Plano anual de actividades (2004-2005)



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Transcrição:

Escola Superior de Educação de Setúbal Centro de Competência Nónio Século XXI Plano anual de actividades

Sumário 1. Introdução e pressupostos de uma intervenção...3 A transversalidade das TIC...3 Recomendações recentes dos estudos sobre a formação contínua...3 Os Centros de Recursos Educativos (CRE)...5 A formação a distância...5 As Comunidades de Aprendizagem e de Prática...6 2. Frentes de intervenção...8 Matemática...8 Línguas...9 1º Ciclo...10 Centros de Recursos Educativos...11 Professores em início de carreira...12 Inovação em Início de Carreira (IIC)...12 (PRI)meiros Passos...13 (f) FORDIS / FLE...13 3. Actividades...14 Calendarização...14 Público-alvo...15 Suportes de divulgação das actividades...15 2

1. Introdução e pressupostos de uma intervenção A transversalidade das TIC As Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) são hoje reconhecidas internacionalmente como um conjunto de ferramentas cada vez mais versáteis que associadas a processos de comunicação a distância, com base na Web, as tornam em instrumentos privilegiados no acesso à informação e na construção do saber. Daí que a educação e a escola persigam nos últimos 20 anos a tarefa de as integrar no seu discurso, mas também nas suas práticas. Mas se é verdade que o seu uso pelos professores se tornou de certo modo natural no que respeita às tarefas do seu quotidiano, já no que respeita à sua integração curricular, estamos ainda bem longe das expectativas. A contradição dos discursos oficiais dos diferentes responsáveis políticos pela educação tem assentado, ao longo dos anos, num equívoco. Se, por um lado, se reconhece que se trata de um conjunto de tecnologias que devem cruzar transversalmente as diferentes áreas do saber, por outro, cria uma disciplina própria (TIC), integrada no 9º e 10º anos, destinada à aprendizagem das ferramentas básicas, mas que dificilmente encontrará contextos curriculares integradores, porque separada das áreas em que se prevê que o seu uso se faça de modo natural e também porque a formação adequada dos professores para este efeito não foi devidamente acautelada. É esta realidade dual que devemos ter em conta em qualquer intervenção que se planeie ao nível da formação contínua de professores em TIC, procurando-se contextualizar as TIC nas diferentes áreas do saber, através de ferramentas apropriadas, ao mesmo tempo que se procura articular a sua acção, no ensino secundário, com os professores do Grupo 39, em particular os formandos da profissionalização em serviço. Recomendações recentes dos estudos sobre a formação contínua O recente estudo editado pelo DAPP As Tecnologias de Informação e Comunicação na Formação Contínua de Professores: uma nova leitura da realidade 1 aponta nas suas conclusões que, ao nível da formação acreditada e financiada, existe uma tendência de crescimento nas acções que incluem as aplicações dos programas utilitários de uso genérico, da Internet e de software de concepção de produtos multimédia à educação, em domínios e 1 Disponível online em http://www.dapp.min-edu.pt/nonio/defaulta.asp.brevemente a ser publicado pelo GIASE em formato de papel, versão reduzida.. 3

contextos interdisciplinares como as Novas Áreas Curriculares Não Disciplinares, os espaços de complemento curricular (Clubes, jornal escolar, etc.), a animação pedagógica de Centros de Recursos, etc. em detrimento das acções que basicamente se centram na aprendizagem dos utilitários, fora de qualquer contexto educativo, embora estas constituam ainda cerca de 70% da formação oferecida pelas diferentes instituições de formação. As acções que apontam para o uso integrado das TIC, nomeadamente em áreas interdisciplinares, são também consideradas as de maior impacto junto dos professores, o que parece vir no sentido de algumas recomendações que apontam para a necessidade da natureza contextualizada da formação. Esta necessidade parece decorrer, em parte, da Reorganização Curricular do Ensino Básico e da Revisão do Ensino Secundário, nomeadamente com a entrada em funcionamento nos últimos três anos de Novas Áreas Curriculares Não Disciplinares (NAC) no ensino básico, o reconhecimento legal da transversalidade das TIC nestas áreas e o lançamento da área de Projecto e de Projecto Tecnológico no ensino secundário. Esta situação pode explicar também as taxas de crescimento mais significativas no número de formandos envolvidos nas acções em TIC que se observam no 3º Ciclo e no Ensino Secundário, com 30% e 21% respectivamente. Por outro lado, melhorar a prática pedagógica e o desempenho profissional dos professores através da utilização das TIC em contextos educativos é considerado pelas instituições de formação como o factor mais relevante de sucesso da formação em TIC. A desadequação das instalações, avarias, desactualização e escassez de equipamentos, associados à falta de equipas de apoio para acompanhar de perto a introdução das TIC na escola, geram insegurança e mal-estar com reflexos na adesão e envolvimento dos professores e constituem alguns dos obstáculos à formação em TIC, identificados no estudo. Finalmente o estudo aponta um conjunto de recomendações como a necessidade de evoluir para acções onde os formandos disponham de uma maior implicação na definição e organização dos seus percursos formativos, modalidades de formação que articulem a formação presencial com experiências de formação a distância, sendo aquela apoiada por dispositivos online, com características das comunidades de prática, ou de aprendizagem onde os professores em formação encontrem materiais de apoio, dispositivos de comunicação síncrona e assíncrona que facilitem a partilha de experiências, ideias e materiais, a interacção com outros professores, com os mesmos interesses e objectivos, contextualizando a formação através de debates com ênfase nas suas próprias práticas em situações de sala de aula. Assim, parece-nos pertinente que um Centro de Competência em TIC privilegie a formação para uma integração curricular das TIC, em sala de aula e em áreas ou espaços 4

interdisciplinares, aproveitando os corredores de liberdade que lhes são dadas nos documentos suporte da Reorganização Curricular do Ensino Básico (nomeadamente nas NAC) e na Reforma do Ensino Secundário (nomeadamente nas áreas de Projecto), a par de suportes a distância que simultaneamente disponibilizem conteúdos educativos, mas também espaços de interacção e de reflexão sobre as práticas. Os Centros de Recursos Educativos (CRE) Os Centros de Recursos Educativos constituem hoje espaços de divulgação e produção de saber, constituindo as TIC uma mais valia nos processos de organização dos mesmos, mas também e principalmente em tudo o que se relaciona com a pesquisa, tratamento, organização e apresentação de informação educativa. Estes espaços que têm crescido nos últimos anos, fruto de algum investimento e linhas de financiamento, desempenham em muitas escolas um pólo de animação da sua vida pedagógica. Nem sempre este esforço consegue contagiar o que se passa na sala de aula, ou porque os materiais que disponibiliza não correspondem às necessidades curriculares, ou mais frequentemente porque os professores estão distantes do que lá se passa, desconhecendo o que existe e as suas potencialidades. As limitações em recursos humanos adequados são também um entrave à sua abertura a toda a comunidade, adoptando algumas escolas soluções diversificadas para superar esta limitação, nomeadamente o recurso a professores em regime de rotatividade, alunos e pais monitores. Os CRE constituem espaços abertos e vivos das escolas, que podem desempenhar um papel de dinamizador dos departamentos e ter reflexos nas actividades de aprendizagem que acontecem nas aulas. Portanto, disponibilizar recursos educativos com suporte nas TIC e propor a sua exploração curricular constitui uma aposta que o Centro de Competência não pode descurar. A formação a distância A formação a distância surgiu no final do século XIX, essencialmente através de instituições particulares, quer na Europa quer nos Estados Unidos da América, cujos cursos se realizavam por correspondência e subordinados a temas de cunho vocacional e fraco valor académico, sendo o público-alvo composto, quase exclusivamente, por estudantes que tinham fracassado no ensino dito tradicional (Litwin 2001). Esta origem da formação a distância é responsável pela conotação negativa, associada a esta modalidade de ensino que, segundo alguns autores, ainda hoje subsiste. 5

No entanto, as TIC têm reintroduzido o debate sobre o ensino a distância abrindo novos caminhos e relançando o debate sobre as suas verdadeiras potencialidades. A grande maioria das instituições de ensino superior no nosso país está a utilizar as TIC para complementar o ensino presencial que ministram ou mesmo para realizarem algumas acções de formação ou círculos de estudos exclusivamente a distância. Neste sentido, o Departamento de TIC da ESE de Setúbal, onde este Centro se insere, tem também desenvolvido e testado uma plataforma de comunicação (FORDIS) que se destina, principalmente, a servir de apoio à comunicação em diversas actividades lectivas e projectos da instituição. O grande objectivo desta plataforma, mais do que potenciar o ensino inteiramente a distância, é dotar os docentes e formandos de um espaço de comunicação onde facilmente, e sem necessidade de conhecimentos técnicos aprofundados, seja possível comunicar e trocar materiais em formato digital. O Centro de Competência Nónio tentará aproveitar os recursos e saberes adquiridos neste domínio pelo Departamento, de forma fazer a ponte entre esta instituição e a comunidade de escolas da região que apoia. As Comunidades de Aprendizagem e de Prática As Comunidades de Aprendizagem suportadas pelas TIC poderão ter um impacto positivo na inovação e na mudança educativa, o que poderá ter algum reflexo no desenvolvimento profissional dos professores que, perante motivações, interesses e necessidades comuns, poderão encontrar nestas comunidades, espaços de interesse a desenvolver (Andrade e Machado, 2001) 2. Na verdade, se pesquisarmos nos dicionários sobre comunidade, poderemos concluir que uma comunidade é um grupo de pessoas com características ou interesses comuns coabitando numa sociedade mais vasta a group of people with a common characteristic or interest living together within a larger society ( Neves, A. L. Learning Communities in a Web-based Environment: Educational Intranets) 3. Ora, se o conceito de comunidade não levanta grandes dúvidas, o mesmo já não acontece quanto ao tipo de aprendizagem a desenvolver no seio de uma comunidade. Wenger fala-nos de comunidades de prática e avança com a definição de comunidade como " um grupo de pessoas que partilha um interesse, (...) um problema que enfrenta regularmente no trabalho ou nas suas vidas, e que se junta para desenvolver conhecimento de 2 Comunidades de Aprendizagem do Urbanismo à Gestão. Disponível online em http://www.nonio.uminho.pt/actchal01/051-antonio%20andrade%20451-461.pdf. Arquivo capturado em 22 de Maio de 2004. 3 Disponível online em http://student.dei.uc.pt/~analu/pdf/intranets.pdf. Capturado em Maio de 2004 6

forma a criar uma prática em torno desse tópico.(...) Uma comunidade de prática é um grupo que partilha um interesse e que se junta para criar uma prática em torno desse tópico." No entanto, autoras como Riel e Polin no seu paper Communites as Places Where Learning Occurs 4 sugerem três formas de aprendizagem no seio de uma comunidade: aprendizagem baseada em tarefas, aprendizagem baseada na prática e aprendizagem baseada no conhecimento. Usam o conceito de cultura de comunidade de aprendizagem para descreverem os esforços organizativos que agregam formas diferentes de comunidades de aprendizagem (C.A.) numa comunidade mais vasta. Por tudo o que foi dito anteriormente, trabalhar no seio de uma comunidade de aprendizagem ou de prática é pois, um processo muito mais construtivo do que o trabalho individual, onde a troca de experiências e abordagens a novas metodologias, a partilha de novos materiais produzidos ou dados a conhecer, a partilha de medos e ansiedades, de sucessos e de obstáculos vai ajudando a construir a identidade necessária a qualquer comunidade que queira participar num processo de crescimento colectivo 5. Por outro lado, as comunidades de aprendizagem favorecem a partilha de experiências e de concepções pessoais de conhecimento e ainda o desenvolvimento de sentimentos de pertença a um grupo, de autonomia na aprendizagem, de confiança mútua, de responsabilidade e auto-regulação na execução das tarefas (Abreu, M. F., 2002) 6. Representam também um desafio ao conhecimento, uma vez que a aprendizagem ocorre em contextos flexíveis onde a autoridade não é imposta mas é partilhada, surgindo naturalmente do interior do grupo, dando ao sujeito a oportunidade de experimentar vários papéis. (Abreu, M. F., 2002) 7. Consideramos, pois, do maior interesse e actualidade que esta frente de trabalho seja assumida pelo Centro de Competência Nónio, constituindo mais um desafio no caminho da inovação, no intercâmbio com as escolas que têm que se adaptar, cada vez mais, às novas realidades e aos novos conceitos de informação e de conhecimento, reconhecendo o potencial educativo do computador, com uma nova dinâmica onde saber gerir a informação é uma das competências de maior valor no presente e no futuro próximo. 4 Disponível online em http://gsep.pepperdine.edu/~mriel/edc639/index.html?cycle/index.html~mainframe Arquivo capturado em22 de Março de 2004 5 http://fordis.ese.ips.pt/linguas2004/ 6 Aprendizagem Cooperativa e Aprendizagem Colaborativa, adap. 7 Aprendizagem Cooperativa e Aprendizagem Colaborativa, adap. 7

2. Frentes de intervenção Um Centro de Competência caracteriza a sua acção por uma intervenção em áreas nas quais acumulou experiência, fruto de projectos de intervenção que lançou e em que participou e da investigação realizada. Neste sentido, para 2004-2005, o Centro de Competência Nónio Século XXI da ESE de Setúbal, dirigirá a sua acção privilegiadamente para as seguintes áreas de intervenção: A Matemática; A Língua; O 1º Ciclo; Os CRE; Os professores em Início de Carreira; As plataformas educativas de formação a distância (FORDIS e FLE). Matemática A intervenção na área da Matemática, concretiza-se através de materiais disponibilizados nas Maletas Pedagógicas para a Matemática. Constituem os três eixos fundamentais do trabalho: Desafios em Ambientes de Geometria Dinâmica (AGD) no ensino secundário algumas respostas aos novos programas; Jogos, webquests e actividades interactivas no ensino básico ideias e actividades; Os espaços virtuais de comunicação e debate no apoio à reflexão sobre a prática. Os programas oficiais da disciplina de Matemática A do 10º ano consideram fundamentais um acesso natural à tecnologia gráfica e aos computadores, nomeadamente nos domínios dos Ambientes de Geometria Dinâmica (AGD), da representação gráfica de funções e da simulação, para se atingirem os objectivos propostos. Surge pois a necessidade de organizar materiais e de divulgar e partilhar experiências de utilização dos AGD em sala de aula, que possam auxiliar o professor fornecendo-lhe ferramentas para utilizar na sala de aula e disponibilizando espaços para relatos de boas práticas. É neste contexto que surge a Maleta Pedagógica da Matemática, da responsabilidade deste Centro e publicada na sua página na Internet. Assim o Centro irá elaborar um conjunto de propostas de trabalho e desafios, tendo como referência os novos programas e o uso dos AGD, disponibilizando-se para publicar outras propostas e relatos de implementação que lhe chegarem das escolas. 8

Pretende-se ainda o progressivo enriquecimento da Maleta Pedagógica de Matemática através da divulgação de jogos didácticos, webquests e actividades interactivas para o ensino básico, dando a conhecer as potencialidades de algum material de qualidade para esta disciplina, hoje disponível na Internet. A maleta deve ainda evoluir e passar a integrar ferramentas de comunicação assíncrona como fóruns, por exemplo, que permitam que se torne num espaço virtual de comunicação e debate como apoio à reflexão sobre a prática entre professores da disciplina utilizadores dos AGD ou de outro software educativo específico com os alunos. Línguas No âmbito das línguas, o Centro de Competência Nónio da ESE de Setúbal vai continuar o trabalho iniciado nos anos anteriores de fomentar o uso da Comunidade de Aprendizagem de Professores de Línguas, através da intervenção de vários colegas das escolas básicas e secundárias ao nível da utilização de materiais lá existentes e da produção e avaliação sistemática de novos materiais, acompanhados de relatos de boas práticas dos professores. Se por um lado se pretende motivar os professores para o trabalho no âmbito duma comunidade de aprendizagem, promovendo aprendizagens sucessivas com as TIC e muito particularmente com a Internet, valorizando os momentos de interacção profissional e sócioemocional, por outro pretende-se disponibilizar vários recursos direccionados para as práticas dos professores. Deste modo, pretende-se levar os professores a trabalharem no seio da comunidade de aprendizagem, podendo cada um ser construtor e utilizador do mesmo ciberespaço, fornecendo e usando materiais que vão engrossando a bolsa de recursos de toda a comunidade. O trabalho no seio da comunidade vai ainda permitir o acesso fácil e cómodo a materiais de qualidade e a troca de ideias e materiais. Paralelamente, o Centro de Competência Nónio, ao nível do trabalho com os professores de línguas, no âmbito desta comunidade de aprendizagem, pretende incentivar a produção de materiais e de relatos de boas práticas dos professores, permitindo aos seus membros o acesso fácil à publicação de materiais, para deste modo, incentivar experiências de aprendizagem. Neste sentido, há que abandonar algumas ideias iniciais, nomeadamente a da comunidade apenas como um centro de recursos ou como maleta pedagógica, há que privilegiar os aspectos da moderação e da interacção social entre os pares, melhorando alguns aspectos da plataforma FORDIS que permitam maior autonomia e envolvimento dos professores da Comunidade de Aprendizagem e fortalecendo a dinâmica do site do Mestrado de Línguas da 9

ESE de Setúbal em interacção sistemática com o da Comunidade de Aprendizagem de Professores de Línguas. Concluindo, poderemos dizer que, no âmbito das Línguas, o Centro de Competência Nónio da ESE de Setúbal tem os seguintes objectivos: reestruturar o trabalho na comunidade; relançar a comunidade junto dos professores de línguas; redefinir campos de actuação e facilitação; fazer o cruzamento com a comunidade do Mestrado de Línguas. apoiar projectos de professores de línguas; ajudar a construir de materiais com as TIC para dar resposta aos novos programas de línguas; publicar online materiais para o 1º ciclo sobre a leitura e a escrita; publicar online /CD-ROM trabalhos sobre a didáctica das línguas, elaborados para o Mestrado de Línguas. 1º Ciclo Em relação ao 1º Ciclo, o Centro de Competência Nónio irá dar sequência ao trabalho desenvolvido ao longo de vários anos com as escolas do 1º ciclo do ensino básico, nomeadamente no acompanhamento de projectos onde as TIC sejam não só um recurso mas também uma mais valia, fundamentalmente no cumprimento do objectivo central de desenvolvimento de um leque de competências básicas em TIC por parte dos professores e dos alunos, de acordo com o projecto Internet no 1º Ciclo que decorreu nos dois últimos anos e com o qual o Centro de Competência Nónio manteve uma relação privilegiada. Paralelamente o Centro manterá o princípio da publicação de materiais educativos online para o 1º ciclo e acompanhará a formação de alunos monitores, tentando alargar o âmbito do projecto a outras escolas. A fim de implementarmos a utilização das várias ferramentas da Internet com alunos e professores do 1º Ciclo, pensamos propor o desenvolvimento e o acompanhamento de um projecto de trabalho em colaboração entre escolas, eventualmente a partir das suas hortas pedagógicas. O projecto pretende motivar professores e alunos de várias escolas a interagirem com os seus colegas de outras escolas do mesmo ciclo, através do email, e/ou do chat, partindo da observação directa das suas respectivas hortas, confrontando os seus conhecimentos não só de horticultura, mas também de português, de matemática, de estudo do meio, etc. 10

Centros de Recursos Educativos A intervenção na área dos CRE, concretiza-se através de materiais disponibilizados na Maleta Pedagógica para os CRE. Constituem os três eixos fundamentais do trabalho: Publicação e validação de materiais educativos em contextos curriculares; Alunos monitores em CRE; Os espaços virtuais de comunicação e debate no apoio à reflexão sobre a prática. Assim iremos continuar a publicar e organizar por áreas disciplinares e no âmbito das Novas Áreas Curriculares (NAC), guiões técnico-pedagógicos para a exploração de software educativo, disponibilizando assim aos professores de diferentes áreas do saber, um conjunto de instrumentos de intervenção para o trabalho com alunos, quer nos espaços do CRE, quer na sala de aula que entendemos como um espaço aberto que com ele se deve articular. Também estes materiais, uma vez publicados, devem ser objecto de experimentação por equipas de professores e da qual devem resultar relatos a publicar, abertos ao comentário de toda a comunidade educativa. O Centro assegurará ainda a continuidade do projecto de apoio à formação de alunos monitores nas escolas do 1º e 2º ciclos do ensino básico, apostando no desenvolvimento de competências básicas em TIC, mas simultaneamente encarando esse trabalho como envolvendo outro tipo de competências sociais, procurando também trazer para a discussão as questões ligadas com a gestão da sala de aula, principalmente nas escolas do 1º ciclo em que os computadores estão colocados em espaços independentes. 11

Professores em início de carreira O apoio aos professores em início de carreira continua a constituir uma área de intervenção do Centro de Competência que se concretiza através de: colaboração e apoio à manutenção e desenvolvimento do site Inovação em Início de Carreira (IIC) dos licenciados pela ESE de Setúbal do Curso de Professores do Ensino Básico Variante de Matemática e Ciências da Natureza; apoio técnico à equipa responsável pelo site (PRI)meiros Passos, dos licenciados pela instituição do Curso de Professores do 1º ciclo do Ensino Básico. Inovação em Início de Carreira (IIC) Este site de materiais educativos e mecanismos de comunicação síncrona e assíncrona, é da responsabilidade de docentes da instituição (membros da equipa do Centro de Competência) e de recém licenciados do Curso de Professores do Ensino Básico variante de Matemática e Ciências da Natureza e está sedeado em http://azinheira.ese.ips.pt/darreceber. Constituem objectivos para 2004-2005: manter actualizado, com regularidade, um conjunto de páginas para a Internet com conteúdos relevantes para os professores em início de carreira, assegurando a participação na equipa responsável de docentes da instituição e de antigos alunos, licenciados em diferentes anos e colocados em diferentes níveis de ensino (1º e 2º ciclos); promover o desenvolvimento de melhores interfaces de comunicação que facilitem o disponibilizar de materiais para as aulas, o relato de processos de experimentação e os comentários da comunidade, dando visibilidade ao trabalho que os profissionais em início de carreira realizam e contribuindo para o seu desenvolvimento profissional; contribuir para a criação de uma comunidade de prática, através da diversificação de temáticas pertinentes a incluir na página, dando voz aos professores em início de carreira e fazendo emergir progressivamente uma identidade própria; criar uma zona de e-learning, de acesso restrito, lançando experimentalmente uma primeira Oficina na área da Educação Matemática e das TIC. O trabalho do Centro de Competência no âmbito deste site, privilegia fundamentalmente a colaboração e apoio técnico à equipa responsável pela manutenção das respectivas páginas, desenvolvimento de novos conteúdos e melhoria de interfaces de comunicação síncrona e assíncrona. 12

Em 2005, será realizado um Encontro que assinalará o 3º aniversário do lançamento desta iniciativa na Internet e poderá vir a congregar também o grupo (PRI)meiros Passos. (PRI)meiros Passos... Este site de materiais educativos e mecanismos de comunicação síncrona e assíncrona, é da responsabilidade de docentes da instituição e de recém licenciados do Curso de Professores do 1º Ciclo do Ensino Básico e está sedeado em http://azinheira.ese.ips.pt/primeiros_passos/. No âmbito deste site o trabalho do Centro de Competência privilegia fundamentalmente a colaboração e apoio técnico à equipa responsável pela manutenção das respectivas páginas. (f) FORDIS / FLE Aproveitando a experiência anterior e a investigação realizada no âmbito do ensino a distância pelo Departamento de TIC da ESE de Setúbal, o Centro propõe-se testar e reflectir sobre a utilização destas ferramentas em experiências que envolvam professores e alunos de escolas do ensino básico e secundário que já trabalharam com este Centro em anteriores projectos. Assim a plataforma FORDIS poderá ser aberta para albergar projectos de professores que queiram utilizar uma ferramenta deste tipo para apoio às suas actividades curriculares. Neste sentido, será dinamizada uma sessão de apresentação da ferramenta para a qual serão convidados os professores das escolas da região que tenham mantido algum contacto com o Centro ao longo dos últimos anos. O Centro estará disponível, dento da sua capacidade e disponibilidade de recursos, para apoiar equipas de professores de escolas da região que queiram participar em experiências de ensino a distância utilizando a plataforma da instituição (FORDIS) ou a plataforma FLE. 13

3. Actividades Calendarização ACTIVIDADES Relatório de actividades 2003/04 Encontro Regional de Associação Portuguesa de Linguística (Setúbal) ProfMat 2004 (Covilhã) Seminário de Investigação em Educação Matemática (Covilhã) Plano de Actividades 2004/2005 Encontro LegoLogo Desenvolvimento de materiais para as Maletas Experimentação e avaliação de materiais das Maletas Actualização da página Comunidade de Aprendizagem das Línguas Apoio a projectos do 1º Ciclo: alunos monitores e hortoprojecto Apoio a projectos nas escolas Encontro 3 anos do lançamento da página IIC Encontro TIC - 20 anos depois Conferência As TIC na Educação Intervenção no Challenges 2005 (Braga) CF - "Conceber e Construir Páginas para a Internet" CF - " O Macromedia Director - um ambiente para a construção de Projectos MM" Reencontrar a Escola Reflexão sobre o trabalho desenvolvido e relatório de actividades 2004 2005 Set Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul 14

Público-alvo O público-alvo da nossa acção é constituído por todas as escolas que manifestem interesse em estabelecer parcerias com o Centro ou professores que pretendam desenvolver projectos pontuais de carácter disciplinar ou interdisciplinar no âmbito das frentes de trabalho identificadas pelo Centro de Competência. Suportes de divulgação das actividades A divulgação de actividades do Centro de Competência será feita através de vários meios digitais ou em formato scripto. No que respeita aos meios digitais, o site do Centro de Competência (www.ese.ips.pt/nonio), actualmente em reformulação, constituirá o meio privilegiado de divulgação do trabalho, de forma articulada com as páginas de outros projectos, nomeadamente com o projecto Abolina (www.ese.ips.pt/abolina), com o projecto SET_TIC (www.ese.ips.pt/settic) e com os sites Inovação em Início de Carreira (azinheira.ese.ips.pt/darreceber) e (PRI)meiros Passos... (azinheira.ese.ips.pt/primeiros_passos). Também a Comunidade de Professores de Línguas, sedeada na plataforma de ensino a distância FORDIS (fordis.ese.ips.pt/linguas2004), constituirá um espaço de divulgação e publicação das actividades do Centro. A divulgação através de cartazes e desdobráveis sobre o Plano de Actividades e sobre iniciativas específicas a realizar, será pensada a partir de um layout tipo que está a ser estudado e privilegiará o contacto com os Presidentes dos Agrupamentos, com os Conselhos Executivos das escolas, com os responsáveis pelos CRE e pelas Novas Áreas Curriculares Não disciplinares, assim como com os responsáveis pelos Departamentos das áreas curriculares a que respeitam as iniciativas. A equipa do Centro de Competência José Duarte Conceição Brito João Torres 26.Outubro.2004 15