fosfato, urato salicilato, ceto-anions, lactato Formaldeído glicolato, oxalato acetato
Exemplo 2 Paciente do sexo feminino, 17 anos, foi encontrada comatosa. Tem diagnóstico prévio de diabetes. Foi encaminhada ao serviço de Emergência com PA: 90 x 70 mmhg, FC:140 bpm, FR: 44irpm, Tax: 37 o C, com pupilas mióticas. A ausculta pulmonar era limpa, as mucosas muito desidratadas e diurese ausente.
Exemplo 2 Os exames laboratoriais revelaram: Na 130 K 3.0 Cl 97 ph 7.14 PaCO 2 21mmHg HCO 3 7 meq/l PaO2 100 em ar ambiente Glicose 530 mg/dl Qual o diagnóstico do distúrbio ácido base primário?
Exemplo 2 Qual o diagnóstico do distúrbio ácido básico primário? A) Acidose metabólica B) Acidose mista C) Alcalose respiratória D) Acidose respiratória
Exemplo 2 Qual o diagnóstico do distúrbio ácido básico primário? A) Acidose metabólica B) Acidose mista C) Alcalose respiratória D) Acidose respiratória
Exemplo 2 Qual a resposta compensatória normal do organismo? ph 7,14 PaCO 2 21 HCO 3 7 PaCO 2 = 1 1,4 x HCO 3 O PaCO 2 esperado está entre 23 a 16,3. Logo a paciente apresenta:
Exemplo 2 Logo a paciente apresenta: A) Acidose metabólica pura B) Acidose mista C) Alcalose respiratória D) Acidose respiratória
Exemplo 2 Logo a paciente apresenta: A) Acidose metabólica pura B) Acidose mista C) Alcalose respiratória D) Acidose respiratória
Exemplo 2 Como classificar o distúrbio quanto ao valor do ânion gap? Na 130 K 3.0 Cl 97 Bic 7 AG 29 A) Acidose metabólica com AG normal B) Acidose metabólica com AG elevado C) Acidose respiratória com AG elevado D) Acidose metabólica com alcalose respiratória e AG elevado
Exemplo 2 Como classificar o distúrbio quanto ao valor do ânion gap? Na 130 K 3.0 Cl 97 Bic 7 AG 29 A) Acidose metabólica com AG normal B) Acidose metabólica com AG elevado C) Acidose respiratória com AG elevado D) Acidose metabólica com alcalose respiratória e AG elevado
Bem vindos Muito Obrigada